Vinil do Mês: VANGELIS – HEAVEN AND HELL (RCA, 1975)

Influência Vintage: CAIXAS ACÚSTICAS PIONEER HPM-100
julho 7, 2022
PLAYLIST DE JULHO
julho 7, 2022

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação.

Evangelos Odysseas Papathanassiou (1943 – 2022) – In Memoriam

Gênero: Eletrônico / Clássico Moderno / Experimental

Formatos Interessantes: Vinil Importado

“Estamos perdendo nossos heróis!”, disse um amigo. Quando as pessoas que admiramos estão, em sua maioria, com mais de 70 anos, essas perdas começar a se tornar mais frequentes, mas não menos dolorosas… No último dia 17 de maio, perdemos o compositor e tecladista grego Vangelis, aos 79 anos de idade, um dos disseminadores da música instrumental eletrônica, com uma carreira de quase 60 anos!

Vangelis foi mais conhecido, publicamente, por seu trabalho com trilhas sonoras, como a do filme Carruagens de Fogo (1981), pela qual ganhou o Oscar, e a eterna trilha de Blade Runner: Caçador de Andróides (1982) que, até hoje, quarenta anos depois, ainda soa futurista e atmosférica.

No Vinil do Mês desta edição, escolhi mostrar um disco do período inicial do mestre grego, na década de 70, sendo seu primeiro disco no recém montado Nemo Studios, em Londres – para onde Vangelis se mudou em 1975.

Heaven and Hell, um disco que tem praticamente três faixas – Part I, Part II, e So Long Ago So Clear – teve parte de sua música utilizada como abertura da fenomenal série Cosmos, escrita e apresentada pelo físico americano Carl Sagan, um dos melhores exemplos de divulgação científica já feitos para a TV, graças ao carisma e inteligência de Sagan, e inesquecível em grande parte por causa da música de Vangelis.

O disco retrata também uma fase onde a música do tecladista era mais pesada e complexa que seus discos das décadas posteriores, que são mais embasados em sintetizadores. Heaven and Hell, além de sintetizadores, traz um bocado de percussão (todas tocadas pelo próprio Vangelis), incursões de coral (principalmente na representação das torturas do inferno), e uma faixa que é a primeira colaboração registrada entre o tecladista e o vocalista Jon Anderson, da banda de rock progressivo inglesa Yes. Seria o prenúncio de uma fase de colaborações excelentes entre os dois, que resultou em quatro discos lançados entre 1980 e 1991, sob o nome Jon & Vangelis: trabalhos com momentos mais pop, mas grandes faixas que eu considero que fazem parte integral do Rock
Progressivo.

Anderson e Vangelis se conheceram quando, por causa da projeção do trabalho de Vangelis, ele foi convidado a vir à Londres para uma audição, em 1974, para ocupar o cargo de tecladista na banda Yes – desocupado pela saída de Rick Wakeman. Além de problemas com o visto para entrar na Inglaterra, Vangelis também disse que não tinha interesse nas longas turnês com uma banda, e o cargo acabou indo para o tecladista francês Patrick Moraz. O fato é que Vangelis também já estava planejando sua mudança para Londres, e a construção de seu estúdio pessoal, o Nemo Studios. A amizade entre Jon Anderson e Vangelis, no entanto, floresceu.

Vangelis no Nemo Studios

Evángelos Odysséas Papathanassíou nasceu em Agria, na Grécia, em 1943, e começou cedo na música, aos 4 anos de idade, brincando com um piano e as panelas da cozinha, revelando-se ser autodidata a vida inteira. Descobriu o jazz e o rock, adquiriu um órgão Hammond B3 e acabou formando no colégio a banda The Forminx, e trabalhando como produtor de outros músicos e bandas gregos. Em 1967 exilou-se em Paris, onde formou a banda de rock progressivo Aphrodite’s Child com o amigo (e depois célebre) Demis Roussos, e gravaram vários discos. Após o fim da banda, passou a dedicar-se à uma carreira solo prolífica que, incluindo seu último disco, Juno to Jupiter (2021) é composta de mais de 35 discos – entre trabalhos autorais e trilhas sonoras.

Por seus depoimentos e entrevistas, a gente pega fácil a impressão de que Vangelis, quando tinha alguma música na cabeça, precisava ‘por para fora’, registrá-la, gravá-la assim que possível. Tanto que Heaven and Hell foi gravado com pedreiros e pintores ainda terminando a reforma e acabamento de seu Nemo Studios – em apenas seis semanas!

Para quem é esse disco? Para os fãs de rock progressivo, de música instrumental eletrônica da década de 70 e começo de 80, para todos os fãs das trilhas e da música de Vangelis em geral.

Prensagens americanas, inglesas, alemãs e, principalmente – se der sorte – uma prensagem japonesa, são o objetivo principal, para se curtir esse disco em sua melhor qualidade sonora. Dentre as opções de prensagens modernas de 180 gramas, em 2014 houve uma inglesa (Esoteric Recordings), e em 2018 uma alemã (Speakers Corner) – se puder por suas mãos em uma dessas, pegue e não largue mais! rs…

Bom julho com muita música!

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