Vinil do Mês: VANGELIS – SOIL FESTIVITIES (POLYDOR, 1984)

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Eletrônico / Ambient / Progressivo

Formatos Interessantes: Vinil Nacional / Importado

Se você gosta de eletrônico, e espera ‘batidas’, ‘pancadão’, ‘dance music’, etc, este disco (e o trabalho todo do grego Vangelis) não é para você.

Acho que, de todos os discos dele, Soil Festivities é, inclusive, o mais atmosférico, se encaixando bastante na categoria Ambient de música eletrônica – porém muito mais orgânico que a maioria das obras já feitas nesse subgênero. É, também, facilmente, um dos discos mais bem gravados do Vangelis – tanto que até o vinil nacional e o CD são bem gravados! rs…

Meu pai, cujo interesse profundo e quase que único, em matéria de música, era a clássica, a chamada erudita, gostava muito de Vangelis, então a familiaridade com seu trabalho povoava minha cada desde o final da década de 70 – especialmente os discos da parceria e amizade de Vangelis com o vocalista e líder do Yes, Jon Anderson. Aliás, Vangelis quase substituiu Rick Wakeman quando este saiu do Yes no começo da década de 70!

Soil Festivities, entretanto, foi um disco que eu conheci primeiro em CD – de sua primeira prensagem nessa mídia, do final da década de 80 – e acabei curioso sobre como soaria em LP, até adicioná-lo à minha prateleira, pouco depois (em prensagem nacional!).

Contracapa

É um ‘álbum conceito’ de música eletrônica – ou seja, todo composto e tocado em teclados e sintetizadores – inspirado na vida da natureza e seus processos que ocorrem por cima e por debaixo da terra.

A alcunha, o rótulo que todo o trabalho de Vangelis sempre recebeu foi a de Música Eletrônica e Progressivo Eletrônico – pois sua estrutura de composição e arranjo sempre foram ligados ao Rock Progressivo, além dele ter sido o fundador e tecladista do grupo de progressivo grego Aphrodite’s Child (com Demis Roussos nos vocais!). Depois, muitos chamaram seu trabalho também de New Age (que eu não acho que se aplica à maioria dos discos). E, mais recentemente, chamado de Ambient – um subgênero da música eletrônica, um pouco minimalista, que é altamente atmosférico, que te transporta para um ‘ambiente’. Esse adjetivo, sim, aplica-se a algumas obras do grego, como este disco e o Invisible Connections (DGG, 1985), e várias faixas de outros discos.

Acho, como sempre, engraçada (porém útil) a variedade de rótulos que costumam aplicar a tudo quanto é música e artista. Invisible Connections, por exemplo, é também chamado de experimental e de ‘space music’, e o próprio Vangelis leva também os rótulos de clássico, neoclássico e avant-garde… rs…

Selo do disco na prensagem inglesa

Sobre Soil Festivities – e espelhando sua notória visão sobre a música comercial – Vangelis declarou: “O disco foi feito porque eu queria fazer música, e não vender milhões de discos. De qualquer maneira, não acho que seja possível garantir sucesso comercial a nenhum disco, porque ninguém realmente sabe o que é material comercial e o que não é. E mesmo que eu me dedicasse a fazer um disco mais acessível ao público, isso não garantiria sucesso comercial.”
A época mais prolífica – e de maior sucesso – de Vangelis foi do meio da década de 70 até início da década de 90, quando ele passou a morar em Londres, onde montou seu estúdio pessoal, o Nemo Studios, e onde produziu quase tudo pelo qual será sempre lembrado, como as trilhas de Chariots of Fire (cuja faixa título é seu trabalho mais comercial) e de Blade Runner, e seus discos na parceria Jon & Vangelis (alguns brilhantes trabalhos com Jon Anderson), e todos seus discos mais elaborados e complexos, que lhe garantiram lugar de honra na memória do eletrônico e do progressivo eletrônico.

Evángelos Odysséas Papathanassíou nasceu em Agria, na Grécia, em 1943, e começou cedo na música, aos 4 anos de idade, brincando com um piano e as panelas da cozinha, revelando-se ser autodidata para o resto da vida. Descobriu o jazz e o rock, adquiriu um órgão Hammond B3 e acabou formando no colégio a banda The Forminx, e trabalhando como produtor de outros músicos e bandas gregos. Em 1967 exilou-se em Paris, onde formou a banda de rock progressivo Aphrodite’s Child com o amigo (e depois célebre cantor) Demis Roussos, e gravaram vários discos de sucesso internacional. Após o fim da banda, passou a dedicar-se à uma carreira solo prolífica que, incluindo seu último disco, Juno to Jupiter (2021), é composta de mais de 35 discos – entre trabalhos autorais e trilhas sonoras. Vangelis faleceu em maio de 2022, aos 79 anos.

Vangelis no Nemo Studios em Londres

Para quem é esse disco? Para todos os fãs de música eletrônica das antigas, elaborada e complexa, e para os fãs do rock progressivo. Indicado também para todos os aficionados e estudantes da música eletrônica moderna e toda a abundância atual de teclados e sintetizadores.

Prensagens boas? O Santo Graal em matéria de prensagem é sempre a japonesa, sempre. Objetivos nobres? Prensagem inglesa original da época, ou prensagem alemã – apesar de que algumas outras europeias ou mesmo uma americana, vão muito bem mesmo. Prêmio ‘decente e satisfatório’ de consolação? Prensagem brasileira Polydor da década de 80. Até onde eu sei, não saiu em prensagem moderna de 180g.

Um bom março a todos nós!

Ouça um trecho da obra no YouTube.

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