Teste 4: CABO NORDOST FREY 2 DE INTERCONEXÃO E DE CAIXA

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Teste 3: CAIXAS ACÚSTICAS DYNAUDIO EVOKE 10
agosto 16, 2019


Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Seguindo o script, após testar o cabo Tyr 2 de caixa e de interconexão (leia o teste na edição 250 de abril de 2019), agora passamos para vocês nossas observações sobre o modelo Frey 2. Assim como o Tyr 2, o Frey 2 pertence à linha Norse, a segunda série deste conceituado fabricante de cabos da terra do Tio Sam. Sugiro para todos que estejam interessados em conhecer mais detalhes da série Norse, lerem também nossas observações do Tyr 2.

Em inúmeros fóruns, quando se trata de realizações de upgrades dentro da mesma série de cabos da Nordost, acalorados debates são travados sobre se as diferenças entre um e outro cabo logo acima, serão audíveis para justificar o investimento.

Claro que todo este questionamento é importante, afinal dinheiro não é capim, e pesa no bolso em qualquer lugar do planeta em que o vil metal é utilizado.

No entanto, o que pouco observo nesses embates é se o sistema está à altura do investimento de um cabo de nível superior (claro que estou imaginando que estejamos falando de dúvidas de quem acredita que cabos fazem diferença), pois muitas vezes, passando os olhos no setup, fica evidente que não haverá melhoras audíveis. O que gostei muito na série Norse 2 é que os três cabos (Heimdall 2, Frey 2 e Tyr 2), atendem a um leque de sistemas que vai (dentro de nossa metodologia), dos Diamantes na fronteira com o Estado da Arte, até sistemas definitivos (de 98 pontos no caso do Tyr 2) – possibilitando a todos que possuem sistemas bem ajustados (em termos de sinergia e assinatura entre os componentes eletrônicos), um upgrade seguro e muito satisfatório em termos de upgrade nos cabos.

O cabo Frey 2 utiliza o mesmo design central da série de entrada da linha Leif, ao mesmo tempo que na série 2 introduzem tecnologias de ponta utilizados na linha Valhalla e Odin, como a tecnologia Dual Mono Filamento, comprimentos ajustados para evitar perda de transmissão de sinal, conectores MoonGlo projetados e patenteados pelo fabricante.

A construção Dual Mono Filamento cria um dielétrico de ar virtual com um sistema de suspensão de difícil construção mas grande eficiência. Os condutores de núcleo sólido OFC são revestidos de prata e isolamento. O Frey 2 de interconexão possui as seguintes características técnicas: isolamento de propileno etileno fluorado (FEP), construção duplo filamento mono, condutores 5x 24AWG, material de núcleo sólido de OFC 99,999999%, capacitância de 28.0pF/ft, velocidade de propagação de 85%.

Sua capa protetora possui a cor lilás, e tanto o cabo de caixa como de interconexão (RCA) enviados pela AV Group, vieram zerados. Paralelamente ao teste do Tyr 2, o Frey 2 também foi sendo amaciado para podermos realizar um aXb com total segurança que ambos estariam com as mesmas 300 horas de queima. Foram dezenas de produtos em que os cabos de interconexão e de caixa foram avaliados, então fatalmente alguns equipamentos nem serão relacionados.

Para o fechamento das notas, utilizamos nosso sistema de referência e também os produtos em teste nos últimos três meses. As caixas acústicas foram: DeVore O/96 (leia teste 1 nesta edição), Revel Perfoma3 M105 (leia teste na edição de Maio, número 251), Dynaudio Evoke 10 (leia teste 3 nesta edição), Dynaudio Evoke 50 e Kharma Exquisite Midi. Amplificadores: Audio Research 160M, Cambridge Audio Edge e Hegel H30. Pré-amplificadores: Audio
Research Ref 6, Cambridge Audio Edge e Dan D’Agostino. Prés de phono: Tom Evans Groove+ e Boulder 508 (leia teste 2 nesta edição). Fontes digitais: dCS Scarlatti, dCS Vivaldi e MSB Select DAC.

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Em minhas anotações escrevi: o Tyr 2 precisa de muito maior tempo de amaciamento para mostrar suas virtudes que o Frey 2. Será a quantidade de fios? Pois foi isto que aconteceu. Tirar da embalagem o Tyr 2 e esperar que já saia tocando magistralmente, será uma decepção. Já o Frey 2 parece já sair da embalagem muito mais próximo do que você irá apreciar depois das 300 horas de queima. Deixarei o comparativo entre os dois cabos para o final.

A assinatura sônica de toda a série Norse 2 é muito semelhante. Cabos com uma precisão e velocidade estonteante, muito detalhados tanto na recuperação de nuances de microdinâmica, como na apresentação de arejamento e silêncio de fundo. São cabos que deixam a música fluir com enorme controle e prazer auditivo.

O equilíbrio tonal no Frey 2 se estabilizou com 180 horas de queima. Daí em diante o que mudou foi a melhora na apresentação do corpo na região do médio-grave e no corpo também nos agudos superiores. Você saberá nitidamente que o amaciamento chegou ao fim quando os planos e a abertura e profundidade do palco sonoro se estabilizarem.

A sensação é que, entre as 200 e 300 horas, o palco vai se alargando gradativamente até termos a capacidade de apreciar um foco e recorte dos planos de uma orquestra sinfônica para além do limite das caixas, e para muito além da parede às costas das caixas. Para os amantes de soundstage, tanto o Frey 2 como o Tyr 2 são excelentes!

Muitos audiófilos reclamavam que a sonoridade da linha original Norse, em muitos sistemas, soava um pouco seca em tamanho de corpo dos instrumentos e no timbre, mostrando muito mais das notas fundamentais, do que o invólucro harmônico. Nesta nova geração, essas características problemáticas não existem. Ambos possuem corpos muito corretos (tanto em CD como em LP) e não se ouve nenhum resquício de secura ou falta do invólucro.

Achei o Frey 2 até mesmo mais quente e musical, com alguns gêneros musicais, que o Tyr 2 (talvez pelo fato do piso de silêncio do Tyr 2 ser muito maior), me parecendo o cabo certo para aqueles que desejam um toque a mais de calor nas vozes e instrumentos de cordas e sopro.

A pergunta óbvia que todos que possuem bala para adquirir qualquer um dos dois, é: qual eu escolho? E a resposta que darei, é: depende do sistema que você tem, do seu gosto musical e do que você deseja. O Tyr 2 possui um silêncio de fundo que é superior ao Frey 2, e com isto o ouvinte ganha em transparência e resolução maior. Sua assinatura sônica também é mais refinada e muitas de suas qualidades já estão muito mais próximas das linhas Valhalla e Odin.

Já o Frey 2 possui uma sonoridade mais quente, com excelente transparência, mas que não possui a mesma resolução em microdinâmica e nem a mesma transparência. Na nossa metodologia, sempre lembramos que 4 pontos é uma distância considerável, não em compromissos, mas em performance. O que quero dizer com isto? Que em termos de metodologia, ambos já atendem com grande margem de segurança a todos os quesitos de forma coerente e homogênea. E que as diferenças se encontram no grau de refinamento (ou, se quiserem, de lapidação). Exemplos: em uma passagem com três saxofones montando um acorde, o Tyr 2 dará ao ouvinte a possibilidade de distinguir cada um dos saxofones, como as alturas e se o acorde foi tocado de forma precisa. O Frey 2 mostrará que estamos escutando um acorde de saxofones, mas os detalhes passarão batidos. Ou aquele triângulo no meio de um crescendo da orquestra: o Tyr 2 permite mesmo com a entrada de inúmeros instrumentos, acompanhar o decaimento do triângulo, até o silêncio. No Frey 2, haverá um esforço para tentar observar este decaimento, já que muitos outros instrumentos entraram.

Detalhes que para muitos são irrelevantes e não merecem o custo que se paga para se ouvir, e para outros são de suma importância para justificar todo o dinheiro investido. Não serei eu o juiz desta questão – a mim só cabe esclarecer a você, leitor, onde se encontram as diferenças e como elas serão ou não relevantes para a escolha de um ou outro cabo.

CONCLUSÃO

Gostei muito do Frey 2, e acho que sua relação custo/performance agradará à um número maior de usuários (tanto melômanos como audiófilos) que tenham um sistema Estado da Arte e chegaram à conclusão que aquele sistema é o definitivo (ou, se não é, será por muito tempo utilizado), e só querem ‘lapidar’ com cabos as ‘arestas’ ainda existentes.

Muito bem construído, e de enorme compatibilidade com todos os produtos utilizados no testel, com excepcional velocidade para respostas de transientes, um equilíbrio tonal preciso e muito musical. Atende perfeitamente desde o usuário que aprecia um único gênero musical aos que (como eu) escutam de tudo.

O cabo Frey 2 de caixa possui as seguintes especificações: 22 condutores 22AWG, material de núcleo sólido OFC 99,999999% prateado, capacitância de 10,3 p.f./pé, indutância de 0,135uH/pé, propagação de 96%, terminações banhadas à ouro (spade ou plug Banana).

Comparado também com o Tyr 2, o cabo de caixa Frey 2 se portou de maneira distinta do cabo de interconexão (será questão da quantidade de fios condutores apenas?). Interessante que misturar os cabos não deu o equilíbrio teoricamente imaginado. Exemplo: usar o RCA Tyr 2 com o cabo de caixa Frey 2, na tentativa de manter certas características na performance como corpo e silêncio de fundo. Ou o inverso: RCA Frey 2 com cabo de caixa Tyr 2. Aqui se aplica a lei do elo mais fraco (como em todo sistema hi-end bem ajustado), mostrando que a distância entre os cabos de caixa Tyr 2 e Frey 2, é maior que a dos de interconexão.

Cheguei a achar que seria uma questão de um maior amaciamento ou que havia feito os cálculos errados de quanto cada um ficou em queima. Mas, revendo minhas anotações, confirmei que ambos fizeram as 300 horas em conjunto na Kharma, e que o tempo em que foram utilizados separados já estavam totalmente amaciados.

Em todas as caixas utilizadas no teste as diferenças no corpo harmônico, no tamanho de palco e no silêncio de fundo foram audíveis. Nestes quesitos as diferenças são significativas. Estou a falar nas colunas utilizadas (Kharma, Dynaudio Evoke 50 e DeVore O/96). Nas books Evoke 10 e Revel Concentra, é muito menos perceptível essa diferença.

Em termos de assinatura sônica são muito semelhantes. Excelente equilíbrio tonal, com ótima extensão nas duas pontas, velocidade e arejamento. Região média com enorme naturalidade e transparência. Texturas impecáveis e transientes matadores! Micro e macrodinâmica capazes de nos prender à cadeira, e uma materialização física palpável!

O corpo harmônico, se comparado diretamente com o Tyr 2, é audivelmente menor, e os planos na largura e profundidade também são mais concentrados entre as caixas.

Estamos, sempre é bom lembrar, falando de um aXb com um cabo acima, da mesma série, e que custa quase o dobro! Então quero deixar claro que o Frey 2 de caixa é um excelente cabo e com uma relação custo/performance muito competitiva com os cabos concorrentes da mesma faixa de preço.

Então se você possui um sistema Estado da Arte na faixa de 95 a 98 pontos, o ideal será investir no Tyr 2 de caixa (principalmente se você deseja um Valhalla 2, mas falta crédito para tanto). Já os leitores que possuem um sistema entre 90 e 94 pontos Estado da Arte, e desejam um cabo de caixa com uma assinatura sônica correta, natural e de uma musicalidade cativante, o Frey 2 é uma excelente indicação.

Não conheci a série Norse anterior de cabos de caixas para saber o quanto evoluiu para a Norse 2. O que posso dizer, após passar cinco meses com esses cabos da Nordost, é que esta nova geração oferece um grau de performance surpreendente. E é capaz de atender a uma legião de audiófilos que sempre desejou ter em seus sistemas as séries logo acima (Valhalla e Odin), mas que pelo preço proibitivo precisam achar uma outra solução para este desejo.

Afirmo que as melhorias implementadas nesta nova geração da série Norse permitem a todos os que desejam subir mais alguns degraus, realizarem seu sonho.

O Frey 2 está na fronteira, permitindo ao usuário ter uma ideia do que a série superior pode fazer pelo seu sistema.

Altamente recomendado, ambos: de interconexão e de caixa.


Pontos positivos

Excelente compatibilidade e custo/performance de cabos Estado da Arte

Pontos negativos

Para os que desejam detalhamento ao extremo, devem procurar o modelo acima


ESPECIFICAÇÕES – RCA
IsolamentoPropileno etileno fluorado (FEP)
Construção Duplo filamento mono
Condutores 5x 24 AWG
Material Núcleo sólido de OFC 99,999999%
Capacitância 28.0 pF/pé
Velocidade de propagação 85%.
ESPECIFICAÇÕES – CAIXA
Condutores22 condutores 22 AWG
Material Núcleo sólido OFC 99,999999% prateado
Capacitância 10,3 p.f./pé
Indutância 0,135uH/pé
Velocidade de propagação 96%
Terminações Banhadas à ouro (spade ou plug banana)

CABO NORDOST FREY 2 DE INTERCONEXÃO
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,0
Total 94,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
CABO NORDOST FREY 2 DE CAIXA
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 13,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 10,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,0
Total 91,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Teste 4: CABO NORDOST FREY 2 DE INTERCONEXÃO E DE CAIXA



AV Group
(11) 3034.2954
Cabo Interconexão 1m: R$ 9.143
Cabo Caixa 2m: R$ 18.318

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