JOGO DOS ERROS DAS SALAS & SISTEMAS – V

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Por que ter um sistema de áudio superior e sofisticado – acima de algo ‘consumer’ – se não é para tirar o melhor que ele pode prover em matéria de Qualidade de Sonora?

Quanto mais salas e sistemas eu vejo na Internet, mais eu fico triste de ver algo que poderia estar tocando bem mas, só de olhar, já se sabe que não tem como.

Vendo a foto acima, são sempre erros básicos:

Acústica – Logo de começo, não me parece haver nenhuma condição acústica apreciável, onde tudo indica haver um bocado de paredes lisas e reflexivas, assim como o chão reflexivo de laminado de madeira é bem exposto – o que é uma situação acústica comum em uma residência no mundo hoje, e muito ruim para o som. Assim como não dá para saber o tamanho da sala, que pode ser muito grande para essas caixas. Infelizmente não dá para saber o resto da sala como é, mas essas parecem ser as condições: nada absorvente, tudo reflexivo.

Posição do Sistema na Sala – Aqui começa a diversão: não se gasta dinheiro de sistema audiófilo para posicioná-lo como se fosse um microsystem baratinho comprado em oferta, do tipo que se põe em um aparador em quarto de adolescente. Não se deixa as caixas tão juntas uma da outra, não se deixa elas tão para trás no móvel próximas à parede ao fundo, e não se deixa elas sem angulação – ainda que ligeira – na direção do ouvinte. E nunca se deixa elas no mesmo móvel, para não dizer na mesma prateleira que um toca-discos de vinil, que é um aparelho intensamente sensível a vibrações mecânicas, e que nesse caso tem seu som muito piorado pelas vibrações das caixas.

Posição do Ouvinte na Sala – Essa, se existir nesse contexto todo errado da foto, teria que ser sentando-se em uma banqueta alta de bar, com a barriga a 40cm da frente desse armário onde está o som. Me parece claro que não está assim – mas mesmo que estivesse, não tocaria bem por causa de várias outras questões.

O que se ouve nessa sala acima, da foto? Um ‘Equilíbrio’ Tonal bagunçado, ruim, sujo, embolado, encaixotado. Zero de palco, sem recorte em nada, sem arejamento, sem largura alguma. Uma porcaria completa, na verdade – e não melhor do que um microsystem, em matéria de qualidade sonora.

Solução? Arrumar um par de pedestais – não são caros – e por as caixas em cima deles e eles aos lados desse móvel. Afastar cada pedestal de cada lado do móvel em uns 4 ou 5 dedos para os lados – e um palmo para frente, de maneira que as caixas não fiquem com o móvel ‘entre elas’ ou faceando. Angular as caixas uns 15 graus em direção ao ponto melhor de audição, que é perfazendo um triângulo equilátero com as caixas acústicas (se as caixas estiverem com um distância, por exemplo, de 2 metros entre elas, você senta para ouví-las a 2 metros de distância de cada uma delas, ou seja, em triângulo equilátero). Simples. Ou seja, o dono da sala e sistema da foto, praticamente não ouve nada do que o seu sistema tem a oferecer em matéria de qualidade sonora, porque não quer.

Me perguntaram porque estou escrevendo esta série de artigos – e o intuito é puramente educacional, de ajudar as pessoas a perceberem que, sobre esses sistemas aqui mostrados, não há a menor maneira em todo o universo deles tocarem minimamente bem! E a quantidade de pessoas que não sabem utilizar seus sistemas corretamente, e assim extrair a melhor qualidade de som, é inacreditável.

Tendo uma mãe que foi professora – e vários amigos e amigas da nobre profissão – sempre me lembro que a fixação de conceitos e ideias, na maioria das vezes, vêm através da repetição. E repetição. E mais repetição.

E, claro, a maior e quase única ferramenta a ser usada nesse ajuste, são os ouvidos – que muita gente se recusa a usar, infelizmente.

Obter um melhor resultado sonoro – e isso todos nós queremos – às vezes só demanda um pouco de trabalho, e quase nenhum custo significativo. Não fazer isso, é desperdício de dinheiro.

Tem dúvidas em relação à sua sala e à utilização de seu sistema? Entre em contato conosco pelo e-mail: christian@clubedoaudio.com.br.