Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS ESTELON X DIAMOND MKII

Teste 2: AMPLIFICADOR INTEGRADO ARCAM SA30
maio 5, 2022
TOP 5 – AVMAG
maio 5, 2022

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Várias vezes leitores me abordaram perguntando que tipo de teste é o mais complicado de se escrever, e não tenha dúvida, amigo leitor, que os testes mais difíceis são os que quebram paradigmas ou que se comportam integralmente como um ‘ponto fora da curva’.

Pois testes desses equipamentos exigem que todos os cuidados sejam minuciosamente revisados, e que o setup esteja à altura do produto avaliado.

Felizmente, tanto para o teste dos powers Nagra HD AMP (leia teste na edição de abril), como agora para o teste da Estelon X Diamond Mkll, tínhamos à disposição ambos e por tempo suficiente para o amaciamento e avaliação criteriosa.

Sugiro aos leitores que leiam também o teste do HD AMP, assim como também das Estelon XB Diamond MkII (edição 279) e Estelon YB MkII (edição 281), pois em ambos eu explico um pouco da filosofia da empresa, o histórico do fundador e principal projetista Alfred Vassilkov, e como ele desenvolveu as formas e o conceito de suas caixas acústicas.

Pois se for explicar a você leitor tudo novamente, esse teste ficará longo demais.

No entanto, em respeito a todo novo leitor que conquistamos todos os meses, farei um breve apanhado do trabalho de Alfred. Depois de trabalhar por 25 anos para diversas empresas de áudio, o CEO Alfred Vassilkov passou cinco anos desenvolvendo o conceito de um alto-falante que pudesse transmitir com fidelidade a música em qualquer tipo de sala de audição doméstica.

Ele usou todo seu conhecimento em acústica e formas e materiais para gabinetes para chegar à conclusão que, tamanho objetivo, só teria êxito se ele conseguisse desenvolver um gabinete de alta massa amortecido e que fosse muito rígido, sem superfícies internas ou externas paralelas. Sua solução foi criar um gabinete feito de pó de mármore com um design que, a mim, lembra um ‘bispo’ de uma peça de um jogo de xadrez estilizado. Em que o tweeter de diamante de 1 polegada se encontra na parte de cima mais afunilada, o médio de 7 polegadas com cone de cerâmica da Accuton logo abaixo, e o woofer de 11 polegadas também de cerâmica Accuton na base da caixa.

Suas formas, dependendo da luz do ambiente, parecem que criam movimentos e, dependendo do ângulo de visão do ouvinte, se tornam ainda mais atraentes.

Já havia escrito nos teste com os modelos YB e XB Mkll que a principal virtude desses falantes era a capacidade da música não soar sendo irradiada das caixas, ainda que estejamos a curtas distância dos defletores. Esse fenômeno psicoacústico é imprescindível para que nosso cérebro relaxe e se concentre na música sempre de forma intensa e precisa, e não resta dúvida que essa possibilidade foi explorada ao máximo pelo sr Vassilkov.

Mas as Diamond vão muito além dessa ‘magia sonora’, ao nos possibilitar em sistemas bem ajustados a capacidade de escutar todas as qualidades intrínsecas de cada gravação. E nesse aspecto, concordo plenamente com o Jonathan Valin da Absolute Sound, que ao avaliar a X Diamond Mkll escreveu: “Seja por causa de seu gabinete altamente projetado, artisticamente esculpido, excepcionalmente ‘invisível’, sua mistura ultra suave de drivers altamente neutros e lineares, a X Diamond não quebra o encanto de ouvir música aparentemente tocada em um espaço e tempo diferente do aqui e agora do seu quarto. É um feito incrível de proeza de engenharia, que cria um estéreo maravilhoso”.

Eu nunca escutei nenhuma versão original das Diamond, então não tenho como fazer comparações dessa nova versão com a anterior. Mas, segundo o fabricante, as principais diferenças são: um novo tweeter de diamante de 25 mm da Accuton com uma largura de banda estendida até 60 kHz, um novo woofer de 11 polegadas de sanduíche de cerâmica, e um novo médio-grave de 7 polegadas com cone de diafragma de cerâmica. Novos resistores Mundorf Supreme e capacitores de filme Mundorf Silver Gold Oil. E, por fim, uma nova fiação top de linha da Kubala-Sosna, e um novo crossover de terceira ordem entre o woofer e o falante de médio, e de segunda ordem entre o médio e o tweeter.

O que temos de informações técnicas: as X Diamond Mkll são indicadas para salas de 25 a 80 metros quadrados, seu peso é de 86 kg, sua resposta de 22 Hz a 60 kHz, impedância de 6 ohms (com mínimo de 3.5 ohms em 50 Hz), mínimo de potência indicado de 20 Watts, e sensibilidade de 88dB (2.83 V).

Para o teste utilizamos nosso Sistema de Referência e também os monoblocos Nagra HD AMP. Fontes digitais: além do Nagra TUBE DAC, também o MSB Reference. Cabos de força de 20 amperes da Kubala Sosna Realization nos powers HD AMP.

Outros revisores que tiveram a chance de ouvir a nova X Diamond, narram experiências semelhantes às do Jonathan Valin ao tentar descrever o palco sonoro e a transparência das imagens sonoras, e as observações seguem a mesma direção: “A X Diamond Mkll está entre aquelas raras caixas que você pode ouvir de qualquer distância e não tem chance de descobrir onde estão os falantes esquerdo e direito e quantos drivers tem cada caixa. Mesmo em campo próximo, e apesar de seu tamanho, ela desaparece completamente e, de olhos fechados, não havia nada que indicasse que o som vinha delas”.

E, por último, a descrição do revisor Jeff Fritz do site SoundStage: “Lana Del Rey foi retratada com uma presença tridimensional em um palco sonoro palpavelmente tangível. O mais impressionante foi a imagem quase visível de Del Rey enquanto ela cantava bem no meio do palco. Esse palco era magnificamente profundo, estendendo-se muito além do plano descrito e além da parede. Imagens auditivas precisamente delineadas. Com as vozes femininas e masculinas soando neutras e claras – em termos de precisão tonal era tudo que eu podia pedir”. Os que me leem sempre, sabem o quanto evito citar outros revisores e, muitas vezes, até me nego a ler antes de tirar minhas próprias conclusões. Mas como esses depoimentos batem integralmente com minhas conclusões, resolvi abrir uma exceção.

Então vamos à nossa avaliação. Lembrem-se que no teste do HD AMP, eu escrevi que haveria o Verdade Sonora partes 1 e 2. E que a ‘simbiosidade’ entre o HD AMP e a X Diamond havia sido tão impressionante, que o mais correto seria dar a chamada de capa o mesmo título sugerido ao power HD AMP (edição 283).

Mas essa tomada de decisão vai muito além de um mero ‘simbolismo metafórico’. Pois ainda que sejam produtos distintos, ambos fabricantes parecem possuir a mesma visão do que se deve buscar no áudio Superlativo!

Com isso não estou de maneira alguma dizendo que ambos necessitam trabalhar em conjunto, mas que quando isso ocorre o resultado é uma ‘Verdade Sonora’ magnífica!

Li e reli várias vezes os testes dos que tiveram a chance de ouvir essa caixa, e quanto mais eu lia, o que me veio à mente foi a dificuldade com que cada um tentou dentro de seu grau de experiência, transmitir com fidelidade o que as X Diamond Mkll lhes proporcionaram em termos de prazer auditivo. E todos foram enfáticos o suficiente para transmitir ao seu leitor o quanto as Estelon os surpreenderam positivamente.

No meu caso, ouso dizer que a situação foi um pouco distinta, pois ainda está em minha memória fresca o impacto dos testes de dois modelos da Estelon. E sinceramente eu achava que a X Diamond Mkll, teria um pouco mais de ‘refinamento’ do que a XB e que, portanto, o ‘efeito Estelon’ já estava suficientemente assimilado.

Esse mesmo erro cometi também no teste do power Nagra HD AMP, achando que seria uma extensão mais aprimorada do Classic, e “dei com os burros n’água” (prometo não cometer mais esse erro caro leitor, pois duas vezes foi mais do que suficiente).

Então me vi em má situação para descrever minhas observações da X Diamond Mkll, pois dizer que ela é apenas superior a XB Mkll seria um erro irreparável. Pois são de pedigrees distintos, ainda que ambas tenham o mesmo DNA sonoro e aparentemente o que as faz diferente são detalhes de tamanho apenas.

Sempre tentamos racionalmente criar respostas que nos pareçam ’sensatas’ teoricamente, mas que na prática se mostram imprecisas e muitas vezes mal formuladas. Pois a questão não é o quanto são diferentes, mas sim o que as torna diferentes.

E só depois de muito ouvir e ouvir, cheguei a alguns caminhos interessantes e tentarei compartilhar com vocês essa conclusões.

A primeira que de tão óbvia só poderia abrir essa pauta, é que para a nossa sala de testes a XB Mkll foi limitada em dois quesitos: macrodinâmica e na resposta de graves (tanto em deslocamento de ar como em peso e energia). Mas a partir dessa conclusão as outras características e diferenças, já não são tão óbvias.

E começo aqui pela explanação de um fenômeno psicoacústico muito mais evidente na X Diamond Mkll do que na XB. Chamei-o de: “Efeito Sonoro Bokeh”. Quem gosta de fotografia, certamente já ouviu e fez uso deste efeito para conseguir melhores imagens em suas fotos. Para os não familiarizados, tentarei explicar: Bokeh é uma palavra japonesa que tenta descrever a suavidade e a qualidade do desfoque de fundo de uma fotografia ao fazer uma imagem com uma profundidade de campo rasa (ou seja, em que o fundo está tão presente quanto a imagem principal). Para se conseguir o efeito desejado, o fotógrafo recorre a desfocar suavemente o fundo, tornando tudo ao entorno da imagem principal mais suave, agradável e harmonioso. Essa técnica é muito usada em fotos de campo e retratos da natureza, em que se separa o fundo ‘perturbador’ da imagem principal.

Eu sempre lembro em meus textos e testes do perigo de uma transparência excessiva nos tirar a concentração do todo, nos
levando a ficar presos em detalhes que não estão ali como o acontecimento central. E esse problema é muito mais ‘permissivo sonicamente’ quando determinadas frequências se sobressaem na reprodução da música. Inúmeros setups sofrem desse problema, e caixas acústicas mais ainda!

Isso ocorre por inúmeros motivos, e por muito e muito tempo era até motivo de ‘orgulho’ para muitos audiófilos, mostrarem como os agudos de suas mais recentes caixas acústicas, soavam em relação a sua referência anterior. Ou os graves, quanto maior o impacto e sustos, melhor era seu apelo. E, por fim, a região média, que de tão precisa e transparente, pregava pequenos sustos nos ouvintes, com ‘ruídos de gravação’ que pouco tem a ver com o discurso musical.

Quantas vezes ouvi caixas enormes com uma resposta capaz de fazer a bainha das calças tremerem em um rufar de tímpanos e, quando entravam vozes ou instrumentos de sopro de madeiras, o corpo desses instrumentos era enorme (uma vez até citei em um artigo uma audição que fiz em uma caixa caríssima em que as vozes pareciam do tamanho de uma boca de hipopótamo). Ou aquele triângulo ao fundo da orquestra, concorrendo com o solista como se tivesse a mesma relevância!

Nada contra se esse for o seu ‘barato’ sonoro, de seu atual estágio na busca da perfeição. Mas se você deseja um sistema que faça seu cérebro realmente esquecer que está ouvindo música reproduzida eletronicamente, esses ‘fetiches sonoros’ não enganarão seu cérebro jamais. E, acredite, existem dezenas de fabricantes de áudio trabalhando seriamente para lhe proporcionar a oportunidade de seu cérebro relaxar e ouvir somente a música e nada mais.

Então, voltando às caixas acústicas especificamente, conseguir esse difícil equilíbrio entre transparência, naturalidade, musicalidade e realismo, é um dos desafios mais complexos a serem resolvidos. Pois quando se consegue dois ou três desse objetivos, sempre a proporção entre eles não é a ideal, ou a que o projetista tanto almejava ao sair do nível teórico ao prático.

Os que fizeram nossos Cursos de Percepção Auditiva, irão lembrar da primeira dica que sempre dei a todos: se forem começar um sistema do zero, comecem pelas caixas acústicas e montem a eletrônica para extrair o melhor da assinatura sônica da caixa escolhida. Caixas acústicas são a parte do sistema mais próxima à um instrumento musical!

Os estudantes de música têm enorme dificuldade de escolher seu primeiro instrumento, os audiófilos iniciantes também. E pedir ajuda ou orientação, não é vergonha alguma!

No entanto, à medida que caminho para o final dessa minha carreira, percebo que muitos audiófilos ‘rodados’ não têm a segurança necessária para escolher suas caixas definitivas. Pois muitos ainda estão presos a ‘pirotecnias ’e determinadas características sonoras, que tornam essa busca final muito mais complexa e dispendiosa.

Sem falar na quantidade de excelentes caixas que existem na atualidade, para deixar a escolha ainda mais emocionante e diversificada.

Então, o meu conselho, que compartilho há anos, continua em pé: se for iniciar do zero, comece pela caixa, pois ela dará a assinatura sônica de seu sistema e será o ‘norte’ seguro para a escolha e ajuste fino do setup escolhido.

E não esquecer jamais que toda caixa possui a assinatura do seu projetista, então antes da escolha, é preciso conhecer o que o projetista imaginou para o seu produto e ouvir se o que busco em minha caixa ‘derradeira’ é o que aquele projetista também buscou.

E a X Diamond Mkll possui um conjunto de características que são muito distintas de todas as caixas que ouvi, tive e testei. Claro que minhas escolhas serão sempre muito diferentes das de vocês leitores, pois tudo que adquiro tem como principal função ser uma ferramenta de trabalho para aprimorar nossa Metodologia.

Por outro lado, aqueles que apreciam a Metodologia e a acham um porto seguro para escolhas finais, certamente levarão em conta nossas escolhas e o motivo de seguirmos determinada direção.

Por essa perspectiva, a X Diamond Mkll, tem uma das qualidades mais importantes da Metodologia: aliar transparência com naturalidade, realismo e musicalidade, como nenhuma outra caixa por nós testada.

Mas, se o amigo imagina que este equilíbrio foi alcançado ‘ampliando’ essas quatro características ao extremo da possibilidade tecnológica hoje existente, esqueça, pois não foi este o caminho tomado pela Estelon. Ela atingiu esse equilíbrio usando como referência a maneira que a música é gravada, mixada e masterizada. Se foi captada, mixada e masterizada de maneira exemplar, essa gravação soará impressionantemente realista! Se a captação, mixagem e masterização foi mediana, o resultado será idêntico!

Isso nos leva à outra questão (a mesma dos cabos neutros, lembra?): o quanto o audiófilo aprecia montar um sistema livre de colorações ou ‘artefatos’ lúdicos. E o quanto são capazes de não desejar interferir no que não soa magnífico, sem expurgar essas gravações do seu convívio?

Pois arrisco dizer que se esses audiófilos, que possuem resistência, se pudessem ouvir um sistema corretamente equilibrado em conjunto com a X Diamond Mkll, iriam se surpreender o quanto a folga, precisão e equilíbrio desses sistemas superlativos são
capazes de fazer por gravações tecnicamente limitadas, que nunca mais desistiriam de nenhum de seus discos que amam artisticamente.

Sempre, em rodas de discussão, ouvi de muitos audiófilos (e até de fabricantes de caixas conceituados), que tweeter de berílio ou diamante, deixam os agudos brilhantes, com timbre falso, etc. E sempre respondi que isso não é regra, e atualmente arrisco dizer que o projetista precisa ser muito inábil para não saber usar esses tweeters e explorar seus enormes recursos.

Nos últimos anos, nossas caixas de referência tiveram tweeters de domo de seda, fita, diamante, domo de seda novamente, e nunca nenhuma de nossas caixas teve a beleza, extensão, clareza, definição e realismo da X Diamond Mkll nos agudos.

E vou mais longe: nenhuma chegou perto da resolução tímbrica dessa caixa nas frequências altas! Duro constatar isso, pois estou falando de caixas excelentes que tivemos, e que duas delas custam no mercado americano 20 a 30 mil dólares a mais que essa X Diamond!

O mesmo posso dizer da região média, que já na XB se mostrou completamente superior à todas as nossas últimas caixas, e foi no teste da XB Mkll que comecei a fazer a analogia com o Bokeh, em que o fundo da imagem sonora está ali para fazer a composição do todo, e não para concorrer com o tema central!

E depois de ouvir e testar três modelos deste fabricante, é que compreendi a importância do gabinete, do design, da escolha dos falantes, do conceito, e da genialidade do projetista da X Diamond. Ele conseguiu colocar em prática o que todo grande projetista de caixa acústica deseja: fidelidade sem impor nenhuma assinatura pessoal!

Enquanto todos querem deixar sua marca e serem reconhecidos pelas suas obras, me parece que Alfred Vassilkov deseja que seu reconhecimento venha pela capacidade de proporcionar ao ouvinte as audições mais próximas da realidade hoje alcançadas na reprodução eletrônica. E isso é impossível de se almejar quando os produtos impõem uma assinatura sônica!

Percebem a sutileza e mudança de perspectiva?

Ao buscar não impor uma assinatura sônica, ele está libertando e enfatizando o que toda caixa de nível superlativo deveria ser! E isso, meu amigo, garanto que nem passa na cabeça da esmagadora maioria dos audiófilos do planeta, pois é preciso ouvir para entender a profundidade deste conceito, na maneira de reproduzir com a maior fidelidade possível a música reproduzida eletronicamente!

Existe uma parábola Zen que fala da beleza da água límpida que toma a forma do objeto que a recolhe sem perder suas características inatas.

E no catálogo em que a Estelon fala das belezas naturais da Estônia, e que serviram de fonte para o design das caixas X Diamond, tem algumas fotos deslumbrantes de mata virgem e água em abundância. Arrisco dizer que Alfred (mesmo que jamais tenha ouvido falar neste poema Zen) quis dar a suas caixas a forma ideal para a reprodução da música gravada.

Pois o resultado é tão consistente que, a mim não resta dúvida que não foi ao acaso que ele conseguiu tamanho feito! Pois basta ouvir os graves da X Diamond e se questionar como um falante apenas de 11 polegadas consegue uma resposta tão precisa e com tanta energia e deslocamento de ar, lembrando caixas com dois falantes de 10 polegadas e gabinetes muito maiores!

E aqui, novamente, é preciso lembrar que não se trata de pirotecnia e sim de controle, definição e precisão.

Como diz um grande amigo, não vai cair um cofre de uma tonelada na sua frente e te matar de susto, mas qualquer nota grave emitida por um instrumento musical soará magistralmente coesa e correta em tempo, sustentação, corpo e decaimento.

Em termos de soundstage, acho que já detalhei todas as qualidades, mas uma delas para mim é mais importante do que os planos precisamente apresentados de acordo com a captação e mixagem. Que é o foco tridimensional. E aqui mais uma vez o ‘efeito sonoro bokeh’ se mostra perfeito, pois como o fundo do palco não tem o mesmo peso que os solistas, a separação, ou melhor, o delineamento do acontecimento principal, chega a ser chocante de tão preciso e realista.

Ouvindo gravações em duo de vários cantores e cantoras, é incrível como se percebe até quando os cantores estão no mesmo microfone ou em microfones separados, assim como a diferença de altura, distância dos cantores e ângulo do microfone. Você literalmente nesses casos ‘vê’ o que está ouvindo! E tudo graças ao fundo nunca concorrer com o essencial.

E quando esse equilíbrio foi captado e mixado nas alturas intencionalmente previstas ou desejadas, nunca se perde o todo.

E, como escrevi linhas atrás, esse é um resultado difícil de se conseguir nas caixas acústicas, pois depende de muito conhecimento, crossovers bem ajustados, falantes corretos, gabinete, etc. Pois do que adianta sua eletrônica conseguir a proeza de manter o foco, recorte, planos e ambiência corretos, se sua caixa tem problema para manter tudo em seus devidos planos?

Essa é uma questão totalmente resolvida pelas caixas Estelon em toda sua linha, pelo visto.

As texturas também são muito favorecidas pela capacidade da X Diamond Mkll não impor assinatura sônica. Então sempre estamos ouvindo a qualidade da gravação, a virtuosidade dos músicos, a intencionalidade do compositor e a qualidade dos instrumentos.

Para uma pessoa apaixonada por texturas como eu, foi glorioso poder ‘redescobrir’ nuances de texturas em gravações que estão comigo por uma vida! E ao mesmo tempo me perguntar como eu nunca havia observado tanta riqueza e detalhes que na X Diamond Mkll são tão evidentes!

Quando as pessoas falam de transientes corretos, geralmente elas se referem a marcação de tempo e ritmo para dizer se gostam ou não. Mas existe um efeito que demonstro desde 1999, nos Cursos, que eu chamo de ‘letargia sonora’. Uma sensação fácil de se escutar, que deixa a gravação soando com uma certa displicência, com baixo interesse de nosso cérebro em apreciar e escutar. Coloco uns dois ou três exemplos e faço os participantes ouvirem, como pode na mesma gravação a apresentação ser desleixada ou precisa.
Mas na X Diamond Mkll, esses mesmos exemplos possuem um novo elemento que chamei de ‘deslizes sonoros’, quando no grupo (um ou dois músicos), não estão tão ligados quanto o restante dos músicos. E nunca tinha percebido isso em nenhuma caixa e muito menos em qualquer eletrônica que testamos.

Mas com a dupla HD AMP e X Diamond Mkll, os ‘vacilos’ se tornaram audivelmente evidentes!

Macro dinâmica, se você deseja coice no peito, cócegas na próstata (que imagino que ocorra nas salas audiófilas com caixas que descem a 20 Hz, cercadas por uma dupla de subwoofers que desce a 10 Hz e powers de 1000 Watts por canal), esqueça essa caixa. Nenhuma Estelon, creio (nem a Extreme), foi feita para esse tipo de ‘espetáculo pirotécnico’.

Agora, se deseja ouvir um órgão de tubo corretamente, grandes variações dinâmicas nas obras sinfônicas, a última oitava da mão esquerda de um piano soando em fortíssimo, ou instrumentos percussivos orientais de maneira em que você possa ficar na sala sem risco de danos auditivos, a X Diamond Mkll pode lhe proporcionar momentos inesquecíveis.

E quanto à microdinâmica, só não espere ela lhe dar mais ênfase a ruídos do que à música, mas tudo que foi corretamente captado estará lá!

Quanto ao corpo harmônico, eis aqui uma outra impressionante revelação: nunca ouvi nenhuma outra caixa (independentemente de tamanho e de preço), reproduzir tão detalhadamente as diferenças de um naipe de violinos e violas, ou de um cello e um contrabaixo, ambos tocados com arco!

É prazeroso dar ao nosso cérebro a possibilidade de ficar na dúvida se aquilo à nossa frente é ou não real!

É preciso vivenciar esse momento para descrever os sentimentos que essas audições nos proporcionam.

Em relação à organicidade, esse quesito talvez seja o ‘cartão de visita’ de todas Estelon Diamond – junto com o soundstage, claro! Até gravações medianas parecem mais ‘materializadas’ que em qualquer caixa que já testamos. Isso torna toda gravação imediatamente mais interessante e emotiva (e quem não deseja isso, ao investir tanto tempo e dinheiro em um sistema?).

Então, junte todas essas qualidades de cada um desses sete quesitos, e você terá o grau de musicalidade que a X Diamond MkII pode proporcionar.

Em um sistema que esteja na mesma direção, suas audições serão absolutamente prazerosas e emocionantes. E como já relatei, com o grau de folga dessa caixa, mesmo gravações tecnicamente ruins, que são limitadas pelos erros do engenheiro de gravação ou acústica da sala de gravação (principalmente shows ao vivo em espaços abertos), terão seu apelo artístico preservado.

CONCLUSÃO

Espero ter conseguido fazer uma radiografia próxima ao que a X Diamond Mkll nos proporcionou.

Como em uma montanha-russa me senti, por muitas vezes ao ouvir meus discos de cabeceira, me perguntando ao término dessas gravações como a X Diamond Mkll consegue transmitir com tanta precisão o que outras caixas se esforçam para conseguir.

A música apenas flui sem resistência, sem barreiras, sem surpresas. É como se o acontecimento musical estivesse sendo executado ali à nossa frente em tempo real. Essa sensação e essa materialização física ocorreram com diversas gravações de diversos gêneros e distintos períodos.

Pela primeira vez meu cérebro fez, em gravações excepcionais, correlação com aquele momento mágico em que eu estava dentro da sala de gravação com os músicos que lançamos pela CAVI Records. Fui literalmente transportado para 1958, 1961, 1967, 1969, 1971, em gravações de jazz, rock progressivo, folk, música clássica e música instrumental brasileira.

O problema, meu amigo, é que isso se torna viciante, pois todos que amam a música mais do que sistemas, querem eternizar esse momento.

Se você pode e deseja estar com a sua música no mesmo espaço-tempo em que ela foi executada e gravada para a eternidade, a Estelon X Diamond Mkll é esse portal!


PONTOS POSITIVOS

A materialização física do acontecimento musical.

PONTOS NEGATIVOS

O preço, meu amigo, para se ter essa materialização.


ESPECIFICAÇÕES
TipoCaixa acústica passiva 3-vias bass-reflex
Drivers• Woofer de 11” Accuton de sanduíche de cerâmica
• Mid-woofer de 7” Accuton de cerâmica
• Tweeter de 1” Accuton de domo invertido de diamante
Cabeamento internoKubala-Sosna
Resposta de frequência22 Hz a 60 kHz
Potência200 W
Impedância nominal6 Ohms (minima de 3.5 Ohms em 50 Hz
Sensibilidade88 dB (2.83 V)
Amplificação mínima20 W
Material do gabineteComposto baseado em mármore
Dimensões (L x A x P)450 x 1370 x 640 mm
Peso (individual)86 kg
Tamanho recomendado de sala25 a 80 m²
CAIXAS ACÚSTICAS ESTELON X DIAMOND MKII
Equilíbrio Tonal 14,0
Soundstage 14,0
Textura 14,0
Transientes 14,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 14,0
Musicalidade 14,0
Total 110,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
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