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TOP 5 – AVMAG
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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Não precisava ser nenhum expert para olhar a linha de cápsulas do fabricante japonês Hana, para perceber que havia uma lacuna entre os modelos MH e ML – de 1200 dólares no mercado americano – e a Hana Umami Red de quase 4000 dólares!

Era uma questão de tempo para a Hana tapar esse ‘buraco’. Quando esses ‘hiatos’ ocorrem, algumas dúvidas sempre existirão. Como: haverá espaço para dois modelos entre a série M e a Umami? Ou para apenas um novo modelo?

E se for essa a opção do fabricante, essa nova cápsula, estará mais próxima em preço e performance da top de linha?
Essas questões finalmente foram respondidas, com o lançamento da Umami Blue. Que em termos de preço (2500 dólares lá fora), se coloca exatamente no meio entre a ML e a Umami Red.

E em termos de performance, onde ela se situa?

Se você tiver um pouco de paciência e interesse em saber em detalhes sobre o patamar de performance da Hana Umami Blue, eu passarei a uma breve explicação.

O Sr. Massao Okada, projetista da Excel Sound Corporation, constrói cápsulas há mais de 40 anos, para inúmeras empresas. E quando, no início desse século, ele decidiu projetar suas próprias cápsulas, teve a princípio a ideia de explorar o maior nicho de mercado, o com opções entre 450 e 1200 dólares.

Assim nasceram os Hana EH, EL, SH, SL, MH e ML.

O sucesso certamente surpreendeu até mesmo Okada San, com as inúmeras críticas favoráveis e o volume de vendas em todos os continentes.

Animado, Okada San, decidiu ampliar sua atuação, entrando na faixa mais concorrida e com nomes muito solidificados por décadas e lançou a Umami Red, que testamos (leia teste na Edição 273), e fiquei tão impressionado com seu grau de performance e construção, que foi minha referência por quase dois anos!

Então imagine minha alegria e curiosidade ao saber que iríamos receber a Umami Blue para avaliar, e poder entender em que patamar ela se encaixa dentro da família Hana.

Em termos de construção e acabamento, ela segue a mesma ‘cartilha’ da irmã top. Um acabamento lindo azul, aplicado em um processo especial de termo-fixação de melanina, desenvolvido pela Dupont, que pode ser aplicado em corpo de alumínio A7075, seguido por um processo de secagem e de esmaltação para dar um acabamento deslumbrante – que as duas Umami tem!

O design do corpo da cápsula Blue é idêntico ao da Red. O cantilever de boro sólido, a agulha micro-line nude e o mesmo tratamento criogênico do gerador, e nos terminais banhados a ouro 24 quilates.

A Blue usa um gerador de bobina móvel com imã de Alnico, com cobre puro enrolado à mão na armadura Permalloy. Sua embalagem é simples, para não encarecer o produto final, mas bastante eficaz em termos de proteção. O produto vem com dois conjuntos de parafusos, um de 6 mm e um mais longo de 8 mm.

Junto com os parafusos, a Blue vem com uma escova de agulha, manual e uma proteção de agulha bastante fácil de encaixar – e proteger contra dedos, patas e limpezas por pessoas desavisadas.

Para a instalação, contei como sempre com meu fiel escudeiro de assuntos aleatórios e analógicos – André Maltese – que veio fazer o trabalho pesado de retirar minha cápsula de referência a ZYX Ultimate G, e colocar a Umami Blue, no braço Enterprise de 12 polegadas da Origin Live.

O pré de phono utilizado foi o Gold Note PH-1000, cabos de interconexão Sunrise Lab RCA e Dynamique Audio Apex XLR. O resto do sistema foi todo o de referência: eletrônica Nagra e caixas X Diamond MkII da Estelon.

Ao contrário de todas as cápsulas Hana que já testamos, a Blue por algum motivo que desconheço, necessitou de mais de 50 horas para estabilizar completamente.

Para ser exato, foram 67 horas até não haver mais nenhuma alteração no seu equilíbrio tonal, apresentação de texturas e transientes. Então, apressados que segurem sua ansiedade – e nada de mostrar o brinquedo novo antes da hora!

Pois a Hana Umami Blue, ao acabar de ser instalada, será decepcionante. Tudo soará seco, brilhante em cima, e com os médios saltados na sua cara! Assustei tanto que achei que tínhamos cometido algum erro no ajuste do VTA, peso, ou no ajuste da impedância da cápsula e do ganho no PH-1000.

Confesso que as primeiras 30 horas foram sofridas, e só sentava para ouvir gravações que tinha absoluta certeza que não iriam ‘realçar’ o desequilíbrio que a cápsula apresentou em sua estreia.

Ainda não vi nenhum revisor que não acredita em amaciamento, testar a Umami Blue – mas se isso ocorrer, certamente ele vai detestar a cápsula!

Pois tem momentos que você chega a duvidar que ela irá caminhar de ‘patinho feio’, vesgo e depenado, para um belo cisne!

Quando objetivistas afirmam que tudo não passa de placebo, ou de nosso cérebro se acostumando com o que está ouvindo, tenho vontade de colocar todos eles na nossa sala, fechar a porta e jogar a chave pela janela. Para que cada um deles vá ouvindo, como a partir das 30 horas, como mágica, os graves vão encorpando, os médios começam sutilmente a recuarem, tornando a permanência na sala menos sofrida.

Mas ainda aí, irão faltar 20 horas para que os agudos percam aquele brilho, e também se encaixem no médio-alto, tornando o equilíbrio tonal mais confortável, e comecemos a ter um pequeno vislumbre da Umami Blue.

Com 60 horas já será possível começar o processo de escolha dos discos que você deseja escutar, e começar a se impressionar com sua capacidade de extrair detalhes ínfimos da microdinâmica, perceber o tamanho do corpo harmônico dos instrumentos, o arejamento das gravações e sua facilidade em organizar passagens complexas sem esgoelar ou perder o fôlego!

Suas virtudes são objetivamente colocadas na mesa, à nossa frente, sem firulas ou truques na manga.

O que significa isso?

Ela não é uma cápsula que usará de pirotecnia dinâmica, ou de aveludamento, para lhe apresentar o que ela lê do sulco de cada disco. Ela o faz com total integridade e segurança.

Ouvi detalhes sutis que apenas cápsulas muito mais caras (até três vezes mais caras), apresentam.

Mas essa capacidade de nos dar o sumo do sumo, não a coloca na esfera de cápsulas analíticas e frias. Pelo contrário, ela ainda mantém seu ponto de equilíbrio sonoro, muito dentro da neutralidade.

O que certamente poderá desagradar a todos que gostam de uma cápsula com um alto grau de eufonia e de realces que adocem instrumentos agudos ou vozes. Para esses, só posso dizer que a Hana Umami Blue é uma cápsula moderna, com todos os requisitos para receber o selo de alta fidelidade!

Pois, resumindo, é isso que ela faz: extrai dos discos tudo que os músicos e engenheiros de gravação fizeram, sem tentar dar pinceladas no que foi produzido.

Ao contrário do que muitos possam pensar, esse nível de compromisso com a alta fidelidade é muito mais difícil de se atingir, que criar uma cápsula que tenha uma coloração para destacar vozes ou atenuar agudos, ou deixar os graves cheios e soando sempre como uma nota só, que inúmeros colecionadores de antigas cápsulas dos anos 60 e 70, enchem o peito para dizer que ‘aquilo sim eram grandes cápsulas’! Eu as ouvi, senhores, passei minha vida desde os meus seis anos, ouvindo inúmeras cápsulas inglesas, japonesas, americanas, e minha memória de longo prazo ainda as tem em mente para saber o quanto elas eram limitadas em termos de resposta e de equilíbrio tonal.

A Hana Umami Blue é uma cápsula para quem deseja finalizar seu processo de ajuste do seu setup analógico Estado da Arte, e não deseja sair fazendo loucuras e se descapitalizando.

Aos apaixonados por palcos sonoros, que só o analógico reproduz, a Umami Blue é uma referência como qualquer cápsula top de linha de qualquer patamar financeiro! Planos, foco e recorte cirúrgicos – em que o ouvinte tem a possibilidade de ‘ver’ o que está ouvindo, como em uma apresentação ao vivo. A ponto de causar alguns sustos nas audições, com vozes de plateia, ruídos dos músicos no palco e até barulho de bancos de piano sem manutenção.
O que importa é que mesmo ela tendo essa capacidade de recriação do acontecimento musical à nossa frente, nunca ela se torna enfadonha ou desvia nossa atenção do todo.

Isso é virtude, amigo leitor, e não defeito!

Está na hora de todos entendermos que a alta fidelidade atingiu um patamar de qualidade em que fatalmente tudo se tornará muito mais inteligível. E cabe aos fabricantes aprenderem a ‘dosar’ esse equilíbrio entre transparência e conforto auditivo!

Esse desafio é para quem domina sua arte, e não para quem apenas copia circuitos ou repete fórmulas de 30 anos atrás!

Não pode ser apenas sorte que levou a Hana a ser, em menos de uma década, uma referência em cápsulas de relação custo/performance tão impressionante. Pois todas as suas cápsulas possuem um mesmo DNA sonoro, mudando apenas seu grau de refinamento.

Isso nos leva à avaliação de texturas da Umami Blue. ‘Assustador’, diria eu, se tivesse que resumir em apenas uma palavra o que essa cápsula é capaz de nos apresentar em termos de intencionalidade e facilidade de avaliarmos qualidade técnica dos músicos, dos instrumentos, complexidade dos arranjos e execução. E quando precisamos acompanhar cada fraseado de todos os instrumentos, sem nos perdermos no meio desse desafio, fico me perguntando quantas outras cápsulas em sua faixa de preço o fazem com tamanha desenvoltura e conforto auditivo!

Tenho que realmente me esforçar e consultar meus cadernos de anotações, para buscar concorrentes à altura da Umami Blue.

Os transientes são exemplares, pois seu grau de precisão é contagiante.

Você realmente se envolve de tal maneira com o tempo e andamento, que a sensação é que sempre estamos ouvindo a melhor tomada daquela gravação. Com os músicos integralmente concentrados e executando de maneira exemplar suas partes.

Nenhum dos exemplos usados para avaliar esse quesito soou displicente ou desinteressante.

Uso muito a faixa 1 do lado A do disco A Handful of Beauty (Columbia, 1976) do Shakti, em que temos dois tabladistas, um em cada canal, determinando o tempo e andamento da música. E quando os transientes não são precisos, essa introdução soa imprecisa, borrada, como se os tabladistas tivessem atravessado o tempo. E, ao contrário, quando os transientes são precisos, a força e precisão deles é de tirar o fôlego.

Se você conhece esse disco, sabe exatamente do que estou falando.

A Blue fez essa passagem com total autoridade, precisão e relaxamento – o que a colocou no patamar a parte das grandes cápsulas para reprodução de transientes.

O mesmo ocorreu com a dinâmica – tanto a micro, que já relatei acima todas suas virtudes – como a macro. Que beleza ouvir sinfonias com inúmeras variações dinâmicas do pianíssimo ao fortíssimo, em cápsulas que não se perdem, engasgam ou ficam no meio do caminho.

A Hana Umami Blue não o frustrará, meu amigo, nunca. Coloque seu melhor exemplo de macro-dinâmica e abra um enorme sorriso, de missão cumprida, na escolha da sua cápsula definitiva!

O corpo harmônico será medíocre até às 40 horas de amaciamento, e soberbo após as 60 horas! Como explicar isso a um objetivista, que 20 horas separa uma cápsula do inferno ao céu? Nem tente, meu amigo, nem tente!

Li outro dia um objetivista americano ortodoxo, que tem o ego do tamanho de Júpiter e Saturno, Netuno e Urano juntos, dizer que depois que ele mediu as especificações de um DAC chinês de 2000 dólares, e os resultados foram tão impressionantes, seu interesse em medir e ouvir outros DACs se encerrou, pois ele acha que para melhorar as medições desse DAC chinês, irá demorar uma década!

Acreditem, isso não é piada! É sério!

O sujeito avalia performance pelo que mede e não pelo o que ele escuta!

Então não perca seu tempo – assim como qualquer pessoa sensata não irá discutir com um terraplanista nunca.
Materializar o acontecimento musical à nossa frente, com a Umami Blue, será como comer ‘pêra doce’! É delicioso de se ouvir e balançar a cabeça, ver como que ela consegue nos colocar junto com os músicos na nossa sala!

CONCLUSÃO

O mundo da alta fidelidade está muito bem servido de cápsulas Estado da Arte. O audiófilo tem um amplo leque de escolhas que costumavam partir de 4000 dólares alguns anos atrás.

Termos uma opção de uma performance tão alta por menos de 3000 dólares – e independentemente de ser para o seu bico ou não leitor, isso é para ser comemorado. Pois isso significa que daqui mais um tempo, esse patamar de cápsulas acima de 100 pontos estará na faixa de 2000 dólares. E diminuindo cada vez mais, à medida que a concorrência for se acirrando.

A grande pergunta que sei que você deve estar fazendo é: Quanto a Hana Umami Blue se aproxima, em termos de performance, da Red? Eu arrisco dizer que bem próximo de 80%.

Existem diferenças significativas? Não significativas, mas pontuais. Como tive por quase dois anos a Red, posso afirmar que a Umami Red é mais refinada em termos de folga na macro-dinâmica, e com maior extensão nas duas pontas.
No entanto, se você não tiver uma ao lado da outra para ouvir essas diferenças, garanto que você se dará por satisfeito em ter a Hana Umami Blue – acredite em mim!

E tem outro aspecto muito importante: a Red será bem mais exigente com seus pares, tanto o braço, como pré de phono e o restante da eletrônica, que a Blue.

Então, meu amigo, se o seu objetivo é escolher sua cápsula definitiva Estado da Arte, é obrigatório que a Hana Umami Blue esteja nessa lista de escuta.

Ela tem referência suficiente para lhe proporcionar audições memoráveis de seus LPs!


PONTOS POSITIVOS

Uma apresentação e construção impecávei.

PONTOS NEGATIVOS

Nada.


ESPECIFICAÇÕES

TipoCápsula Magnética MC (Moving Coil)
DiamanteMicroline
CantileverBoro
Circuito MagnéticoFerro com Tratamento Criogênico
Fio da BobinaCobre de Alta Pureza
Nível de Saída0.4 mv
Equilíbrio da Saída0.5/1kHz
Capacidade de tracionamento70 µm/2g
Separação de canais30dB/1kHz
Resposta de frequência15-50,000Hz
Impedância da bobina8Ω/1kHz
Carga sugerida80Ω
ImãAlnico
Peso de tracionamento2g
Peso da cápsula10.8g
Material do corpoDuralumínio (A7075)
Acabamento do corpoProcesso de termofixação melamínico (MTP)
CÁPSULA HANA UMAMI BLUE
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 12,0
Total 102,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
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