Christian Pruks
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O compositor e intérprete argentino Astor Piazzolla foi, com sua obra, um dos indiscutíveis gênios do século XX. Com sua linguagem única, levou o tango de seu País não só para os muitos admiradores do gênero no mundo, mas, em última forma, também o levou a falar a língua dos jazzistas e dos músicos eruditos. Há ecos da complexa e belíssima obra de Piazzolla, seja ela com orquestras, conjuntos de câmara, quintetos ou octetos de ‘tango nuevo’, em uma variedade de gêneros e estilos musicais da segunda metade do século XX até hoje – e vice-versa, pois muitos são os influenciados por sua obra. A música de Piazzolla é hoje, certamente, uma música universal, para todos os corações e mentes.
Vicente Piazzolla, o ‘Nonino’, pai de Piazzolla, faleceu em 1959 na Argentina quando Astor estava em turnê pela América Central. Retornando a Nova York alguns dias depois, com dificuldades financeiras pela turnê mal sucedida, munido de sua tristeza, o compositor fechou-se sozinho em seu apartamento e, em menos de uma hora, compôs Adiós Nonino. A obra é considerada um dos principais trabalhos de Piazzolla, sendo que ele gravou-a inúmeras vezes, ao longo dos anos, com várias formações instrumentais. Contribuindo com sua notoriedade mundial, ela foi tocada em 2002 no casamento do Rei Guilherme Alexandre da Holanda com a Rainha Consorte Máxima Zorreguieta, que é de origem argentina.
A milonga, ou o tango milongueiro, é uma forma rítmica um pouco distinta do tango usual, e bastante popular nas orquestras típicas da Argentina. Aqui Piazzolla escreveu, explorando o tango mais introspectivo, partes da Série Angel, como o trio Milonga del Angel, La Muerte del Angel e Resurrección del Angel, representando a natureza gentil, a fúria da morte e o triunfo meditativo da ressurreição. Apesar das três peças serem frequentemente tocadas juntas, foram compostas separadamente. Outras duas peças consideradas da mesma série são El Tango del Angel, de 1957, que é um dos primeiros exemplos do Tango Nuevo, e Introducción al Ángel que, juntamente com La Muerte del Angel, são composições de 1962.
Também conhecida como As Quatro Estações de Buenos Aires – o adjetivo ‘porteño’ refere-se a quem nasceu na cidade de Buenos Aires – cada uma de suas partes, o Verão, Outono, Primavera e Inverno, foram compostos como peças separadas, mas eram costumeiramente tocadas em forma de suíte. A primeira parte, o Verano Porteño, foi composta em 1965 por Piazzolla como música incidental para a peça Melenita de Oro do dramaturgo, escritor e diretor de teatro argentino Alberto Rodríguez Muñoz.
Alfredo Gobbi (1915-1965) foi um dos pioneiros do tango na primeira metade do século XX em Buenos Aires, como compositor, violinista, arranjador e líder de orquestra, começando sua carreira aos 13 anos e, a partir dali, integrando as orquestras dos principais tangueros de sua época. Piazzolla considerava Gobbi como o pai de todos os que fizeram o tango moderno, e aqui faz uma homenagem afetuosa ao mestre.
Em uma época bastante produtiva de sua vida, Piazzolla estreou o ciclo completo das Cuatro Estaciones Porteñas no Teatro Regina de Buenos Aires acompanhado de seu quinteto, em 19 de maio de 1970. O ciclo, em ordem de composição, tem os movimentos Verano Porteño, de 1965, Otono Porteño, composto em 1969, e Primavera e Invierno Porteño, ambos composições de 1970.
Forma originária da região do Rio da Prata, entre Argentina e Uruguai, a milonga usualmente cantada era muito popular no fim do século XIX, e é derivada de um estilo de canto chamado de ‘Payada de Contrapuncto’. Piazzolla compôs a Milonga Sin Palabras em 1979, originalmente apenas para bandoneón e piano, e dedicou-a a sua esposa.
Em 1982, Piazzolla compôs Le Grand Tango, uma peça para violoncelo e piano, dedicada ao violoncelista russo Mstislav Rostropovich e para o qual o compositor chegou a presentear a partitura. Rostropovich nunca tinha ouvido falar de Piazzolla, então sua partitura permaneceu durante anos esquecida em uma gaveta. Anos depois o violoncelista Carter Brey, que havia ganhado o Concurso Internacional de Violoncelo Rostropovich, conhece Piazzolla e estreia Le Grand Tango, fazendo com que Rostropovich tome interesse pela obra e viaje a Buenos Aires para conhecer o compositor e receber instruções sobre a execução da mesma. A estreia nas mãos de Rostropovich se dá, então, em Nova Orleans em 1990, acompanhado
da pianista Sara Wolfensohn.
Também chamada de Ave Maria, a obra foi originalmente escrita, juntamente com Oblivion, para o filme Enrico IV do cineasta italiano Marco Bellocchio, estrelando Marcello Mastroianni e Claudia Cardinale. Tanti Anni Prima é a música tema da personagem Matilde, interpretada por Cadinale, e foi composta para oboé e piano.
Oblivion é uma das mais populares peças de Piazzolla. No estilo de milonga, para oboé e orquestra, é um tango mais tradicional, com menos influência jazzística. É outra peça escrita para o filme Enrico IV de Marco Bellochio, que conta a história de um ator que cai de seu cavalo enquanto encenava o papel de Henrique IV e, quando acorda, passa os vinte anos seguintes achando que é o próprio Henrique IV.
Literalmente a ‘História do Tango’ foi escrita para ser contada por uma flauta e um violão, desde o ano 1900 até a década de 1980. O movimento Cafe 1930 mostra quando o tango passou a ser mais ouvido do que dançado, tornando-se mais musical, lento, romântico e melancólico. Já o movimento Concert D’Aujourd’Hui é o tango atual e o tango do futuro, moderno, que retém suas origens, mas hoje está mesclado com jazz e música clássica moderna, como Stravinsky e Bartók.
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