Influência Vintage: AMPLIFICADOR INTEGRADO MARANTZ MODEL 1030

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Equipamentos Vintage que fazem parte da história do Áudio

O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’, safra, sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para designar algo antigo.

Nesta série de artigos abordamos equipamentos vintage importantes, e que influenciam audiófilos até hoje!

MADE IN JAPAN

O Japão, em equipamentos de som, começou a ‘nadar de braçada’ no mundo inteiro, a partir do final da década de 60, até a década de 90. Era sinônimo de boa construção, qualidade excelente (quando bem selecionado pelos melhores ouvidos, pelas marcas mais convincentes, e pelo ‘boca-a-boca’), e pelos preços bastante razoáveis, o que ajudou a popularizar o aparelho de som em todos os lares.

Os sistemas de som chamados de ‘consumer’ – ou seja, para todos – foram durante a maior parte desse tempo, modulares, com amplificador, toca-discos de vinil, caixas acústicas e tape-decks separados. Era isso o que todo mundo tinha, e com possibilidades infinitas de upgrade, só limitados pelo bolso do comprador.

Uma das marcas mais famosas dessa época era a Marantz – sendo que seus receivers, amplificadores e toca-discos de vinil ainda são, hoje, cobiçados e valorizados.

O ‘CONSOLE STEREO AMPLIFIER’ MARANTZ MODEL 1030

Se existe uma regra interessante que rege amplificações, é a que diz que o menor caminho de sinal terá menos interferências, menos alterações e menos perda (do dito sinal) e, portanto, maior qualidade sonora. Isso é uma regra aplicada com afinco, nos últimos 20 anos da audiofilia.

Gabinete de metal

Mas, na era vintage dos equipamentos de som- tirando alguns poucos aparelhos feitos para um diminuto nicho de audiófilos – você só ia encontrar esse tipo de caminho mais curto, ou de menor interferência, em amplificadores menores e mais simples. Simplesmente por seu tamanho e simplicidade de circuito – não porque alguém fez isso de propósito. Tanto que muitos dos amplificadores mais simples e baratos, de vários fabricantes, tocam melhor que os mais caros da mesma linha da mesma marca.

Então, qual é o problema? Eles têm menores recursos, menos entradas, menor potência. O Marantz Model 1030, por exemplo, é um transistorizado que dá 15W em 8 ohms por canal, que é metade do que eu considero o ‘mínimo necessário’ para um sistema funcional – e que já necessitaria de atenção a condições especiais de sala e de caixa acústica.

Painel traseiro

O mais comum, ao se projetar um amplificador bem ‘de entrada’, simples e barato, se assemelha mais ou menos a fazer um carro ‘mil’ cuja velocidade máxima em estrada é de 121 km/h, o que faz ser muito difícil manter uma velocidade de cruzeiro de 120 km/h, em uma viagem, por exemplo. Ambos precisam ter um mínimo de folga, certo? E, no caso de um amplificador, eu não falo especificamente só de potência, mas sim de corrente, de ‘pegada’, etc.

Mas, de vez em quando, alguns aparelhos são projetados com ‘folga’ suficiente, podendo, com a caixa certa, tocarem muito bem com apenas 15W por canal. Esse é o caso do Model 1030.

E o que seria uma caixa certa para ele? Algumas caixas que tivessem alta sensibilidade e baixa potência (sim, porque não adianta ter 92dB de sensibilidade, por exemplo, e precisar de uma boa dose de potência para ‘sair do lugar’). E, claro, usar o sistema em uma sala pequena. E com gêneros musicais que não costumam incomodar vizinhos – ou, como disse um comentário na Internet, que não “queriam explodir o teto da sala”.

A Marantz fez o Model 1030 no Japão de 73 a 78, sendo que em 1973 ele custava, no Japão, 40.000 ienes – o que, corrigido para valores atuais, daria aproximadamente US$800. Claro que, no mercado de usados americano, ele chega hoje – em perfeito estado – a algo próximo a 200 dólares, apenas. Considero eles bons colecionáveis, já que tocam de maneira interessante, têm boa estirpe, são bonitos e solidamente construídos.

Por dentro

O 1030 tem controle tonal (o qual não pode ser desligado), uma entrada Phono para cápsulas MM, três entradas de linha, mais uma entrada Tape com monitor. E saída para dois pares de caixas acústicas – além de uma saída para fones de ouvido da qual muitos falam muito bem por aí.

MODELOS SEMELHANTES

O 1030 não tinha muitos concorrentes do mercado. Mas, mais ou menos na mesma época, a própria Marantz lançou o Model 1040, com 20W por canal em 8 ohms, e aproximadamente o mesmo tamanho e recursos, além de uma sonoridade menos “Marantz Sound” e mais ‘japonesa’.

Model 1040

O Model 1030 tinha opções de acabamento com caixa de madeira, ou com gabinete de metal. E modelos mais posteriores da linha traziam um painel mais bem acabado, e saída e entrada ‘pre-out/main-in’ no painel traseiro – o que permitia usar ele só como pré-amplificador ou só como power.

COMO TOCA O MODEL 1030

O 1030 é o ‘queridinho’ dos colecionadores da marca, e é bastante comparado aos receivers da própria Marantz, e com amplificadores integrados consagrados de outras marcas, da mesma era – sendo sua limitação apenas a potência baixa.

Dizem seus donos que o 1030 tem um som mais cheio e mais bonito, com baixa fadiga. Eu escutei um, em uma loja de vintages, mais de 10 anos atrás, e o som era sedutor, quente, cheio e surpreendentemente limpo! Do tipo que você passa na frente, pára, volta, e fica ouvindo.

SOBRE A MARANTZ

A Marantz nasceu nos EUA, mais precisamente em Nova York, pelas mãos do engenheiro e músico Saul Bernard Marantz, em sua casa, em 1948.

Em 1964, a Marantz foi vendida para a SuperScope, e em 66 passou a fabricar no Japão. Já em 1980, a marca Marantz e quase todo seu patrimônio e rede de revendas, passa para as mãos da Philips Electronics – menos Marantz Japan, U.S. & Canada. Depois, em 1992, a Philips adquiriu a operação da Marantz U.S. & Canada. E, finalmente, entre 2001 e 2008, a Marantz Japan adquire completamente toda a Marantz mundial – terminando a longa parceria com a holandesa Philips – e então se funde com a Denon, formando a D+M Group, que hoje também compreende a Polk Audio e a Boston Acoustics, entre outras empresas.

E a Marantz – ou pelo menos algo que leva seu nome – permanece ainda hoje em atividade, com receivers de home-theater, amplificadores e streamers!

Uma boa e sonora primavera à todos!

Prospecto

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