Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Lá vem o Andrette com mais um cabo digital!
Para os que acreditam que cabos bem feitos soam todos iguais, e se não soarem estão ‘com defeito’, então será uma perda de tempo ler mais uma avaliação de um cabo USB.
Agora, se você é aquele leitor que está tentando ajustar seu streamer, e tirar o sumo do sumo dessa plataforma, e já investiu em um bom cabo de rede, escolheu o melhor DAC dentro do seu orçamento, mais ainda falta o último elo importante que é o cabo USB, então acho que você veio à página certa.
E tenho duas propostas muito interessantes com preços bem distintos do mesmo fabricante, para te apresentar.
Dois cabos USB tão bons, que seria uma injustiça não os apresentar separadamente, então anote aí: em setembro eu publicarei o teste do USB Shadow 2, e já aviso que o que o separa do cabo USB top desse fabricante, é apenas o grau de requinte e refinamento final na maneira de apresentar o acontecimento musical. Compartilham do mesmo princípio central da Dynamique Audio, que é o grau de neutralidade almejado por todas as séries, que no meu modo de ver é essencial para que o streamer avance onde ainda está mais atrás da mídia física.
Sei que incomodo a muitos de vocês leitores, ao lembrar que o streamer ainda não chegou lá, mas eu não virei as costas para essa ‘realidade’, e busco de todas as maneiras soluções para essas lacunas existentes ainda em sua performance, tanto que estou realizando um upgrade em meu streamer e torcendo para que minha escolha me leve um pouco mais adiante.
E nessa sincera busca, nada mais legal que poder compartilhar descobertas consistentes que fizeram o meu streamer atual soar melhor, e observar que características pontuais que me incomodam, como a pouca profundidade, corpo harmônico que me remete aos anos 90 dos players e DACs daquele período, vozes e instrumentos que soam na minha frente como pizzas brotinhos flutuando no espaço.
Os streamers com melhor corpo harmônico e planos mais 3D, não são nada baratos, e os de entrada carecem de algo essencial na alta fidelidade: um excelente equilíbrio tonal, para que as texturas se apresentem mais naturais, transientes precisos e uma macro-dinâmica pelo menos mais próxima do CD-Player!
Muitos se incomodam quando brinco que os streamers de entrada são o gravador K7 dos anos 80. Claro que estou sendo sarcástico, mas quero que apenas você leitor se pergunte: a escolha tem que ser realmente praticidade em detrimento da qualidade?
Já cometemos esse erro com o disquinho prateado, e demoramos 20 anos para descobrir que o problema não estava na mídia e nem na amostragem em 16-bits/44khz.
O problema era justamente onde não poderia haver limitações: no leitor e conversor!
E agora, onde se encontra a limitação que faz o streamer soar tão pouco realista?
Não tenho dúvida que a primeira causa está nas plataformas e seus codecs, depois no software que faz a reprodução (que roda dentro dos streamers, e que rodava nos computadores que eram usados como streamers), depois no próprio aparelho streamers quanto ao seu hardware e fonte de alimentação e, finalmente, os cabos USB – ou mesmo S/PDIF e em streamers mais simples.
E afirmo a todos que estão nessa busca pelo melhor ajuste e melhor definição sonora de seus streamers de alta qualidade, que o cabo USB tem uma vital importância na comunicação entre seu streamer e seu DAC.
Óbvio que não estou falando de streamers e DACs de entrada, de até 500 dólares, idolatrados por muitos ‘formadores de opinião’, que repetem como um mantra que ‘bits são bits’ e que, portanto, não há diferença entre um DAC de 500 dólares e um de 10 mil dólares!
E se não há diferença entre DACs bem construídos, o que dirá de cabos digitais que podem custar a partir 20 dólares, e alguns USB que podem custar mais de 5 mil dólares – isso parece ultrajante e descabido de qualquer ‘objetividade’.
Hoje mesmo, antes de sentar para escrever esse teste, assisti no You Tube um vídeo em que o tema era provar que transportes não podem e não devem soar diferentes. E para provar sua tese, o sujeito mostrou três músicas em um transporte de 100 dólares, e em um de 7000 dólares.
A conclusão dele foi que as diferenças, se existirem, são ‘inaudíveis’! Portanto estaria provado que transporte não faz diferença! Queria ver esse gringo dizer isso para quem participou de todas as seções do nosso Workshop, em abril em São Paulo, e ouviu as diferenças ‘audíveis’ entre CD-Player, Transporte e DAC.
E não estou falando de sistemas superlativos para se escutar as inúmeras diferenças, pois elas eram cristalinas em todos os setups utilizados.
O que precisamos para notar as diferenças é, primeiro, saber o que observar, e segundo usar gravações que expressem o que precisamos ouvir de maneira eficaz!
É tão simples como descascar uma banana, acredite!
Se você tem o exemplo musical certo para descrever o que desejamos que o participante escute com atenção, ele irá perceber por si. Isso ficou expresso no semblante de todos que lá estiveram.
Vou dar apenas dois exemplos: o da macro-dinâmica e planos (com apresentação de recorte, foco e ambiência) em que utilizei uma gravação de Copland que pedia apenas para os participantes notarem a posição dos tímpanos, pratos e metais. E que também se concentrassem em ouvir o deslocamento de ar dos tímpanos, e o decaimento dos mesmos.
Depois, a cada novo sistema, pedia para nesse mesmo exemplo eles me dizerem se as distâncias entre os músicos, o foco, recorte e o fortíssimo eram as mesmas, e se havia alguma alteração na apresentação no tamanho da sala.
E, por fim, eu perguntava como, à medida que os sistemas subiam de patamar de dois em dois pontos, como soava o corpo harmônico dos instrumentos de percussão e os naipes dos metais?
Perguntas objetivas e diretas – e respostas também objetivas e muito conclusivas.
O segundo exemplo era a tão desejada materialização do acontecimento musical à nossa frente, a Organicidade, e nada melhor que uma gravação com violão e voz bem captada e bem mixada, em que a cantora, nos sistemas mais refinados, além da sensação de materialização física nos permitia ouvir detalhes da inflexão da voz e detalhes sutis da digitação do violonista, nos passando a tal da ‘intencionalidade’ que tanto digo ser o ápice da qualidade da textura de um genuíno sistema hi-end.
Formule a pergunta certa, em um exemplo consistente, e terá respostas tão contundentes que cairá por terra a falácia de que ‘cada um escuta de uma maneira’, o que tornaria impossível que um grupo de audiófilos chegasse às mesmas conclusões!
E descrevi todos esses fatos pois, para atingir tão consistente resultado, nos três sistemas mais refinados do Workshop, fiz uso de um set completo de cabos da Dynamique Audio, hora usando Zenith com Hallo 2, e hora adicionando um Apex, para manter a assinatura sonora de cada sistema, já que são os únicos cabos que conheço e uso que possuem esse grau de neutralidade tão essencial para demonstrar tudo que eu precisava apresentar aos participantes.
Eles não se deram conta do esforço feito para a apresentação de cada set dos seis apresentados, e as semanas de ensaio, escolhendo as gravações ideais, para que cada exemplo fosse assimilado sem dúvidas e, agora, eu conto a mágica do elemento central desse êxito: os cabos da Dynamique Audio.
Sem eles eu teria entrado por um labirinto sem fim, pois cada cabo possui uma assinatura sônica, e essa assinatura por mais sutil que seja interfere no resultado final.
E a ideia central do workshop era justamente mostrar a importância de se buscar o melhor equilíbrio tonal possível, então eu não poderia abrir mão de usar cabos que interferissem o mínimo possível nos setups escolhidos.
Como não usei streamer no Workshop, só não consegui mostrar os dois USB da Dynamique, que apresento agora a vocês em primeira mão, no mundo!
E o Apex USB me fez repensar muitas questões sobre as limitações do streamer, pois com a sua neutralidade inerente, as qualidades e defeitos do meu streamer atual ficaram muito mais evidentes.
Mas antes de descrever minhas observações sonoras, pedi para o Daniel Hassany, projetista dos cabos da Dynamique, que me falasse um pouco da construção do Apex USB. Ele me disse que os condutores são de núcleo de prata pura banhada a ouro (4N), núcleo sólido de prata pura banhada a paládio (4N), e multifilamentos de cobre OFC banhado a prata (6N). O isolamento é de Teflon PTFE espaçado a ar, e Teflon FEP. A construção é por par trançado, e como todo cabo Dynamique o filtro de ressonância também é trançado de cobre com carbono. O plug é de alumínio anodizado, revestido com pinos banhados a ouro.
Sua construção e acabamento estão entre os melhores cabos USB que tive, ouvi e testei.
Como toda a linha Apex, são muito maleáveis e fáceis de manusear, não irão entortar os terminais com sobrepeso descomunal e nem têm bitolas que impeçam curvas ou dificultem o manuseio em espaços apertados e mal iluminados.
O encaixe é sempre suave e perfeito!
E a performance? Eu diria que ele é muita areia para o meu caminhão atual, que se chama Innuos ZENmini Mk3. Pois quando você coloca um cabo com esse grau de neutralidade, em um streamer de bom nível, mas abaixo do potencial do cabo, todas as limitações do seu streamer irão ficar absolutamente explícitas!
Pois as limitações que citei no início do teste, são expostas implacavelmente! Com ele, as gravações ruins mostram em detalhe o que as tornou ruins, ou limitadas tecnicamente. Em compensação, as boas ganham vitalidade.
E você sabe a minha opinião sobre expurgar discos que amamos. Eu já fiz muito isso no passado, e hoje não me permito repetir esse erro.
Então o USB Apex me levou a tomar a decisão de que estava na hora de realizar um upgrade no meu streamer, e estou a caminho de realizar esse intuito.
Se eu ‘burlasse’ meus princípios , só ouviria no streamer as gravações tecnicamente melhores, e até poderia dar uma sobrevida ao meu streamer atual, que um brilhante trabalho fez ao ajudar mensalmente a produzir a seção Playlist. Ou poderia manter os meus USB de referência da Kubala Sosna (ainda o mais palatável e o melhor de todos para esse setup Innuos), o da Sunrise Lab, o da Virtual Reality, e um que pouco cito mas que continua sendo um achado, que gosto de mostrar a todos que querem um bom cabo USB correto: um SAEC japonês de apenas 180 dólares.
Como você pode ver, eu sempre busquei ter um arsenal de cabos USB para todas as situações de testes. Mas nenhum de minha coleção possui esse atributo tão nítido da Neutralidade, então é difícil avaliar um cabo em que você não consegue ‘detectar’ suas características sônicas – pois ele não tem!
No entanto, quando ele entra no momento certo com seus melhores ‘pares’, se torna obrigatório.
Fico pensando na esmagadora maioria dos audiófilos, que buscam por décadas cabos que deem um ‘tempero’ a mais nos seus sistemas, que corrijam pequenos defeitos no equilíbrio tonal, como deve ser frustrante ouvir esse Dynamique Apex, que em vez de atenuar uma limitação, a escancara!
E quanto mais penso nessa realidade, mais admiração nutro pelo Daniel Hassany, pela sua coragem em trilhar um caminho tão árduo e solitário!
Porém, quando mais audiófilos experimentarem e ouvirem os benefícios de uma cablagem neutra em sistemas bem ajustados, o que garanto é que esses não voltarão atrás. Pois eles perceberão que se livraram de uma armadilha de tentar resolver com cabos o que seus sistemas não resolveram, o que eles têm de deficiente.
Quando apresentei três sistemas, todos com cabos da Dynamique, no nosso Workshop Hi-End Show, os participantes sem saber ou sequer pensar que cabos eu estava usando nesses três setups, conseguiram se concentrar apenas na música e na qualidade que cada um daqueles equipamentos estava lhes proporcionando.
E esse ‘efeito’ meu amigo, acredite: é mérito do sistema ligado a cabos neutros! A neutralidade faz com que tudo se encaixe de forma harmoniosa, sem arestas sem protagonistas, é o famoso vir a ser, como se comporta a música ao vivo.
Você está ali exposto ao acontecimento musical, e o grau de envolvimento emocional vai se ampliando até não haver espaço para nada mais.
A psicologia chama esse momento de Catarse, de uma liberação de emoções ou tensões. Gosto do termo e o acho propício para tentar explicar a você, que não esteve no nosso Workshop, o que lá ocorreu com os participantes.
E o elemento central dessa ‘comunhão’ foi a Neutralidade.
Com os cabos da Dynamique, eu consegui que cada sistema mostrasse seu DNA sonoro, em que todos os equipamentos convergiram na mesma direção. Uns chamam isso de sorte, eu chamo de conhecimento prático.
Não ousarei destrinchar quesito por quesito do cabo USB Apex, pois ele com sua neutralidade toma o ‘corpo sonoro’ do equipamento que estiver conectado. Então o que posso lhe dizer é: se você investiu muito em seu streamer e o considera um produto superlativo, tire a prova dos nove e ligue-o com um USB Apex da Dynamique Audio.
Ele fará uma ‘ressonância magnética’ sonora precisa do nível do seu setup de streamer/DAC.
Agora, se você se decepcionar com o resultado, por favor não o culpe, pois ele não tem a menor vocação para ‘apimentar’ ou dar um sabor diferente a nenhum sistema.
Se é isso que você tanto procura, bateu na porta errada.
Agora, se seu sistema realmente for de nível superlativo, a neutralidade deste cabo irá apenas enaltecer todas as qualidades inerentes.
Não conheço nenhum outro cabo que seja tão neutro, e tão justo!
ESPECIFICAÇÕES
Condutores | Prata pura (4N) de núcleo sólido banhada a ouro, Prata pura (4N) de núcleo sólido banhada a paládio, Multifilamento cobre OFC (6N) banhado a prata. |
Calibre | 1x 20 AWG de prata pura banhada a ouro, 1x 20 AWG prata pura banhada a paládio (dados), 2x 20 AWG SPC (energia) |
Isolamento | PTFE Teflon espaçado a ar (dados), FEP Teflon (energia) |
Construção | Par trançado de dados |
Amortecimento e blindagem | 1x filtro de ressonância, blingadens trançadas de cobre e de carbono |
Terminações | Plugue USB de alumínio anodizado Dynamique, com pinos banhados a ouro |
German Audio
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