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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Os produtos que mais aprecio testar são aqueles que denomino de ‘autorais’.

Esse é o código que utilizo para produtos que não são apenas bem construídos, com uma topologia rigorosamente já testada, mas que já passaram pelo processo de aceitação das mídias do segmento e do público em geral.

Falo daqueles ‘produtos’ que possuem ‘identidade’, e que foram idealizados por projetistas que teimam em olhar além do já corretamente aceito.

Engana-se quem pensa que, no nosso segmento, esse processo seja uma constante, pois vemos todos os dias inúmeras bizarrices e produtos que estarão fadados ao fracasso desde o primeiro protótipo. Falo é dos que conseguem apresentar diferenciais que vão muito além da estética, e nos mostram caminhos ainda não explorados, mas que alteram o patamar de performance.

Acompanho a Soulnote faz muitos anos, e ainda que sejam escassos testes no ocidente de seus produtos, os poucos que li mostram que os revisores ficaram impressionados com o que escutaram.

Mas, vamos dar uma olhada na história da Soulnote, já que agora ela finalmente está com distribuição oficial aqui no Brasil. Fundada em 2004, a CSR Corporation é do ex-diretor da Marantz Japão, o senhor Norinaga Nakasawa. Porém, as coisas começaram a tomar forma quando Nakasawa escolheu para projetista dos novos produtos da Soulnote, o engenheiro Hideki Kato, com uma longa carreira profissional desde os anos 80, tendo sido um membro da equipe que de desenvolvimento dos amplificadores A-10 da NEC e de toda a linha LHH da Philips.

Kato é o responsável por essa enorme ‘guinada’ que a Soulnote deu nos últimos 8 anos, desde que assumiu o posto de engenheiro chefe da companhia. Então, se quisermos entender a ’sonoridade’ Soulnote, precisaremos antes de tudo entender a filosofia de Hideki Kato. E já adianto que suas ideias podem parecer ‘malucas’, até você finalmente ouvi-las!
Kato sempre nos lembra da discrepância entre especificações e qualidade de som – mas até aí inúmeros excelentes projetistas também o fazem. Lembro do brilhante amigo Eduardo de Lima, fundador da Audiopax, me contando o frio na barriga que lhe dava, quando seus produtos iriam ser medidos. Pois ele sabia que pelos resultados de um osciloscópio, nada da ‘magia’ de seus equipamentos poderia ser entendida.

Hideki Kato escreveu na página de apresentação da Soulnote: “Na indústria do áudio, todos sabem que a qualidade do som não pode ser avaliada apenas pelas especificações (que ele chama de especificações estáticas). No entanto, uma parte de nós, engenheiros, não consegue ir contra as especificações. E que um som com melhores especificações é um som mais correto. Suponhamos que, ao desenvolver um novo circuito, as especificações sejam melhoradas de alguma forma. E que o som tenha mudado. Nesse caso, a maioria de nós engenheiros, presumiria que o som com as melhores especificações, é o melhor som.”

“E se as especificações forem inferiores às do produto já no mercado, o produto novo não será lançado. Porém, tudo isso mudou para mim quando eu ainda era estudante de engenharia. Como não tinha dinheiro para comprar produtos eletrônicos de marca, comecei a construir meus próprios amplificadores. Eu não tinha como medir esses meus amplificadores, então o que me importava era o quanto eles soavam musicais ou não. Porém, um dia adquiri um aparelho de medição. Quando medi, foi terrível ver aqueles números. Fiquei obcecado em melhorar o valor de medição tanto quanto possível. E o resultado, a partir que passei a me basear em melhores medições, foi que fiquei muito chocado com a piora do som. Venho pensando nisso há 40 anos!”

“E se eu pudesse explicar que as especificações não significam muito para a qualidade do som? E se eu te provar que melhorar as especificações pode até degradar a qualidade do som? Você não acha que seria como uma mudança de valores?”.

Calma, amigo leitor, tem chão – mas se você chegou até aqui, não desista!

“Na era atual da ciência universal, todos pensam que é impossível para nós humanos ouvirmos diferenças que não podem ser detectadas mesmo pelos instrumentos de medição mais avançados. Mas será mesmo assim? Na verdade, muitos valores ao nosso redor não podem ser facilmente quantificados”.

“Imagine dois carros com potência e peso precisamente iguais, conduzidos em um circuito pelo mesmo motorista, eles marcariam o mesmo tempo? Isso não será possível. Pois a rigidez da carroceria e as configurações de suspensão podem alterar completamente o tempo, isso ocorre porque o desempenho nas curvas muda. Porém você não achará uma seção no catálogo de carros, sobre o desempenho de curvas”.

”O mesmo ocorre com o áudio. A qualidade do som não pode ser medida pelas especificações, e o mais grave: especificações melhores podem piorar o som”.

”Um engenheiro sempre fará a seguinte pergunta: Por que você simplesmente não melhora a taxa de distorção a relação sinal/ruído, a resposta de frequência e outras especificações do catálogo e depois melhora o som? E esta tem sido a sabedoria convencional vigente no nosso segmento nos últimos 50 anos!”.

“Pois todo engenheiro acredita que não tem como piorar o som, melhorando as especificações. E isso é uma tremenda armadilha! Pois melhorar pode piorar o resultado sonoro”.

Depois dessa longa e didática explanação, Kato finalmente expõe suas ideias.

“O som é composto pelo eixo Amplitude e pelo eixo Tempo, que são os eixos vertical e horizontal de um gráfico. As fontes musicais em áudio também são registradas como amplitude (valores de tensão) por tempo. Sem o eixo do tempo, o som não pode existir. Você nunca ouviu um som parado, não é?”

“As ondas senoidais são usadas para medir taxa de distorção, resposta de frequência e relação sinal-ruído, para quantificação. Portanto uma onda senoidal é um sinal de uma única frequência que pode durar para sempre. É um sinal estático, sem alterações dinâmicas. Mas para facilitar a quantificação, o eixo do tempo é quase que ignorado”.
“Quando eu era jovem, pensava que um equalizador gráfico perfeito me daria a liberdade de criar qualquer tipo de qualidade de som que eu pudesse imaginar. E aí a prática me mostrou que se você combinar a resposta de frequência, a qualidade do som não será a mesma”.

“E aí nos deparamos com a ‘maldição de Fourier’, pois somos obrigados a esquecer o eixo do tempo. É como questionar sobre a diferença de sabor entre dois pratos feitos com os mesmos ingredientes e na mesma quantidade (exatamente no eixo de frequência). Sem levar em conta a habilidade do cozinheiro, na ordem de adição dos ingredientes ou o tempo de fervura (eixo do tempo), que nem se quer é considerada”.

“Para o áudio o desempenho ao eixo do tempo, é muito difícil de quantificar, pois nele se encontra o desempenho Dinâmico”.
“Desempenho dinâmico é o desempenho perdido que não aparece nas especificações de um catálogo. Conseguimos no máximo apresentar o tempo de subida, a forma da onda da resposta de impulso, o jitter do clock, etc. O desempenho dinâmico é como a habilidade culinária de um chef. No caso de um carro, o desempenho nas curvas. Os humanos parecem ser bons em ignorar o tempo e quantificá-lo. A única maneira de determinar a essência é comer ou dirigir. E o desempenho dinâmico em áudio também só pode ser avaliado e entendido, ouvindo”.

“Quando avaliamos sons, inconscientemente pensamos em termos de eixo de frequência, como graves, médios, agudos – eu chamo essa maneira de pensar de Cérebro de Frequência”.

”Os humanos não conseguem ouvir acima de 20kHz, no caso de uma onda senoidal, mas pode sentir a desaceleração do aumento de uma onda musical quando a banda de frequência acima de 20kHz é cortada abruptamente”.

“Uma onda senoidal é um experimento que não leva em consideração o eixo do tempo, isso pelo fato de não poder ser quantificado, portanto é chamado de subjetivo. Tomemos, por exemplo, a localização de imagens sonoras. Se o equipamento for excelente, podemos perceber a localização tridimensional da imagem sonora com apenas dois alto-falantes. E Supondo que os humanos não conseguem ouvir acima de 20kHz, fica impossível explicar a localização tridimensional da imagem sonora. Isso pelo fato de a diferença de fase necessária para produzir uma localização dos instrumentos finamente espalhada entre um par de caixas, quando convertido em frequências, excede em muito 20kHz.”

E o sr Kato fecha sua longa explicação com a seguinte conclusão de suas ideias: “Se fosse provado que aumentar demais o desempenho estático degrada o desempenho dinâmico, seria uma descoberta que viraria o mundo do áudio de cabeça para baixo. E isso não foi provado teoricamente até o momento. É claro que estou convencido de que, com experimentação adequada, podem ser obtidos resultados estatisticamente úteis. Gostaria de fazer isso algum dia, mas não tenho esse tempo agora. Mas a Soulnote está aí para provar a minha teoria”.

Antes de descrever o Soulnote E-2, é preciso apresentar o seu conceito de pré de phono, para se atingir os resultados imaginados pelo engenheiro Kato para esse produto:

“Geralmente, para melhorar a relação sinal/ruído, é de bom senso reduzir N (ruído) porque S (sinal) é de natureza fixa. No entanto, ao projetar um pré de phono, descobri que o valor medido e a relação sinal-ruído audível tornam-se exatamente o oposto a partir de um certo ponto. Os phonos precisam amplificar significativamente os sinais mínimos.

Ao amplificar com dois estágios de transistores, é melhor amplificar o máximo possível no primeiro estágio para reduzir o ruído, pois reduzir o ganho do segundo estágio reduz a quantidade de ruído do transistor do primeiro estágio, o qual é amplificado no segundo estágio. Isso é o senso comum em circuitos de transistor. Mas! O oposto é verdadeiro no que diz respeito a música. Diminuir o ganho do primeiro estágio melhora significativamente o frescor do som e, inversamente, parece que a SN melhorou. Na verdade, quando a relação sinal-ruído é realmente medida, os números pioram. Ao reduzir o ganho do primeiro estágio, que é a carga da cápsula, o efeito Miller é reduzido e as características de alta-frequência, ou desempenho de resposta transitória (desempenho dinâmico), são melhorados. Em outras palavras, o desempenho estático é mantido o mais baixo possível. E o desempenho dinâmico é a prioridade, proporcionando uma reprodução musical muito mais agradável”.

Será mesmo?

Conseguiremos ouvir na prática o que o engenheiro Kato buscou para seus prés de phono?

Se a sua paciência não esgotou, vamos as descrições do E-2, e depois passarei minhas impressões sobre o produto.

DESCRIÇÃO DO SOULNOTE E-2

O E-2 é um imponente phono de 20kg, que pretende ser uma referência no mercado de phonos de altíssimo nível. Começa por aceitar todo tipo de cápsulas MM, MC as cápsulas ópticas da também japonesa DS Audio.

E para os amantes de gravações mono, antes da normalização do RIAA em 1954, esse phono disponibiliza 144 curvas de reprodução para qualquer gravação realizada antes desse período.

Se não bastasse, ele ainda tem um desmagnetizador e quatro entradas para até quatro braços (desde que um esteja com uma cápsula DS Audio).

Sua qualidade de construção é simplesmente primorosa, e não tem como não passarmos alguns bons momentos apreciando todos os seus detalhes.

No painel frontal, à direita, temos os botões para selecionar a carga de cápsulas MC e um outro botão para escolher entre as entradas balanceadas (XLR), não balanceadas (duas RCA), e a entrada DS Audio completamente separada, para o audiófilo no mundo da lua não fazer nenhuma besteira de tentar ligar uma cápsula MM ou MC nela.

Os botões, logo abaixo, oferecem as opções de capacitância para MM de 100, 200 ou 350 pF, corte baixo ou alto de filtragem, e o botão de desmagnetização de cápsulas, tanto para MM ou MC. As opções de impedância são de 10, 30, 100, 300 ohms e 1 Kohms.

No painel traseiro, como disse, além de quatro entradas para até quatro braços (ou quatro toca-discos), o Soulnote disponibiliza tanto saída RCA quanto XLR. E indica que não se deve deixar ligado ambas, pois pode deteriorar o sinal. Ou seja, escolha a saída mais indicada para o seu pré de linha ou integrado, e esqueça a outra saída.

Voltando às 144 possíveis combinações de ajuste para gravações anteriores a 1954, temos no painel frontal, à esquerda, a função de ajuste Low-Limit de 6 bandas, Turnover de 4 bandas e Roll-Off de 6 bandas. E, para facilitar o usuário com essas gravações para descobrir o melhor ajuste, no manual vem listado os registros de várias épocas, para ajudar a descobrir a melhor curva.

Como não usei nenhuma gravação anterior a 1954 no teste, eu não fiz uso deste recurso, mas em algum momento fatalmente eu o farei.

Os diferenciais da Soulnote não acabam nos conceitos de topologia, se estendendo também ao seu gabinete, que vem com a tampa superior ‘solta’ – ou melhor, frouxa. Pois de acordo com o fabricante, se a tampa superior estiver travada, o som perderá a extensão nas altas frequências, soando abafado.

O gabinete é apoiado em cima de três cones muito afiados, para amortecer as placas internas, então muito cuidado ao instalar em um rack para não riscar a bandeja.

No seu interior, o E-2 possui um imponente transformador toroidal de 400 VA bem na frente, totalmente isolado. O E-2 é totalmente balanceado, com os circuitos de entrada direito e esquerdo completamente separados. Com esse grau de isolamento é que o fabricante diz ser possível fornecer até 72 dB de ganho para cápsulas MC e 52 dB para cápsulas MM.

O produto chegou para nós no dia anterior à abertura do nosso Workshop Hi-End Show, ocorrido em abril passado, em São Paulo. E até tentamos apresentá-lo em nossa sala, mas ele estava simplesmente inaudível, sem amaciamento!
Então, a primeira dica: se muna de total paciência se quiser realmente saber o quanto esse phono é excelente!
Pois, pelo que sai tocando, é difícil de acreditar que os conceitos do senhor Kato estão corretos.

Mas, vamos por partes.

Instalado em nosso sistema, com nosso toca-discos de referência Sovereign da Origin Live, agora já com o upgrade do novo prato (em breve escreverei um artigo a respeito), com nosso braço de 12 polegadas Enterprise também da Origin, e cápsula ZYX Ultimate Gold, colocamos o Soulnote em amaciamento de 10 horas por dia, por vinte dias seguidos. E a cada 50 horas, ouvíamos os mesmos discos, no mesmo setup e no mesmo volume.

Até às 150 horas iniciais, nada justificou toda a argumentação do sr Kato.

Até que, a partir de 200 horas, seu comportamento mudou impressionantemente.

Até lá, faltava extensão nas duas pontas, corpo na região médio-grave (algo inaceitável em um phono hi-end) e a única maneira de escutar o E-2 era manter a impedância em 1 Kohms (valor que jamais usei na ZYX.

E a partir de 200 horas foi possível ver que o Soulnote realmente tinha qualidades que começaram a se destacar, como por exemplo sua capacidade de separar e destrinchar sem deixar nada analítico, passagens com enorme quantidade de informação soando em uníssono.

Outra virtude foi a escala e projeção das altas, sem nunca ficarem agressivas ou proeminentes.

Veja que em nenhum momento do amaciamento os agudos soaram agressivos ou brilhantes – eles estavam ‘encolhidos’, para descrevê-los precisamente.

Até às 200 horas, as ambiências não soavam nunca! Assim como os graves, que pareciam ‘ocos’.

Para ter a confirmação que o phono está absolutamente amaciado, eu uso uma gravação que simplesmente não ‘faz reféns’: ou ela passa com louvor, ou o teste será abortado. Claro que, por ser uma gravação muito ‘exigente’, eu só a escuto em phonos com potencial de mais de 100 pontos em nossa Metodologia (assim o leitor tem uma ideia da complexidade do exemplo, caso não conheça essa gravação).

Estou falando da faixa três do lado B – Update – do disco This It This, da banda Weather Report.

Quando a coloquei e sentei para avaliar se o E-2 estaria ou não acima dos 100 pontos, percebi imediatamente que seu grau de organização daquela massa de sintetizadores, era muito distinto de todos os phonos Top Five atuais.

Pois ele destrinchou camada por camada dos sintetizadores, dos outros instrumentos, mantendo o foco e recorte de cada instrumento de maneira precisa, e mantendo os crescendos sem pularem para a frente, deixando o som bidimensional, como a maioria dos phonos se comportam ao reproduzir essa faixa.

Somente os phonos acima de 105 pontos, conseguem manter a compostura – ainda que com alguns deslizes, como um pouco de perda do foco de algum instrumento, ou juntar um grupo de sintetizadores no mesmo espaço físico (ainda que o engenheiro de gravação os tenha separado).

Foi aí que, finalmente, me convenci que tinha um produto realmente ’autoral’ em mãos para avaliar.

A segunda ‘pedreira’ então escolhida, foi o álbum do King Crimson – Discipline – e coloquei todo o lado A na sequência para escutar. Quem conhece esse disco, sabe o quanto ele pode soar congestionado, principalmente quando temos múltiplas guitarras soando.

E, novamente, o mesmo efeito de organização e apresentação de guitarra por guitarra, sem nenhum esforço de inteligibilidade adicional.

Já testei phonos acima de 105 pontos que conseguem reproduzir essa gravação com méritos, mas também sempre escutei algum pequeno deslize – que sempre dei um desconto, por saber que a gravação tem suas limitações técnicas.

Mas no Soulnote – tanto esse disco, como o do Weather Report – ouvir foi inteiramente prazeroso e ‘elucidativo’, de como cada phono interpreta gravações com inúmeras variações dinâmicas e de mudança de tempo.

Bem, estava então na hora de ouvir as excelentes gravações – e o primeiro disco escolhido foi o da Patricia Barber – Companion. Um disco ao vivo e com uma plateia realmente com o quinteto. Gosto sempre de ouvir a faixa três do lado B – Black Magic Woman. Pois ela é uma radiografia precisa da capacidade do phono de resolver grandes variações dinâmicas, soundstage, transientes, corpo harmônico e, claro, o equilíbrio tonal, em termos de extensão decaimento e precisão.

O único phono que reproduziu melhor essa faixa, de todos Top Five atuais da revista, foi o Nagra Classic Phono (que custa mais que o dobro do E-2). Nenhum outro conseguiu chegar tão próximo do Nagra, quanto o E-2.

O que me colocou a questão de em quantos pontos esse phono realmente chegaria. Como sempre afirmamos, a única maneira de sabermos é ouvindo, e foi o que fiz.

Estava na hora de colocarmos algo realmente complexo, grandioso e com enorme variação dinâmica, corpo e textura. E fui buscar um de nossos melhores exemplos: Strauss – Also Sprach Zarathustra op 30, prensagem japonesa 45 RPM com a regência de Eugene Ormandy e a Orquestra da Filadélfia.

Nunca é fácil reproduzir um órgão de tubo soando simultaneamente com uma orquestra, e o desafio fica ainda maior. Aqui, para essa reprodução ser digna e satisfatória, todo o sistema tem que estar à altura do desafio.

Falo de sistemas com mais de 110 pontos em nossa Metodologia, pois a maioria dos phonos abaixo, tendem a borrar os fortíssimos e chapar o som, deixando-o completamente bidimensional.

E, novamente, o E-2 conseguiu realizar a proeza de não chapar, e não perder a compostura, nos mostrando aquele som enorme à nossa frente, com toda a orquestra soando em um ambiente completamente condizente com o nível da gravação e a sala em que a mesma foi realizada.

“Bravo, E-2!!!“- Pensei com os meus botões.

A partir daí, relaxei e quis apenas por preciosismo ver o nível de resposta dos transientes, textura e equilíbrio tonal, e lá fui buscar mais exemplos ‘encardidos’.

Transientes não dá para ser outra gravação, para equipamentos acima de 110 pontos, do que Friday Night In San Francisco com o trio de virtuoses: Al DiMeola, John McLaughlin e Paco de Lucia. É claro que a faixa escolhida para o teste de transientes é a faixa 1 – lado A.

A partir de 105 pontos, os phonos costumam passar com méritos por essa pedreira. Mas a partir dos 110 pontos, seu cérebro começa a perceber detalhes da técnica de digitação e virtuosidade de cada um dos violonistas. E acima de 111 pontos, a mágica de se ‘ver’ o que está ouvindo, ocorre e o Soulnote: você não só ‘enxerga’ o que está acontecendo à sua frente, como consegue um grau de integração entre os dois músicos, que só havia escutado e apreciado com tanta estupefação no Nagra Classic.

E ali se materializou novamente, à minha frente, Paco de Lucia no canal esquerdo e Al DiMeola no canal direito! Com um grau de inteligibilidade de nota por nota, sem revirar seu cérebro ou perder a atenção no que ocorreu naquela linda noite em São Francisco.

Ai só me restava ouvir as texturas, e abrir um enorme sorriso de orelha a orelha ao saber que existe um phono de menos de 70 mil reais, que provavelmente é o melhor custo/performance na história dessa revista!

Baixei o braço em todo o lado A do LP de Bill Evans – You Must Believe In Spring.

Essa é uma gravação exigente com os pré de phono, pois um cisco de brilho nas altas coloca a última oitava da mão direita do Bill Evans a soar brilhante e desconfortável. O mesmo ocorre se os graves, na reprodução do contrabaixo do Eddie Gomez, não forem absolutamente corretos: tende a soar oco.

Sem falar no magistral trabalho do baterista Eliot Zigmund nos pratos, que sem o arejamento e extensão corretos, soarão pobres quando ficam pairando no ar circundando o piano e o baixo.

É uma gravação primorosa, porém bem exigente.

Quando o sistema é de alto nível, tanto o equilíbrio tonal, quanto as texturas soam exuberantes!

CONCLUSÃO

Descrever a assinatura sônica do E-2 não é tarefa fácil.

Os revisores que tiveram o privilégio de testá-lo sempre o descrevem como um phono de alto nível, com uma qualidade de construção e performance impressionante.

Eles estão absolutamente certos, mas sinceramente não sei se esse reconhecimento de seus atributos corresponde realmente a todos seus méritos.

Pois a primeira questão que temos, ao avaliá-lo, é que o engenheiro Kato conseguiu demonstrar na prática com enorme consistência que seus conceitos e ideias funcionam.

E que, portanto, não podem ser colocados no mesmo nicho de equipamentos hi-end com ‘belas sacadas’, pois o que ele conseguiu em matéria de performance pelo que custa, coloca em xeque uma legião de phonos muito mais caros, que não possuem esse grau de naturalidade, precisão e realismo sem soarem nem analíticos nem eufônicos.

Na verdade, ele soa como todo excelente pré de phono deveria soar, para ser denominado hi-end.

Sua assinatura sônica, portanto, é Neutra o suficiente para que a música possa soar como precisa em uma boa reprodução eletrônica.

E, independentemente do nível técnico das gravações, ele sempre terá algo a mais para extrair e mostrar. Isso, à medida que as semanas se passaram, se mostrou exemplar.

Pois ouvi absolutamente de tudo, de gravações tecnicamente excepcionais às medíocres. E, no entanto, nenhuma gravação foi expurgada ou perdeu o interesse de ser apreciada por seu conteúdo artístico.

Isso é imprescindível no meu ponto de vista, de como deveria ser todas as eletrônicas e caixas hi-end da atualidade. Permitir que o audiófilo recupere o melômano que ele um dia foi, permitindo que resgate toda sua coleção de discos – muitas vezes de uma vida toda!

E fazer todas essas realizações custando menos de 70 mil reais?

Isso é para se comemorar – e contar a todos.

Em resumo: trata-se do melhor pré de phono em custo/performance já testado por nós.

Este já tem dono!


PONTOS POSITIVOS

Excepcional relação custo/performance.

PONTOS NEGATIVOS

Nenhum.


ESPECIFICAÇÕES

Sensibilidade de entrada• MC: 0.4mV
• MM: 4mV
• OPT: 50mV
Ganho• MC: 72dB
• MM: 52dB
• OPT: 30dB
Saída• Balanceada: 2,8V
• RCA: 1,4V
Desvio da RIAA±0,2dB
MC Carga resistiva3ohm, 10ohm, 30ohm, 100ohm, 300ohm, 1kohm
MM Carga capacitiva100P, 200P, 350P
MM Carga resistiva47kohm
Equalizador – ROLL-OFF [kHz]1.59, 2.12 (RIAA), 2.59, 3.18, 6.89, FLAT
Equalizador – TURNOVER [Hz]250, 390, 500 (RIAA), 630
Equalizador – LOW-LIMIT [Hz]50 (RIAA), 71, 100, 125, 150, FLAT
Consumo48W
Dimensões (L x A x P)430 × 160 × 410 mm
Peso20kg
PRÉ DE PHONO SOULNOTE E-2
Equilíbrio Tonal 14,0
Soundstage 14,0
Textura 14,0
Transientes 14,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 14,0
Organicidade 14,0
Musicalidade 14,0
Total 111,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



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