MUSICIAN – Bibliografia: A ÓPERA NO SÉCULO XIX – PARTE II

MUSICIAN – Discografia: A ÓPERA NO SÉCULO XIX (II) – VOL. 11
agosto 11, 2019
MUSICIAN – Bibliografia: EXPOENTES DA ÓPERA NO SÉCULO XIX: VERDI E WAGNER
junho 4, 2020


Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

PRINCIPAIS COMPOSITORES

Giuseppe Verdi: nascido na Vila de La Roncole, perto de Busseto, no Norte da Itália, em 1813, na região então pertencente ao Primeiro Império Francês, onde foi registrado por seu pai como cidadão francês. Quando criança mudou-se com a família para Busseto, onde depois teve suas primeiras aulas de composição. Aos vinte anos de idade foi para Milão continuar sua educação musical e, entre aulas de contraponto, assistia apresentações de ópera, geralmente alemãs. De volta a Busseto, Verdi fez sua primeira apresentação na casa do comerciante e mecenas Antonio Barezzi, logo começando a dar aulas de piano à sua filha Margherita, com quem depois se casa e tem dois filhos. Ambos os filhos morrem com menos de dois anos de idade e, no ano seguinte, Margherita falece de encefalite, deixando Verdi arrasado pela perda de sua família. A estreia de sua primeira ópera um ano antes teve razoável sucesso, dando-lhe um contrato para mais três óperas, sendo que a seguinte foi um fracasso que quase fez ele desistir. Porém, sua próxima ópera, Nabucco, tornou-o famoso, e Verdi produziu 14 óperas nos 15 anos seguintes. Verdi iniciou então um relacionamento com a soprano Giuseppina Strepponi, que se tornou sua companheira para a maior parte de sua vida. Nesse período compôs algumas de suas obras mais famosas, como Rigoletto, Il Trovatore e La Traviata. Em 1897 compôs sua última peça, Quattro Pezzi Sacri, baseada no texto religioso tradicional Stabat Mater. Em 21 de janeiro de 1901, hospedado no Grande Hotel de Milão, faleceu de um derrame aos 87 anos.

Richard Wagner: nascido na Saxônia, na Alemanha, em 1813. Após a morte do pai, mudou-se com a família para Dresden onde, aos sete anos de idade, começou a aprender piano com seu professor de latim. Aos nove anos foi profundamente influenciado pela ópera Der Freischütz (O Franco Atirador), de Carl Maria von Weber, e teve ambições de se tornar um dramaturgo. Wagner decidiu que queria musicar um de seus textos, e para isso persuadiu a família a deixá-lo ter aulas de música. De volta a Leipzig, aprendeu harmonia com Christian Gottlieb Müller, sendo, nesse período, influenciado pelo contato com as obras de Beethoven e Mozart. Logo depois, teve aulas com Thomaskantor Theodor Weinlig que, de tão impressionado com as capacidades musicais do pupilo, recusou-se a ser pago. Em 1833 tornou-se mestre do coro do Teatro de Würzburg e, no ano seguinte, foi diretor artístico da Ópera de Magdeburg, casando-se em seguida com a atriz Minna Planer. Em 1837 foi diretor artístico da Ópera de Riga, de onde, anos depois, fugiu endividado para Paris, passando anos arranjando óperas de outros compositores. Ao estrear sua ópera Rienzi, Wagner voltou a Dresden, onde foi Compositor da Corte Real da Saxônia. Devido a problemas por sua visão política socialista, ele exilou-se na Suíça, tendo contato com o mecenas Otto Wesendonck e sua esposa Mathilde, que viria a ser sua musa. Logo é chamado pelo novo Rei da Baviera, Luis II, que é seu fã e passa a financiar sua arte. Lá, Wagner conhece o maestro Hans von Bülow e sua esposa Cosima, filha de Franz Liszt, que seria sua amante e, depois, sua esposa. Acabou construindo seu sonho: o Teatro do Festival de Bayreuth, na Baviera, especificamente para a apresentação do festival de suas obras, cuja primeira edição foi em 1876, com imperadores, filósofos e compositores famosos presentes. Faleceu em fevereiro de 1883 em Veneza, de um ataque cardíaco.

LINHA DO TEMPO


1813 – Nasce Giuseppe Verdi, na Itália. Nasce Richard Wagner, na Alemanha.
1827 – Morre Beethoven.
1830 – Nasce o pianista e maestro Hans von Bülow.
1833 – Wagner casa-se com Minna Planer.
1837 – Nasce Cosima Liszt, segunda esposa de Richard Wagner e filha de Franz Liszt.
1842 – Nasce o libretista e compositor italiano Arrigo Boito.
Wagner compõe a ópera Rienzi.
1843 – Wagner compõe O Navio Fantasma.
1844 – Estreia Ernani, de Verdi, em Veneza.
1845 – Estreia Tannhäuser, de Wagner, em Dresden.
1847 – Estreia a ópera Macbeth, de Verdi, em Florença.
1849 – Wagner exila-se na Suíça.
1850 – Estreia Lohengrin, de Wagner, em Weimar, sob a regência de Liszt.
1853 – Verdi escreve La Traviata.
1859 – Abre a primeira casa de ópera de Nova Orleans, em
Louisiana, nos EUA.
1861 – Nasce a soprano australiana Nellie Melba.
1883 – É fundada a Metropolitan Opera Association, em Nova York.
Morre Richard Wagner, em Veneza, na Itália.
1891 – Abre o Carnegie Hall, em Nova York.
1901 – Falece Verdi, em Milão, na Itália.

CURIOSIDADES
  • Após a morte de sua primeira esposa, Verdi viveu durante anos com a soprano Giuseppina Strepponi antes de se casarem formalmente, causando um escândalo na sociedade da época.
  • Durante seu período mais produtivo, Verdi escreveu a ópera Rigoletto, uma de suas obras-primas, baseada em uma peça de Victor Hugo. Seu libreto precisou ser reescrito várias vezes para satisfazer a censura da época, de tal maneira que o compositor chegou perto de desistir mais de uma vez.
  • Em 1869 pediram a Verdi que compusesse uma parte de um Requiem à memória de Gioachino Rossini, de um trabalho cujas partes seriam compostas por vários compositores. Depois de pronta, a obra foi cancelada no último minuto, e Verdi culpou o maestro Angelo Mariani pelo ocorrido, levando-os a romperem relações permanentemente.
  • Diz a lenda que a soprano Teresa Stolz, nascida na Boêmia, foi amante de Verdi. É fato que ela estreou várias composições dele, como o Requiem e a ópera Aída, e chegou a ser considerada como a quintessencial soprano ‘verdiana’ e, após a morte de Giuseppina Strepponi, segunda esposa de Verdi, tornou-se companheira do compositor até o fim de sua vida.
  • Durante o ensaio e a estreia da ópera Rigoletto, de Verdi, o compositor maximizou o impacto da famosa ária ‘La Donna è Mobile’, revelando a melodia e a partitura para a orquestra e os cantores apenas algumas horas antes da estreia, e proibindo eles de cantá-la ou mesmo assobiá-la antes da apresentação. No dia seguinte à estreia, a ária, de tanto sucesso que fez, era cantada nas ruas pelos cidadãos de Veneza.
  • Ismail Pasha, Quediva do Egito, pediu que Verdi compusesse um ode para a abertura do Canal de Suez, mas o compositor declinou dizendo que não escrevia ‘peças ocasionais’. Mas, depois de desfeitos os desentendimentos, Verdi inaugurou o Royal Opera House do Cairo com sua ópera Rigoletto.
  • Verdi e Wagner, compositores operísticos líderes em suas comunidades e estilos, apesar de nunca terem se encontrado, não eram de fazer comentários positivos sobre suas obras. Wagner, ao ouvir o Requiem de Verdi, declarou: ‘É melhor não dizer nada’. Verdi, porém, ao saber da morte de Wagner, lamentou: ‘Triste, triste, triste… um nome que deixará uma poderosa impressão na história da arte’.
  • Arturo Toscanini, um dos regentes italianos de maior relevância do século XX, foi violoncelista na orquestra na estreia da ópera Otello de Verdi. Toscanini reverenciava Verdi como compositor quase tanto quanto Beethoven.
  • Quando Wagner era uma criança pequena, seu pai, Carl, fale-ceu. Sua mãe, Johanna, casou-se então com o ator e dramaturgo Ludwig Geyer, e a família mudou-se para Dresden. Até os 14 anos de idade, Wilhelm Richard Wagner era conhecido como Wilhelm Richard Geyer, e quase com certeza acreditava que Geyer era seu pai biológico.
  • Wagner, exilado na Suíça por problemas políticos, havia acabado de compor sua ópera Lohengrin e teve que pedir ao amigo, o famoso compositor húngaro Franz Liszt, para estrear a obra em sua ausência. Liszt estreou Lohengrin em Weimar, onde era Mestre de Capela, em agosto de 1850.
  • A ópera Lohengrin de Wagner inspirou o Rei Luis II da Baviera a construir um dos mais imponentes castelos da Europa, o Castelo de Neuschwanstein que, depois, serviu de inspiração para o projeto do Castelo da Bela Adormecida, construído no parque de diversões Disneylândia, na Califórnia, nos EUA. O Rei Luis II também se tornou patrono de Wagner, permitindo que ele terminasse a composição do Anel dos Nibelungos e construísse um teatro para a encenação de seu épico.
  • Wagner, enquanto trabalhava na composição de O Ouro do Reno, não havia se decidido ainda sobre o título da obra, oscilando entre ‘O Roubo: Prelúdio’, ‘O Roubo do Ouro do Reno’ e, finalmente, ‘O Ouro do Reno: Prelúdio’. Apesar de, no começo, ser considerada como o prelúdio para as três óperas que compunham o Ciclo do Anel, depois passou a ser vista como uma das quatro óperas que compõem o Ciclo.
  • A ópera Tristão e Isolda, de Wagner, é famosa por seu uso avançado de cromatismo e tonalidade – fugindo da harmonia e tonalidade convencionais, mostrando o início da direção à qual seguiria boa parte da música do início do século XX, influenciando vários compositores como Mahler, Richard Strauss, Alban Berg e Arnold Schoenberg. O próprio Wagner não chamava a obra de ópera, mas sim de um ‘drama’ ou uma ‘trama’.
  • Em 1857, o libreto – ou o ‘poema’, como era chamado por Wagner – da ópera Tristão e Isolda já estava escrito. Em uma tarde de setembro daquele ano, Wagner fez uma leitura completa do poema, na qual estavam presentes, ao mesmo tempo, assistindo, sua esposa Minna Planer, sua musa Mathilde Wesendonck e sua futura amante, e depois esposa, Cosima von Büllow, filha do compositor húngaro Franz Liszt.
  • Parsifal começou a ser concebida por Wagner em 1857, mas ele só a completou 25 anos depois, aproveitando as características acústicas particulares da casa de Ópera do Festival de Bayreuth, estreando-a em 1882; o festival teve o monopólio da encenação da obra até 1903, quando foi apresentada no Metropolitan Opera de Nova York.
  • Wagner não se referia à Parsifal como uma ópera, mas sim como uma ‘Peça de Festival para a Consagração do Palco’. Em Bayreuth surgiu uma tradição onde não se aplaude o final do primeiro ato de Parsifal.
  • Quando exilado na Suíça, Wagner foi procurado pelo embaixador brasileiro, dizendo que o Imperador Dom Pedro II era seu fã e que queria que ele viesse ao Brasil. Wagner então enviou a Dom Pedro II partituras autografadas de Navio Fantasma, Tannhäuser e Lohengrin, mas não obteve resposta, e achou que era algum tipo de trote. Anos depois, porém, Dom Pedro II foi cumprimentar o compositor no primeiro Festival de Bayreuth. No livro de visita do hotel onde ficou em Bayreuth, consta apenas: ‘Nome: Pedro II’; e
    ‘Ocupação: Imperador’.
Em comemoração aos 22 anos da revista, selecionamos essa matéria da edição 193

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