Christian Pruks
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Minha geração de pessoas, principalmente os moleques, sempre sonharam com carros esporte – Ferraris, Porsches, Corvettes e muitos, muitos outros. Que moleque que não quis uma Ferrari ou ser astronauta, ou os dois?! Ainda mais que os astronautas da NASA eram presenteados pela General Motors em uma Corvette zero Km…
O problema de ter o carro esporte é saber usufruir dele ao máximo, tirar o seu máximo. Claro que você pode ter o carro esporte e apenas ir com ele ao supermercado e ao restaurante. Assim como você pode ter discos de vinil, e apenas curtir as capas, e ficar eternamente na dúvida se digital é melhor que analógico, ou vice-versa.
Usufruir do seu caro carro esporte é para poucos. Conheci na vida um bocado de pessoas que foram treinadas em pistas de testes e em pistas de corrida – e não é nem um pouco simples pilotar um carro em altas velocidades, extrair a melhor performance possível dele, na reta e nas curvas. E não é nem um pouco simples escolher toca-discos, base, braço, cápsula, acessórios, ferramentas – instalar, ajustar, extrair o sumo daquilo que, aliás, necessita que se tire mesmo o sumo, até porque é tudo bastante caro, e poucas vezes tem a vantagem que um carro esporte tem, de simplesmente ‘encher os olhos’!
Eu me considero um motorista decente, sinto bem o carro, opero ele muito bem, percebo muito bem como está o entorno e como está a rua lá na frente – e já ouvi várias vezes que eu daria um bom piloto em pista. Mas parte por não querer correr riscos, e parte porque nunca tive a oportunidade, nunca me encontrei em uma pista de corridas.
Mas já me encontrei com alguns dos melhores toca-discos, braços e cápsulas do mercado, e tive a felicidade de usufruir dos mesmos extensamente, de me treinar e ser treinado para tal, de tirar o supra sumo de cada um deles – para saber que um bom vinil é mais natural e mais musical, e que alimenta mais a alma que um bom digital.
E que isso é muito mais importante que a capa, que toda a experiência sensorial, que o colecionismo, que o status.
É fácil e rápido? Você começa hoje com um bom orçamento, e amanhã é o expert? Claro que não… Mas amanhã poderá ser um dos que estará, com enorme prazer, curtindo boa música analógica no conforto de seu sistema. Só que dá trabalho e precisa de dedicação – como acontece com tudo que envolve ‘se educar’.
E, claro, nada te impede de comprar um carro esporte mais simples, e começar a frequentar um decente curso de pilotagem de automóveis, que existem em várias das grandes cidades brasileiras. Dizem até que o Brasil provê bons pilotos, como um tal de Piquet ou um tal de Senna. Só que dá trabalho e precisa de dedicação – como acontece com tudo que envolve ‘se educar’.
Bom novembro, e boas audições!