Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Minha relação com os cabos deste fabricante americano é muito antiga, e remonta ao tempo que ainda estava na revista Audio News, quando comprei seis metros de cabo de caixa trançado 8 TC para montar meu sistema de home estéreo na sala de estar.
Já na Áudio & Vídeo (quando ainda se chamava Clube do Áudio), eu comprei meu primeiro cabo coaxial da Kimber, para ligar o transporte da Pink Triangle ao DAC DaCapo e, anos mais tarde, tive vários cabos da geração Select (a linha mais sofisticada desse fabricante e ainda em produção).
Sempre admirei esse fabricante justamente por ele não querer reinventar a roda, buscando desde sempre oferecer cabos corretos, bem construídos e com uma excelente relação custo/performance.
Conheço leitores que mantém em seus sistemas por anos a fios cabos da Kimber, depois de seus sistemas sofrerem inúmeros upgrades, o que demonstra o quanto seus produtos são de alto nível! Todos os produtos desse fabricante possuem o mesmo ‘DNA Sonoro’: bom equilíbrio tonal e transparência, e musicalidade na medida certa.
Então, quando soube do lançamento da nova linha Carbon (logo abaixo da linha Select), fiquei pedindo à Mediagear (representante oficial da marca no Brasil), o envio para teste.
Com a pandemia, tudo ficou em suspenso, e os meses passaram e só conseguimos colocar a mão, até esse momento, no interconect RCA de 1m. E estamos aguardando a chegada do cabo de caixa, o modelo top 18XL (que se tudo der certo, publicaremos ainda neste ano).
Comecei a me interessar por essa linha quando li uma nota do fabricante afirmando que essa série tinha aberto uma nova porta para o desenvolvimento de cabos, e seu potencial era grande o suficiente para a fabricação de uma linha inteira com essa abordagem.
Foi o suficiente para despertar meu interesse em conhecer esse ‘novo caminho’ da Kimber.
A grande novidade é o uso de carbono na construção dessa nova linha, em que 8 fios de cobre puro VariStrand recebem um polímero condutor com infusão de carbono, que é aplicado sob pressão. O polímero preenche os espaços entre os oito fios de cobre puro, ajudando a manter sua geometria. E com os fios trançados, eles se comportam como um condutor de núcleo sólido sem perder a leveza e flexibilidade. Os condutores de cobre e o polímero de carbono são, então, isolados com Teflon – um processo que associado ao polímero de carbono, reduz o ruído induzido mecanicamente, melhorando o desempenho do isolamento externo do cabo.
Visualmente, o Carbon 8 é muito semelhante aos cabos que a Kimber fabrica há décadas, inclusive com o uso dos famosos plugs WBT, que a Kimber foi um dos primeiros fabricantes a utilizar em várias de suas séries.
As especificações técnicas descrevem o Carbon com o uso de 8 condutores trançados de 19,5 AWG por canal, cobre puro IACS 102%, trançados, sem emenda para positivo e negativo.
O produto vem embalado em uma bela caixa, que parece mais uma embalagem de uma joia do que de um cabo de interconexão.
Para o teste, o Carbon 8 foi utilizado em diversos equipamentos como: integrados Krell K-300i, Sunrise Lab V8 Edição de
Aniversário, e Willsenton R8, pré Nagra Classic, powers Nagra HD, pré de phono PH-1000 da Gold Note, DACs dCS Bartok e TUBE DAC da Nagra.
Eis um dos raros cabos de interconexão que, saído da embalagem, toca muito bem, já nos conquistando de imediato!
Adoro cabos que conseguem nos fazer ‘saltar’ o longo tempo de amaciamento, e nos deixar conhecê-lo sem nenhum tipo de constrangimento, nos criando aquela agradável expectativa do patamar de seu limite. O Carbon 8 é esse cabo, que você irá tirar da embalagem e escolher onde ele será ligado, e iniciar uma convivência que será muito intensa.
Foi uma primeira impressão muito longa, em que ouvimos inúmeras faixas dos nossos CDs da CAVI Records, e que se estendeu a algumas faixas dos discos lançados pela revista Musician em parceria com a Naxos. O que mostra o quanto já apreciamos de cara seus dotes!
Como todo cabo deste fabricante, o que irá prevalecer será sempre um bom equilíbrio tonal, e uma musicalidade acentuada sem se tornar ‘melosa’ ou enfadonha. Um amigo músico descreveu bem sua característica central como: ’vívido comportado’.
O Carbon 8, assim como a linha Select, não podem ser considerados cabos neutros como, por exemplo, os Apex da Dynamique Audio, mas sua assinatura se enquadra no lado mais musical do que do transparente, o que no meu modo de ver é preferível que seja um cabo com esse comportamento, do que o contrário (excesso de transparência).
Seu equilíbrio tonal está mais para o lado quente, com graves corretos, médios de extrema naturalidade e agudos com excelente extensão (características muito semelhantes à linha Select, infinitamente mais cara).
Seu soundstage é de alto nível, com planos, foco, recorte e respiro precisos, possibilitando ao ouvinte apreciar detalhes sem o menor esforço, mesmo em gravações complexas com inúmeros instrumentos ou grandes obras sinfônicas.
A apresentação de texturas no Carbon 8 é um caso à parte, pois agrega em um mesmo pacote, refinamento e sutileza, que estou acostumado a ouvir em cabos muito mais caros, sendo esse o quesito da Metodologia que mais me encantou.
Não existe exemplo mais contundente para se avaliar texturas que gravações de quartetos de cordas (eu ainda não descobri exemplos mais reveladores). E o Carbon 8 consegue recriar com a mesma intensidade, as variações de paletas de cores, intencionalidade e qualidade dos instrumentos, virtuosidade dos músicos e qualidade da captação.
Ouvir com tamanha fidelidade, primeiro, segundo violino, viola e cello, e observar todas essas nuances, nunca foi tarefa fácil para cabo algum. E ouço cabos infinitamente mais caros que o Carbon 8, que não possuem esse grau de requinte na reprodução de
texturas!
Os transientes, além de serem precisos, possuem enorme autoridade na condução de tempo, ritmo e andamento. Apreciei muito a forma com que ele reproduziu os exemplos utilizados para avaliação deste quesito, principalmente o CD I Ching do grupo Uakti! (quem participou dos nossos Cursos de Percepção Auditiva, sabe a pedreira que é reproduzir as faixas 2 e 3).
A dinâmica, tanto na macro como na micro, foram corretas, sendo que a macro surpreende pela segurança e escala, mostrando os degraus existentes entre o pianíssimo e o fortíssimo. Por exemplo, na faixa 10 do CD Live In Montreux 91/97, da cantora Rachelle Ferrell, em que ela vai do pianíssimo ao fortíssimo, junto com o piano e os pratos, fazendo com que sistemas, caixas e cabos sem folga, façam esse momento parecer uma tortura sonora. E em sistemas com folga dinâmica, é um momento de puro deleite de ouvir a técnica vocal de Rachelle, e o belo arranjo executado pelo trio que a acompanha.
O Carbon 8 passou por esse dificílimo exemplo com louvor!
O corpo harmônico é preciso e de uma fidelidade absoluta ao que a gravação captou em termos de corpo dos instrumentos, o que é fundamental para enganarmos nosso cérebro de que não estamos diante de uma reprodução eletrônica.
E com esse corpo harmônico correto, consequentemente a materialização física do acontecimento musical (organicidade) se torna possível, em qualquer gravação de alto nível.
CONCLUSÃO
Ao conhecer o Carbon 8, minha curiosidade em ouvir e compartilhar com vocês como irá soar o cabo de caixa, só aumentou.
A Kimber acertou em cheio nessa sua nova linha, e consegue estabelecer um excelente patamar de custo/performance, que será um problema para a concorrência, pois além dessas qualidades, seu grau de compatibilidade é assustadoramente alto!
Para audiófilos que não gostam de perder tempo pesquisando, ouvindo, comparando cabos, desejando pular sempre essa parte, o Kimber Carbon 8 precisa ser escutado em seu sistema o quanto antes. Pois ele tem o dom de ser curto e reto em apresentar suas qualidades de imediato, fazendo com que todos que o escutarem, saibam se é essa direção ou não a seguir. Você não precisará ficar semanas com ele para tirar suas conclusões.
Um cabo que entrou definitivamente para minha lista de cabos que merecem ser indicados em nossa consultorias diárias, principalmente aos que desejam um cabo que os conecte diretamente com a música sem intermediários!
PONTOS POSITIVOS
Um cabo extremamente correto, musical e muito bem construído.
PONTOS NEGATIVOS
Nada.
ESPECIFICAÇÕES
Condutores | Oito, 19.5 AWG trançados, cobre IACS 102% |
Topologia | VariStrand de condutores de cobre puro travados com polímero de carbono e isolados com Teflon. Transição trançada sem emendas para os canais esquerdo e direito. |
Plugs | WBT cobre ou prata. Opção de XLR balanceado |
CABO DE INTERCONEXÃO RCA KIMBER KABLE CARBON 8 | ||||
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Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
Soundstage | 12,0 | |||
Textura | 14,0 | |||
Transientes | 12,0 | |||
Dinâmica | 12,0 | |||
Corpo Harmônico | 12,0 | |||
Organicidade | 12,0 | |||
Musicalidade | 13,0 | |||
Total | 100,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
Mediagear
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R$ 5.500 (1m)