Espaço aberto: UMA CAIXA DOS ANOS 70 QUE FICOU NA MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Al Di Meola é um dos grandes guitarristas vivos – na minha opinião, claro. E, acho que seu mais relevante trabalho é um dos grandes discos já feitos: Friday Night in San Francisco, um disco ao vivo gravado em 1980 com outros dois gigantes no violão acústico: o inglês John McLaughlin e o espanhol Paco de Lucia.

O gênero é o jazz, com um tempero flamenco. É um dos mais importantes – se não o mais importante – disco de violão acústico, com demonstrações de técnica e musicalidade de deixar gente de queixo caído. E é um sucesso audiófilo, e melômano.

Recentemente, Di Meola redescobriu em seus arquivos, a fita master com o show do ‘dia seguinte’, do sábado 6 de dezembro de 1980. O qual acaba de ser lançado tanto em digital quanto em vinil 180g, aptamente nomeado Saturday Night in San Francisco, e que traz um repertório diferente do show do dia anterior – ou seja, eles se completam e constarão bem nas prateleiras de qualquer admirador desse tipo de música.

Em uma entrevista, Di Meola, ao ser indagado sobre o sucesso musical do primeiro disco, declarou que ele queria ter editado parte do mesmo, devido a ‘erros’ e partes da música que ele não gostou do resultado. E McLaughlin o impediu, dizendo “eu gosto dos erros, eles fazem parte da música!”.

Eu sou fã de gravações ao vivo – por causa de sua naturalidade, realismo e, principalmente porque considero que uma boa parte das relações entre os músicos no palco são de ‘ação & reação”, são partes orgânicas integrais à música. Você quer saber como um grupo realmente toca, qual é a musicalidade real de um solista ou de um líder de banda? Vá ouvi-los ao vivo! É música feita por humanos, e não por máquinas! E o que muitos músicos consideram como ‘erros’, para mim é parte integral dessa música!

Portanto, a afirmativa de John McLaughlin o fez subir um bocado na minha escala de consideração pessoal – pôr o quão saudável
artisticamente é esse ponto de vista. Até porque não se julga arte por perfeição, e sim pelo efeito que ela obtém em nós.

Um amigo meu, baixista, uma vez me falou – muitos anos atrás – que discos ao vivo nunca eram julgados, ou mesmo considerados e premiados, como os melhores de um grupo ou músico. E eu sempre detestei essa ideia – e demorei um bocado de tempo para entender o porquê dela: quem era premiado pelo ‘melhor disco’ era o produtor! E sem querer desmerecer produtores, que são bastante necessários, mas para mim isso soa como querer premiar o editor pelo livro mais bem escrito. Não dá…

E quantas vezes ouvi algum amigo músico dizer, depois de uma apresentação magnífica, que ele havia cometido vários erros. Bom, eu tenho um ouvido aproveitável e uma noção decente de música, e não percebi os erros – então respondo “eu prefiro esses erros, do que um robô tocando”.

Boas audições, e muita música ao vivo!

1 Comments

  1. Lucas disse:

    Belo texto.

    Esse disco não é só um grande disco ao vivo, mas também é um grande disco de violão. O único trio de violão que se equipara a esses três gênios é o Grupo D’alma, que reunia o Geraissati, Ulisses Rocha e o Mozart Mello.

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