Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Depois da bela surpresa com o USB dessa nova linha Argentum da Virtual Reality, eis que testamos por longos cinco meses a versão coaxial.
Queria ter em mãos um Streamer em que a saída coaxial estivesse no mesmo nível que a USB, que não é o caso infelizmente do meu Innuos ZENmini MkIII. A razão de desejar tanto ter essa possibilidade, é pelo fato que me daria uma maior ‘segurança’ ao fechar a nota desse excelente cabo digital.
Mas como isso não foi possível, fui pelas vias de comparar o cabo em teste inserido em nosso Sistema de Referência, em relação ao nosso cabo digital também de referência.
É bem mais trabalhoso? Certamente que sim, pois temos que passar as oitenta faixas em ambos e anotar cada diferença audível entre os cabos até montar a planilha final de notas para cada quesito de nossa Metodologia.
Para muitos, um cabo digital coaxial não pode ter tantas diferenças assim. OK! Se você faz parte dessa galera que não escuta diferenças entre cabos, nem perca tempo em ler esse teste. Pois pagar quase 1700 reais por um cabo digital pode parecer absurdo para você!
Mas para os que levam a sério a escolha e importância de um cabo que irá transmitir justamente o sinal da fonte, o sinal mais importante para o restante da cadeia na reprodução eletrônica, leia com bastante atenção este teste.
Pois vocês sabem que um cabo digital pode tranquilamente ir de 100 a 10 mil dólares num piscar de olhos!
A linha Argentum é a nova série top de linha desse fabricante nacional, que desde o seu primeiro cabo se posicionou no mercado de maneira bem interessante e ousada.
E está conseguindo, como diz o ditado popular: ‘comer pelas beiradas’. Pelo que tenho visto, essa estratégia boca-a-boca está dando resultados, e a Virtual Reality vem ganhando admiração e respeito junto ao consumidor audiófilo. Com produtos de excelente custo/performance, muito bem acabados, e com um grau de compatibilidade surpreendente.
Eu mesmo utilizo tanto o cabo de caixa Trançado para queima de caixas e teste final de sonofletores até 90 pontos, e o cabo USB para streamer Estado da Arte até 100 pontos! E sua compatibilidade e sua assinatura sônica me convenceram que se trata de uma marca que veio para ficar definitivamente no mercado.
O coaxial digital Argentum utiliza condutores de sinal em prata sólida, para manter a integridade do sinal. Com dielétrico de polietileno expandido minimizando a capacitância e garantindo a estabilidade da impedância. Sua blindagem é dupla, com malha de cobre mais filme de alumínio/mylar com melhor rejeição de interferência EMI/RFI, com conexão apenas no lado da fonte do sinal. E os terminais são conectores Cardas banhados em prata, com um excelente contato.
O enviado para teste tinha 1 metro, cujo valor é de 1.682 reais. O fabricante indica que maiores metragens podem ser conectadas com adições de 50 cm.
Para o teste, utilizamos ele ligado na saída digital do player Arcam SA50, no transporte Roksan Atessa, e no transporte CD Nagra. Os DACs utilizados foram o Gold Note DS-10, Nagra TUBE DAC, e Merason DAC1 MkII (leia Teste 1 nesta edição).
Muitos de vocês abandonaram o uso de mídia física, então este é o tipo de cabo sem nenhum valor atual. No entanto, aos que resistiram ao ‘canto da sereia’ e não fizeram a alegria dos sebos ao se desfazer de seus CDs, um cabo digital/coaxial é um acessório indispensável!
E se você escuta diferenças entre cabos digitais e possui um bom DAC, esse cabo pode ser exatamente o que você está procurando.
A primeira coisa que avalio em um cabo totalmente amaciado, é seu grau de compatibilidade com o maior número possível de equipamentos disponíveis no momento do teste. A segunda etapa é saber em que patamar esse cabo se insere e, por último, o seu limite de teto em termos de performance.
O Argentum mostrou-se muito à vontade com os três transportes e com os três DACs. Mas ele se mostrou, em termos de performance, muito mais bem casado com o DAC DS-10. Com o Merason e o TUBE DAC, conversores de mais alto nível, foi possível com nossa referência observar o que lhe faltou para galgar mais alguns degraus.
O que sempre faço questão de lembrar a todos, é que os cabos usados de referência pela revista estão acima de 105 pontos, com alguns chegando a 110 pontos – e que custam de 8 a 10 vezes mais que o Virtual Reality. Então é preciso sempre ter em mente do que estamos falando, e em qual patamar o produto se situa.
O que para mim é bem mais relevante é saber é: existem outros cabos similares em preço que atingiram essa pontuação que o Argentum atingiu?
E posso garantir que vai ser bem complicado achar um cabo digital de 350 dólares (convertendo seu preço atual ao dólar a 5 reais), que toque como ele e tenha um acabamento tão primoroso e tão alta compatibilidade.
Fazendo esses adendos importantes, voltemos ao teste.
Digo sempre a todos que me pedem sugestões de cabos, que atualmente desconheço, fabricantes idôneos que cometam o erro de ter em linha cabos ‘tortos’ no equilíbrio tonal.
Essa época felizmente já acabou!
“Então o que devemos ouvir Andrette, desembucha logo!”
A grande diferença dos cabos bem feitos está no grau de refinamento de cada um dos quesitos da Metodologia, e que muitas vezes é necessário dias para se ‘mapear’ todas essas diferenças. Exemplos: o Argentum tem um excelente equilíbrio tonal, não lhe falta nada e ele não turbina nada também. Graves extremamente corretos, médios muito naturais e com um grau de transparência difícil de encontrar nessa faixa de preço.
Seus agudos possuem boa extensão, corpo, velocidade e decaimento suave. Então, se o audiófilo for avaliar esse cabo com inúmeros outros de preços distintos, será uma tarefa bastante ingrata escolher qual, em equilíbrio tonal, é superior.
Lembre-se que na nossa Metodologia todos os quesitos estão interligados, então podemos ir ‘mensurando’ o patamar do cabo, radiografando os outros quesitos, e aí que podemos começar a entender e ouvir o grau de refinamento de cada cabo.
Quanto mais estendido for o agudo, mais fácil será nossa percepção das ambiências de cada gravação. Quando um cabo tende a deixar salas com uma ambiência mais homogênea, como se todos tivessem o mesmo tamanho e tempo de decaimento idêntico, sabemos que os agudos, por melhor extensão que pareçam ter, na verdade lhes falta aquele “Q” a mais!
O mesmo se repete ao avaliar as Texturas, quando temos dificuldade em acompanhar cada linha de instrumento sem esforço, ou dificuldade em observar certas nuances da qualidade do músico ou do instrumento, entendemos que o equilíbrio tonal deveria ser ainda mais bem lapidado.
São exemplos que você só irá amadurecer através de exercício auditivo recorrente, sempre com as mesmas gravações de alto nível, e com um setup realmente correto e muito bem ajustado.
Do contrário, será apenas um labirinto de ‘achismos’ sem fim.
Por isso que insisto em todos os nossos artigos: não se pode chegar à conclusão consistente nenhuma se olharmos apenas para um único ponto que nos agrada. Ou aprendemos a ouvir o todo ou não temos Metodologia. E sem Metodologia, sem Referência, somos ‘presa fácil’ do mercado, pois estaremos sempre correndo atrás do pote de ouro no fim do arco íris!
Voltemos ao cabo Argentum. Pela sua pontuação final, ele é um cabo que exige muito mais das avaliações auditivas, para definir seu teto de performance. Pois sua base de apoio (equilíbrio tonal) é bem alta.
Sua apresentação de soundstage idem, com ótimo foco, recorte, planos e uma imagem 3D bem convincente. Em relação aos nossos cabos de referência, falta ao Argentum maior profundidade, maior respiro entre os naipes em música sinfônica e uma apresentação mais precisa das salas de gravação. Mas isso, quando colocado no nosso setup de referência com os nossos cabos muito mais caros.
Pois quando ligado ao transporte da Roksan Atessa, com o DAC DS-10, o resultado em todos os quesitos foi notável!
As texturas são muito bem apresentadas, com enorme facilidade para acompanhar cada instrumento e observar com precisão todas as intencionalidades.
Gostei muito da apresentação dos transientes, com forte marcação de tempo e ritmo, sendo um convite à dança ou acompanhar com os pés.
A intensidade dinâmica é correta, tanto na apresentação da micro como da macro. Creio que isso se deva ao excelente trabalho de silêncio de fundo do cabo, tão crucial nos cabos digitais.
O corpo é fidedigno ao que foi captado e mixado, não podendo se culpar nenhum cabo digital corretamente construído se o corpo não for do tamanho que temos na mesma versão em analógico (para mais informações leia meu Opinião deste mês).
E, finalmente, a materialização física ocorrerá nas gravações excepcionais.
CONCLUSÃO
Se você possui um setup digital em que necessite de um cabo de até 100 pontos para acompanhar a eletrônica, ou pensa em já ter um cabo nessa pontuação para futuros upgrades no transporte ou no DAC, o Virtual Reality Argentum, pelo que custa, deve encabeçar qualquer lista!
Notavelmente coerente e cuidadosamente fabricado, buscando exatamente atender o andar de cima composto por sistemas mais refinados e finais!
Mais uma vez a Virtual Reality surpreende ao oferecer um cabo de excelente nível, e o mais importante: de um valor muito bom!
PONTOS POSITIVOS
Excelente construção, compatibilidade e performance.
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum.
TOCA-DISCOS MOFI STUDIODECK +M COM CÁPSULA MASTERTRACKER | ||||
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Equilíbrio Tonal | 11,0 | |||
Soundstage | 11,0 | |||
Textura | 11,0 | |||
Transientes | 11,0 | |||
Dinâmica | 11,0 | |||
Corpo Harmônico | 12,0 | |||
Organicidade | 11,0 | |||
Musicalidade | 11,0 | |||
Total | 89,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
Virtual Reality
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(12) 99147.7504
Preço de 1 metro: R$ 1.680