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PEDESTAL TIMELESS AUDIO UNLIMITED

Fernando Andrette

Existem revisores que acabam – às vezes por linha editorial – se especializando em testar determinados produtos. Lá fora, os revisores especialistas são mais comuns. Quando penso em um exemplo, imediatamente me vem à mente o Michael Fremer – especializado em produtos analógicos.

Aqui, se o revisor fosse se especializar, morreria de fome ou teria essa profissão apenas como hobby! Pois como sempre digo: temos que matar um leão por dia para podermos pagar as contas no final do mês.

Pessoalmente nunca tive o interesse em escolher segmentos para avaliar, pois minha curiosidade é muito ampla para qualquer tipo de restrição. Mesmo acessórios que julgo serem mais complicados de avaliar, dado seu grau de compatibilidade geralmente ser baixo, quando não estou atolado de testes, aprecio ouvir e conhecer.

Mas se tem um acessório no qual já fui muito mais ‘interessado’, nos primeiros vinte anos da revista, são todos aqueles que tentam eliminar do sistema as famosas vibrações espúrias. Pois estes são os mais difíceis de avaliar, e os que demandam o dobro de tempo de qualquer outro produto em teste.

E quando falo de acessórios anti vibração, englobo spikes, plataformas, racks e pedestais. Pois, para sermos criteriosos, necessitamos de usar esses acessórios em diversos equipamentos, para entendermos o que funciona e o que é puro placebo.

Quer um exemplo? Elevadores de cabos de caixa! Já ouvi no mínimo uma dezena deles. Construídos de diversos materiais, com inúmeras sacadas de como suspender os cabos do chão, e nada do que ouvi até hoje me convenceu que valesse a pena! Mas respeito quem ache que sim, e talvez antes de pendurar as chuteiras, quem sabe…

Agora, se tem acessórios que gosto de testar, esses sem dúvidas são racks e pedestais! Tenho enorme interesse e admiração pelos resultados alcançados, muitas vezes por caminhos tão distintos.

Agora também sei, depois de testar dezenas de racks e pedestais, que não existe nenhum que sirva ou tenha a mesma performance com qualquer equipamento ou caixa acústica.

Querem um exemplo de caixas? A Boenicke W5SE, que testei com seu pedestal minimalista e três outros pedestais que tenho de referência. E a melhor performance foi, inegavelmente, no pedestal de fábrica.

O mesmo se deu com outras caixas, como a Q Acoustics, com seu belo pedestal fixado com cabos de aço. A Q Acoustics, assim como a W5SE, só deram o seu melhor em seus próprios pedestais dedicados. Mas isso não impede (e nem deveria), de inúmeros fabricantes se dedicarem a achar soluções cada vez mais inovadoras para atender a este enorme mercado de bookshelfs!

E uma coisa eu posso garantir: melhor uma book em um bom pedestal, do que em pedestal algum!

Atualmente tenho, como referência, dois pedestais que usamos para o teste de todas as books: o da Magis Audio e o da Audio Concept. Ambos nacionais e feitos por pessoas que estão neste mercado, primeiro como audiófilos, há anos!

E agora, a esses dois fabricantes, se junta a Timeless Audio, que também acaba de lançar seu pedestal.

O que mais me chamou a atenção, quando recebi o Timeless Unlimited para teste, é que ele vai totalmente em direção contrária a maioria dos pedestais existentes no mercado, que partem do princípio que o melhor a se fazer é ter um pedestal inerte com alta massa e rigidez e deixar a caixa fazer o resto.

Já a Timeless foi por outro caminho, ao perceber que as vibrações de um gabinete de caixa bem construído, ainda assim têm um espectro amplo de micro vibrações em distintas frequências, e fazer uma base rígida e inerte para a caixa ser apoiada, não eliminaria o problema totalmente.

Assim, ao invés de amortecer as vibrações do gabinete da caixa, foi desenvolvido um processo de escoar as vibrações o mais rápido possível de maneira eficiente, como se o pedestal fosse uma extensão do gabinete.

Foram feitos diversos estudos a esse respeito nos últimos 5 anos, e inúmeros protótipos foram desenvolvidos. Até finalmente chegar ao produto final, que é feito de um sanduíche de Inox (como nos racks da Timeless) com uma base de matriz fenólica com alta densidade, baseada em fibras de algodão. Este sanduíche possui características únicas (segundo o fabricante), como alta velocidade de escoamento da vibração mais de 600 m/s, e dissipação gradativa de energia vibratória, para evitar indesejadas reflexões.

O pedestal se baseia em proporções áureas, o que certamente o torna extremamente atraente e esbelto em termos de design. Na prática, as proporções do pedestal foram cuidadosamente estudadas para também dissipar a energia vibratória de maneira harmônica.
Outro cuidado, que demandou três anos de estudos, foi o da ‘ancoragem’, que determina como o pedestal é acoplado ao piso. Pois o piso também tem implicações muito relevantes na performance final do pedestal. Sabe-se que o comportamento é um em um piso de madeira, e outro em um piso frio de cerâmica. O ideal é que a base de apoio de chão do pedestal seja o menos possível influenciada pelo tipo de piso.

A solução foi desenvolver spikes usinados a partir de uma liga especial de bronze, apoiados em pucks de HPBL (matriz fenólica de alta densidade) e inox. A montagem é feita como a de um instrumento musical, sendo que as partes são primeiramente alinhadas em gabaritos a fim de garantir a geometria precisa. E, ao final, coladas – com cola aeroespacial – permitindo unir as peças com extrema segurança, evitando uso de parafusos em pontos críticos, onde era (no caso deste projeto) um acoplamento mecânico perfeito.

Na prática, as peças coladas permitem que as vibrações sejam rapidamente transmitidas de uma estrutura a outra com o mínimo de reflexão.

Para a barra central, em que será distribuído o peso da caixa, é utilizado um tubo de inox, preenchido com material absorvedor gradativo, e uma barra tensionada em sanduíche em formato elíptico afunilado, de maneira que as vibrações sejam transferidas para o ‘End Point’, o ponto localizado na parte traseira da base do pedestal, sem reflexões.

E somente no End Point, o residual de vibração é então absorvido através de um pequeno ressonador/absorvedor (falarei mais adiante dos benefícios audíveis deste End Point na prática). Foram testados inúmeros materiais para este ressonador, e ao final foi escolhido o Jacarandá da Bahia, muito utilizado por Luthiers na construção de instrumentos musicais.

O controle de tensionamento para o ajuste do End Point é feito através de um spike rosqueado no fim da barra, tensionado, sendo possível ajustar e regular a pressão sobre o ressonador de maneira que as vibrações possam ser dissipadas de maneira ideal, independente das variáveis envolvidas, como diferentes pisos e tipos de caixas acústicas.

O pedestal possui 70 cm de altura, e uma base padrão em formato elíptico com 22 x 22 cm. Sendo que a base, para se adequar a diferentes gabinetes de caixas books, pode ser customizada.

Para o teste, utilizamos três books de diferentes tamanhos, preços e performance. Foram elas: Elipson Legacy 3010, Elac Debut Reference 62, e Dynaudio Special Twenty-Five. E, para um teste AxB, o pedestal da Magis Audio foi nossa principal referência.

Todas as caixas foram tocadas com nosso Sistema de Referência e, por alguns dias, com o integrado Gold Note IS-1000. Os cabos de caixa: Virtual Reality Trançado, e Dynamique Audio Apex.

Usar o ajuste do End Point fará toda a diferença para se conseguir o melhor ajuste fino possível de cada caixa instalada neste pedestal. Trata-se de uma enorme sacada, e um estupendo diferencial. Não sei dizer se, por tamanho e peso, o ajuste da Legacy e da Dynaudio 25 Anos foi o mesmo. Já com a Elac, bem mais leve e menor, deixamos o spike de ajuste do End Point bem mais próximo da base do pedestal.

O ajuste é simples, e aconselho o uso de música com bastante resposta em baixa frequência. Para este ajuste utilizei apenas solos de contrabaixo, tocados com arco ou dedilhados. O ponto certo é quando você percebe que as fundamentais limparam completamente e os harmônicos soam sem parecerem secos ou ceifados.

Foi muito interessante avaliar este recurso, pois um ‘cisco’ que você passa do ponto de equilíbrio, o som fica mais seco. E se está aquém do ponto certo, o som fica borrado e se perde detalhes do foco e recorte. Curti demais fazer este ajuste fino, pois ele realmente fará toda a diferença – e que diferença!

Claro que o ideal seria ter a mão uma dúzia de bookshelfs para ver como cada uma se comporta. Mas os tempos estão difíceis demais para se pedir um monte de caixas apenas para avaliar um pedestal. O que posso dizer é: com este ajuste fino, o grau de compatibilidade deste incrível pedestal é, no mínimo, maior que todos os pedestais que não possuem este recurso. O que o coloca em uma vantagem assustadora em relação à concorrência!

Mas não foi só este ajuste que nos impressionou! Pois no teste AxB, em todas as músicas e em todas as três caixas, a inteligibilidade, corte, recorte, planos e principalmente o equilíbrio tonal foram muito superiores ao nosso pedestal de referência.

Ele custa o dobro de nosso pedestal de referência, mas em caixas Estado da Arte não vejo saída se quisermos extrair o sumo do sumo de nosso investimento.

Fiquei tão impressionado, que acho que a Timeless deveria, se for de seu interesse, patentear este recurso tão interessante e eficaz.
A Timeless Audio vem se mostrando, ao longo do tempo, ser uma empresa totalmente diferenciada, que foge dos padrões gerais e busca soluções altamente criativas e inovadoras! Foi assim com seu rack, com seu toca-discos e, agora, com este pedestal. Nessas três frentes, a concorrência terá que ralar muito para atingir este nível, e competir de igual para igual.

A todos que possuem uma bookshelf Estado da Arte, o pedestal Timeless Unlimited é o tipo do investimento obrigatório!

AVMAG #277
Timeless Audio
contato@timeless-audio.com.br
(11) 98211.9869
R$ 9.300 (o par)

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