Teste 3: BASE DE ISOLAMENTO CARBOFIBRE HD DA FINITE ELEMENTE

Espaço aberto: ÁUDIO É STATUS? PRECISA GASTAR TANTO?
abril 6, 2023
Teste 2: CD-PLAYER LINE MAGNETIC LM-515 Mk2
abril 6, 2023

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Gosto da frase: “Velho demais para o rock e novo demais para morrer”. E posso perfeitamente adaptar essa frase para os acessórios de anti-vibração existentes no mercado, para: ‘Velho demais para duvidar de seus benefícios, e novo demais para morrer antes de conhecer todas as possibilidades existentes’.

Nos 27 anos da revista, testamos dezenas desses acessórios, começando em 1996 com uma plataforma Tekna Sonic – que tenho e utilizo até hoje em diversos equipamentos em teste e até em algum equipamento de nosso Sistema de Referência.

O problema de todo acessório é que ele não é uma regra exata, que trará benefícios a todos os equipamentos sem distinção.

Isso não existe, caro amigo.

Então, o primeiro conselho para quem deseje fazer experimentos com pés, racks e plataformas anti-vibração é: ouça em seu sistema antes de bater o martelo. E veja se realmente os benefícios atendem às suas expectativas e trazem melhorias sem perdas ao seu sistema. Pois não adianta corrigir ou atenuar um problema e criar outro.

Pois é muito comum, tanto com ‘marinheiros de primeira viagem’, assim como experientes audiófilos, em um primeiro momento se encantarem com um acessório, por atacar e resolver o problema que os incomodava, e depois descobrir que ‘trocou seis por meia dúzia’.

Então, uma dica a todos: não fiquem eufóricos ao ver solucionado o problema de indefinição nos graves, com a colocação de um isolador no seu setup. Ouça sempre o maior número possível de músicas e veja se realmente ele fez o que era esperado, sem acrescentar um desequilíbrio tonal em outras frequências. Pois se, para corrigir o grave sobrando, você recorreu a secar esse grave, automaticamente você estará alterando o equilíbrio tonal no todo.

Grave transbordando não se soluciona secando os graves. Assim como não se melhora os agudos com um setup de cabos todo de prata.

É preciso atacar e solucionar o problema na fonte, e essa fonte só pode ser resolvida com tratamento acústico adequado, e revisão de todo o setup para correção dos ‘elos fracos’, após solucionar a acústica da sala.

Então, para que servem os dispositivos anti-vibração existentes no mercado? Para fazer ajustes finos, que eu chamo de ‘lapidação final’, em um sistema e sala já corretos. Procurar ampliar esse benefício (que já é excelente), é como tentar curar uma infecção com anti-térmico apenas.

Sou usuário de racks e plataformas Pagode da Finite Elemente há mais de uma década. E as uso e admiro porque são eficientes no que se propõe a fazer, muito bem construídas, e para pessoas como eu com mais de 60 anos, são leves e fáceis de movimentar!

E nesses anos todos de uso, o que fez crescer ainda mais minha admiração por esse fabricante, foi seu alto grau de compatibilidade. Pois raramente um produto em teste não se beneficiou de estar assentado em uma de suas prateleiras. Claro que existiram produtos que não necessitaram estar no rack para mostrar todos seus atributos, mas os que se encaixaram em sua proposta, se beneficiaram de suas qualidades.

Para mim, o que vem primeiro em um isolamento anti-vibração, para ser testado, é que ele não altere o equilíbrio tonal do produto. Se alterar, abortamos o teste e mostramos o motivo para o importador ou fabricante. Claro que, se o acessório ocasionar o desequilíbrio em apenas uma parcela dos produtos, faremos o teste, no entanto deixaremos claro que o grau de compatibilidade não é alto.

Com esse excelente ‘currículo’ do rack Pagode, não tivemos dúvida em aceitar para teste a Base de Isolamento Carbofibre HD da marca.

Como todos os produtos deste fabricante, a Carbofibre tem um acabamento primoroso, bonito tanto visualmente como no contato físico com a base. Essa nova linha de acessórios da Finite busca atender aos audiófilos que, por alguma razão, não possuem ou não querem usar um rack, preferindo deixar seu setup o mais baixo possível entre as caixas (essa parece ser uma tendência cada vez mais comum lá fora, principalmente na Ásia).

O fabricante fornece duas versões da base Carbofibre: a SD para capacidade até 50 kg, e a HD para até 100 kg. A versão enviada para teste foi a HD, o que permitiu o uso até dos monoblocos Nagra HD que pesam 50 kg cada!

A versão HD possui multicamadas resultando em uma espessura de 45 mm. O material utilizado são camadas de fibra de carbono alternadas com núcleos ultraleves em colméia, e envoltos em fibra de carbono em todos os lados da base.
Os pés são reguláveis em altura (para o nivelamento correto em pisos com desnível), feitos de aço inoxidável, e na base foi inserido na frente e no meio um nível bolha de precisão para o ajuste perfeito.

O fabricante ainda dá três opções de pés: Cerabase (o modelo enviado para teste), Cerapuc ou Ceraball – para futuros upgrades caso o audiófilo deseje.

A Finite também aceita dimensões adicionais mediante solicitação. Existem dois tamanhos padrão: 450 x 400 mm com 45 mm de altura, ou 500 x 475 mm com 45 mm de altura.

Recebemos um par de Carbofibre HD logo na sequência da Base HRS (leia teste na edição 292), então procuramos usar todos os equipamentos que haviam sido utilizados no teste da HRS para justamente ver as diferenças que ouviríamos, já que são conceitos quase que opostos. Pois se a HRS aposta no isolamento anti-vibração com materiais rígidos e pesados, a Finite sempre apostou suas fichas em materiais de excelente rigidez, mas muito leves.

E se você acha que, em termos de isolamento anti-vibração, só um lado pode estar certo e todos os outros errados, irá dar com a cara na porta. Pois se tratando de isolamento anti-vibração, não existe um único caminho.

E se você não aceita essa resposta, provavelmente você irá achar que este acessório é apenas mais um ‘óleo de cobra’ como seriam os cabos. OK! Se assim for, não se preocupe, pois você deixou de gastar seu suado dinheiro em algo que não acredita, e isso também tem seu lado positivo. Não é verdade?

Para o teste utilizamos na base da Finite Elemente os seguintes produtos: CD-Player Line Magnetic (leia Teste 2 nesta edição), CD-Player Arcam S50 (leia teste na edição de maio), streamer Innuos ZENmini MK2, DAC dCS Bartok Apex (leia teste na edição de maio), pré-amplificador de phono PH-1000 da Gold Note, toca-discos Bergman Modi e Origin Live Sovereign Mk4, pré de linha Nagra Classic, TUBE DAC Nagra e powers HD Nagra.

Adianto que nenhum desses produtos tiveram algum desvio no equilíbrio tonal, mostrando que, assim como o rack Pagode, tem excelente nível de compatibilidade. Claro que gostaria de ter em mãos a versão SD para uso nos equipamentos mais leves, como o Arcam, o Line Magnetic e o Innuos ZENmini, para ver o que poderia soar diferente da versão HD.

Afinal, o que os acessórios de isolamento anti-vibração precisam fazer de melhor para justificar seu uso? Essa é a única pergunta correta que deveríamos fazer antes de investir nesse tipo de acessório.

E a resposta é: maior inteligibilidade e descongestionamento em passagens complexas.

Se o acessório realizar esse compromisso, sem alterar o equilíbrio tonal, secar o corpo harmônico e sujar os transientes, ele será muito bem vindo, acredite!

Perceba que os benefícios nada têm a ver com ‘secar graves’ em uma sala acusticamente com problemas. Então muitas pessoas buscam resolver o problema com o acessório anti-vibração errado e por isso se frustram, ou trocam um problema por um muitas vezes pior (desequilíbrio tonal).

E, para o que essa base da Finite foi destinada, ela cumpre integralmente com essas melhorias. Em alguns dos produtos, mais eficaz e completa, como quando foi usado nos dois toca-discos e nos powers HD (será por serem os produtos com maior peso usados no teste?). E em outros ainda que não tão ‘integrais’, com melhorias pontuais expressivas!

O caso mais interessante foi a melhora no Innuos ZENmini Mk2, que ganhou um 3D inexistente sem o uso dessa base. O Arcam CD Player, idem, apresentando um foco, recorte e planos ainda mais precisos. E o Line Magnetic, uma definição melhor de transientes, melhor vincados.

Também fiz o comparativo entre as bases originais do rack que não são de carbono, e somente os produtos da Nagra, com suas próprias bases apoiadas no rack Pagode, soaram ainda melhor que na base Carbofibre.

Todos os outros se beneficiaram mais de estar na base Carbofribe que na base Pagode.

CONCLUSÃO

Buscar esse tipo de solução, como a base Carbofibre ou um rack da Finite Elemente, obviamente pelo grau de investimento, só fará sentido em sistemas Estado da Arte, que ainda tenham ‘garrafas para vender’, e possam ser ainda mais lapidados.

Nesses sistemas, as melhoras podem ser muito acima desse investimento, que pelo seu grau de compatibilidade não será daqueles acessórios que um dia irão habitar o fundo de um baú em um escuro sótão!

Altamente recomendado para quem deseja tirar um grau de inteligibilidade máximo de seu sistema!

ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



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