Influência Vintage: CAIXAS ACÚSTICAS PIONEER HPM-100

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’, safra, sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para designar algo antigo. Nesta série de artigos abordamos equipamentos vintage importantes e relevantes, e que influenciam o áudio até hoje!

AS CAIXAS PIONEER HPM-100

Na edição passada, tivemos o teste da nova e atualizada versão da JBL L100 – agora chamada de L100 Classic, mas profundamente inspirada na versão original, a L100 Century, do começo da década de 70. Complementando a mesma edição, publicamos também, aqui no Influência Vintage, a história das L100 Century originais, caixas de maior sucesso – e as mais vendidas – da marca até hoje. A história da L100 Century é intimamente ligada à Pioneer HPM-100, por isso nada mais apropriado do que, em continuação, contar um pouco da história dessa bela caixa.

As HPM-100 são caixas acústicas fabricadas pela célebre Pioneer, a partir de 1976, no Japão. São 4 vias, sendo um woofer de 12 polegadas, um médio de 4 e um tweeter de 1-¾ de polegada – todos de cone de papel com fibra de carbono e amortecimento, e com carcaça de alumínio, e todos semelhantes em tamanho, tipo e visual à sua ‘irmã’ mais velha, JBL L100 Century. O diferencial maior aqui é a adição do super-tweeter piezoelétrico com diafragma de ‘high polymer mylar’ (daí o nome HPM), que atua de 12 kHz para cima.

Bart Locanthi & a HPM-100

Então, a HPM-100 é uma cópia da JBL? Não exatamente. O engenheiro Bart Locanthi era o chefe do desenvolvimento da JBL no final da década de 60, quando um dos projetos que chefiou foi a transformação da caixa monitora de estúdio 4310, grande sucesso, em uma caixa para o ambiente doméstico. Daí tinha acabado de nascer a L100 Century – no mesmo momento quando a JBL foi comprada pela empresa que, depois, passaria a ser o Grupo Harman (onde a JBL está até hoje). Locanthi não se entendeu com a direção nova da empresa, e demitiu-se.

Poucos anos depois, quando a L100 de Locanthi era extremo sucesso de vendas, a japonesa Pioneer contratou-o para ser o
Vice-Presidente de Desenvolvimento da empresa – e sua primeira incumbência foi fazer uma caixa como a JBL L100 Century, só que “melhor”! Enquanto a L100 é meio que universalmente considerada, e bastante valorizada, a Pioneer HPM-100 é a ‘escolha dos entendidos’, aqueles aficionados pelo tipo de som da primeira, mas que reconhecem a superioridade da segunda – só falta uma sociedade secreta, cheia de ‘conhecedores’ dando piscadas de olhos uns para os outros, e com aperto de mão secreto, claro! Ou seja, a Pioneer HPM-100 é uma versão melhorada e mais refinada, com o mesmo tipo de som e finalidade que a JBL L100.

A melhora mais óbvia nas HPM-100 foi a de trazer uma resposta de frequência de agudos mais estendida e refinada, com a adição do super-tweeter HPM. Mas, segundo a lenda, a Pioneer deu à Locanthi ‘carta branca’ para ele fazer as caixas – então, outras melhoras entraram no projeto, na estrutura e projeto dos drivers e no crossover, resultando no que são consideradas por muitos uma das melhores caixas da época, e uma das melhores que a Pioneer já fez.

Montadas em Pedestais Modernos

O preço de um par de HPM-100, no Japão, em 1977, era de 62,000 iênes. Atualizando esse valor para 2022, e convertendo para o dólar, temos um preço aproximado de US$750 – o que seria um preço bem decente por um par de caixas que, apesar de aparentemente pequenas, são na verdade feitas para desabrocharem em ambientes até bem grandes.

MODELOS SEMELHANTES

A HPM-100 – designada HPM-100A – é o primeiro modelo, ostensivamente suportando potência de pico de 100W. Logo, a Pioneer lançou a HPM-100B – que se diferencia da anterior, visualmente, apenas pelo uso de um aro prateado em volta da saída do duto bass-reflex, e com a especificação de aguentar, segundo a empresa, picos de 200W. Aparentemente a Pioneer achou que 100W era pouco para a fome do público. Dizem alguns conspiracionistas que os modelos são virtualmente idênticos…

Super Tweeter – High Polymer Mylar

No final da década, a Pioneer lançou uma atualização, o modelo HPM-110, mais uma revisão de crossover, com o mesmo visual. E, no início da década seguinte veio a HPM-900, com um novo visual e acabamento, de vinil preto, que carregava drivers feitos de material diferente, e um crossover reformulado, barateando o projeto, e já fugindo do original.

Atenuadores

A HPM-100 tinha um modelo acima dela – também desenvolvido por Locanthi – que não teve o mesmo sucesso ou disseminação no mercado: HPM-150, com woofer de 15 polegadas e o super-tweeter montado no topo, em formato omni-direcional. Dizem, também, que o woofer e o gabinete dela não tinham a mesma qualidade da HPM-100.

De 1976 a 1979, a linha HPM da Pioneer (com super-tweeters HPM) era composta dos modelos HPM-30, 40, 50, 60 (um modelo também bastante considerado) e 70. E, depois, entre 1980 e 81, houve uma atualização de visual e com projetos que fugiam bastante à ideia original, com os modelos HPM-300, 500, 700 e 900.

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O interessante é que a linha HPM de Bart Locanthi, foi um dos responsáveis pela criação da divisão de caixas especiais da Pioneer, a TAD (Technical Audio Devices), inicialmente com o objetivo de fazer caixas para o mercado profissional de estúdios. E também é interessante que, muitos anos depois, o projetista da TAD – que existe há anos como marca de caixas audiófilas – tenha sido Andrew Jones, conhecido no mercado audófilo pelos excelentes modelos de caixas que fez para a Pioneer e para a Elac.

Catálogo

COMO TOCAM AS PIONEER HPM-100

Como dito, as HPM-100 são uma melhora, uma evolução das JBL L100 Century, com a mesma vocação para energia e vivacidade, para som vibrante, especialmente para rock e música pop em geral (e, acredito, isso inclui várias vertentes da música eletrônica).

Especificações Originais

Na Internet existem centenas de depoimentos de melômanos que, ao ter esses estilos de música como seus favoritos, declararam ter encontrado o nirvana com um par de Pioneer HPM-100 – dizendo ser seu som “mágico”. Alguns até definem seu relacionamento com as caixas como “amigos para sempre”!

Modificada em Acrílico

SOBRE A PIONEER

A Pioneer Corporation (Paionia Kabushiki-gaisha), sediada em Tóquio, no Japão, foi fundada por Nozomu Matsumoto em 1938, para consertar rádios e alto-falantes. É especializada em eletrônicos de consumo que, na maior parte de sua história, foram equipamentos e caixas de som. Atualmente, a BMW, Volkswagen e Daimler são donas de 3% da Pioneer, e a maioria do restante de suas ações, pertence à Mitsubishi.

A empresa introduziu no mercado, em 1962, o primeiro aparelho de som modular e, na década de 70, em sociedade com a Warner Bros, passaram a ser distribuidores no Japão do catálogo fonográfico de todos os selos pertencentes à Warner/WEA, até 1990. A partir de 1981, foram uma das empresas mais ativas no desenvolvimento do Laserdisc, e na fabricação de receivers e equipamentos para hi-fi, assim como uma das pioneiras nos aparelhos de DVD, além do mercado de som automotivo, GPS, equipamentos para DJ, drivers de CD/DVD/DVD-RW para computador, TVs de plasma e, depois, de LED e OLED, entre vários outros.

A divisão de Home Audio da Pioneer havia sido vendida para Onkyo em 2015. Mas, apesar da Onkyo ter notoriamente pedido falência em maio passado, as marcas de áudio Pioneer e Elite haviam sido, em 2021, vendidas pela Onkyo para a companhia americana Voxx International – proprietária das fabricantes de caixas Klipsch e Jamo, entre várias outras.

Portanto, a Pioneer Home Audio continua, firme e forte!

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