Fernando Andrette
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Essa é uma discussão antiga, que vem ganhando espaço nos fóruns de fones, com muitos revisores até se ‘gabando’ de criarem as suas próprias curvas para analisarem os produtos enviados para teste. Até alguns anos atrás, os fabricantes ao criarem seus produtos usavam como referência duas curvas de resposta de frequência: o modelo desenvolvido pela Harman, e o pela Etymotic. No entanto, como o parque fabril foi praticamente deslocado para a Ásia nos últimos dez anos, esse tema voltou à moda, com muitos defensores de que é preciso que se crie uma nova curva ideal no desenvolvimento de novos fones.
Será mesmo necessário?
A Harman, ao desenvolver seu padrão, utilizou câmera anecoica, microfones especiais e uma cabeça com base na média do formato da cabeça humana, orelha e canal auditivo, para avaliar uma série de curvas de respostas ideais baseado no HRTF (Head Related Transfer Function – ou Função de Transferência Relacionada à Cabeça). Depois se colocou nesse mesmo programa o ATF (Anatomic Transfer Function – ou Função de Transferência Anatômica). Os principais fabricantes de fones de qualidade, preferem o programa HRTF, pois este se parece um pouco mais com o som propagado através de um par de caixas em uma sala normal. Para seus críticos, o HRTF não é o ideal, visto que a anatomia da cabeça humana pode variar a intensidade dos médios e agudos entre 10 e 20 decibéis, dependendo do ângulo do fone em relação a entrada do canal auricular. Claro que todos os avanços alcançados nas últimas décadas são muito bem vindos, porém acho que a indústria de fones está muito bem estabelecida e com um grau de resultados consistentes, que não necessitam saltar de direção e se aventurar por curvas de frequência personalizadas.
Tudo isso me parece muito mais ‘marketing’ de revisores que buscam se destacar no mercado, e ‘impor’ suas preferências pessoais aos seus seguidores, e nada mais que isso.
Para poder afirmar essa minha conclusão, peguei dois fones testados por revisores internacionais e apliquei suas curva de resposta para deixar (segundo eles) com a performance ideal para um fone da Grado – o SR 325 – e um Meze Audio – o 99 Classics – que possuo e são duas de minhas referências. O interessante é que ambas as curvas formam o famoso ‘U’, com acentuação nas duas pontas, um sugerindo 3 dB a mais nos graves e 4 db nos agudos no caso do Meze, o outro revisor um pouco mais comedido, sugere 2dB nos graves e agudos. No caso do Grado, um sugere 5 dB nos graves e 3 dB nos agudos e o outro, de novo, repete 3dB nas duas pontas. Eles não indicam o que estavam ouvindo para sugerir essas curvas, mas ambos afirmam que com suas ‘curvas pessoais’ ambos os fones ‘melhoram e muito’ sua performance! Trata-se de uma das maiores besteiras que li a respeito. Pois ambas destroem o equilíbrio tonal dos fones. Mostrando apenas o quanto existe de ‘paraquedista’ nas redes sociais querendo aparecer sem nenhum critério ou conhecimento do que escrevem. Meu amigo, ouça um simples conselho: escolha apenas um fone de boa procedência, que lhe permita – em volumes seguros – ouvir tudo (graves, médios e agudos) com o melhor grau de inteligibilidade e o maior conforto auditivo. Existem excelentes opções em todas as faixas de preço, e que não precisarão ser equalizados nunca. Aliás, afirmo de forma categórica: Nunca tivemos tão boas opções no mercado como atualmente!