Teste 2: CD-PLAYER LINE MAGNETIC LM-515 Mk2

NOVO DAC DCS BARTÓK APEX
março 5, 2023
Editorial: TODO PONTO TEM SEU NÓ
março 5, 2023

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Vá se acostumando amigo leitor, pois você ouvirá muito a respeito desse fabricante chinês especializado em equipamentos valvulados, que vêm consistentemente ganhando espaço nos principais mercados de áudio hi-end no mundo.

Aqui já testamos o integrado Line Magnetic 219IA, na Edição 290, e agora recebemos da Elite Audio o CD-Player LM-515 Mk2.

O grande problema, na minha opinião, de todo produto hi-end chinês está na comunicação, que ainda é bastante precária e precisa vencer a barreira do preconceito no ocidente, conseguindo que mais mídias especializadas testem seus produtos.

Fiquei surpreso quando o Hernani da Elite Audio me disse que faríamos o primeiro teste mundial dessa versão, pois pelas suas qualidades achei que outras mídias e fóruns especializados já haveriam de ter dado seu parecer. Afinal, se existe uma comunidade que fuça e busca ‘grandes oportunidades’, é a audiófila.

E acho que o CD-Player LM-515 Mk2 merece todo reconhecimento que possa ter. Como o integrado por nós testado, ele possui uma construção sólida, um controle remoto decente, e passa confiabilidade no seu uso no dia a dia. E, ao contrário de muitos produtos de áudio modernos, que sem o controle remoto não há como operar, o LM-515 Mk2 pode perfeitamente ser utilizado, caso em um fim de semana você esteja sem reposição de pilhas em casa (que audiófilo já não passou por esse tipo de apuro em um domingo à noite, levante a mão).

Fácil de visualizar todos os comandos no painel e um display que se pode ver mesmo a boa distância. O LM-515 Mk2 é um CD-Player e um DAC, por isso que em seu painel frontal temos a inscrição Compact Disc e DSD.

Mas não confunda, amigo leitor, pois ele não lê Super Audio CD, apenas arquivos DSD que o usuário mantenha em seu computador, que poderão ser reproduzidos via cabo USB.

Seus 10kg mostram o cuidado que os engenheiros tiveram com a implantação de transformadores, tanto para o circuito analógico quanto para o digital, totalmente independentes. O chip decodificador é um ES9038 Sabre da empresa americana ESS. O estágio de saída analógico utiliza duas válvulas 6KZ8. No painel traseiro temos um par de saída RCA, outro XLR, e se o usuário tiver um DAC externo, poderá usar o LM-515 Mk2 como transporte via cabo coaxial ou ótico. E para desfrutar de arquivos DSD, há uma entrada digital USB.

Para o teste utilizamos o LM-515 Mk2 a maior parte do tempo ligado ao nosso Sistema de Referência, com as seguintes caixas: Audiovector QR-7 (leia Teste 1 nesta edição), Harbeth Compact 7ES-3 XD (leia edição de março de 2023), e Estelon X Diamond Mk2. Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence Edição de Aniversário, Oyaide Vondita X (leia teste na edição de maio), Dynamique Audio Apex e Transparent Audio PowerLink MM2.

O produto veio amaciado, o que nos possibilitou colocá-lo imediatamente para avaliação, já que existem consumidores esperando encerrarmos o teste para ouvi-lo. Gosto muito de conhecer a filosofia do fabricante para ver se suas ideias são colocadas em prática consistentemente.

E se conheço um pouco da psique do oriental, sei que muitas vezes suas intenções são distorcidamente traduzidas para nós ocidentais.

Como sei disso?

Pelo fato de ter trabalhado por mais de cinco anos em empresas japonesas, e como publicitário ter atendido empresas como Fuji Film, Toyota, Nissin, Yakult, Sony e Ajinomoto. Além de ter sido gerente de marketing da Oliver (empresa do grupo Roland aqui no Brasil). E aprendi que, ao contrário do ocidental, que é extremamente racional e direto, o oriental sublima sua cultura e a coloca ainda que de maneira sutil em todas as suas formas de expressão.

E lendo o texto na apresentação do site da Line Magnetic, uma frase me chamou muito a atenção: “Um jade que não foi esculpido não se tornará um objeto útil, um homem sem aprender não saberá o caminho”. Não tente ler esse velho ditado oriental racionalmente, pois você perderá o âmago do ensinamento que está intrínseco nele.

Pois nesse ditado milenar, a Line Magnetic se baseia para criar seus produtos e oferecer ao mundo. E não se trata de uma analogia floreada oriental, e sim um compromisso de valores que, acredite, serão seguidos à risca pelo tempo em que o CEO da empresa determinar, sem ser questionado por nenhum funcionário.

Eu fui testemunha ocular desse tipo de princípio por exatos cinco anos: depois de determinadas as metas a serem alcançadas, nada irá alterar esse objetivo. Claro que eles também erram, e empresas orientais também quebram, e são extintas ou compradas pelos concorrentes, e ainda assim essa cultura continua sendo o alicerce de toda corporação oriental em pleno século 21!

Voltando ao ditado do jade não esculpido, o leitor atento perceberá a intenção apenas se escutar um produto da Line Magnetic – pelos dois que ouvi e testei até agora, parece que a filosofia consegue ser replicada corretamente em todos os produtos. Pois o que está intrínseco é a filosofia de fazer bem feito, mas procurando dar uma ‘identidade’ a todos os produtos.

E a resposta está em outro trecho da apresentação, em que a Line Magnetic fala do “espirito do artesão”. Ou seja, cada artesão que domina a arte de desenvolver seus produtos, deseja dar sua visão pessoal a seus produtos. E aí a Line Magnetic sintetiza sua filosofia ao descrever que, para eles, o maior objetivo é: “uma voz autêntica, suave, doce, transparente, graciosa e completa”.

Ok, Ok….

Talvez você já esteja ‘vacinado’ de tanto ouvir o ‘compromisso’ de diversos fabricantes com a beleza da arte musical, escrito e dito de inúmeras maneiras, então o que devemos observar? É se o discurso bate na prática, amigo leitor, e isso só sabemos ouvindo. Certo?

Dois produtos é um universo ínfimo para um fabricante que possui um extenso portfólio de produtos, mas que essa ‘filosofia’ está bem presente em ambos produtos que ouvi, não tenha dúvida que está!

Em um mundo cada vez mais virtual, em que 80% de toda música consumida está em streamer, termos fabricantes investindo tempo e dinheiro em CD-Players é no mínimo digno de ser aplaudido. Assim como eu, sei que muitos dos nossos leitores ainda estão firmes em manter sua mídia física. Pois sabem que quando reproduzidos em excelentes sistemas, ainda são imbatíveis!

E o LM-515 Mk2 irá proporcionar audições repletas de emoção e fidelidade.

E o consumidor que imaginar que, por ser um CD com uma saída analógica valvulada, soará ‘vintage’, terá um enorme susto, pois nada lembrará as tentativas dos anos 90 de ‘domar’ a dureza nas altas frequências e o corpo harmônico de ‘pizza brotinho’ com válvulas, pois o LM-515 Mk2 é um CD-Player digno do século 21 – com seu equilíbrio tonal correto, excelente corpo nas baixas e no médio-grave, velocidade, peso, deslocamento de ar, região média quente sem se tornar eufônica, e agudos com ótima extensão, velocidade e decaimento suave.

Muitos leitores nos perguntam se o decaimento suave não está intrínseco se o produto tem boa extensão. É uma pergunta pertinente, pois ter extensão, mas sem decaimento suave, irá ceifar abruptamente as altas. E fica aquela sensação ao tentarmos perceber os ambientes em que as gravações foram realizadas, que todas as salas são idênticas, como se para toda gravação usasse o mesmo reverb digital ou o antigo reverb de mola da década de 70 e início dos anos 80.

Só o decaimento suave nas altas permite sabermos com precisão até mesmo se foi misturada a ambiência da sala de gravação com um reverb digital – sim leitor, tem engenheiro que está tão acostumado apenas com salas de estúdio, que ao gravar em salas de concerto, ainda adiciona reverb digital, e várias gravações dos anos 90 de música clássica cometeram esse ‘crime sonoro’, resultando em: os agudos soarem duros e brilhantes.

No LM-515 Mk2, esses erros de gravações serão explicitamente audíveis. O que só demonstra o quanto seu equilíbrio tonal é correto!

O soundstage, ainda que não tenha a profundidade de Players mais refinados ou transporte e DACs separados de ponta (e muito mais caros), apresenta em gravações com um bom 3D, planos corretos e um foco e recorte ultra cirúrgico.

Explique Andrette, o que vêm a ser ultra cirúrgico? Sabe quando você está escutando um pequeno grupo e a voz soa perfeitamente ao centro e você consegue até ‘ver’ o que ouve e dizer se o cantor(a) está sentado(a) ou em pé, e que existe um silêncio entre a voz e os instrumentos?

Isso é um foco cirúrgico? E o recorte? É quando a gravação da voz foi gravada isolada dos instrumentos. Quando é em tempo real com todos juntos na sala, esse recorte jamais será cirúrgico, pois existe algo chamado ‘vazamento’ entre microfones. Ou seja, isso é uma questão de escolha dos músicos, do produtor e do engenheiro.

Eu sempre escolhi, nas nossa gravações, a opção ‘real time’, pois acho que os ganhos em termos artísticos são mais importantes que o preciosismo do recorte, com aquele silêncio absoluto e negro em volta da voz.

Mas são opções apenas.

Se você ler meu Opinião esse mês, e ouvir o primeiro exemplo de Água de Beber com seis vozes perfiladas lado a lado, perceberá que o recorte de cada uma das vozes não é perfeito, mas pela estética do arranjo era importante que soassem como um arranjo à capela, por isso não deixei as vozes mais afastadas entre si – mas dei um microfone para cada voz.

O Line Magnetic lhe dará a perspectiva na qual a gravação foi feita. E isso, meu amigo, nessa faixa de preço é incrível que seja alcançado.

Os transientes te fazem esquecer que tem saída valvulada, pois são precisos tanto em tempo como ritmo, e não se furtam a reproduzir com autoridade nenhum gênero musical.

Suas texturas são ricas, detalhadas e fidedignas tanto na apresentação da paleta de cores, quanto na intencionalidade.

Eu sempre cito neste quesito minhas gravações preferidas de quarteto de cordas, mas ultimamente tenho usado muito o box de 7 CDs do Wynton Marsalis, com suas gravações no Village Vanguard. Não é todo CD-Player nem tão pouco transporte & DAC separados que se darão bem com essas gravações, pois os metais ficam muito próximos no pequeno palco do Village. É uma gravação espinhosa para qualquer CD-Player, e o LM-515 Mk2 se sai bem, desde que você não abuse do volume e entenda que a captação, para ter menos vazamento possível, foi feita com cada instrumento muito próximo.

Então, dependendo da dinâmica do solo de cada instrumento, o som no volume errado irá endurecer.

O que, neste exemplo, o CD-Player precisa mais do que tudo é de folga para superar esses desafios de variação dinâmica. E o LM-515 Mk2 se esforça bravamente para passar por esse desafio.

Esse é um dos discos mais difíceis que uso para avaliação de textura, e um dos mais belos se o Player tiver ‘garrafas para vender’ e ‘bainha de sobra’! Mantenha o volume correto e o LM-515 Mk2 irá te surpreender.

Sua macrodinâmica é surpreendente, assim como sua microdinâmica graças ao seu excelente silêncio de fundo. Os degraus entre o pianíssimo e fortíssimo são muito corretos, e até surpreendentes para seu nível de preço.

Adorei sua reprodução de corpo harmônico, pois ainda que não seja tão próxima do real dos instrumentos ao vivo, é muito coerente, mantendo perfeitamente as diferenças entre o tamanho dos instrumentos. E, com isso, ele entra na lista dos que enganam nosso cérebro com facilidade.

A materialização física do acontecimento musical dependerá das gravações serem excelentes. Mas quando reproduzimos o CD Anhelo do José Cura, ele se materializou perfeitamente à nossa frente!

CONCLUSÃO

Se você ainda tem uma coleção de CDs, não pretende abrir mão de ouvir seus discos e está à procura de um excelente CD-Player que te leve a um outro patamar de prazer ao ouvir os discos prateados, ouça o Line Magnetic LM-515 Mk2. Ele pode ser o upgrade que você deseja e pode adquirir.

Se tivesse que resumir em uma palavra sua principal característica, eu diria que o LM-515 Mk2 é acima de tudo sedutor. Não apenas pela sua capacidade de nos apresentar a música dignamente, mas sobretudo pela sua facilidade de nos presentear com uma reprodução que nos permite apreciar a música tanto em sua forma como em seu conteúdo.

Antes que você ache que pirei, deixe-me explicar o que difere a forma do conteúdo. Quando ouvimos nossos discos que amamos em um sistema apenas correto, ainda que nos agrade, não haverá nenhuma surpresa ou algo de novo que nos encante. Parecerá mais como uma apresentação ‘burocrática’ e não cativante. Todos nós já experienciamos essa diferença, ainda que não tenhamos externado a nós mesmos que é exatamente esse o ponto que nos faz admirar o produto A e não o B.

O LM-515 Mk2 faz parte dessa ‘linhagem’ de equipamentos que consegue expressar de forma intensa o conteúdo que, às vezes, se encontra sutilmente nas obras que admiramos e, outras vezes, de maneira quase que arrebatadora.

Se captei bem a filosofia da Line Magnetic, só posso concordar que eles ‘aprenderam’ muito bem o caminho!


PONTOS POSITIVOS

Um CD-Player muito bem projetado.

PONTOS NEGATIVOS

Nesse nível de preço, nada considerável.


ESPECIFICAÇÕES

SistemaCD-Player/DAC Valvulado
THD0.0025%
Resposta de frequência20Hz – 20KHz (+3dB)
Relação Sinal/Ruído110dB (A Weighted)
Alcance dinâmico120dB (A Weighted)
Níveis de saídaRCA 3V, Balanceada 2V
Tempo de leitura5 seg
Saídas digitaisCoaxial e ótica
Dimensões (L x P x A)430 x 325 x 105mm
Peso10 kg
Consumo28 W
CD-PLAYER LINE MAGNETIC LM-515 Mk2
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 95,0
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