Fernando Andrette
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Testamos na edição 265, o Grado SR125e Prestige, e ele recebeu 62,5 pontos. Para um fone que lá fora custa menos de 190 dólares, e tem uma legião de admiradores e bons reviews, não deve ser muito fácil definir o instante em que se deve avançar.
O que percebi nitidamente no modelo 325, e para a nova versão X, foi que as mudanças não foram apenas ‘cosméticas’ e sim audíveis. E, no entanto, eu não me senti 100% tentado a fazer esse upgrade, já que possuo há anos o 325e.
Já escrevi, a cada novo teste de um fone Grado, que esse é um produto que você ama ou detesta, não existindo meio termo. Por seguir um conceito de fone aberto (como diria um amigo músico: “escancaradamente aberto”), não é um fone para se ouvir na rua e, mesmo em casa, será preciso estar cercado de privacidade para que os outros a sua volta não se sintam incomodados.
E temos ainda o lado estético, já que seu design retrô anos 50 é bastante questionável! Ainda assim, a Grado está presente na cabeça dos consumidores desde 1953, o que poucas empresas concorrentes podem se orgulhar.
Então, aos leitores que nunca ouviram um fone Grado, a pergunta óbvia é: o que tem um fone Grado para agradar a tantos? Uma assinatura sônica cativante em que a região média é extremamente privilegiada, fazendo com que inúmeras nuances e intencionalidades se tornem mais evidentes.
Os amantes de vozes em qualquer gênero musical, se tornarão fãs incondicionais dessa assinatura.
O meu 325e, o tenho há mais de uma década, para ouvir justamente música cantada de inúmeros gêneros musicais. E sempre me impressiono o quanto ele ainda é uma excelente ferramenta para gravações que muitas vezes são inaudíveis em fones mais ‘contemporâneos’.
Quando eu estou naqueles finais de semana em que revisito minha coleção de MPB dos anos 60 a 80, ele continua sendo a opção que melhor coordena uma variedade tão distinta de gravações tecnicamente tão díspares. Pois já passei do tempo de ouvir discos tão maravilhosos artisticamente e ficar lamentando terem sido tão mal gravados!
O meu 325e é a saída para separar o artístico do técnico, e curtir apenas o essencial.
O Prestige SR125x foi lançado no auge da Pandemia, e por tanto seus reviews ainda hoje são poucos. E os poucos que li, foram feitos por usuários que comparam sua sonoridade com fones muito mais caros, como o Sennheiser HD 650, o que na minha opinião mais confunde do que esclarece.
Mas, enfim, isso é o que mais encontramos em fóruns em que os participantes comparam parafusos redondos com porcas quadradas!
Segundo o fabricante, as mudanças foram pontuais com a utilização de drives que eles chamam de ‘quarta geração’, com um novo conjunto magnético mais potente, uma bobina de voz com massa efetiva reduzida e um diafragma reconfigurado, agora de 44 mm com uma melhora substancial na eficiência, e menor distorção, preservando a integridade harmônica de maneira audivelmente superior em relação a série E.
Os cabos e a faixa da cabeça foram redesenhados. O cabo de 8 mm utiliza cobre super recozido, para maior pureza do sinal, e a nova faixa de apoio na cabeça finalmente possui um pouco mais de amortecimento para deixar o fone mais confortável.
No entanto, quando em movimento, ouvindo-o fiquei sempre com a sensação que ele poderia cair da cabeça. O que para mim continua sendo uma idiossincrasia é a insistência em usar cabos tão grossos, que ficam enrolando e esteticamente não combinam nada com o peso de seus fones. Não é possível que a Grado não consiga colocar cabos de menor diâmetro em seus produtos sem perder a qualidade.
Ao contrário das dúvidas que ficaram ao final do teste do 325x (em que gostei de certas melhorias e outras nem tanto, sonicamente), gostei de todas as alterações realizadas no 125x em relação a série E.
Em relação a série anterior, o novo 125x ganhou maior arejamento, permitindo que a música ‘flua’ de maneira mais relaxada.
Isso beneficia ainda mais os solistas permitindo que tenhamos uma concentração ainda mais focada e nos permita observar atentamente o acontecimento musical.
Os médios continuam sendo o ápice de sua assinatura sônica, no entanto as pontas ganharam melhor extensão e definição, deixando tonalmente o 125x mais correto e coerente. Os amantes de gravações de piano solo, irão se surpreender o quanto essa maior extensão nas pontas deixou o 125x muito mais atraente.
As texturas são impressionantes para um fone nessa faixa de preço, pois conseguimos acompanhar todas as vozes sem nenhum esforço, e observar como um espectador privilegiado todas as nuances de intencionalidade de execução e da escrita musical.
Os transientes são precisos o suficiente para acompanharmos toda e qualquer variação de tempo no andamento rítmico. Um deleite auditivo!
A dinâmica, dentro dos volumes de segurança, é bastante correta, nos mostrando a mudança de intensidade sem parecer abrupto ou engolindo degraus.
A sensação da música dentro de nossa cabeça é bem ‘organizada’, e nas gravações tecnicamente bem feitas, o resultado será convincente.
Musicalmente o 125x me conquistou por dois aspectos: a segurança plena de se ouvir tudo em volumes seguros, com enorme prazer e interesse, e pela sua maior extensão nas pontas em relação ao modelo anterior, ampliando ainda mais seu poder de sedução que, antes, se baseava na sua impressionante região média.
CONCLUSÃO
Afirmo que o novo Grado Prestige SR125x é seguramente um avanço consistente da empresa, e irá conquistar muitos novos consumidores com certeza.
Por ser um fone aberto, reitero que é indicado para uso restrito dentro de casa, em um espaço reservado. Suas evidentes qualidades possibilitarão audições profundamente imersivas e prazerosas, que muitas vezes gastamos o triplo para se alcançar tão desejado resultado.
Se ele cabe no seu orçamento, e seu desejo é possuir um fone que lhe dê a segurança de ouvir sua música em volumes seguros e desfrutar de todos os detalhes, ele é uma interessante opção!
PONTOS POSITIVOS
Melhoras convincentes e significativas em relação à série anterior.
PONTOS NEGATIVOS
Continua sendo o cabo de bitola exageradamente desproporcional ao design do produto.
ESPECIFICAÇÕES
Tipo de transdutor | Dinâmico |
Princípio de operação | Aberto |
Resposta de frequência | 20 – 20.000 Hz |
SPL 1mW | 99.8 dB |
Impedância nominal | 38 ohms |
Drivers casados em | 0.1 dB |