Teste de Vídeo: PROJETOR SAMSUNG THE PREMIERE LSP9T
maio 15, 2021
Teste 3: CÁPSULA HANA UMAMI RED
maio 15, 2021

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

[layerslider id=”34″]

Em uma edição comemorativa de 25 anos, em que quisemos fazer uma homenagem à topologia que deu sentido à busca pelo hi-end: o analógico, seria frustrante não apresentar também nesta mesma edição um toca-discos mais próximo à nossa realidade.

E foi assim que escolhemos o Thorens TD 148 A para também fazer parte desta edição comemorativa. Afinal, a Thorens é parte desta maravilhosa história da busca pela alta fidelidade com toca-discos que marcaram época e foram verdadeiras referências a serem batidas.

Que audiófilo com mais de 40 anos não teve ou conheceu alguém que ainda tem um setup analógico com os modelos TD 160, TD 124 ou o TD 125, com os braços da própria Thorens ou os tão desejados SME 3009, ou os Jelcos?

Eu tive, por quase duas décadas, primeiro o TD 160 e, posteriormente, o TD 124, comprado na Raul Duarte, ainda na Rua Sete de Abril, diretamente das mãos do Cassiano, o pai das meninas da Raul Duarte (como elas ficaram conhecidas após o falecimento do pai). E o mais impressionante é que ambos ainda estão em perfeito funcionamento com dois queridos amigos músicos, que os tratam como as “joias” de seus setups! Mostrando o grau de confiabilidade desses toca-discos quando bem cuidados!

A Thorens agora se encontra na mão de seu terceiro dono, e o novo CEO é um profissional de enorme competência e com muitos e muitos anos de mercado, afinal foi presidente da Elac, uma outra empresa alemã com uma longa história de bons serviços prestados à alta fidelidade. E sob esta nova direção, a Thorens quer manter sua história e credibilidade vivas. Mas quer avançar e conquistar um nicho mais jovem, e que deseja um toca-discos prático, moderno e se possível de boa qualidade.

O mercado de toca-discos intermediários está cada vez mais competitivo, e cada centavo conta pontos nesta briga por uma maior parcela neste segmento tão atraente.

A Thorens, em sua longa história, nunca brigou nesta faixa de preço, pois sempre seus toca-discos buscavam atender o consumidor que desejava um definitivo, e com um grau de precisão que atendesse tanto a uma boa performance sonora, como a manutenção de seus valiosos discos.

Pois não pensem vocês, com menos de 40 anos, que no auge do vinil, não se produzia muita porcaria! Toca-discos que destruíam os discos com as famosas cápsulas de cerâmica, capazes de deixar um LP totalmente esbranquiçado após corroer os sulcos.

Eu vi tantas barbaridades nos meus sessenta e três anos de idade, que daria para escrever uns 50 Espaços Abertos, só falando dos crimes cometidos aos pobres discos, com moedas ou caixas de fósforos penduradas no shell do braço, sobre a cápsula, elásticos sendo usados como anti skating, cabos de braço soldados à cápsula. Atrocidades capazes de destruir discos em três a quatro audições.

Para os jovens que começam sua peregrinação aos sebos, em busca de raridades que custem de 10 a 30 reais, prestem muita atenção: se o LP estiver esbranquiçado, os sulcos foram destruídos e se você, ao tocá-lo em seu toca-discos, irá destruir sua agulha também.

E não pense que os toca-discos indecentes ficaram no passado – ledo engano. Todas essas “vitrolas” oferecidas a menos de 3000 reais são descendentes direto das antigas vitrolas destruidoras de discos. O mercado “consumer” nunca irá aprender a respeitar o melômano e o audiófilo com um orçamento muito apertado. Pois eles sabem que o número de consumidores desinformados é enorme.

Para os que desejam se aventurar na “magia sonora” do analógico, tenham em mente, como sempre escrevo, que será necessário pelo menos R$ 5.000 para a compra de um toca-discos decente que não vai destruir seus discos, e que vai lhe proporcionar prazer em escutar seus LPs. Os bons permitem ajustes no braço e no peso da cápsula, para que seus discos não sejam danificados e durem por décadas! E para extrair o melhor som!

O TD 148 A faz parte deste time de TDs com o mínimo de qualidade, que aceita upgrades de cápsulas e tem alguns mimos – como ao término do disco levantar o braço para você não ter que correr e não deixar a agulha encostar no selo do disco (ruído que é bem desagradável e que pode muito bem cortar o barato de uma audição prazerosa).

Em sua classe de toca-discos, o TD 148 A possui um chassi de suspensão flutuante de duas peças, que protege o disco e o braço de vibrações externas. O gabinete é feito de MDF e pode ter acabamento em folheado de madeira natural ou em preto (o que veio para teste tinha o acabamento de madeira, muito bonito). E o sub-chassi é feito de alumínio. A suspensão, como na maioria dos Thorens, é para manter o toca-discos o mais estável possível. A transmissão é feita por correia (belt-drive), com um motor totalmente desacoplado do chassi. O prato é feito de vidro temperado e polido, para um acabamento mais refinado. O toca-discos vem com um braço TP 92 feito sob encomenda para a ELAC. Este braço, ainda que minimalista e despojado de refinados controles, tem força de rastreamento e anti skating também ajustáveis.

Este modelo já vem de fábrica com uma cápsula Thorens TAS 267 (Audio Technica AT-95E), que já sai de fábrica ajustada. É o tão falado plug & play, para os marinheiros de primeira viagem que querem tudo “à mão”. O que indicamos e sugerimos é que o TD 148 A pode render muito mais do que o pacote que ele sai de fábrica, merecendo cápsulas melhores e mais refinadas.

Este modelo possui três velocidades de rotação (33. 45 e 78 RPM), que são selecionados do lado esquerdo do painel por uma chave, mas que será preciso lembrar, aos que não sabem, que caso deseje se escutar um disco em 78 RPM, será necessário o uso de uma cápsula específica, pois do contrário o risco de destruir a cápsula para 33 e 45 RPM é total! O TD 148 A possui modo de uso manual e automático (ainda bem, pois pessoas velhas como eu, jamais se acostumariam com o padrão automático).

Para que o automático funcione é necessário colocar o interruptor especial na posição do diâmetro do prato no final do disco. Feito este procedimento, de levar o braço até o final do disco, toda vez que o mesmo acabar o braço se levanta e o motor desliga.

Eu usei o tempo todo no modo manual, pois são décadas e mais décadas levantando e trocando o disco de lado, que fazer algo diferente deste ritual me parece estranho demais. Mas não sou contra oferecer novidades às gerações acostumadas a comandos sem sair da cadeira – ainda que no analógico não se tenha saída de, a cada 20 minutos, exercitar as pernas e os braços – é inevitável.

Para o teste, utilizamos basicamente os prés de phono Boulder 508 o PS Audio Stellar. Os cabos foram os Virtual Reality (RCA e XLR) e o Sunrise Lab Quintessence (RCA e XLR). As cápsulas, além da MM que veio no TD 148 A, ouvimos a Hana ML e também a Ortofon 2M Red.

Começo minha avaliação auditiva afirmando que o Thorens merece, no mínimo, uma Ortofon 2M RED. Pois as diferenças em termos de performance serão enormes! Com a cápsula que vem instalada, o som carece de vivacidade e inteligibilidade em passagens mais complexas. Falta os extremos e, principalmente, o som carece do DNA do analógico, que é justamente um som com corpo bem próximo do real, e aquela folga e conforto auditivo tão presente no analógico.

Entendo que, para tornar o aparelho competitivo em um mercado tão disputado, a Thorens optou por uma cápsula muito de entrada. Mas, com isso, deu um tiro no próprio pé, pois deixou exposto o elo fraco que é justamente a cápsula. Eu repensaria essa estratégia, pois em uma apresentação com seus concorrentes diretos, o Thorens não irá se destacar pelo som. Ainda que, nos outros quesitos, ele ganhe facilmente dos TDs de entrada muito mais despojados e simples. Mas se o que conta para o consumidor é a performance acima de tudo, esta estratégia deveria ser repensada.

Para o leitor ter uma ideia clara, com a cápsula que ele vem, sua nota seria inferior à de um toca-discos bem de entrada e básico. Mas com uma 2M Red ele se mostrou consistentemente superior aos toca-discos de entrada em todos os quesitos da Metodologia. E com a Hana ML, conseguiu extrair o sumo do sumo de suas habilidades, pois possui um bom braço, ainda que simples, é silencioso, tem baixa variação de rotação e um prato de muito bom nível.

Então, para facilitar o leitor, ao final daremos duas notas: com a cápsula original e com a Ortofon 2M Red.

No início do teste, achamos que a falta de “vivacidade” poderia ser algum problema na resposta de transientes, e na velocidade. Usei o disco de strobo diversas vezes para me certificar que não era problema de variação de velocidade. E não era, pois foi instalar a 2M Red e tudo mudou da água para o vinho. Ganhamos vivacidade, presença, corpo, maior extensão nas duas pontas, melhores planos, e uma apresentação muito mais condizente.

Os toca-discos de entrada e intermediários são por demais dependentes da escolha certa da cápsula para poder “justificar” o investimento. Então, se você está pensando em se embrenhar pelo analógico, saiba que é preciso planejar e ter em mente, dentro de seu orçamento, todas as opções possíveis. E esqueça o discurso do “desembalar, conectar e sair dando piruetas de alegria pela sala” ao ouvir o primeiro LP. Isso não existe nem nos contos de fadas atuais!

Montar um setup analógico é tarefa que exige paciência, conhecimento e ousadia. Se não, será rapidamente usado como objeto de decoração em sua sala de estar e nada mais que isso.

CONCLUSÃO

O Thorens TD 148 A pode sim ser o seu primeiro toca-discos, capaz de lhe dar prazer em ouvir LPs – mas não lhe levará a orgasmos sonoros nunca! Mas também não o desapontará, desde que siga as recomendações aqui feitas.

Primeiramente: lembre-se de colocar no orçamento a compra de uma cápsula de qualidade compatível com o braço desse
toca-discos.

Segundo: se certifique que o pré de phono também esteja à altura do setup, e que seja silencioso o suficiente para apresentar os detalhes das gravações.

E terceiro: nada de usar aquele surrado cabo guardado em uma gaveta cheia de controles remotos, também velhos, de equipamentos que nem existem mais. Utilize um cabo decente de entrada blindado (pois um setup analógico é altamente suscetível à interferência de Rádio-Frequência). E certifique-se de ligar o fio-terra no chassi do Thorens.

Com esses cuidados, e o braço corretamente ajustado para uma nova e boa cápsula, o Thorens TD 148 A pode ser digno da história desta empresa.


PONTOS POSITIVOS

Excelente relação custo/performance.

PONTOS NEGATIVOS

Nada nesta faixa de preço.


ESPECIFICAÇÕES
TipoToca-discos automático
TraçãoBelt-drive (correia)
MotorDC eletronicamente controlado
Velocidades33-1/3, 45, 78 RPM (selecionada eletronicamente)
Prato12“ / 2,3 kg (vidro de quartzo)
Anti-SkatingPor mola (ajustável)
Desligamento automáticoSim
Capacitância do cabo160 pF
Alimentação115-230 V, 50-60 Hz
Dimensões (L x A x P)430 x 140 x 370 mm
Peso7,9 Kg

TOCA-DISCOS THORENS TD 148 A (COM USO DA CÁPSULA DE FÁBRICA)
Equilíbrio Tonal 7,0
Soundstage 7,0
Textura 6,0
Transientes 6,0
Dinâmica 6,0
Corpo Harmônico 6,0
Organicidade 6,0
Musicalidade 6,0
Total 50,0
PRATA REC
TOCA-DISCOS THORENS TD 148 A (COM USO DA CÁPSULA ORTOFON 2M RED)
Equilíbrio Tonal 9,0
Soundstage 9,0
Textura 9,0
Transientes 9,0
Dinâmica 7,0
Corpo Harmônico 9,0
Organicidade 9,0
Musicalidade 8,0
Total 70,0
OUROREFERENCIA



KW Hi-Fi
(48) 3236.3385
R$ 14.700

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *