Teste 2: NETWORK AUDIO STREAMER CXN (V2) DA CAMBRIDGE AUDIO

Teste 3: CAIXAS ACÚSTICAS ELIPSON PRESTIGE FACET 8B
abril 14, 2020
Teste 1: NAGRA CLASSIC PREAMP
abril 14, 2020


Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Nossos leitores certamente irão gostar de saber que temos uma fila de streamers para serem testados nos próximos meses. Começamos com o excelente Bridge da dCS, na edição passada, o mais barato de todos os produtos comercializados pela dCS, mas fora do orçamento da grande maioria dos nossos leitores.

Então fomos pesquisar o que haveria de bom e que pudesse realmente atender a muitos de nossos leitores que desejam ter seu primeiro streamer com qualidade hi-fi. E chegamos ao Cambridge Audio CXN (V2) – de ‘Versão 2’. Ganhador de inúmeros prêmios internacionais e de um prêmio EISA.

Os leitores que nos acompanham, sabem minha posição pessoal em relação a ouvir música seriamente via streamer. Admiro a facilidade com que temos toda nossa coleção de discos a mão, mas em termos de qualidade nunca me convenceu.

E olhe que escutei alguns dos streamers mais conceituados do mercado e alguns realmente bem caros (até mais caros que o Bridge, o melhor Streamer que ouvi e testamos até este momento).

Um amigo meu, que abraçou há muito tempo esta plataforma de música, ao ouvir minha opinião, ficou muito bravo comigo, pois fiz uma analogia com a fita K7 dos anos 90, que também era versátil, fácil de armazenar, podíamos fazer as seleções musicais que quiséssemos, investir em tape-decks de 3 cabeças, com ajuste de azimute e bias, e comprar as melhores fitas virgens existentes no mercado – porém sua qualidade sônica era sempre limitada. Principalmente comparada com os gravadores de rolo ou bons setups de toca-discos e cápsulas.

O que ouço, quando comparo streamer com a mídia física CD em sistemas Estado da Arte, é que parece que voltamos ao início da era digital. Menor corpo harmônico, menor profundidade, e timbres sempre menos naturais.

Aí fico pensando com os meus botões: o digital levou duas décadas e meia para se livrar da maioria de seus problemas iniciais e quando finalmente ganhou maioridade e qualidade – voltamos de novo no tempo!

A boa notícia é que a nova geração de streamers que podem ser considerados hi-end estão pulando etapas de limitações muito rapidamente, o que os coloca fatalmente na mira de todos nós que queremos ouvir as novidades lançadas no mercado que, com raras exceções, serão distribuídas em mídia física.

Então não me restava outra opção, a não ser começar a esmiuçar o mercado e ver o que ele tem a oferecer, em tempos de pandemia e de tantas dúvidas em relação ao futuro de todos.

Li inúmeros testes, pesquisei nos fóruns internacionais, pois queria um streamer de preço razoável e que pudesse atender a maioria dos nossos novos leitores e também leitores que como eu, que quisessem se aventurar sem gastar muito.

E foi quase unanimidade que o Cambridge CXN (V2) é este produto.

Antes da pandemia e da disparada do dólar, cheguei a achar no Mercado Livre este produto por 6 mil reais (ele custa, na Inglaterra, 700 libras). A última vez que pesquisei, achei uma única unidade por 7.500 reais (mas já faz mais de dois meses). De qualquer forma, seu preço ainda está muito bom pelo que oferece e toca.

Na nova versão, a Cambridge fez pequenos upgrades, como: disponibilizar junto com o Spotify Connect e Tidal, além de agora poder transmitir músicas através da tecnologia Chromecast, do Google. O que permite ao usuário transmitir conteúdo sem fio a partir de aplicativos compatíveis, e também o AirPlay 2.

Os usuários do Tidal (meu caso), podem pesquisar o banco de dados do serviço de streaming diretamente do streamer, depois fazer login na sua conta usando o aplicativo Cambridge Connect. O aplicativo, disponível para iOS e Android, também pode ser usado para controlar a reprodução. O outro upgrade foi a utilização de um processador mais rápido para lidar com a funcionalidade Chromecast.

O novo CXN (V2) é capaz de reproduzir arquivos de alta resolução de até 24-bit/192 kHz, com ampliação de até 384 kHz através da entrada USB tipo B para o seu computador, entradas ópticas e coaxiais, além de duas saídas digitais (coaxial e ótica), para quem deseja ligá-lo à um DAC externo de melhor qualidade (meu caso), e um par de saídas analógicas RCA e XLR.

O CXN (V2) possui um design bonito e limpo, que o usuário percebe ao manusear os botões e o controle remoto que foi totalmente redesenhado. A tela de 4,3 polegadas é capaz de mostrar a faixa, o artista, o álbum e a taxa de amostragem, com a foto do álbum à cores.

Os DACs internos são Wolfson WM8740 duplos de 24 bits. Filtro digital: amostragem ATF2up de segunda geração para 24-bit/384 kHz. Ethernet e WIFI, rádio na Internet, Spotify Connect, Tidal, Bluetooth, Airplay e Chromecast. Formatos de áudio: ALAC, WAV, FLAC, AIFF, DSD (x64), WMA, MP3, AAC, HE-AAC, e AAC+OGG Vorbis.

O painel frontal do CXN (V2) não sofreu mudanças em relação ao gabinete da primeira versão, lançada em 2015. Em alumínio escovado, está disponível em preto e prata. A tela colorida fica no meio deste painel, rodeada por oito pequenos botões (4 de cada lado) que controlam todos os ajustes necessários. À esquerda temos o botão de liga/desliga, seguido pela entrada USB. A direita do painel está o botão grande que lida com o volume do seu pré digital e os comandos que acionam cada passo do menu.

Nas costas, temos: a entrada IEC, 2 entradas USB tipo A, uma para o dongle WiFi que vem incluído e outra para a mídia local. Seguida da entrada Ethernet, entradas digitais Coaxial e Toslink Ótica. Saídas digitais RCA coaxial S/PDIF e Toslink Ótica, USB tipo B para a conexão a um computador, seguida das saídas RCA e Balanceada, IR-in e controle Bus in e Out.

O controle remoto é o mesmo de toda a linha CX, e nele as funções estão todas separadas, sendo a primeira seção para quem possui o amplificador da série CXA. Logo abaixo há uma seção dedicada ao CXN, seguida pelo controle do CXC – ou, se você não tiver outro equipamento desta série, minha sugestão é que você use o gerenciamento por um aplicativo para o seu smartphone (foi o que eu fiz).

O CXN (V2) foi testado primeiramente utilizando seu pré digital interno e seu DAC, ligado diretamente nos monoblocos Nagra Classic AMP e no integrado Pass Labs Int 25. E nas caixas Revel Performa M126 BE, Elipson Prestige Facet 34 F e Wilson Audio Sasha DAW.

Os cabos de força utilizados no Cambridge foram o original, e o Illusion da Sunrise Lab. Cabos de interconexão: XLR Zenith da Dynamique Audio, e Quintessence da Sunrise Lab. Cabos digitais: Transparent Audio Reference Coaxial, e Sunrise Lab Quintessence.

Também testamos nesta configuração em WiFi e via entrada de rede Ethernet.

Se o usuário optar por usar o pré digital interno do Cambridge, irá na verdade subutilizar o equipamento. Não sei qual foi o objetivo dos engenheiros da Cambridge de disponibilizar este recurso, mas ao avaliar o CXN (V2) através de seu pré interno, o resultado foi decepcionante. Me lembrou de imediato os primeiros dias do Compact Disc, com seu som magro, ou melhor, esquelético, com timbres duros e muito pouco reais. O palco também é quase totalmente bidimensional, o que tira todo o prazer em ouvir qualquer estilo musical que tenha mais que meia dúzia de instrumentos. A primeira impressão foi totalmente negativa e acabou por resvalar na qualidade de seu DAC interno, já que não consegui mensurar o que era do pré digital e o que era do DAC.

Antes de desistir do pré digital, fiz a troca do WiFi pela entrada de rede com a ajuda inestimável do Juan, que passou um dia instalando o cabo de rede, que ficará definitivamente em nossa sala de teste para os futuros streamers que serão testados. A melhora foi audível, mas ainda limitadas pelo pré interno do CXN (V2). Minha recomendação: esqueçam esta possibilidade.

Próxima etapa: testar o Cambridge usando um pré de linha de qualidade, e o pré do integrado da Pass Labs. Seu Dac interno é muito decente, diria até que surpreendente pelo que entrega. Ótimo equilíbrio tonal, imagens com um pouco mais de profundidade, foco, recorte e arejamento, melhora na apresentação do corpo harmônico, texturas com maior naturalidade, transientes corretos e uma apresentação de micro e macro dinâmica com muito boa escala nas passagens do piano para o fortíssimo!

Nesta configuração, diria que o CXN (V2) é perfeitamente um produto Diamante intermediário em nossa Metodologia. Podendo ser uma excelente opção para quem deseja se aventurar em ter seu primeiro streamer de qualidade, e conhecer esta plataforma que veio para ficar em nossas vidas.

E para os que não desejam gastar muito, mas querem ter acesso aos lançamentos ou em ampliar sua discoteca com discos os quais não temos a mídia física, por não achar o disco todo interessante, mas gostaria de ter algumas faixas daquele disco, o CXN ( V2) pode ser uma alternativa?

Sim, desde que se tenha alguns cuidados, como a escolha de um bom cabo digital coaxial, um cabo de bom nível de força e a entrada de rede, é claro!

Para esta terceira fase do teste, o CXN (V2) foi ligado ao Nagra Tube DAC (leia o teste na próxima Edição de Aniversário em maio).

Com os cabos digitais Transparent Audio e Sunrise Lab Quintessence, e o cabo de força Illusion da Sunrise Lab: aí tudo mudou de patamar! Ganhamos refinamento, silêncio de fundo, maior extensão nas duas pontas, mais corpo, melhor apresentação nas texturas e timbres muito mais naturais e corretos.

Resiste a uma comparação A x B com a mídia física? Não! Mas nos permite sentar e ouvir com prazer, principalmente discos que estamos ouvindo pela primeira vez! Depois de ouvir nestas condições, minha coleção de discos no Tidal pulou de 230 para mais de 400 em uma questão de 40 dias. E agora, com a pandemia, acredito que até o final de abril chegue à casa de 600 discos.

Tanto que me animei a criar uma nova seção de Playlist, só para compartilhar as ‘pérolas musicais’ que tenho descoberto no Tidal – e, para minha surpresa, são muito mais do que imaginava.

CONCLUSÃO

O CXN (V2) é um streamer honesto, versátil, muito fácil de instalar e usar (mesmo para os totalmente leigos) e oferece recursos que atendem perfeitamente a todos que querem ter seu primeiro streamer de qualidade.

Não ombreia obviamente com os streamers mais top, mas cumpre o seu papel e entrega exatamente o que promete. Se é isso que você deseja para se aventurar nesta nova plataforma, pode ser exatamente o que a grande maioria de nós deseja: praticidade e versatilidade.

Para facilitar ao leitor, dei a nota nas três configurações, para se ter uma ideia exata de como o CXN (V2) se comporta.


Pontos positivos

Bem construído, fácil de programar e muito versátil.

Pontos negativos

Seu pré de linha digital.


ESPECIFICAÇÕES
Alta resolução24-bit/192 kHz, DSD64
Capacidades de streamingUPnP, AirPlay, internet radio, Spotify Connect
EntradasUSB tipo A, USB tipo B, ótica, coaxial
SaídasÓtica, coaxial, balanceada XLR, e RCA
RedeEthernet, wi-fi
AcabamentoPreto ou prata
Dimensões43 X 9 x 31 cm
Peso 4 kg
NETWORK AUDIO STREAMER CXN (V2) DA CAMBRIDGE AUDIO (COM SEU PRÉ DE LINHA DIGITAL)
Equilíbrio Tonal 8,0
Soundstage 7,0
Textura 7,0
Transientes 8,0
Dinâmica 7,0
Corpo Harmônico 7,0
Organicidade 7,0
Musicalidade 7,0
Total 58,0
PRATAREFERENCIA
NETWORK AUDIO STREAMER CXN (V2) DA CAMBRIDGE AUDIO (COM O DAC INTERNO)
Equilíbrio Tonal 9,0
Soundstage 9,0
Textura 9,0
Transientes 10,0
Dinâmica 9,0
Corpo Harmônico 9,5
Organicidade 9,5
Musicalidade 9,0
Total 74,0
DIAMANTERECOMENDADO
NETWORK AUDIO STREAMER CXN (V2) DA CAMBRIDGE AUDIO (COM DAC EXTERNO)
Equilíbrio Tonal 10,0
Soundstage 10,0
Textura 10,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 10,0
Organicidade 10,0
Musicalidade 10,0
Total 81,0
DIAMANTEREFERENCIA



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1 Comments

  1. Pedro Pinho disse:

    Parabéns pelo review. Bem útil.

    Tenho uma pergunta relacionada ao pré desse DAC/Streamer.

    Eu tenho um reciever Marantz 4300 e se eu ligar o CXN sem o pre o sinal é forte demais e mal consigo dar volume (mesmo baixando a saida de 60w pra 40w que o marantz tem).

    Sabe me dizer como resolveria isso?

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