Teste 4: CABOS NORDOST HEIMDALL 2 DE CAIXA E RCA

MUSICIAN – Bibliografia: VILLA-LOBOS E A ‘ALMA BRASILEIRA’
agosto 16, 2019
Teste 3: PEDESTAL DE CAIXA MAGIS AUDIO
agosto 16, 2019


Juan Lourenço
revista@clubedoaudio.com.br

A importadora oficial da americana Nordost no Brasil, a AV Group, nos trouxe uma série de cabos para testes, dentre eles os cabos interligação USB Blue Heaven (edição 249), Tyr de caixa e interconexão (edição 250), e Nordost Frey (edição 253).

A Nordost divide seus principais cabos em três grupos: O primeiro grupo, de entrada, denominado Leif, abriga os modelos White Lightning, Purple Flare, Blue Heaven e Red Dawn. Depois a linha Norse de alta performance, contendo os modelos Heimdall 2, Frey 2 e Tyr 2. O terceiro grupo, Reference, tem apenas uma linha de cabos Valhalla 2 e, por fim, a linha Supreme Reference, com o topo da cadeia alimentar: os todo-poderosos Odin e Odin 2.

Nesta edição, o cabo da vez é o modelo Heimdall 2, RCA e de caixa acústica. Como mostrado acima, o cabo Heimdall é o primeiro da linha Norse, e é a partir dele que a coisa começa a ficar séria, por assim dizer, pois começamos a ver algumas técnicas de produção e materiais do Valhalla e Odin sendo empregados na linha Norse, como a tecnologia Mono-Filament, que cria um dielétrico de ar virtual ao enrolar um filamento FEP flexível em uma espiral precisa ao redor de cada condutor. Sabe aquele filamento colorido que vemos ao redor dos fios, principalmente nos cabos de força? Este é o dielétrico responsável por manter o condutor longe da capa final do cabo. Se observar com cuidado, verá que mais de 70% do fio está realmente ‘flutuando’, pois este filamento FEP impede que, em uma torção por exemplo, o condutor encoste na camada de Teflon extrudado, reduzindo a absorção dielétrica e controlando melhor o amortecimento mecânico, além de manter a precisão geométrica do cabo. Estas técnicas desenvolvidas primeiramente para a indústria aeroespacial e para a NASA, agora estão à serviço do áudio, da boa música.

Outra tecnologia vinda dos modelos topo de linha é o Aterramento Assimétrico, que diminui o nível de ruído. Em termos práticos, estas duas tecnologias – Mono-Filament e o Aterramento
Assimétrico – podem ser observados na reprodução sonora na forma de mais silêncio de fundo, melhor foco e recorte, e conseqüentemente melhores contornos dos músicos e instrumentos no palco sonoro – Aquele foco surpreendente da linha Valhalla, micro-dinâmicas mais precisas e clareza na região média, já podem ser observados a partir do Heimdall.

Uma curiosidade sobre os cabos de caixa acústica Flat Line (formato de fita) é que esta geometria dos condutores alinhados em paralelo obtém ganhos consistentes em velocidade de transientes, macro e micro-dinâmicas, beneficiando-se diretamente da relação capacitância/indutância formada pelo paralelismo dos condutores. O pênalti nesta topologia é que a região média tende a vir para frente, tirando um pouco da profundidade de palco. Dá para equilibrar com outras técnicas, mas tais medidas podem encarecer o produto – suspeito que é por isto que desenvolveram os próprios plugs, pois é uma maneira barata de negociar melhor os ganhos e perdas na topologia, principalmente nos produtos de entrada e meio de linha.

As terminações dos cabos Nordost RCA ou XLR utilizam a tecnologia proprietária da marca chamada Nordost MoonGlo®. O RCA macho possui uma ‘coroa’ que desliza para dentro do próprio plug ao encostar-se no RCA fêmea, fazendo o travamento total do conector. Os de caixa são os tradicionais plugs Banana e Spade.

Para o teste foram utilizados os seguintes equipamentos. Fonte Digital: CD-Player e transporte Luxman D-06, DAC Hegel HD30 Mod By Sunrise Lab. Amplificadores integrados: Sunrise Lab V8 Mk4 e Mk4 SS com pré de phono interno, e PS Audio S300. Cabos de força: Transparent Reference XL MM 2, Sunrise Lab Reference e Quintessence Magic Scope. Cabos de Interligação: Sax Soul Cables Zafira III XLR, Sunrise Lab Reference Magic Scope RCA, Sunrise Lab Quintessence Magic Scope. Cabos de caixa: Sunrise Lab Reference 2 e Quintessence Magic Scope. Caixas Acústicas: Dynaudio Excite X14, Emotiva Airmotiv T1, Neat Ultimatum XL6.

Dentre os cabos que testei, o cabo de caixa Heimdall foi um dos cabos que mais demorou a amaciar. Foi preciso pouco mais de 350 horas de amaciamento. Meu pobre player de batalha, um DVD que uso para os períodos de amaciamento entre as audições sérias no sistema de referência, ficava 7 dias ligado sem interrupções, ouvia e retornava para o pobre DVD trabalhar ainda mais uma semana, e assim foi até o amaciamento. O RCA amaciou mais rápido, e já tinha algumas horas de estrada.

Inicialmente ligamos o Heimdall de caixa ao integrado V8 com as caixas Emotiva T1. De imediato percebemos que a sinergia foi total. A velocidade estonteante do cabo Heimdall nos graves trouxe uma precisão às vigorosas arcadas do contrabaixista Bruce Henri, no disco Bruce Henri & Villa’s Voz, faixa 1. Além da precisão rítmica ficar melhor, o cabo trouxe maior equilíbrio na região médio-grave, muito bem-vindo para a T1, porém esta luz a mais na região do médio-grave ofuscou um pouco o grave que descia bem, com impacto e texturas ótimas, mas nem tanto como se esperava. O foco e recorte são o ponto alto deste cabo: todos os instrumentos passam a ter uma apresentação mais ‘vincada’ no imaginário palco sonoro. É possível perceber, sem muito esforço, os movimentos dos músicos, a posição deles. A inteligibilidade do dedilhado nos solos fica ainda mais precisa.

Continuando nesta linha musical, colocamos Arne Domnérus, disco Live is Life, faixa 11. E novamente ouvimos uma precisão e dinamismo no solo de bateria de causar inveja. Os ataques tinham uma ótima energia, dava para perceber com clareza os harmônicos se formando em cada pele e prato da bateria. A clareza na região média e média-alta fazia com que o acontecimento musical soasse ainda mais prazeroso de ouvir, já que o clarinete ganhava um leve destaque a mais sem se embolar com o restante dos músicos. A profundidade era boa, os músicos não pareciam estar disputando espaço a cotoveladas, muito pelo contrário, tinha uma boa distância entre eles e ótimo silêncio de fundo para mostrar detalhes, como as diferentes batidas dos macetes no vibrafone de Lars Erstrand – mesmo que em uníssono com a clarineta, dava para perceber as diferentes de dinâmica de cada instrumento separadamente com ótimo timbre e extensão para ambos!

Ao alternar os cabos de interligação disponíveis, as características se mantinham, algumas como os médios e as altas mais doces do cabo Zafira III traziam benefícios muito bons ao cabo de caixa Heimdall, ficando mais relaxado quando a música era mais intimista. Já com o Reference a melhora foi no encaixe do grave com médio-grave, proporcionando mais conforto auditivo e recuando o palco.

Como era de se esperar, o Nordost Heimdall 2 evoluiu bastante, tanto que, diferente da primeira versão, que era mais ‘autoritária’, a versão 2 se mostrou mais neutra, mais compatível e amigável com cabos fora da sua família.

O mesmo acontece com o RCA tocando separado de seu par. A evolução na compatibilidade com outras marcas, cedendo um pouco de sua assinatura para que outras assinaturas sônicas se misturem, mostra que o grau de refinamento do Heimdall 2 RCA aumentou por demais!

Quando juntos, RCA e caixa, aquele grave mais enxuto do cabo de caixa, dão lugar a um grave cheio e repleto de extensão. As vozes ficam mais recuadas e com corpo melhor delineado, os tamanhos dos instrumentos ficam mais próximos do ideal, mas os agudos perdem um pouco de extensão lá no final da ponta. Claramente o cabo de caixa está um degrau acima do RCA, porém com os dois juntos somando forças, a musicalidade toma conta da sala de audição e a pequena perda na extensão dos agudos passa a ser mais uma questão de gosto pessoal, porque o som fica mais quente, mais relaxado, perfeito para audições de conjuntos de até cinco integrantes, como os de música folk, grupos de jazz, blues e rock progressivo por exemplo.

CONCLUSÃO

A diferença do cabo Heimdall 2 para o seu antecessor é clara como água, e o cabo evoluiu muito e os benefícios são ouvidos sem qualquer esforço. A Nordost conseguiu maior compatibilidade, refinamento e um nível de conforto auditivo surpreendentes para este produto, tudo isto sem perder a identidade sônica da marca, agradando a gregos e troianos. Um feito e tanto!


Pontos positivos

Construção primorosa e durável. Alta compatibilidade com cabos de características diferentes.

Pontos negativos

Nenhum.


ESPECIFICAÇÕES – RCA
IsolaçãoPropileno Etileno Fluorado (FEP)
Construção Camada mecanicamente regulada, e design duplo mono-filamento
Condutores 4 x 24 AWG
Material Cobre núcleo sólido OFC 99.99999% com banho de prata
Capacitância 25.0pF/pé
Indutância 0.06μH/pé
Cobertura de blindagem 97%
Velocidade de propagação 85%
Terminação Plugue Nordost MoonGlo® RCA ou XLR banhado a ouro
ESPECIFICAÇÕES – CAIXA
IsolaçãoPropileno Etileno Fluorado (FEP)
ConstruçãoCamada mecanicamente regulada, e design micro mono-filamento
Condutores18 x 22 AWG
MaterialCobre núcleo sólido OFC 99.99999% com banho de prata
Capacitância 9.8pF/pé
Indutância0.14μH/pé
Velocidade de propagação96%
Terminação
Spade ou banana Z-Plug com banho de ouro

CABO DE INTERLIGAÇÃO NORDOST NORSE HEIMDALL 2 RCA
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 10,5
Textura 11,0
Transientes 10,5
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 10,5
Musicalidade 11,5
Total 88,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
CABO DE CAIXA ACÚSTICA NORDOST NORSE HEIMDALL 2
Equilíbrio Tonal 11,5
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 11,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 11,5
Organicidade 10,5
Musicalidade 12,0
Total 90,5
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Teste 4: CABOS NORDOST HEIMDALL 2 DE CAIXA E RCA



AV Group
(11) 3034.2954
Cabo Interconexão 2m: R$ 8.517
Cabo Caixa 2m: R$ 11.711

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