AUDIOFONE – Editorial: ÍCONES DO PRÓ-ÁUDIO PODEM SER UMA BOA SOLUÇÃO PARA O ÁUDIO CONSUMER?

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Essa é uma discussão antiga no áudio, e agora vejo que também está ocorrendo no segmento de fones. O que é bom para o pró-áudio, principalmente os equipamentos utilizados nos estúdios de gravação, serão eficientes para o consumidor em geral? Quantos audiófilos e melômanos, de tanto ver em reportagens e fotos os monitores NS-10 da Yamaha, não chegaram à conclusão de que, se era usado em tudo quanto é estúdio, deveria ser bom também para uso doméstico – ou os monitores Genelec, ou Altec – e se decepcionaram com o resultado em seus sistemas. Acho importante que todos tirem suas próprias conclusões, quando acham que determinado produto deve ser avaliado – pena que muitas vezes essas experiências são caras e decepcionantes. Pois o que é preciso ter em mente é: o ambiente de estúdio de gravação é muito diferente de uma sala de audição pessoal (mesmo uma sala corretamente tratada). E muitos dos equipamentos utilizados nos estúdios têm fins específicos, que serão de pouca valia para a reprodução da música que reproduzimos em nossos sistemas.

A NS-10, por exemplo, não é o único monitor existente em um estúdio de gravação. E é muito usado para vozes e monitor de apoio para determinar apenas os volumes de cada instrumento no momento que se inicia a mixagem. Trabalhei muitos anos em estúdios de gravação, e jamais vi um engenheiro de som fechar uma mixagem apenas usando um par de NS-10.

E, no entanto, observo que atualmente os fóruns de fones estão ‘resgatando’ fones da década de 80 e 90, e buscando mostrar aos mais jovens que eles deveriam investir em alguns ‘ícones’ desse período. E o ‘bola da vez’, pelo visto, é o famoso Sony MDR-7506, lançado em 1991 e que ganhou enorme espaço nos estúdios de gravação por custar menos de 100 dólares! Ele é considerado pelos estúdios um ‘pau pra toda obra’, pois são bastantes resistentes, fáceis de consertar e o essencial: os músicos adoram usá-lo para gravar. Eu conheço músicos que levam o seu pessoalmente para as gravações, pois os acha transparente, e confortável. Muitas vezes foi-me oferecido esse modelo para monitorar nossa gravações, e nunca me convenceu, por alguns fatores que gostaria de mencionar: sua transparência ainda hoje pode ser considerada uma referência em fones de estúdio (impressionante o que os engenheiros da Sony conseguiram ainda no começo dos anos 90), porém essa transparência tem seu preço- é um fone analítico e que rapidamente me causa fadiga auditiva. Outra questão é a velha equação do Equilíbrio Tonal, em que o grave sempre soa mais seco, o que faz com que o agudo seja mais brilhante: esse é o Sony MDR-7506. Os engenheiros que o usam para mixar seus trabalhos, têm na ponta da língua a mesma justificativa dos que utilizam a Yamaha NS-10: “O meio é o que importa”.

Não para o consumidor, seja ele melômano ou audiófilo – o que interessa é o Todo, bem captado, bem mixado e bem masterizado.

Está na hora de acabarmos com essas ‘pseudo verdades absolutas’ e entender, em definitivo, que uma gravação bem realizada e bem finalizada irá soar bem em um fone de 50 dólares com o mínimo de Equilíbrio Tonal, e melhor ainda em um fone de 1000 dólares com um perfeito Equilíbrio Tonal.

O resto, meu amigo, é conversa para boi dormir!

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