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CABO DIGITAL KIMBER KABLE ILLUMINATIONS D-60

Fernando Andrette

Não tenho certeza absoluta, mas acredito que esse seja o cabo digital mais longevo ainda em produção da história do áudio hi-end!

De cabeça, não lembro de nenhum outro cabo que tenha atravessado o século e ainda hoje desperte a curiosidade e faça a alegria de tantos audiófilos.

Eu tive esse cabo em meu sistema de 1996 até 1999, e não imaginaria que em 2023 estaria testando-o novamente.
Como se trata de uma Edição Especial de Aniversário, achei que valeria fazer um teste de algum produto ainda em linha, revisitá-lo, e compartilhar nossas impressões com todos vocês.

E o que começou como curiosidade, se tornou muito instrutivo e revelador!

Lembro que ao receber o Illuminations para teste, abri a embalagem de veludo azul e me deparei com um cabo coberto com uma capa leitosa rígida e plugs simples e leves, e pensei: o que será que esse cabo tem de tão especial para ser o cabo digital de tantos revisores críticos de áudio como: Robert Harley, Jonathan Scull, Wes Phillips, Robert Reina e tantos outros. E a resposta veio assim que o liguei entre o meu transporte da Pink Triangle e o seu DAC o DaCapo – sua sonoridade humanizada!

Ele tinha a capacidade de ‘domar’ parte da dureza inicial existente no digital, que aos ouvidos referenciados pelo analógico eram quase que insuportáveis!

Deve ser estranho para o nosso leitor com menos de 30 anos de idade, ler essa frase e imaginar que um dia o digital soou muito mais duro, brilhante e pouco natural! E, no entanto, foi assim mesmo.

E o D-60 veio amenizar esses defeitos como nenhum outro cabo digital havia feito.

Lembro que os comentários a respeito do D-60 eram sempre muito similares, com conclusões consistentes na melhoria das bordas do invólucro harmônico, maior arejamento com planos mais bem definidos e palcos muito mais generosos!

Lembro de não só constatar todas essas qualidades, como também observar que no meu setup digital os agudos ganharam maior extensão sem, no entanto, introduzir um brilho ainda maior (o que era muito comum em diversos cabos digitais da época). Esse detalhe foi suficiente para eu o usar por três anos como nosso cabo coaxial de referência.

Então, quando soube pela Mediagear que o cabo não só ainda estava em produção, como poderiam nos enviar um para esta Edição de Aniversário, não pensei duas vezes e solicitei um exemplar.

O que mantém esse cabo em fabricação tem uma única explicação: qualidade de produção e de matéria-prima! Trata-se de um condutor central de núcleo sólido de prata para uma melhor condutividade. Também com uma blindagem de prata pura de camada dupla, ligada circunferencialmente ao invólucro do conector para imunidade absoluta de ruído. Uma capa protetora de PTFE semicondutivo evita que todo ruído externo interfira no caminho do sinal, ruídos gerados por vibrações mecânicas que podem contaminar o sinal digital.

Sua impedância é de 75 ohms, rigidamente controlada. Os terminais podem ser BNC ou RCA Kimber, ou versão WBT 0102.

Até a caixa de veludo é similar, porém agora é preta e não azul!

Para o teste utilizamos todo o nosso arsenal disponível no momento como: Transporte Roksan Atessa, CD-Player Arcam como transporte (leia Teste 2 nesta edição), CD-Player Line Magnetic como transporte, Transporte Nagra, streamer Innuos ZENmini Mk3, e TUBE DAC Nagra.

A única pergunta em minha mente era: é um cabo ainda em alto nível de competição?

E a resposta foi um grande SIM, meu amigo.

O que me levou a única conclusão possível, e que certamente é a mesma da Kimber para o manter por tanto tempo em produção: o problema não era com ele, e sim com os ‘protagonistas’ da época!

E antes que você comece a elucubrar perguntas como: mas se ele arrumava os defeitos, sem esses defeitos como ele soa?

Simplesmente correto, desde que a eletrônica e as mídias atuais possuam o mínimo de acerto. Sem arestas para corrigir, ele está livre para mostrar o quanto ainda é de alto nível.

Quando reli minhas anotações da época do primeiro teste, me lembro que ao ouvir esse mesmo cabo em diferentes digitais, foi audível o quanto cada equipamento se beneficiava de sua participação. Ainda que em vários as melhoras fossem muito pontuais.

Também fiz uma longa observação das suas mudanças no período de queima, que só estabilizou com 250 horas! E agora um pouco menos de 180 horas!

Será que é o mesmo cabo, ou a Kimber fez ao longo dos anos sutis alterações no processo de montagem, solda, matéria prima? Eles não falam, então essa será uma pergunta sem resposta.

No entanto, o que importa é que o D-60 continua a ser uma excelente opção para quem necessita de um cabo digital de alto nível, principalmente para ’domar’ as imperfeições ainda existentes no streamer.

Coincidência? Claro que não.

Com ele, o streamer ganhou maior profundidade (o mesmo que ocorria lá atrás), maior arejamento sem colocar brilho (idem) e timbres mais naturais (graças ao seu silêncio de fundo e riqueza na reprodução do invólucro harmônico). O mesmo foi possível observar usando os dois CD-Players como transporte (Line Magnetic e Arcam), além do próprio Transporte Roksan Atessa.

E quando ligado no nosso setup de referência – Transporte Nagra e TUBE DAC – soou lindamente em todos os quesitos de nossa Metodologia.

CONCLUSÃO

Não irei descrever quesito por quesito, pois se trata de uma reavaliação de um produto já testado por nós há mais de 25 anos!

E que, incrivelmente, com ‘protagonistas’ melhores continua contracenando em altíssimo nível!

Se você necessita de um cabo digital coaxial, seja para ligar seu streamer a um DAC externo, ou usar um transporte conectado a um DAC, o Kimber Illuminations D-60 continua sendo uma excelente opção.

Mérito de um fabricante de ponta que tem expertise suficiente para saber a hora em que uma geração deve ser substituída.

Esse não é o caso, evidentemente do D-60. Longa vida a esse ‘lapidador’ de equipamentos digitais!

Para sistemas até 95 pontos, o D-60 pode ser a opção com a melhor relação custo/performance, ainda hoje!

Nota: 98,0
AVMAG #295
Mediagear
contato@mediagear.com.br
(16) 3621.7699
R$ 2.980 (1m com terminal RCA Kimber)

CABO DIGITAL COAXIAL VIRTUAL REALITY LINHA ARGENTUM

Fernando Andrette

Depois da bela surpresa com o USB dessa nova linha Argentum da Virtual Reality, eis que testamos por longos cinco meses a versão coaxial.

Queria ter em mãos um Streamer em que a saída coaxial estivesse no mesmo nível que a USB, que não é o caso infelizmente do meu Innuos ZENmini MkIII. A razão de desejar tanto ter essa possibilidade, é pelo fato que me daria uma maior ‘segurança’ ao fechar a nota desse excelente cabo digital.

Mas como isso não foi possível, fui pelas vias de comparar o cabo em teste inserido em nosso Sistema de Referência, em relação ao nosso cabo digital também de referência.

É bem mais trabalhoso? Certamente que sim, pois temos que passar as oitenta faixas em ambos e anotar cada diferença audível entre os cabos até montar a planilha final de notas para cada quesito de nossa Metodologia.

Para muitos, um cabo digital coaxial não pode ter tantas diferenças assim. OK! Se você faz parte dessa galera que não escuta diferenças entre cabos, nem perca tempo em ler esse teste. Pois pagar quase 1700 reais por um cabo digital pode parecer absurdo para você!

Mas para os que levam a sério a escolha e importância de um cabo que irá transmitir justamente o sinal da fonte, o sinal mais importante para o restante da cadeia na reprodução eletrônica, leia com bastante atenção este teste.
Pois vocês sabem que um cabo digital pode tranquilamente ir de 100 a 10 mil dólares num piscar de olhos!

A linha Argentum é a nova série top de linha desse fabricante nacional, que desde o seu primeiro cabo se posicionou no mercado de maneira bem interessante e ousada.

E está conseguindo, como diz o ditado popular: ‘comer pelas beiradas’. Pelo que tenho visto, essa estratégia boca-a-boca está dando resultados, e a Virtual Reality vem ganhando admiração e respeito junto ao consumidor audiófilo. Com produtos de excelente custo/performance, muito bem acabados, e com um grau de compatibilidade surpreendente.

Eu mesmo utilizo tanto o cabo de caixa Trançado para queima de caixas e teste final de sonofletores até 90 pontos, e o cabo USB para streamer Estado da Arte até 100 pontos! E sua compatibilidade e sua assinatura sônica me convenceram que se trata de uma marca que veio para ficar definitivamente no mercado.

O coaxial digital Argentum utiliza condutores de sinal em prata sólida, para manter a integridade do sinal. Com dielétrico de polietileno expandido minimizando a capacitância e garantindo a estabilidade da impedância. Sua blindagem é dupla, com malha de cobre mais filme de alumínio/mylar com melhor rejeição de interferência EMI/RFI, com conexão apenas no lado da fonte do sinal. E os terminais são conectores Cardas banhados em prata, com um excelente contato.

O enviado para teste tinha 1 metro, cujo valor é de 1.682 reais. O fabricante indica que maiores metragens podem ser conectadas com adições de 50 cm.

Para o teste, utilizamos ele ligado na saída digital do player Arcam SA50, no transporte Roksan Atessa, e no transporte CD Nagra. Os DACs utilizados foram o Gold Note DS-10, Nagra TUBE DAC, e Merason DAC1 MkII (leia Teste 1 nesta edição).
Muitos de vocês abandonaram o uso de mídia física, então este é o tipo de cabo sem nenhum valor atual. No entanto, aos que resistiram ao ‘canto da sereia’ e não fizeram a alegria dos sebos ao se desfazer de seus CDs, um cabo digital/coaxial é um acessório indispensável!

E se você escuta diferenças entre cabos digitais e possui um bom DAC, esse cabo pode ser exatamente o que você está procurando.

A primeira coisa que avalio em um cabo totalmente amaciado, é seu grau de compatibilidade com o maior número possível de equipamentos disponíveis no momento do teste. A segunda etapa é saber em que patamar esse cabo se insere e, por último, o seu limite de teto em termos de performance.

O Argentum mostrou-se muito à vontade com os três transportes e com os três DACs. Mas ele se mostrou, em termos de performance, muito mais bem casado com o DAC DS-10. Com o Merason e o TUBE DAC, conversores de mais alto nível, foi possível com nossa referência observar o que lhe faltou para galgar mais alguns degraus.

O que sempre faço questão de lembrar a todos, é que os cabos usados de referência pela revista estão acima de 105 pontos, com alguns chegando a 110 pontos – e que custam de 8 a 10 vezes mais que o Virtual Reality. Então é preciso sempre ter em mente do que estamos falando, e em qual patamar o produto se situa.

O que para mim é bem mais relevante é saber é: existem outros cabos similares em preço que atingiram essa pontuação que o Argentum atingiu?

E posso garantir que vai ser bem complicado achar um cabo digital de 350 dólares (convertendo seu preço atual ao dólar a 5 reais), que toque como ele e tenha um acabamento tão primoroso e tão alta compatibilidade.

Fazendo esses adendos importantes, voltemos ao teste.

Digo sempre a todos que me pedem sugestões de cabos, que atualmente desconheço, fabricantes idôneos que cometam o erro de ter em linha cabos ‘tortos’ no equilíbrio tonal.

Essa época felizmente já acabou!

“Então o que devemos ouvir Andrette, desembucha logo!”

A grande diferença dos cabos bem feitos está no grau de refinamento de cada um dos quesitos da Metodologia, e que muitas vezes é necessário dias para se ‘mapear’ todas essas diferenças. Exemplos: o Argentum tem um excelente equilíbrio tonal, não lhe falta nada e ele não turbina nada também. Graves extremamente corretos, médios muito naturais e com um grau de transparência difícil de encontrar nessa faixa de preço.

Seus agudos possuem boa extensão, corpo, velocidade e decaimento suave. Então, se o audiófilo for avaliar esse cabo com inúmeros outros de preços distintos, será uma tarefa bastante ingrata escolher qual, em equilíbrio tonal, é superior.

Lembre-se que na nossa Metodologia todos os quesitos estão interligados, então podemos ir ‘mensurando’ o patamar do cabo, radiografando os outros quesitos, e aí que podemos começar a entender e ouvir o grau de refinamento de cada cabo.

Quanto mais estendido for o agudo, mais fácil será nossa percepção das ambiências de cada gravação. Quando um cabo tende a deixar salas com uma ambiência mais homogênea, como se todos tivessem o mesmo tamanho e tempo de decaimento idêntico, sabemos que os agudos, por melhor extensão que pareçam ter, na verdade lhes falta aquele “Q” a mais!

O mesmo se repete ao avaliar as Texturas, quando temos dificuldade em acompanhar cada linha de instrumento sem esforço, ou dificuldade em observar certas nuances da qualidade do músico ou do instrumento, entendemos que o equilíbrio tonal deveria ser ainda mais bem lapidado.

São exemplos que você só irá amadurecer através de exercício auditivo recorrente, sempre com as mesmas gravações de alto nível, e com um setup realmente correto e muito bem ajustado.

Do contrário, será apenas um labirinto de ‘achismos’ sem fim.

Por isso que insisto em todos os nossos artigos: não se pode chegar à conclusão consistente nenhuma se olharmos apenas para um único ponto que nos agrada. Ou aprendemos a ouvir o todo ou não temos Metodologia. E sem Metodologia, sem Referência, somos ‘presa fácil’ do mercado, pois estaremos sempre correndo atrás do pote de ouro no fim do arco íris!

Voltemos ao cabo Argentum. Pela sua pontuação final, ele é um cabo que exige muito mais das avaliações auditivas, para definir seu teto de performance. Pois sua base de apoio (equilíbrio tonal) é bem alta.

Sua apresentação de soundstage idem, com ótimo foco, recorte, planos e uma imagem 3D bem convincente. Em relação aos nossos cabos de referência, falta ao Argentum maior profundidade, maior respiro entre os naipes em música sinfônica e uma apresentação mais precisa das salas de gravação. Mas isso, quando colocado no nosso setup de referência com os nossos cabos muito mais caros.

Pois quando ligado ao transporte da Roksan Atessa, com o DAC DS-10, o resultado em todos os quesitos foi notável!
As texturas são muito bem apresentadas, com enorme facilidade para acompanhar cada instrumento e observar com precisão todas as intencionalidades.

Gostei muito da apresentação dos transientes, com forte marcação de tempo e ritmo, sendo um convite à dança ou acompanhar com os pés.

A intensidade dinâmica é correta, tanto na apresentação da micro como da macro. Creio que isso se deva ao excelente trabalho de silêncio de fundo do cabo, tão crucial nos cabos digitais.

O corpo é fidedigno ao que foi captado e mixado, não podendo se culpar nenhum cabo digital corretamente construído se o corpo não for do tamanho que temos na mesma versão em analógico (para mais informações leia meu Opinião deste mês).

E, finalmente, a materialização física ocorrerá nas gravações excepcionais.

CONCLUSÃO

Se você possui um setup digital em que necessite de um cabo de até 100 pontos para acompanhar a eletrônica, ou pensa em já ter um cabo nessa pontuação para futuros upgrades no transporte ou no DAC, o Virtual Reality Argentum, pelo que custa, deve encabeçar qualquer lista!

Notavelmente coerente e cuidadosamente fabricado, buscando exatamente atender o andar de cima composto por sistemas mais refinados e finais!

Mais uma vez a Virtual Reality surpreende ao oferecer um cabo de excelente nível, e o mais importante: de um valor muito bom!

Nota: 100,0
AVMAG #300
Virtual Reality
contato@vrcables.com.br
(12) 99147.7504
Preço de 1 metro: R$ 1.680

CABO ETHERNET STRAVAGANZA DA SUNRISE LAB

Fernando Andrette

Testar cabos não é nenhuma novidade nos nossos 27 anos de vida. Publicamos centenas de avaliações nesse período, desde cabos de algumas dezenas de dólares até cabos de muitos milhares de dólares.

E esse é um segmento com um número de ofertas e opções impossível de se cobrir como deveria. Por dois motivos: sermos uma nação periférica no áudio hi-end, e pela velocidade com que novos fabricantes chegam ao mercado.
Porém, de vez em quando algum fabricante nos contacta, como foi o caso da Dynamique Audio, e nos pede ajuda para conseguir um parceiro comercial e fazemos essa ponte, e outras vezes não conseguimos.

Acho também que existe um terceiro elemento novo nesse quadro, que é justamente a capacidade com que os fabricantes nacionais de cabos estão começando a se impor e brigar fortemente por uma maior fatia de mercado. Isso é muito bom, e particularmente torço para que essa ‘realidade’ ganhe cada vez mais notoriedade.

Apesar de termos testado inúmeros cabos hi-end de força, interconexão, digital, caixa, USB, HDMI, nossa experiência com cabos Ethernet é uma nova realidade. Ouvi alguns para montar nosso streamer, e alguns comprei diretamente fora – todos na faixa de até 200 dólares – e confesso que de tudo que ouvi, minhas conclusões sempre foram limitadas.
Por dois fatores: nosso streamer de referência ser um Innuos de entrada, e o número de produtos testados até o momento ser bastante limitados. Então, na busca de um cabo Ethernet que nos atendesse, o escolhido foi o da Transparent Audio Reference. Um cabo barato, bem construído e que se mostrou, nos quesitos da Metodologia, equilibrado e neutro o suficiente para podermos testar streamers, dos de entrada até os mais top, como o Statement da própria Innuos, e o dCS Bartok Apex.

Na verdade, meu foco, à medida que os streamers foram chegando para teste, foi buscar cabos USB de referência, para não correr o risco de estar limitado por um cabo em um teste com um produto mais top. Então ouvi uma dezena de opções existentes no mercado, e optei por dois modelos o Kubala Realization, e o da Virtual Reality, testado na edição 297, ambos me atendem a todas as demandas atuais e gosto imensamente de suas qualidades.

O que mais noto nos cabos USB que avaliei é que todos, com raras exceções, têm uma tendência a ter pouca profundidade e soarem ‘congestionados’ em gravações repletas de informações simultâneas. E ambos os escolhidos, fogem dessa regra de maneira exemplar!

Nunca havia pensado que talvez a culpa não fosse apenas do cabo USB, que talvez o cabo de rede Ethernet pudesse ter uma parcela de culpa nesse comportamento auditivo.

E essa ficha só caiu quando passei a usar o Reference Ethernet da Transparent, e consegui detectar que outros cabos USB bem construídos que haviam passado pela nossa sala, deveriam receber uma segunda chance de avaliação.
Pretendo fazer o mais breve possível essas reavaliações, e no futuro compartilhar com vocês essas observações.

O que posso adiantar é que a escolha de um cabo USB e de um Ethernet, terão maior consistência se forem casados e com uma assinatura sônica muito semelhante. E se você, leitor, usar dessa estratégia em sua busca por uma melhora em seu streamer, a recompensa auditiva desse esforço pode ser bem consistente e prazerosa.

Como sempre escrevo: “o inimigo do bom é sempre o ótimo”. E no caso do teste do cabo Ethernet Stravaganza da Sunrise Lab, ele veio para ‘balançar o coreto’ e colocar os ‘pingos nos is’ de maneira categórica!

O principal obstáculo de qualquer cabo de rede é o de manter a ‘integridade do sinal’, às vezes por metros e mais metros de cabos, com uma constância na velocidade de tráfego de dados, corrigindo pequenas perdas para que, ao passar do streamer para o cabo USB até o DAC, este não tenha que adivinhar que bit deve compor aquela informação crucial.

Tudo isso se traduz na prática em uma melhora na precisão do andamento musical, pulsação rítmica mais correta, uma dinâmica mais verossímil à captada na gravação, e timbres e melhor equilíbrio tonal. Ou seja, o problema começa no cabo Ethernet, entra no streamer, sai pelo cabo USB, e entra no DAC, e essas informações precisam estar íntegras de uma ponta a outra. Para o objetivista, é como descascar banana: basta um cabo de rede de boa construção, classificado no padrão CAT7A, e os bits 0 ou 1 se encarregam de fazer o resto.

Para os que escutam diferenças, não é bem assim, e ter cabos de rede pensados para tramitação do sinal digital de maneira adequada, podem ser a diferença da água para o vinho!

O novo cabo Stravaganza da Sunrise Lab, utiliza um encordoamento híbrido, com 4 pares trançados com geometria proprietária variável, de cobre puro. Os conectores de cobre são banhados a ouro, e seu diâmetro total é de 9mm. Para se chegar a esse resultado, foram três anos de pesquisa e desenvolvimento.

Para o desenvolvimento, a Sunrise Lab foi buscar estudos acadêmicos de fontes como ANSI/TIA e GHMT sobre interferência eletromagnéticas, perda de eficiência por isolamento mecânico em uso PEOE. Desse estudo acadêmico surgiram três caminhos distintos, e o resultado central desses caminhos foi a descoberta da ‘geometria variável’ capaz de atenuar e até eliminar algumas interferências, sem perder a integridade do sinal.

Outra qualidade da geometria variável (segundo o fabricante) é a constância na velocidade do tráfego de dados, minimizando o esforço do Streamer em corrigir perdas.

Eu fui um dos ‘Deltas’ escolhidos para ouvir as três versões finais, e fiquei com eles tempo suficiente para perceber o quanto eram diferentes entre si, sem perder a identidade sônica de um ótimo equilíbrio tonal, transientes e dinâmica, muito superiores ao nosso cabo de rede de referência! O que os diferenciava era justamente o silêncio de fundo, e a maneira de gerenciar e organizar a música à nossa frente. Sendo que o escolhido o fazia com tanta maestria e consistência, que elevou até mesmo o meu ZENmini Mk3 para um degrau acima!

Para o teste utilizamos os streamers do dCS Bartok Apex, Innuos ZENmini Mk3, e do Gold Note DS-10. Todos os três ligados ao nosso Sistema de Referência, para facilitar as conclusões e, no caso do Innuos, utilizamos os conversores Nagra TUBE DAC e o Merason DAC1 Mk2 (leia teste na edição de outubro) usando os cabos USB da Kubala-Sosna e da Virtual Reality.

A comparação cabo a cabo foi o tempo todo com o nosso cabo de ethernet, o Transparent Reference.

É notório como o Stravaganza organiza a música, dando a profundidade que tanto falta em inúmeros streamers, e como ele parece mais preciso em termos de andamento e nas variações dinâmicas.

Em relação ao equilíbrio tonal, ambos (ele o Reference) são muito corretos, mas como seu soundstage é em tudo superior ao Reference, as ambiências são muito mais ricas, não só em nos mostrar os tamanhos das salas, como as diferenças usadas em vozes e instrumentos em reverberações digitais. Tudo isso, meu amigo, se traduz em maior conforto auditivo e em uma leitura mais próxima do que ouço nas mídias físicas em nossa sala.

CONCLUSÃO

Se você já se decidiu por um streamer, e deseja extrair o máximo deste setup, indico uma audição com esse cabo de rede da Sunrise Lab. Ele pode ser um degrau acima no ajuste fino de seu sistema.

Seu grau de compatibilidade com os três streamers utilizados foi excelente, possibilitando a todos mostrarem o patamar que se encontram. O custo desse upgrade é irrisório pelos benefícios que ele proporciona auditivamente.

Altamente recomendado, e certamente Produto do Ano, com direito a Selo de Referência!

AVMAG #299
Sunrise Lab

contato@sunriselab.com.br
(11) 5594.8172
1,2 m – R$ 3.300
2 m – R$ 4.000
Até 3 m – R$ 5.000

CABO USB ARGENTUM DA VIRTUAL REALITY

Fernando Andrette

Com a explosão do streamer, os fabricantes de cabos estão simplesmente sorrindo de orelha a orelha com a venda de cabos USB e Ethernet.

Tenho escutado muitos cabos USB nos últimos 4 anos, e confesso que minha impressão é que existem dois grupos bem definidos: os que transmitem o sinal de maneira correta e muito similares em termos de performance, e alguns poucos que se destacam na multidão.

Desses que se destacam, até eu testar o Argentum da Virtual Reality, passavam de 500 dólares, todos!

Então, foi muito agradável ser mais uma vez surpreendido pelo Ebert Goulart, o projetista da Virtual Reality, com o envio de sua nova linha de Referência, e encontrar essa preciosidade de menos de 500 dólares!

Eu já escrevi que o cabo de caixa Trançado é uma de nossas Referências para testar caixas de até 98 pontos, e continuo achando-o com uma relação custo/performance imbatível, e que coloca a ‘nocaute’ inúmeros cabos de caixas muito mais caros.

Então, pelo menos dessa vez, não fui pego de surpresa quando comecei a ouvir o USB Argentum, e percebi que o voo aqui seria muito mais alto.

Sua construção é impecável, comprovando novamente que Ebert não só entende do que está se propondo a fazer, como tem enorme cuidado na escolha do material e acabamento de seus cabos.

Não corro risco, depois de dois meses com toda a linha Argentum em mãos, em afirmar que a Virtual Reality veio para se fixar no mercado com produtos que irão ‘ombrear’ com marcas internacionais famosas, e conquistar uma fatia considerável desse mercado.

Pois além de sua performance, os valores finais dos seus cabos são condizentes com a nossa realidade.

O USB Argentum, segundo o fabricante, é um par de fio em prata sólido, para possibilitar uma largura de banda de transmissão aumentada, para uma total integridade do sinal digital. Utiliza dielétrico de polietileno expandido que minimiza a capacitância, e garante a estabilidade necessária da impedância para uma transmissão íntegra do sinal.

A blindagem é dupla com malha de cobre, mais filme de alumínio/mylar, para melhor rejeição de interferência EMI/RFI. O par de alimentação em cobre vem com bitola maximizada para melhor disponibilidade de energia por todos os equipamentos que utilizam o USB.

Conectores com contatos banhados a ouro, para uma maior durabilidade e para evitar oxidação, e o corpo dos conectores em alumínio. As opções são de 50 cm, 60 cm, 80 cm, 1 m e 1,5 m. A amostra enviada para teste foi de 1 m, que custa para o consumidor final menos de 1700 reais!

Para o teste, utilizamos o Innuos ZENmini Mk3 com fonte externa, nossa Referência.

O interessado na aquisição desse USB, terá que ter a paciência de esperar o completo amaciamento de 50 horas, para desfrutar de todos os seus inúmeros encantos! Pois quando se coloca zerado, ainda que se perceba inúmeras de suas qualidades, como um equilíbrio tonal estupendo, velocidade, silêncio de fundo, corpo harmônico, dinâmica, ele carece de total profundidade. Parecendo que tudo soa em 2D – algo que, na maioria dos streamers, já é um problema a ser corrigido, e com o Argentum zerado essa limitação é colocada em primeiro plano.

Para quem não acredita em amaciamento, irá cometer enorme injustiça ao devolver o cabo sem esperar que seja amaciado.

Como não é nosso caso, pois sabemos o quanto é importante o amaciamento também de cabos, fomos ouvindo as qualidades e esperando que a profundidade surgisse. E quando surgiu (primeiro apenas nas melhores gravações de música clássica) com quase 40 horas, vimos que era uma questão de mais algumas horas para tudo se encaixar e mostrar o nível desse USB.

Sugiro que os futuros donos desse belo cabo não deixem de acompanhar as evoluções diárias, pois elas são uma prova do quanto o burn-in é importante antes de sairmos julgando componentes.

Pois tirando a falta de profundidade inicial, todo o resto já está em altíssimo nível!

Equilíbrio tonal impecável com graves desde a fundação (primeira oitava) corretos, com a energia, corpo e velocidade, médios detalhados e de uma naturalidade sedutora, e agudos com belíssima extensão e decaimento correto (veja que não disse suave e sim correto, só possível em gravações em que o engenheiro teve o cuidado em captar a ambiência e preservar na mixagem e masterização).

Como eu sei que determinado equipamento possui o decaimento correto?

Ouvindo nossas gravações, pois não usamos na sala do Teatro Alpha nenhum tipo de reverberação digital!

As texturas com um equilíbrio tonal tão correto, são também reproduzidas impecavelmente, possibilitando o acompanhamento de cada linha melódica sem esforço, e observar a qualidade dos instrumentos, a técnica dos músicos e as ‘intencionalidades’ (leia meu Opinião neste mês descrevendo o quesito Textura).

Transientes precisos em ritmo, tempo e andamento, fazendo com que a música sempre pulse e se mostre viva, e não letárgica ou arrastada!

Dinâmica, tanto macro como micro impactantes sem, no entanto, se tornarem pirotecnia (nada de um cofre de uma tonelada caindo no meio de suas pernas, rs)!

O corpo harmônico, uma das limitações ainda presentes no streamer, foi reproduzido como ouvimos em nosso cabo USB de Referência da Kubala Sosna (que custa 10 vezes mais!).

E a materialização física, nas melhores gravações, foi o que o streamer pode fazer no seu melhor neste momento (não nos coloca entre os músicos, mas os materializa à nossa frente).

CONCLUSÃO

Acredito que o novo cabo USB da Virtual Reality será uma nova referência no mercado, pois consegue a façanha de ter preço dos cabos ‘mais realistas’ do mercado, porém com uma performance do nível dos melhores USB top importados.

Um feito que o transforma na melhor opção de cabo USB para sistemas Estado da Arte, nesse momento!

Se você está procurando um cabo USB de alto nível para o seu setup, não ouvir o Virtual Reality Argentum será um erro
imperdoável!

Nota: 103,0
AVMAG #297
Virtual Reality
contato@vrcables.com.br
(12) 99147-7504
50 cm – R$ 1.082,00
60 cm – R$ 1.202,00
80 cm – R$ 1.442,00
1 m – R$ 1.682,00
1,5 m – R$ 2.282,00

CABO DE CAIXA OYAIDE OR-800 ADVANCE

Fernando Andrette

Gosto dos fabricantes de cabos que conseguem manter produtos em linha por muitos e muitos anos.

Em um mundo tão freneticamente obcecado por novidades tecnológicas, é bom saber que alguns ainda possuem a lucidez de confiarem em seus produtos, e não caírem nessa armadilha de marketing barato e traiçoeiro.

Aprecio os que possuem a certeza que seus produtos, quando foram lançados, tinham inovações suficientes para atravessar décadas, e não se importam com os movimentos e tendências de mercado, sempre mantendo o olho no horizonte com os pés muito bem calçados no aqui e agora.

Quando audiófilos me dizem que essa ‘política’ só existe no oriente, lembro a todos que alguns excelentes fabricantes de cabos na Europa e América do Norte, também aplicam essa mesma filosofia. E dou o exemplo da Kimber Kable, que só realiza upgrades em suas séries quando realmente algo substancialmente melhor precisa ser apresentado.

Cabos bem feitos realmente podem durar uma vida! Tenho ainda em uma caixa no meu depósito inúmeros cabos dos anos 90 e virada de século, e tirando os de cobre não OFC que visivelmente mostram a deterioração com seus fios externos completamente esverdeados, os bem construídos e os que possuem prata ou ouro em sua composição e cobre OFC, tirando sua capa externa, não denunciam a passagem do tempo!

Os esverdeados eu guardo para mostrar aos participantes dos Cursos de Percepção o que a oxidação faz com eles. Tem cabos de caixa, de força, digitais e interconexão. Eles literalmente esfarelam ao contato físico. E fazem o mesmo no som, se forem teimosamente usados após o início de sua oxidação.

O problema é que nessa leva de cabos de cobre sem OFC, tem alguns cabos bem caros como os da MIT da década de 90, e outros em que o preço variava de 20 dólares o metro a 900 dólares!

Gosto de ouvir todos os meus cabos à medida que o Sistema de Referência recebe algum upgrade, para observar os que ficaram obsoletos, ou os que só ficaram realmente para trás em termos de avanços tecnológicos e de construção.

O que até um leigo pode avaliar visualmente é o quanto capas, geometria e plugs melhoraram nessa última década, e uma das empresas que investiu pesado nessa área foi a empresa japonesa Oyaide – aqui muito mais conhecida pelas suas tomadas e plugs do que pelos seus cabos de interconexão, força e caixa.

Já testei alguns cabos da linha Oyaide, e sempre me surpreendo com a qualidade de construção, seu incrível acabamento, sua performance e seu preço final.

É um pacote realmente sedutor e bastante consistente, que na minha opinião deveria ser mais valorizado por quem deseja upgrades em cabos e tomadas para uma instalação elétrica dedicada.

Passei seis meses com o cabo de caixa OR-800 Advance, e este foi ligado em 18 caixas nesse período. E a surpresa maior foi o quanto esse modelo é compatível com caixas tão diferentes em termos de preço e de assinatura.

Independentemente de você acreditar que cabo faça ou não diferença, certamente a questão valor, acabamento do produto, e longevidade de tempo de fabricação (a primeira versão é de 2004), são argumentos racionais inteligentes no momento da escolha.

E para os que acreditam que cabos fazem diferença na assinatura final do sistema, saber que existe um cabo com esse nível de compatibilidade com inúmeras caixas e amplificadores, é um argumento e tanto também na hora da escolha.

Eu cheguei a um ponto da minha vida de revisor, que se não consigo convencê-lo pelas observações que fiz ouvindo o produto, uso do arsenal de racionalização para fazê-lo compreender quando recebemos um produto que é acima da média em custo/benefício.

E o Oyaide OR-800 Advance está nessa lista mais recente.

Como disse, a primeira versão foi lançada apenas para o mercado japonês em 2004, utilizando alta pureza de cobre e uma geometria de estrutura em estrela, e se tornou um dos cabos preferidos pelo seu custo/performance dos audiófilos japoneses.

A última versão foi em 2008, com a introdução do plug banana ,e foi produzida para atender a demanda daqueles clientes que acham mais seguro e fácil de manusear o plug banana que o plug spade. Existe a crença no mercado que o plug banana é inferior ao spade – eu particularmente não tenho esse preconceito, e quando tenho pela frente conectores de caixas e amplificadores apertados e com pouco espaço para instalar e fazer o aperto manualmente, clamo por plugs banana nos cabos de caixa.

O enviado para teste foi com plug spade, no padrão de construção, polimento e acabamento Oyaide. Firme, seguro, hiper bem soldado, e feito para durar por décadas se o usuário for cuidadoso e não viver tropeçando no cabo e indo de cara ao chão.

O cabo e a geometria deste são os mesmos desde 2004. Fios muito finos de cobre OFC (Oxygen Free Copper), trançados em estrutura em estrela, evitando deformações entre os fios devido ao revestimento de esmalte UEW na superfície, com o objetivo de evitar perda de alta frequência no famoso efeito pele.

A capa, em vez de PVC tão utilizado por inúmeros fabricantes de ponta, é substituída pela poliolefina para manter sua durabilidade, e não interferir na performance da assinatura sônica (como os engenheiros da Oyaide acreditam que ocorra com o uso do PVC).

A geometria estrela, na montagem da fiação com essa capa, bloqueia o ruído externo e as ondas eletromagnéticas sem alterar a capacitância elétrica.

Também, na minha idade, aprendi que existem inúmeras maneiras de se chegar a um objetivo satisfatório, então não questiono se o fabricante A conseguiu ir mais longe que o fabricante B, lendo suas escolhas na busca do melhor resultado. Eu apenas ouço, comparo e fico muitos meses com os cabos para usá-los no maior número possível de sistemas antes de escrever minhas observações e aplicar nossa Metodologia.

Se o cabo não tiver nenhum defeito audível em termos de equilíbrio tonal, ele entrará em teste, e se o seu grau de compatibilidade for alto, ele irá ficar em avaliação até esgotarmos todas as possibilidades de conhecê-lo.

Claro que gostaria que o fabricante de cabos nos mandasse um set completo para entendermos sua ‘personalidade’ e seu nível de performance, mas aí entramos na famosa ‘condição ideal’, e essa possibilidade em nosso mercado não existe.

Foram raros os testes nos nossos 27 anos, em que recebemos o pacote completo, e quando tivemos essa chance os períodos foram muito menores (no máximo dois a três meses), então aprendi a conviver com cabos únicos e vou tateando no escuro até ver a compatibilidade dele com os nossos sets de cabos, antes de iniciar qualquer avaliação.

E se depois de tentar essa composição, não chegar a uma situação segura para avaliar, aborto o teste.

Às vezes ficamos dois meses com um cabo que simplesmente não ‘deu liga’ com o setup que tínhamos no momento. E entre cometer uma injustiça e chegar a conclusões erradas sobre o cabo, prefiro não correr esse risco.

Sei que isso é demasiadamente frustrante para o importador, mas é a única opção honesta a se tomar.

Com o Oyaide isso não ocorreu, pois ele casou com inúmeros cabos de outros fabricantes, alguns cabos bem mais caros, outros mais baratos, várias caixas e amplificadores e ele se mostrou muito versátil.

Vou começar pelo ponto mais negativo: sua capa é mais rígida que PVC, e mais pesada. Então aconselho em caixas book, em que o cabo irá ficar sem apoio no alto, que o contato seja firme e de tempos em tempos seja refeita essa operação. Pois o risco do cabo cair ou até ocorrer curto-circuito, existe. Agora se ele ficar em caixas colunas apoiadas no chão, não haverá problema algum.

A outra questão é de flexibilidade do cabo em espaços apertados: pois ele não é tão maleável assim. Se você tiver book e um amplificador que fica em um rack distante do chão, acima de 20 cm, a solução para esses casos se chama: Plug Banana!

Para não dar a lista completa de caixas e amplificadores usados, destaco as caixas e amplificadores que mais se beneficiaram do Oyaide. Powers Nagra HD, Elipson e Gold Note PA-10, e integrados Gold Note IS-1000, Sunrise Lab V8 Aniversário, Arcam SA30, Line Magnetic LM-805iA (leia Teste 1 nesta edição) e Audiolab 6000. Caixas: Wharfedale Denton e Linton, Harbeth 30.2 XD, Boenicke W5, Mo-Fi SourcePoint 10, JBL L82 e L 100 Classic, Estelon YB e X Diamond Mk2.

Tonalmente é um cabo que, antes de 200 horas, tende a soar com mais ênfase nos agudos e que, ao término do amaciamento, se estabiliza integralmente. Graves corretos, precisos, com excelente deslocamento de ar e corpo.

Região média com alta resolução de micro-detalhes, transparência e boa naturalidade na apresentação de vozes e instrumentos acústicos. E agudos com ótima extensão, arejamento e decaimento bastante suave.

Diria que são nos agudos que o Oyaide se destaca na sua faixa de preço. Pois não é comum termos cabos com tão boa apresentação de ambiência e corpo nas altas nesse patamar de preço. Em todas as caixas em que ouvimos o cabo (principalmente as mais simples), esse foi um dos destaques que imediatamente chamaram nossa atenção.

Com ele no sistema, condução de pratos por exemplo se tornaram muito mais fáceis de acompanhar, assim como observar a ambiência das gravações.

Agora, se a caixa tiver um leve ‘desvio’ de tonalidade nos agudos, tendendo para o brilhante, esqueça esse cabo, pois ele irá realçar esse defeito.

Seu soundstage é muito bom em foco, recorte e na apresentação de planos. Para se ter maior profundidade no palco, ele precisará de uma ajuda da caixa, mas um set bem posicionado em que a regra do triângulo equilátero foi colocada em prática, e se a caixa possui essa habilidade, o soundstage será impressionante.

As texturas possuem uma paleta de cores ricas, permitindo acompanhar a linha de cada instrumento sem esforço adicional, e com um grau de intencionalidade muito evidente.

O Oyaide, segundo um amigo músico, ‘flui’ com desenvoltura como um exímio dançarino que domina sua arte. Cabos de caixas precisam realmente dessa leveza e fluidez para se destacarem da concorrência. Pois muitos gêneros musicais pedem essa graciosidade para mostrarem sua complexidade, como a música Barroca por exemplo. Com seu grave de marcação contínuo funcionando quase que como uma cama harmônica para os solistas com suas múltiplas linhas, se o cabo tiver dificuldade em ‘fluir’ nesse movimento de variações dinâmicas mais para o sutil, fica uma apresentação inteiramente burocrática e sem apelo emocional (olha de novo a intencionalidade).

Quando nossos leitores nos perguntam exemplos para detectar se o sistema está correto tonalmente e com uma apresentação de texturas envolvente, a primeira escolha que me vem à mente são gravações de música barroca. Pois esse gênero exige demais do equilíbrio tonal, das texturas e dos transientes (principalmente se a obra tiver o uso do instrumento Cravo).

E o que percebo é que muitos audiófilos fogem desse estilo, pois sabem que os agudos em sistemas desajustados tendem a soar duros, gritantes. Os médios quando o tema está em uníssono, pulam para frente, e os graves costumam fazer o ‘nado dos golfinhos’ (emergir e submergir).

Raramente ouvi em nossos Hi-End Shows, expositores tocando música barroca em seus sistemas, pois é um perigo constante para o equilíbrio tonal de qualquer setup.

Os transientes do Oyaide são excelentes, permitindo acompanhar com gosto o tempo e o ritmo, sem esforço ou perda de interesse no que estamos ouvindo.

A dinâmica, para ser um cabo top, falta aquele último degrau de apresentação das escalas entre o pianíssimo e o fortíssimo, tendendo a fazer ‘atalhos’. Como podemos saber que isso ocorre? Ouvindo saltos dinâmicos: o cabo que consegue ser fidedigno, não irá embolar ou deixar essa passagem difusa. Pelo contrário, irá nos mostrar como se conseguiu aquele efeito de impacto grandioso.

A música clássica tem exemplos magníficos para ouvir e compreender como os sistemas com limitações dinâmicas resolvem essas passagens. Os melhores resolvem essas passagens com tamanha folga que, se estamos acostumados apenas a ouvir que a passagem saiu do ponto A e chegou no ponto F – como se fosse algo parecido com um salto – só pode aceitar isso se não tiver vivência de música ao vivo. Pois se tiver, sabe o esforço que é executar esses saltos dinâmicos escritos na partitura.

Digamos que o Oyaide se esforça para fazê-lo sem ficar exaurido.

Auditivamente, nos cabos superlativos em equipamentos do mesmo nível, essas passagens entre o ponto A e F são perfeitamente audíveis, mostrando o quanto foi bem executado ou não pela orquestra.

Nos cabos com maior dificuldade, não temos sequer tempo para saber o que realmente aconteceu!

Percebe a diferença amigo leitor?

Quanto à micro-dinâmica ele volta a ser um exemplo em sua categoria!

O corpo harmônico é excelente, permitindo termos uma ideia clara do tamanho real dos instrumentos, e poder ouvir a diferença entre uma gravação analógica e digital da mesma obra.

O digital ainda vai chegar lá e o streamer, como diz o querido amigo e colaborador Christian, ainda “precisa comer muito feijão” para encostar na mídia física digital!

A organicidade também foi uma bela surpresa, pois muitas gravações de bom nível técnico nos permitiram apreciar a música como se eles estivessem à nossa frente.

Musicalmente, diria que ainda que o Oyaide não seja um cabo neutro, ele também não insere sua assinatura de maneira contundente. Pois quando um cabo tem esse comportamento, seu grau de compatibilidade com a eletrônica e as caixas é evidentemente menor.

Mas ele tem sim uma assinatura tendendo sutilmente para ser mais aberto nas altas frequências. Portanto, será preciso saber o quanto a sala, o setup e as caixas já não têm essa característica. Pois se tiverem, pode haver problemas.

Por outro lado, em salas mais secas com tapetes grossos, cortinas e muitos móveis absorventes, e caixas em que os agudos poderiam soar com mais ar e um melhor decaimento, esse cabo deveria ser ouvido.

Como disse logo no começo do teste, gosto de fabricantes que acreditam em seus produtos e os mantém por longos períodos sem modificações, mostrando o alto grau qualidade e o quanto eles ainda são competitivos.

Se você busca um cabo muito bem construído, acabado e feito por mais de uma década sem alterações, esse Oyaide OR-800 Advance merece uma chance em seu sistema.

Nota: 92,0
AVMAG #298
KW Hi-Fi
fernando@kwhifi.com.br
(11) 95442.0855 / (48) 3236.3385
R$ 3.480

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