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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Um artigo publicado dia 7 de novembro, na BBC News, não me sai da cabeça. Com o título: “O Som Mais Ameaçado do Mundo”, o jornalista Eliot Stein entrevistou o ecologista acústico Gordon Hempton, que nos retrata o quanto o Planeta está se tornando barulhento. Hempton, nos últimos 41 anos já deu a volta ao mundo três vezes à procura de recantos onde o silêncio ainda seja predominante. E suas conclusões são realmente alarmantes, e deixa claro que a poluição sonora do planeta é tão nefasta às espécies nativas quanto a poluição do ar, dos mares e dos rios. Hempton já esteve nos lugares mais impressionantes para gravar o som ‘nativo’, como se encolher em um tronco oco de uma conífera Picea no noroeste do Pacifíco, para gravar o ambiente ainda totalmente preservado sonoramente, como navegando a esmo em uma canoa no rio Amazonas para registrar o gorjeio melódico de aves migratórias raras e, com tamanha dedicação, recebeu o Emmy por seu documentário The Vanishing Dawn Chorus, que captura a cacofonia do amanhecer em seis continentes. Mas o que é assustador na matéria da BBC News, é que Hempton está cada vez mais preocupado em achar e preservar o silêncio, que está cada vez mais extinto no planeta. E ele nos lembra que salvar o silêncio implica em salvar todo o resto. Pois, para ele, o silêncio não é a ausência do som, mas o silenciamento de toda a tecnologia desenvolvida pelo homem, que se tornou excessiva em todo o planeta. Ele nos lembra que as outras poluições deixam rastros evidentes no ar e na água, mas o barulho é uma ameaça insidiosa. Invisível, que desaparece sem deixar rastros e nada a nos lembrar que ela alí esteve. A agência Europeia do Meio Ambiente e a OMS, têm dados alarmantes das consequências da poluição sonora nas grandes cidades, com a contribuição de ataques cardíacos, derrames, diabetes, demências, depressão e milhares de mortes prematuras a cada ano! E não faz mal apenas a nós humanos: a revista Biology Letters, da Royal Society, mostrou que a poluição sonora ameaça a sobrevivência de mais de 100 espécies de animais diretamente. Para Hempton, salvando o silêncio, você estará salvando todo o resto, e a única maneira de se fazer isso é manter as paisagens sonoras saudáveis, e o que ele observou nos últimos 41 anos é que está cada vez mais difícil achar esses santuários de silêncio. Ele nos lembra que, em 1900, você tinha total facilidade de encontrar paz e sossego em cerca de 75% de todo o território dos Estados Unidos, em 2010 esse percentual era de apenas 2%! E, em dados mais recentes da OMS, estima-se que em todas as cidades com mais de 500 mil habitantes, o ruído medido em 24 horas passa de 80 dB, e nas grandes metrópoles chega, em locais próximos a aeroportos e grandes vias rodoviárias, a mais de 92dB! São dados que não podem mais ser negados, e se o futuro pertence às novas gerações, elas precisam estar cientes dos problemas que herdarão.

A começar por repensar no volume utilizado em seus fones de ouvido para abafar o ruído das ruas e de suas casas, e o volume em que são expostos em shows ao vivo ou em casas de espetáculo fechadas, às vezes por horas e horas!

Ou nos conscientizamos agora do problema real que criamos, ou teremos em um futuro muito próximo milhões de humanos com sérias deficiências auditivas! Pense nisso, amigo leitor, quando for ouvir suas músicas em seu fone de ouvido! Um fone correto, bem equilibrado tonalmente, jamais colocará sua audição em risco. E para ‘suportar’ a poluição sonora de sua cidade, o melhor a fazer é utilizar um protetor auricular!

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