Música de Graça: JAZZ FUSION PARA TODOS OS FÃS!

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

No YouTube encontra-se muito conteúdo interessante para o melômano, vídeos de música ao vivo com qualidade pelo menos decente de imagem e som. Só ao vivo que você percebe o verdadeiro entrosamento entre os músicos, sua linguagem corporal e suas verdadeiras capacidades!

COMO E ONDE OUVIR

Através de um computador, smartphone ou smartTV, com bons fones de ouvido, ou conectados a um DAC no sistema de som, home-theater ou soundbar.

PARA QUEM SÃO AS SUGESTÕES DESTE MÊS?

Para todos os fãs de jazz que curtam jazz fusion, o funk da década de 60 e 70, e o jazz rock. Temos um dos pilares originais do gênero, um exemplo notável moderno, jovem e altamente musical, e um grande baterista de estúdio liderando sua própria visão atual do fusion.

Return To Forever: Chick Corea, Stanley Clarke, Al Di Meola, Lenny White – 43 Jazzaldia Festival (2008, 80 min)

Acho que Return to Forever é um dos mais conhecidos grupos da época áurea do jazz fusion – leia-se: década de 70. Nem que seja só porque é uma espécie de super-grupo, já que sempre contou com alguns gigantes do jazz: tem mais medalhão que loja de relíquias militares. E é um dos meus dois grupos de jazz fusion preferidos, junto com Mahavishnu Orchestra.

Para quem não conhece o trabalho do Return to Forever, e simpatiza com esse gênero musical, é uma banda obrigatória. Com sete álbuns de estúdio, e formações depois em 1983 e 2008, o grupo foi fundado em 1972, em Nova York, pelo pianista e tecladista Chick Corea (falecido em 2021), com o célebre baixista Stanley Clarke, e com uma série de membros mais ou menos inconstantes, como o guitarrista Al Di Meola, o baterista Lenny White, o percussionista Airto Moreira, a cantora Flora Purim, o baterista Steve Gadd e muitos outros.

A formação de 2008 – a deste vídeo – é de Corea, Clarke, Di Meola e White, e foi gravado ao vivo na edição de 2008 do San Sebastian Jazz Festival, também conhecido como Jazzaldia, que acontece anualmente, desde 1966, na cidade espanhola de mesmo nome, localizada no País Basco, na fronteira com a França. Com um público total chegando a 150 mil pessoas por ano, o Jazzaldia já apresentou nomes como Ella Fitzgerald, Miles Davis, Dexter Gordon, Pat Metheny, Diana Krall, e quem mais você conseguir pensar, já que é um dos festivais de jazz mais antigos da Europa.

Um belo concerto de virtuoses – imperdível!

Snarky Puppy – We Like it Here (2014, 55 min)

Para os que têm como todos seus ídolos, nomes consagrados da música com décadas e mais décadas de experiência, e que temem que as gerações mais novas não produzem coisas boas – claro que produzem! – temos a banda americana Snarky Puppy, que prefere ser chamada de “um coletivo” em vez de um grupo, talvez por prezar muito o improviso e o espírito de equipe, ou por ter, por baixo, 19 membros!

Esse coletivo tem, desde 2006, dez discos de estúdio e três ao vivo, e é de uma unidade fantástica e com uma das melhores técnicas instrumentais que eu já vi. O coletivo afirma que muito de seu trabalho é feito a partir do improviso – e eu até acredito que começam a estrutura de sua música como improviso, mas vejo unidade demais, coesão demais, para isso não ter sido muito bem ensaiado – apesar de todo o trabalho, segundo os músicos, ter sido feito no próprio estúdio em uma semana! Porque, meu amigo, eles são excepcionalmente bons no que fazem: arranjo, instrumentação e musicalidade.

Liderados por seu fundador, o baixista Michael League, há no vídeo, 20 instrumentistas tocando: baixo, Moog Bass, trompete, flugelhorn, sax, clarone, flauta, violino, viola, cello, piano, teclados, guitarra elétrica, bateria e percussão. Ufa! E, nada de exageros ou egos brigando. Nada disso!

O vídeo foi gravado em Utrecht, na Holanda, em um estúdio com plateia – o famoso tipo de gravação “Ao Vivo no Estúdio”. Tanto que no vídeo o público todo está usando fones de ouvido, provavelmente ouvindo a mesma coisa que está nos fones de ouvido de retorno dos próprios músicos. E me parece que todos estão usando o fone de ouvido que eu uso, o Audio Technica ATH-M50x – altamente indicado por nós aqui na revista… rs…

Este trabalho do Snarky Puppy é um futuro clássico!

Simon Phillips & Protocol: 30th Anniversary Tour – Leverkusener Jazztage 2019 (2019, 56 min)

O inglês Simon Phillips é um baterista cujo trabalho conheço – e admiro – desde que ele assumiu o banquinho na banda Toto, após a morte do célebre Jeff Porcaro, na década de 90. Depois, descobri que ele havia tocado em estúdio com um bocado de gente, em um bocado de discos famosos.

Phillips fez sua parte em vários discos de caras como o bluesman Gary Moore, ou a banda de ‘arena rock’ Asia, Jeff Beck, Jack Bruce (do Cream), Joe Satriani, Jon Anderson (do Yes), Jon Lord (do Deep Purple), Michael Schenker (do Scorpions), vários discos do Mike Oldfield, um disco da banda de heavy metal Judas Priest, Pete Townshend, Steve Hackett, Mike Rutherford, The Who e, claro, as melhores linhas de bateria encontradas em qualquer dos discos do Toto!
Mais recentemente reencontrei-o em vários discos da pianista virtuose de jazz, Hiromi. Esses trabalhos dela são essenciais – e sensacionais!

Desde 1988, Phillips formou uma banda própria de, acreditem, jazz fusion! Cujo nome é Protocol. Quem só conhece o trabalho dele antes de tocar jazz moderno com a Hiromi, irá se surpreender um pouco, e o mesmo é de alta qualidade.
A Protocol existe, em várias encarnações, desde 1988, com cinco discos lançados – e o elenco deste show, de 2019, compreende Simon Phillips na bateria, Otmaro Ruiz nos teclados, Ernest Tibbs no baixo, Alex Sill na guitarra, e Jacob Scesney no saxofone.

O vídeo foi filmado no Leverkusener Jazztage Festival 2019, que rola todo ano desde 1980, na cidade de mesmo nome na Alemanha, com um público de 20 mil pessoas por edição. Já passaram por lá, ao longo dos anos, Dave Brubeck, Paco de Lucia, Chet Baker, Herbie Hancock, Joe Zawinul, e uma infinidade de medalhões.

Um Agosto Musical – à gosto de todos!

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