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Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS DYNAUDIO CONTOUR 30I
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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

A MoFi – Mobile Fidelity – é um tradicional selo de prensagem de discos com ênfase em novas masterizações, transferências mais fieis de fitas máster analógicas, com processos que buscam a mais alta qualidade sonora – desde o estúdio de masterização até a prensagem.

Mas, de uns anos para cá, sua subsidiária MoFi Electronics tem criado também uma extensa linha de eletrônicos de alta qualidade, em parcerias com vários profissionais renomados do mercado: toca-discos (Allen Perkins), prés de phono (Peter Madnick e Tim De Paravicini), caixas acústicas (Andrew Jones), DACs (Michal Jurewicz), e cápsulas magnéticas (Audio Technica) – tudo isso divulgado pela empresa em um exemplo praticamente inédito de transparência!

Sendo a Audio Technica uma das maiores desenvolvedoras e fabricantes de cápsulas magnéticas para toca-discos no mundo – junto com a dinamarquesa Ortofon – não é nenhuma dificuldade encontrar toca-discos no mercado utilizando cápsulas com seu nome em cima, ou com sua tecnologia dentro, mesmo que algumas marcas não publiquem esse fato.

A MasterTracker é uma cápsula MM – Moving Magnet de saída alta e compatível com qualquer pré de phono do mercado, inclusive com os de receivers e integrados vintage. Ela usa o sistema de magnetos duplos em ‘V’, próprio da Audio Technica, só que de peso baixo, para compensar seu corpo em alumínio usinado com alto amortecimento. Seu cantilever cônico traz rigidez com menor massa no extremo onde fica a agulha – algo típico de cápsulas mais sofisticadas tipo MC, Moving Coil. E sua agulha tem um diamante com perfil Micro-Line – também típico de cápsulas MC de alto padrão.

A performance dessa cápsula, em conjunto com toca-discos MoFi StudioTracker +M (leia o teste na edição 300, onde foi testado o pacote dos dois) foi tão contundente, tanto para mim quanto para o Fernando Andrette, que achamos interessante destrinchar ela mais um pouco, fazendo um teste somente da cápsula.

É bom poder separar a MasterTracker do toca-discos StudioDeck, e assim perceber mais profundamente quem é responsável pelo que na sonoridade. No caso, ambos são extremamente equilibrados, sendo o toca-discos com um som grande e muito detalhado, e a cápsula com um equilíbrio tonal que eu chamaria de ‘neutro’. Ambos têm altíssima compatibilidade e fenomenal performance!

A MasterTracker foi testada com os seguintes equipamentos: Toca-discos MoFi StudioDeck e Technics SL-Q303. Amplificador integrado (com pré de phono) Gold Note IS-1000. Caixas acústicas tipo torre Elac Debut 2.0 F5.2. Cabos de caixa Sunrise Lab, e Transparent PowerLink MM de força.

Apesar da frente enorme da cápsula – que dificulta o acesso visual ao cantilever, a instalação e alinhamento foram tranquilos devido à frente da cápsula ser perfeitamente reta – facilitando muito o alinhamento. E também porque o corpo dela tem rosca para os parafusos, então segura-se o corpo da cápsula com uma mão (com ela trajando o protetor de agulha incluso) e prende-se os parafusos com a outra mão. Uma brisa para quem tem familiaridade e segurança no manejo e instalação de cápsulas – caso contrário, procure um profissional gabaritado, pois algumas cápsulas como essa têm um custo muito alto para se correr riscos desnecessários.

O seu peso de operação bom, com o melhor equilíbrio e resultado, é o de 2 gramas, e com o VTA regulado visando o tubo do braço paralelo ao disco – assim como o anti-skating também em 2.0. Tudo bem padrão, e sem dificuldades ou frescuras.

E como é o som?

Seu ponto mais alto, o Equilíbrio Tonal, é tão ‘equilibrado’ que torna palatável uma longa série de gravações mais simples – sem brilhos desagradáveis ou ênfases desnecessárias. Claro que não vai transformar um disco ‘ruim’ em ‘bom’, mas é super tolerante e muito musical! Ouvir gravações magrinhas e irritantes, como por exemplo a Sinfonia Doméstica de Richard Strauss com Filarmônica de Berlim regida por Herbert von Karajan – edição nacional da EMI em vinil hiper fino – foi como uma brisa.

O Palco da MasterTracker não sofre de nenhuma restrição audível de largura ou de profundidade – não destoando, portanto, do nível do resto das notas. O fato é que ele não chama a atenção negativamente em momento algum, inclusive quanto à organização dos músicos no palco.

As Texturas, enquanto não são com a mais perfeita clareza de uma MC bem conceituada, também não são ‘indefinidas’ como acontece geralmente com as cápsulas MM. São bastante corretas.

O silêncio do tracionamento, silêncio de superfície – e consequentemente o silêncio de fundo – dessa cápsula são um ponto muito alto. O resultado disso é uma Micro-dinâmica de primeira qualidade, nível de uma boa MC, e uma Macro um bocado energética, o que se espelhada nos Transientes: estes trazem a energia e vivacidade de uma MM com a definição de uma MC, ou seja, de uma cápsula mais sofisticada.

Junto com o Equilíbrio Tonal, o Corpo Harmônico é a melhor parte do som da MasterTracker. Aqui, novamente, ele traz um corpo de grande tamanho típico de uma MM, mas com o tempero da qualidade de uma MC.

Acredito que foi esse o intuito da MoFi quando trabalhou com a Audio Technica para o desenvolvimento dessa cápsula: Equilíbrio de Dois Mundos.

A MasterTracker tem uma boa capacidade de lhe mostrar o acontecimento musical sem soar artificial, com baixíssima fadiga. E o equilíbrio entre os vários quesitos da nossa Metodologia espelham bem o que esperar dela em matéria de Musicalidade.

CONCLUSÃO

Para quem é a MoFi MasterTracker MM?

Para todos que tenham um toca-discos de boa qualidade, de boa estrutura e com braço de precisão. Preferencialmente com todos os ajustes necessários para a utilização de uma boa cápsula.

Aqueles que têm cápsulas MC de saída baixa, de entrada, e têm problemas de alto ruído gerado por interferências se beneficiarão bastante com a MasterTracker – pois terão alta definição e musicalidade em boas doses, mas com o benefício da saída alta normal de uma cápsula MM e, portanto, menos ruído de interferência. Isso é muito útil em cidades grandes, como São Paulo, onde existem zonas com enormes interferências de antenas de rádio, TV e tudo o mais.

E, claro, o calor e o corpo das MM, combinados com a definição e clareza das MC, é algo muito sedutor para os ouvidos de muita gente. Conheço várias pessoas que já assumiram cápsulas MM de alto nível para ter exatamente esse tipo de sonoridade.

E a MasterTracker é a melhor MM que eu já ouvi.


PONTOS POSITIVOS

Equilíbrio tonal ‘neutro’ traz grande compatibilidade com bons toca-discos equilibrados, e dá um toque especial nos que são por natureza mais secos e tenham agudos mais ‘abertos’.

PONTOS NEGATIVOS

O preço. E ela não vai ‘dar vida’ à toca-discos que não tenham ‘folga’ sonora – não faz milagres.


ESPECIFICAÇÕES

TipoMM – Moving Magnet com duplo ímã em V
AgulhaMicro-Line
Voltagem de saída3mV
Resposta de frequência20 a 25,000Hz
Peso9.7g
Peso de tracionamento1.8 a 2.2g
Impedância47kOhm
Capacitância100pF
Compliância• Estática: 40 x 10e-6/dyne
• Dinâmica: 10 x 10e-6/dyne
5
CAIXAS ACÚSTICAS DYNAUDIO CONTOUR 30I
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 14,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,5
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 10,5
Musicalidade 11,0
Total 87,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
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