Teste 2: AMPLIFICADOR INTEGRADO FEZZ AUDIO TITANIA

Teste 3: CAIXAS ACÚSTICAS MOFI SOURCEPOINT 8
julho 5, 2024
Teste 1: PRÉ DE PHONO SOULNOTE E-2
julho 5, 2024

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Nos últimos vinte anos vimos surgir uma salutar lista de fabricantes do Leste Europeu, a tomar de assalto o mundo audiófilo.

A lista é abrangente, com belos produtos feitos na Lituânia, Estônia, Letônia, Ucrânia, Eslováquia, Hungria, Bulgária e Polônia.

E justamente da Polônia é que surge, em 2015, a Fezz Audio, uma empresa familiar dirigida atualmente por dois irmãos: Maciel e Thomas Lachowski, ambos formados na academia técnica de eletrônica na cidade de Bialystok.

Os irmãos lançaram seu primeiro amplificador integrado, batizado de Silver Luna, na feira de áudio e vídeo de Varsóvia. A repercussão na Polônia foi tão imediata que, em menos de cinco anos, a Fezz já tinha uma equipe de mais de 40 funcionários para conseguir atender a enorme demanda interna.

O grande diferencial da Fezz Audio é o fato deles mesmos produzirem seus próprios transformadores, assim como fornecer esses transformadores para inúmeros outros fabricantes do áudio europeu.

Segundo Maciel, o responsável pela equipe de engenheiros / projetistas, cada novo produto Fezz passa por uma banca de examinadores auditivos – como ele costuma se referir a equipe que se responsabiliza pelas audições de todos os protótipos desenvolvidos na fábrica.

Com um processo inteiramente verticalizado, os transformadores de saída são o elemento mais crucial dos produtos deste fabricante.

Segundo o outro irmão, Thomas, responsável pela área de fabricação dos transformadores, o grande diferencial da Fezz em relação a seus concorrentes de amplificadores valvulados é que, através do uso de uma tecnologia de enrolamento inovadora e patenteada internacionalmente, eles atingiram parâmetros elétricos excepcionais, como largura de banda de frequência plana dentro da faixa audível, e distorção THD muito baixa com um alto fator de performance sonora.

Ainda segundo Thomas, muitos poucos fabricantes de amplificadores valvulados utilizam transformadores toroidais na saída, sendo muito mais comum serem usados na fonte de alimentação, apenas. E, para ele, o grande problema de se utilizar transformadores toroidais na saída, é que estes são complicados de fabricar, pois precisam ser construídos com terminação única, além de ter extremo cuidado no isolamento, o que é muito complexo e necessita de tecnologia proprietária da Fezz.

O modelo Titania, da linha Evolution, segundo a Fezz utiliza um circuito em três estágios: amplificador de tensão acoplado RC (1/2 12AX7), inversor de fase de carga dividida (1/2 12AX7) e amplificador de potência ultralinear (2 x KT88). A polarização catódica é usada principalmente porque são inerentemente auto-balanceadas, portanto quaisquer tubos incompatíveis, inseridos pelo consumidor, não causam a saturação do núcleo do transformador de saída.

A escolha da KT88, segundo o fabricante, é baseada em vários motivos. Pois em testes auditivos internos, continua sendo um dos melhores tubos de áudio já fabricados, tanto pela sua capacidade de potência como pela sua alta linearidade. Além de ser adequado para um amplificador de dezenas de Watts.

O usuário pode até escolher ligar o Titania com outras opções, como: KT120, KT150 ou KT170, porém a potência será a mesma (45 Watts por canal), porque a fonte de alimentação, os transformadores de saída e todo os circuitos foram projetados para 45 Watts por canal.

Desembalar o Titânia é tarefa para duas pessoas, pois o bicho pesa! Desembalado, temos na parte traseira três entradas RCA, tomada IEC e terminais para caixas com opções para 4 e 8 ohms. No painel frontal, dois grandes botões nas extremidades: o da esquerda para seleção de entradas e o da direita para ajuste de volume.

O controle remoto também é bastante simples e minimalista, com apenas o comando de aumentar ou diminuir o volume.

Como se trata de um amplificador auto polarizado, não haverá nunca a necessidade de ajuste de bias.

Para este teste, utilizamos basicamente três caixas acústicas: Audio Solutions Figaro M2 (leia teste na edição de outubro de 2024), Yamaha NS-5000 (leia teste na edição de agosto de 2024), e MoFi SourcePoint 10. Os cabos de caixa foram: Virtual Reality Trançado, e os Dynamique Audio Halo 2 e Apex. Fontes digitais: Transporte Primare DD35 (leia teste na edição de maio de 2024), DAC Merason DAC1 Mk2, Transporte Nagra, e DAC Nagra TUBE DAC. Fonte analógica: toca-discos Origin Live Sovereign Mk4 com braço 12” Enterprise Mk3, cápsula ZYX Ultimate Gold, e prés de phonos Lehmann Silver Cube (leia teste na edição de maio de 2024), Gold Note PH-1000 e Soulnote E-2 (leia Teste 1 nesta edição).

Uma pergunta ainda recorrente, feita por muitos leitores no nosso Workshop, realizado em abril em São Paulo, é: “Qual a razão de tantos audiófilos ainda serem apaixonados por amplificadores valvulados e áudio analógico?”. Eu já ouvi tantas vezes essa pergunta que até já reformulei minha resposta. Agora apenas respondo: ‘Não sei ao certo’.

Pois talvez até mesmo os amantes de válvulas não saibam exatamente o motivo, só sabem que é assim e pronto.

Meu pai abriria um largo sorriso com essa minha conclusão. Pois é o mesmo que perguntar a alguém a razão de ter uma cor preferida, ou um tipo de vestimenta que mais o agrada e lhe cai bem, ou uma afeição especial por determinados lugares, melodias, pratos.

É o lado subjetivista de cada um – e enquanto existir uma legião de apaixonados por essa sonoridade, haverá fabricantes para atender a essa legião de audiófilos e melômanos.

O universo do áudio hi-end só se beneficia dessa diversidade, e todos podemos aprender muito ao trafegar por todas essas topologias. E os valvulados também evoluíram muito, sendo hoje muito mais silenciosos, mais precisos, e capazes de níveis de performance desconcertantes.

Como sempre escrevo, a única coisa que você precisa, se for querer navegar nessas águas, é saber nadar. Pois elas exigirão cuidados redobrados: com a sinergia das caixas, tamanho da sala e qualidade das fontes.

Se você estiver apto a esses desafios, o resultado pode ser absurdamente satisfatório.

Com as três caixas que utilizamos para o teste, o Titania mostrou o seu melhor, fazendo a música fluir com enorme graça e naturalidade. Senti apenas, quando o Fezz chegou para testes, não termos mais em nossa sala a Audiovector QR 7, pois fiquei com a sensação que esse casamento poderia ser muito sedutor e convincente.

Pois como convivi um bom tempo com todas as caixas usadas neste teste (exceto a Audio Solution, que nos chegou faz apenas três semanas), para a montagem do Workshop, e ouvi a Audiovector com o I/50 da Audio Research (leia teste na edição 305), e o resultado foi arrebatador, fiquei com essa sensação que também o seria com o Titânia.

Paciência, não podemos ter sempre tudo à mão.

O Fezz é desses valvulados modernos que pode parecer um cordeiro, mas quando é chamado à prova, se transforma em uma fera astuta.

Então, não se engane amigo amante dos valvulados vintage dos anos sessenta, pois o Fezz nada se parece com esses valvulados antigos.

Esqueça aqueles graves que você podia sair da sala fazer uma pipoca e voltar e o grave de uma nota só ainda estar soando.

Seu grave é firme, com excelente corpo, definição, extensão e velocidade. Todos os exemplos utilizados, de Marcus Miller a Pastorius, o Fezz reproduziu com autoridade. Com qualquer uma das três caixas utilizadas no teste.

A região média é daquele apelo sedutor de todos bons valvulados modernos, com uma predominância difícil de igualar em amplificadores de estado sólido para vozes e instrumentos acústicos.

Incrível como a região média quando o amplificador valvulado é de alto nível, se torna tão proeminente. E os agudos soam naturais, com muito boa extensão, corpo e velocidade. Talvez o decaimento não seja tão extenso, mas são muito corretos.

O soundstage do Titania tem excelente largura, altura e boa profundidade.

Para se extrair mais profundidade, tenha bastante cuidado com a escolha da caixa. O melhor resultado foi com a Audio Solutions Figaro M2, se bem que essa caixa possui uma qualidade 3D excepcional. Os planos são bem retratados, com ótimo foco e recorte.

As texturas são ótimas em termos de apresentação de paleta de cores, com bom grau na apresentação das intencionalidades em gravações técnicas de alto nível.

Os transientes, como em todos os atuais valvulados, são precisos, em nada lembrando inúmeros valvulados vintage em que o tempo, andamento e ritmo se arrastam, tornando a apresentação musical letárgica. Com o Titania, você se sentirá acompanhando instintivamente o tempo com os pés, ou se for tímido, na mente, enquanto desfruta todos os detalhes.

Claro que a macrodinâmica de um valvulado de 45 Watts – não pode ser comparada à de um estado sólido de 200 Watts.

Mas, com uma caixa compatível com essa potência, você não sentirá que o Titania não seja capaz de arroubos dinâmicos convincentes. Então, como escrevi acima, esteja atento a sensibilidade da caixa que você irá colocar como par do Fezz. Minha sugestão: caixas com sensibilidade acima de 92 dB, para quem aprecia uma macrodinâmica convincente.

Já a microdinâmica, será ‘pêra doce’ para o Titania, graças ao seu impressionante silêncio de fundo.

A reprodução do corpo dos instrumentos musicais, foi uma das boas surpresas desse amplificador. A apresentação de quartetos de cordas, retratando o tamanho exato de cada instrumento nas gravações tecnicamente primorosas, faz com que nosso cérebro relaxe e queira se inserir naquele contexto, como se estivéssemos ao vivo.

O que já nos remete ao quanto a materialização física do acontecimento musical: no Titania, com excelentes gravações, é convincente!

CONCLUSÃO

Se você deseja um integrado valvulado com potência suficiente para ouvir diversos gêneros musicais, e já tem a caixa e sala condizente para opções entre 40 e 70 Watts por canal, você deve dar uma chance para o Titania.

Pois seu grau de coerência, construção e performance, o credenciam a ocupar um lugar de destaque nesse disputado segmento de produtos de nível hi-end.

Não creio que haja necessidade de futuros upgrades, se o seu desejo é apenas ‘refinar sonicamente’ suas gravações.

O Titania está apto a fazê-lo de forma segura e sedutora!


PONTOS POSITIVOS

Um valvulado moderno, e com uma performance bastante sedutora.

PONTOS NEGATIVOS

Necessita de um casamento criterioso com as caixas, para se extrair todo seu potencial.


ESPECIFICAÇÕES

TipoAmplificador integrado estéreo
Saída2 x 45W
Tipo de circuitoPush-pull classe AB1
Impedância de saída4 Ohm / 8 Ohm
Entradas3 x RCA + 1x pré (opcional)
BiasAutomático
Distorção harmônica< 0,2%
Resposta de frequência18Hz – 103kHz (-3dB)
Consumo225W
Fusível AC3,15A T
Peso21 kg
Dimensões (L x A x P)420 x 200 x 380 mm
VálvulasKT88 x4 na saída, ECC83 (12AX7) x2 (pré e drivers)
AMPLIFICADOR INTEGRADO FEZZ AUDIO TITANIA
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 13,0
Total 92,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
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