Vinil do Mês: DIRE STRAITS (VERTIGO, 1978)

Influência Vintage: RECEIVER GOODMANS ONE TEN
maio 5, 2023
Playlists: O PIANISTA QUE SE LANÇAVA EM SUAS IDEIAS SEM HESITAR
maio 5, 2023

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Rock

Formatos Interessantes: Vinil Importado

Não acredito que existam fãs de rock que não conheçam pelo menos parte do trabalho da banda britânica Dire Straits. Nem que seja só o enormemente imenso sucesso de seu disco Brothers in Arms, com a faixa Money for Nothing, que foi absoluto em vendas, nas rádios, em videoclipes (a MTV deve muito ao clipe dessa música, premiadíssimo), e acho que só não foi sucesso como música de espera telefônica.

Alguns fãs do trabalho da banda sabem que podem comprar sua discografia completa – todos os seis discos de estúdio desde 78 até 91 – que é uma aquisição sem erro, que todos são muito bem gravados. Acho o Brothers in Arms um pouco seco e brilhante em sua gravação, apesar de ser o mais famoso, e já indiquei aqui na revista o último da discografia da banda, o On Every Street, fenomenal.

Ou seja, se você gosta de rock, simpatiza ou gosta do som do Dire Straits (que é de excelente qualidade e muito palatável), então pode comprar todo e qualquer disco da banda em vinil.

Nesta edição falo de um disco querido, que é o ‘capa branca’, o primeiro disco do Dire Straits, de 1978, sem título. É a banda em sua forma inicial, mais crua, considerada como ‘rock clássico’ já. Até porque contém o hit inesquecível – e um dos melhores solos de guitarra de todos os tempos, que alavancou a existência de Mark Knopfler como um dos grandes guitarristas – Sultans of Swing!

Selo

Na verdade, o sucesso de Sultans of Swing, e da banda em geral, foi um pouco gradativo, em vez de fazer um barulhão e ir sumindo – como muitas bandas. O primeiro disco, claro, vendeu muito, levou a banda a fazer turnês internacionais e ser exposta na mídia mundial. Mas cada novo disco da banda era melhor que o anterior em matéria de produção, e de dimensão, solidificando cada vez mais a banda – tanto que, se considerar que o ápice do Dire Straits foi com Brothers in Arms, de 1985, podemos lembrar que dentro de mais dois anos esse disco fará aniversário de 40 anos! E ninguém se esqueceu deles!

Pela qualidade musical e melódica, sempre indico os trabalhos do Dire Straits para serem usados em demonstrações de aparelhos (e várias das faixas podem ser usadas até para certas avaliações), porque ‘todo mundo gosta’, não vai nunca ofender ou desagradar nenhum grupo de audiófilos. Dire Straits é ‘comida caseira’.

Além de Sultans of Swing, o disco é excelente, cheio de pérolas, e extremamente bem gravado, em um estilo de gravação bem anos 70, totalmente analógico (claro!) e sem brilhos ou busca por hiper-detalhamento, e despojado como produção. É uma gravação que é um tremendo prazer de ouvir.

A formação original do Dire Straits era Mark Knopfler no vocal e guitarra, David Knopfler na guitarra, John Illsley no baixo, e Pick Withers na bateria – uma formação que permaneceu por seus quatro primeiros discos, exceto por David Knopfler que ficou apenas nos dois primeiros – e pela adição de mais músicos ao longo do tempo, como um tecladista e outros convidados.

Contracapa

Mark Freuder Knopfler nasceu em Glasgow, na Escócia, filho de um imigrante judeu húngaro que era jogador de xadrez e arquiteto. Com sete anos de idade, a família se mudou para a populosa cidade de Newcastle, no nordeste da Inglaterra. Knopfler começou como jornalista, mas sempre dedicou-se à formação de bandas, inicialmente ‘de garagem’. Por um tempo a única guitarra que teve disponível era uma acústica com o braço empenado, onde só era possível tocar algo usando cordas extra leves e tocando com a técnica de “picking” – e foi aí que, segundo o próprio Knopfler, ele encontrou suas ‘voz’ na guitarra, seu ‘som’, seu jeito de tocar.

Dire Straits ao vivo em 1978

Já morando em Londres, com seu irmão David e o amigo John Illsley, tinham a banda Café Racers. E, em 1977 trouxeram o baterista Pick Withers e mudaram seu nome para Dire Straits. Nessa mesma época, Bob Dylan ouviu Sultans of Swing e acabou assistindo um show da banda, e no final procurou Knopfler impressionado com sua sonoridade, convidando-o para tocar em seu álbum seguinte, Slow Train Coming, de 1979. Knopfler, por sua vez, sugeriu o baterista da banda, Pick Withers, que acabou completando o time do disco de Dylan, junto com o baixista Tim Drummond e o tecladista Barry Beckett.

Para quem é esse disco? Para todos os fãs de rock geral, e do rock clássico só com guitarra, baixo e bateria, com influências folk. Para os fãs de solos de guitarra de primeira categoria, e para quem quer música de primeira qualidade bem gravada, excelente em suas melodias, harmonias e arranjos – marca registrada do Dire Straits.

Dire Straits

A gravação deste álbum ficou à cargo do engenheiro e produtor inglês Rhett Davies – que gravou Genesis, Roxy Music, Brian Eno, e vários outros – com masterização feita pelo célebre Bob Ludwig. Permaneceu nas paradas de sucesso britânicas durante a bagatela de 132 semanas, chegando ao segundo lugar na Billboard americana, e o quinto lugar no Reino Unido.

A prensagem nacional é bem mais decente do que se pode imaginar, mas várias tinham problemas sérios de ruído de fundo – alguns ruídos que até parecem de origem mecânica – então estejam preparados e atentos. Sendo um disco originalmente gravado na Inglaterra, uma boa prensagem inglesa, das mais antigas possível (ou seja, das iniciais) é uma das melhores pedidas, e uma das mais factíveis de serem encontradas no mercado. E, se verem o Santo Graal (prensagem japonesa), não larguem ela de jeito nenhum! Há uma série de prensagens modernas em 180g – inclusive uma remasterização da Mobile Fidelity e uma prensagem da própria Universal (dona do catálogo da Vertigo), entre várias outras dos últimos 15 a 20 anos – mas eu não sei atestar sobre suas qualidades e defeitos.

OUÇA UM TRECHO DE “SULTANS OF SWING”, NO YOUTUBE

Boas audições a todos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *