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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Como a má compreensão dos princípios da Audiofilia, não ajuda ninguém a obter o melhor som – nem mesmo os que não gostam ou ‘não acreditam’ na Audiofilia.

Desde tempos imemoriais – acho que desde antes dos aparelhos de som! – existe um ódio gratuito aos audiófilos, uma total falta de entendimento de seus princípios, do ‘porquê’ de cada coisa, de cada ‘maluquice’.

Sempre acompanhando artigos de sites especializados, conversas de grupos de discussão e de fóruns, e vídeos de audiófilos de YouTube, fico besta há anos com a quantidade de coisas que as pessoas não compreendem e, até, tendem a ser verborrágicas sobre.

E, mais recentemente, me senti provocado a tecer estes comentários aqui, por uma série de vídeos de vários youtubers falando mal dos audiófilos e da audiofilia. E, vejam, por várias vezes, muitos dos comentários foram completamente certos!

Esse meu texto aqui é meu ‘pitaco’, ou eu sou algum tipo de ‘detentor da verdade’? Bom, nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Tenho opiniões derivadas de quase duas décadas de experiência profissional, tanto estando ligado diretamente à projeto e manufatura de equipamentos e acessórios, quanto ativo na imprensa especializada, quanto prestando uma série de serviços no mercado. E, ainda por cima, apoio e tenho como alicerce – ao mesmo tempo – uma Metodologia a qual não é nem um pouco fácil, mas é bastante abrangente. Ah, e além disso me considero um privilegiado em relação à Referência, por ter ouvido extensamente e de maneira crítica um enorme número de equipamentos e sistemas, além de – claro! – conhecer muito bem o som da Referência Absoluta: os instrumentos acústicos sendo tocados ao vivo, seja solando, em pequenos grupos ou mesmo em grandes Orquestras Sinfônicas, tocando clássicos, jazz, folk, rock, etc. Então, julguem vocês, separem vocês o joio do trigo, o certo do errado.

Ou seja, aqui vai uma ‘pincelada geral’ – e muito breve – em alguns assuntos aparentemente mais discutidos entre os que não compreendem a audiofilia:

O que significa ‘Audiofilia’? O que faz algo ser considerado ‘Audiófilo’?

A definição mais encontrada para Audiófilo é: quem é entusiasta de alta fidelidade sonora e equipamentos de som. Claro que tem os que são ‘equipamentófilos’ e, se pudessem, nem ouviriam música, aparentemente. Mas a maioria esmagadora dos audiófilos que eu encontrei até hoje realmente gostavam de ouvir a música que apreciam.

Portanto, audiófilo é aquele que quer que seu equipamento reproduza música com a maior fidelidade e qualidade que conseguir. Se sim, então todos os melômanos (os que amam a música) que apreciam qualidade de som, são audiófilos – pois têm equipamentos melhores ou a preocupação em tê-los. Muitos não têm como obter melhores equipamentos, por uma série de circunstâncias, mas se abrem revistas como a nossa e se interessam, pelo menos um pouco sobre a performance dos equipamentos aqui testados, então são audiófilos sim, mesmo não podendo ter os equipamentos. Eu sou apreciador de Porsches, não só pela beleza mas também pela performance – mas não posso ter nenhuma Porsche.

Não dá para dizer coisas como ‘equipamento audiófilo é aquilo que agrada quem ouve’, pois a definição está bem clara, desde sempre.

É necessário aprender audiofilia? Se educar? Ou já ‘nascemos sabendo’?

Sim, é necessário. Existe uma questão de educar os ouvidos para perceber e entender as nuances e detalhes, até para perceber o todo da qualidade sonora. Não é um hobby fácil e nem um hobby de respostas prontas. É mais ou menos como o vinho, onde é preciso educar o paladar para perceber e entender cada vinho e o que faz um ser melhor que o outro, ou simplesmente diferente do outro.

A educação é necessária para se entender e aplicar a nossa Metodologia, por exemplo – ou qualquer metodologia de compreensão de qualidade de som, por mais simples que seja. Não basta ser completamente objetivo (leia-se: ‘medições’ e ‘especificações’ que não vão te dizer como algo toca) e nem completamente subjetivo e seguir apenas o gosto por uma sonoridade específica que tenha algum ‘guru’ audiófilo, que pode não ser o seu gosto e muito menos pode dizer como um equipamento realmente toca e se compara, com um mínimo de lógica e organização.

O que é o Audiófilo Quantitativo e o Audiófilo Qualitativo?

Eu costumo me referir a alguns audiófilos como ‘Quantitativos’, onde se vê apenas preocupação com a quantidade de graves, de agudos, de aparelhos. São audiófilos do ‘mais’ e do ‘menos’, do mais tamanho de palco, do aquilo maior, do aquilo menor. Esses pouco ou nada temperam aquilo que percebem com um pouco de ‘Qualidade’, com aspectos qualitativos do palco, do timbre, das texturas, do corpo harmônico. É uma maneira rasa de ver e perceber a qualidade de som e a música.

O mundo precisa ou não ‘se adequar’ aos que ouvem aparelhos de som?

Tenho visto muito o retorno de ideias de alterar tudo para se adequar às pessoas, como o uso de equalizador – principalmente com fones de ouvido. Assim como o tal do ‘room correction’.

No caso do equalizador, vejo demais as pessoas querendo adequar a sonoridade de seus sistemas ou fones para seu ‘gosto pessoal’ ou para o que foi definido por terceiros como ‘a curva ideal’. Vejam, eu já vi medições de caixas e alto falantes, com curvas muito melhores (segundo a teoria), mas que tocavam pior que outras caixas com curvas ‘inferiores’. A ideia aqui é a de ter muito critério ao criar uma sonoridade ‘especial pra você’ sem ter entendido a referência absoluta da música reproduzida, que é: o som do instrumento acústico ao vivo.

Outra questão que sempre levantam é: por que o audiófilo ‘menos novo’ odeia o equalizador? Bom, não é nem um pouco questão de ódio. Eu gosto muito de equalizador, mas 99% dos que existem no mercado são péssimos para a ideia de qualidade sonora. Por dois motivos: o primeiro é que o equalizador físico, o aparelho equalizador, insere um caminho muito mais longo e entupido de componentes no sinal de áudio do seu sistema – e isso traz uma série de interferências, perdas e distorções. O segundo motivo é que a maioria esmagadora das pessoas que vivem na Via Láctea não sabem usar um equalizador para corrigir seu sistema – não sabem, para começar, nem filosoficamente o porque fazer, já que pensam em adequar o som para seus gostos pessoais e não para maior fidelidade ou Equilíbrio Tonal.

O Room Correction está presente em inúmeros receivers e amplificadores, entre outros, e presente também em processadores DSP a serem adicionados ao seu sistema. Bom, esse pode ser utilizado – os melhores – de duas formas: ou com o uso de um microfone para que o ‘room correction’ faça a análise e aplique suas correções autonomamente, ou que o processo todo, as escolhas e configurações, sejam feitas manualmente.

Sobre o processo autônomo, ou automático, eu vou dizer apenas que um microfone com qualidade para medir um sistema de som audiófilo custa muito mais caro que a maioria dos próprios equipamentos de ‘room correction’ – ou seja, o microfone que vem com esses equipamentos é risível para querer analisar minha sala ou equipamento. E, em segundo lugar, todos os sistemas de ‘room correction’ que eu já ouvi, funcionando nessa modalidade, ‘moeram’ a maioria dos aspectos Qualitativos do som durante o processo de ‘corrigir’ uma relação já errada entre um par de caixas e uma sala de audição – é o equivalente a querer tornar reta uma banana.

Sobre o processo manual de regulagem de um DSP de ‘room correction’ para obtenção de melhor qualidade sonora em seu sistema, o nível de critério e conhecimento necessário para obter resultados Qualitativos é muito maior do que o que eu disse, acima, sobre o uso do equalizador.

Os princípios audiófilos se aplicam aos equipamentos vintage?

Sim! E se aplicam também aos microsystems, e à maioria das modalidades de aparelhos de som estéreo.

O grupo de pessoas que mais odeia os audiófilos são os adoradores de equipamentos vintage. Uma vez, em um evento, em uma roda de conhecidos, disse que os sistemas de som vintage se beneficiariam muito das ideias e princípios audiófilos – e fui olhado por um fã de vintage com uma cara de ódio e nojo que equivale à ‘morra, desgraçado’. Bom, é muito simples: basta pegar um microsystem Aiwa ou um sistema vintage qualquer, e aplicar princípios de posicionamento de caixas (como distância das paredes, posição em relação ao ouvinte, altura, etc), trocar aquele fio de campainha de velocípede que liga as caixas por um fio de cobre grosso de melhor qualidade, desligar os presets de equalização e zerar o controle tonal, trocar os cabos originais de força por um cabo de 4 ou 6mm de instalação elétrica de boa qualidade, etc. Daí basta pôr uma gravação de qualidade decente e fazer modificações mínimas no equalizador ou controle tonal – e vão descobrir o tamanho da melhora Qualitativa seus sistemas vão sofrer, o quanto dá para se tirar de melhor daquele sistema.

E, no fim das contas, por que raios de motivo alguém não iria querer obter o melhor resultado sonoro de seu aparelho de som pode dar, não importa o quão simples ele é?

Gravações Audiófilas. O que faz uma gravação ter qualidade? E a intencionalidade do músico, como se relaciona com qualidade sonora?

Tenho ouvido muita gente dizer que se deve ouvir a música que se gosta, e não somente o que os audiófilos dizem para ouvir. Bom, primeiro, eu só ouço música que eu gosto – e já falei que ouço vários discos bem populares e com gravações, no mínimo, duvidosas de qualidade sonora. E é isso que todo mundo deve fazer, afinal música é um prazer, é o ‘pão para a alma’!

Mas, ouvir gravações de gêneros historicamente mal gravados, cheios de compressão e processamento, etc, para a regulagem, avaliação e análise de um sistema de som de alta qualidade, é o equivalente a usar Miojo e molho Pomarola em lata em uma competição de Melhor Comida Italiana da Itália!

Eu nunca ouvi falar de um músico que não preferisse ter sua música ouvida a partir de uma gravação que traga maior fidelidade e clareza, ao ponto de também passar ao ouvinte muito de sua intencionalidade. Em outra edição falei do baixista Guy Pratt, que quando era músico de estúdio na década de 80, tocou em Like a Prayer, um disco da Madonna. É uma das mais interessantes e instigantes linhas de baixo que eu já ouvi no rock/pop. Sabe como eu ouvi? O próprio Pratt toca ela em vídeo recente no YouTube, onde conta um pouco de sua participação no disco. Porque se eu tivesse que pegar o disco da Madonna para ouvir a linha de baixo de maneira a discerni-la qualitativamente, eu estava ferrado: o disco é mal gravado, intensamente processado e comprimido. Pergunte pro Guy Pratt se ele preferia ter sua arte ouvida com mais clareza e apreciada pelos fãs de música. E aí pergunte pros fãs de música se eles prefeririam ouvir todos os instrumentistas de qualquer disco com clareza, e apreciar a música ainda mais, em detalhes e como um todo.

E aí você vai facilmente entender porque a qualidade das gravações importam – sejam elas de qualquer tipo de instrumento. Porque a percepção e a compreensão dos aspectos e detalhes qualitativos dos instrumentos acústicos permitem uma compreensão maior, por analogia, dos instrumentos elétricos e até dos eletrônicos!

Existe o ‘gargalo’, o elo fraco do sistema? Ou vou realizar, por exemplo, o potencial de um DAC reconhecidamente fenomenal com um amplificador mediano?

Se eu pegar um amplificador integrado de altíssima qualidade, reconhecido mundialmente, e ligá-lo com um CD-Player barato e um par de caixas baratinhas, eu – certamente! – não vou ouvir tudo que o amplificador consegue prover em matéria de qualidade sonora. Aqui é outro lugar onde muitos pensam de maneira Quantitativa, já fizeram esse teste e dizem coisas como “meu amplificador de 300 dólares não perde nada para esse amplificador de 10000 dólares, portanto gastar dinheiro com sistemas e equipamentos caros é uma enganação”.

Obviamente nem todo equipamento mais caro toca melhor. Assim como nem todo equipamento mais barato é ruim – principalmente em tempos mais recentes, onde deu pra perceber até aqui nas páginas da revista, a presença de excelentes equipamentos por preços bem ao alcance da maioria dos que procuram qualidade sonora.

Vamos dizer que você pode hoje montar um bom sistema digital, decentemente detalhado, para ambientes menores, por uns 10 mil reais. Acontece que, se você gastar mais – com conhecimento e discernimento – vai obter mais qualidade. Nunca vi um sistema de 10 mil bom tocar melhor que um sistema de 20 mil bom, ou que um sistema de 30 mil bom – e por aí vai. O limite está mais no orçamento do cliente do que na tecnologia. É preciso também observar o limite do bom senso e do que é bom o suficiente para nós. E sim, o aumento de preço é sempre maior do que o ganho em qualidade.

‘Puxando o piano pro banquinho’. Domar um par de caixas agressivas com um amplificador que tem som abafado ou calcado nos graves, é uma boa pedida? O que é Equilíbrio Tonal e porque ele é o ‘santo graal’?

Em termos bem generalizados, um amplificador equilibrado com um par de caixas equilibradas e um player digital equilibrado, vão facilmente tocar bem, e ainda pode-se fazer uma série de ajustes finos, de várias maneiras. Outra vantagem: na hora de fazer upgrade, digamos, do amplificador, basta trocar por um que seja, também, equilibrado.

Fazer o jogo do quebra-cabeças, montando um sistema com equipamentos de sonoridades díspares, e características qualitativas e caráter sonoro díspares, é um jogo perigosamente caro, e potencialmente frustrante – e é o que mais se faz por aí, parte por não conhecerem direito o que existe de equipamentos e como montar seus sistemas e ajustá-los, e parte por uma espécie de espírito aventureiro viciante que ataca as pessoas, quase uma doença: ‘Síndrome da Upgradetite Aguda’.

Batemos muito na tecla do Equilíbrio Tonal aqui na revista, mas ele é realmente o alicerce da qualidade de som de um sistema. É a estrutura, é o básico. Vamos ver pelo lado da característica sonora dos instrumentos – digamos que você goste de ouvir um jazz trio (baixo, piano e bateria): a formação mais básica do som de cada instrumento é a quantidade de graves, médios e agudos que o compõem. Um piano, se for privado de seu componente grave, por exemplo, perde seu caráter sonoro, e grande parte de sua beleza timbral, e você pode até passar a não identificá-lo mais como um piano. Se um piano passa a ser reproduzido por um equipamento com um mau Equilíbrio Tonal, perdendo graves, o instrumento perde Corpo Harmônico instantaneamente, tende para os agudos, ficando irritante e até tendo notas mais agudas que parecem alguém batendo uma faca em um copo (daí o piano ‘de vidro’), e a Textura que dá a beleza do som do instrumento, e ajuda a identificá-lo e apreciá-lo, vai totalmente pro vinagre.

Pensando em comida (está na hora do almoço aqui), um prato de comida sem ‘Equilíbrio Tonal’ seria um macarrão à bolonhesa com muito sal, sem tempero algum, e com o molho ácido. Ou seja: Desequilibrado! E parece qualquer coisa, menos um macarrão à bolonhesa!

Dito o Equilíbrio Tonal, onde que entra a questão da ‘Realismo vs Realidade’, da Precisão, da Correção?

Recentemente um jornalista de áudio levantou uma questão sobre isso. Alguns audiófilos contestam que não há Precisão, Correção, em gravações antigas de jazz trios, porque teriam horas que o contrabaixo é encoberto pela bateria ou pelo piano. Bom, a questão é que essas gravações procuram trazer para o disco o acontecimento musical como você estivesse lá fisicamente assistindo eles tocarem – esse é o intuito e é como se deu o nascimento da Audiofilia.

Porque, amigo leitor, é assim que é a realidade: tem momentos onde o piano e a bateria são mais fortes, e ouve-se o contrabaixo com menos clareza. É o normal. É como esperar que se ouça individualmente cada violino em uma orquestra. Claro que existem gravações onde se procura que o contrabaixo não seja encoberto, mas aí corre-se o risco de mostrar os instrumentos com tamanhos ou volume de som irreais, ou diminuir o impacto dinâmico de alguns dos instrumentos.

A questão está toda no fato de que existe, dentro da Audiofilia, uma busca por muitos de uma realidade mais ‘real’ do que o mundo real. E eu acho isso completamente errado, como filosofia.

Uma manifestação disso é que, hoje, existem duas correntes sobre o que é um ‘som de alta qualidade’. A primeira é a nossa, aqui da revista, de que deve haver um equilíbrio entre a Precisão e o Detalhamento com a Musicalidade, e que a Organicidade – a expressão do acontecimento musical real – reina soberana.

A outra corrente acha que os equipamentos de som devem mostrar um detalhamento maior do que existe na realidade, ouvindo o barulho das calças do regente, e os pensamentos do trombonista, e cada detalhe de cada nota do violino na terceira estante dos segundos violinos da orquestra. Coisas que você não percebe quando vai em um auditório assistir e ouvir uma orquestra sinfônica ao vivo.

O problema com essa segunda? Som irreal, cansativo, fatigante, seco, frio, pouco musical, artificial – são esses geralmente os resultados que se obtém. E muitos confundem isso com o paradigma da Audiofilia. Não é, não.

Equipamentos evoluem qualitativamente ao longo dos anos? Ou um amplificador de 15 anos atrás se compara com um atual, em termos de qualidade sonora?

Outra coisa que parece passar batido na compreensão de muitos audiófilos e aspirantes, é que os equipamentos evoluem. E muito! Componentes básicos utilizados em aparelhos, como diodos, capacitores e resistências, estão em constante evolução tecnológica e, tendo características elétricas cada vez melhores – ou seja, provendo melhor qualidade de som. Ao mesmo tempo, os projetistas vão sendo postos (por eles e por fatores externos) em posições cada vez mais exigentes, e aí os projetos vão evoluindo cada vez mais, com maior silêncio de fundo, melhor Equilíbrio Tonal, naturalidade, Organicidade e Musicalidade. Claro que é fácil de ver isso desde em geladeiras até em carros. Geladeiras hoje são mais silenciosas, gelam mais rápido, são frost-free, gastam menos energia, porque elas evoluíram muito ao longo dos anos. Carros, então, não é preciso nem analisar tecnicamente – basta comparar mentalmente como era um VW Santana 30 anos atrás, e como é um VW Jetta hoje – duvido que tenham muitos parâmetros qualitativos que possam ser comparados…

O fato é que são muito poucos equipamentos antigos, vintage – amplificadores, caixas – que podem sequer serem comparados com algo que existe hoje. Poucos tem, pra começar, o som decentemente limpo e equilibrado para poderem ser considerados. Então, não dá pra achar que o que diferencia um aparelho antigo de um novo é o acabamento e a etiqueta de preço – isso seria muito simplista e mal informado.

É possível saber como um equipamento toca através de medições e especificações – ou seja, sem ouvir? E como se faz para provar para o consumidor alegações de performance por parte de um fabricante?

Não, não é possível. As medições e especificações podem te dar algumas indicações de como um aparelho toca, mas não podem nem chegar perto de substituir uma audição séria e em condições corretas.

Ouvi uma crítica, recentemente, que dizia que os fabricantes deveriam mostrar provas do que eles alegam sobre a sonoridade e performance de seus equipamentos. Ora, se medições e gráficos e especificações não dão o timbre, o caráter sonoro e o Equilíbrio Tonal do equipamento (e tudo que este implica), então não há como o fabricante provar suas alegações, não é mesmo?

Não confie no que o marketing fala – ouça você mesmo. Ou, pelo menos, procure embasar bem seu conhecimento sobre tal equipamento através do maior número possível de testes e comparações. Analise bem antes de comprar – tenha espírito crítico.

Então qual é a utilidade das medições?

As medições dos equipamentos e caixas são extremamente úteis durante o processo de projeto e desenvolvimento dos mesmos. São uma ferramenta necessária para todos os projetistas, designers e fabricantes de equipamentos.

Fabricantes e desenvolvedores de equipamentos deveriam orientar melhor seus clientes, sobre como extrair a melhor performance de seus equipamentos?

Essa é outra reclamação que ouvi dizerem recentemente. A verdade é que, quem compra direto de pequenos produtores (e a maioria dos fabricantes de equipamentos audiófilos são pequenos produtores) já obtém esse tipo de suporte como padrão.

Claro que também os bons distribuidores/importadores, assim como algumas revendas mais iluminadas, orientam muito bem seus clientes em relação à utilização, setup e casamento dos equipamentos e acessórios que vendem. E isso deveria ser o padrão – é algo a ser melhorado principalmente em marcas mais comerciais, e na era da venda via Internet. Se informar o melhor possível sobre aquilo que compra, através da mídia especializada, é a melhor pedida.

Existem os generalistas, os sabe-tudo, os ‘gurus’? Ou apenas ‘especialistas’ de áreas mais restritivas, como analógico ou digital, ou válvula?

Bom, eu acho que existem profissionais que são conhecedores, bastante à fundo, de áudio em geral – por terem grande experiência sobre o assunto. E existem outros tantos profissionais que se especializaram em uma coisa só. Ambos podem ser consultados, dentro de suas capacidades – generalistas ou não – tendo em vista seu histórico profissional (e não como diletantes).

Portanto eu acho que, no âmbito do projeto e fabricação de equipamentos e acessórios, os profissionais são mais especialistas. E no caso da experiência com a montagem e setup de sistemas de áudio, os profissionais são mais generalistas.

Aquilo que eu não ‘entendi’ ou ‘percebi’, na Audiofilia, é mito, lenda ou não existe?

Bom, muitos pensam assim, mas esses têm uma ideia de que você não precisa pegar o seu sentido da audição e lapidá-lo, educá-lo, informá-lo. Com muita frequência vejo a ideia de que basta ter duas orelhas e audição normal, é o suficiente para entrar de cabeça no hobby da Audiofilia. Não é. Todos podem aprender, se educar, e aí o hobby torna-se muito mais prazeroso e interessante.

Bom… Ufa! Por hoje chega. E, claro, a maioria desses assuntos poderia ser muito mais longa e profundamente tratados individualmente, em um artigo dedicado. Mas, por aqui começamos.

Boas audições!

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