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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Se você leu várias das edições de 2021, na descrição de inúmeros testes terá percebido o uso do cabo de força da Oyaide Tunami GPX-R V2. E muitos de vocês devem estar se perguntando o motivo de demorarmos meses para apresentar o teste de cabos (principalmente os de força).

E o motivo é importante: compatibilidade.

Pois ao longo dos anos percebi, consistentemente, que cabos de força muitas vezes possuem baixa compatibilidade com eletrônicas distintas, e por isso procuro ouvi-lo com o maior número possível de equipamentos antes de o colocar em avaliação final.

Claro que os objetivistas acharão tudo isso um preciosismo absurdo, já que para muitos deles, cabos de força bem feitos soam todos iguais. Mas, para os que ‘escutam’ diferenças, sabem o quanto é essencial saber o graus de compatibilidade para uma escolha mais certeira.

Eu nunca tive grande intimidade com os cabos da Oyaide, ao contrário de suas tomadas, que sempre utilizei e indiquei aqui aos nossos leitores. Felizmente agora, com a importação sendo feita pelo Fernando Kawabe, ele nos tem disponibilizado diversos modelos e, além do cabo USB já testado, ele também nos enviou este cabo de força, e em breve chegará o de caixa.

Com essas duas primeiras amostras e os resultados em termos de compatibilidade, qualidade de construção e performance, acredito que muitos dos nossos leitores irão se interessar em conhecer e gostar ainda mais do seu valor.

Mas, antes de descrever minhas avaliações, gostaria de contar um pouco de como a Oyaide chegou a esses resultados tão consistentes, e contar uma história bem interessante de como uma enorme adversidade pode nos empurrar para buscar soluções que mudam completamente o rumo de uma empresa.

A Oyaide, assim como muitos outros fabricantes de cabos japoneses, por décadas basearam todos os seus produtos nos fios de cobre PCOCC-A, produzidos e patenteados pela Furukawa. Era a matéria prima mais utilizada pela maioria dos cabos hi-end fabricados no Japão. E eis que, em março de 2013, no seu aniversário de 130 anos, ela anunciou ao mundo o encerramento da produção de fios PCOCC, levando os fabricantes de cabos japoneses a entrar em desespero.

Muitos fecharam, já que sua produção atendia apenas o mercado doméstico, e os maiores tiveram que achar novos fornecedores para se manterem no mercado. Para o sr Satoru Murayama, CEO da Oyaide Co., só havia uma saída digna e segura para não correr mais riscos nas mãos de fornecedores: produzir seus próprios cabos. Ali se iniciou uma cooperação com a Sansha Electric, para desenvolver um novo tipo de fio, batizado de Oyaide 102 SCC.

Este novo fio demorou um ano e meio para ser lançado, e no seu lançamento o sr Satoru fez uma comunicação ao mercado e aos seus consumidores, explicando o motivo de uma mudança tão radical.

Em sua comunicação ele expos o choque que foi a saída da Furukawa, e as opções existentes que se apresentavam naquele momento, e descreve o enorme desafio que foi assumir do zero a construção de um novo cabo que fosse em tudo superior ao PCOCC-A.

“Começamos nossa jornada investigando profundamente para definir o novo conceito.

Decidimos que a abordagem certa seria produzir cobre da mais alta qualidade já feito, usando as tecnologias mais avançadas disponíveis. O material de base de cobre do 102 SSC é refinado no Japão, e está em conformidade com o padrão industrial JIS C 1011, o mais alto padrão de pureza mundial, sendo utilizado apenas cobre virgem puro que não contém nenhum material reciclado. Isso elimina qualquer chance de contaminação e impurezas. Nosso material de base de cobre virgem é entregue a uma das instalações de trefilação mais modernas do Japão, onde primeiro é enrolado em uma haste e depois levado a um processo de finura de cerca de 1mm, em vários estágios, para minimizar a tensão e deterioração da estrutura cristalina do cobre. Em vez de remover as impurezas existentes no fio de cobre com o uso de ácido (decapagem), que comprovadamente não elimina todos os resíduos, utilizamos o processo de raspagem ou descascamento mecânico, um processo mais demorado e minucioso, mas que controlado 100% remove totalmente as impurezas.

Este é um processo raramente utilizado e demonstra nosso compromisso da mais alta qualidade possível no século 21. Após o descascamento mecânico, o fio é recozido para remover todas as tensões de deformações induzidas pelo processo de trefilação. Aqui nossa abordagem também se diferencia da concorrência, já que em vez do processo de recozimento ‘sino’ comumente usado, mas que deixa resíduo de fuligem, optamos pelo recozimento elétrico em ‘linha’. O que aumenta o nível de condutividade em até 102,3%.

ste é o motivo do nosso cabo de cobre receber o nome de 102 SCC. Após todo este processo, o fio recozido é embalado a vácuo para evitar qualquer oxidação. Sendo enviado para a instalação de trefilagem fina. E para alcançar este padrão final de qualidade, contratamos a Sansha Electric Wire Company na província de Aichi. Pois precisávamos de seus artesãos altamente qualificados para dar o acabamento final a todos os nossos esforços. Com a colaboração da Sansha melhoramos a precisão de usinagem e o processo de polimento. Pois queríamos o uso de matrizes de diamantes naturais e não sintéticos, que proporcionam menor tensão e melhor lubrificação, que conseguem a incrível precisão de mais ou menos 1um para a tolerância do diâmetro externo do fio. A Sansha é capaz de monitorar as tolerâncias 1600 vezes por segundo em todo o comprimento de uma única linha de fio. O fator determinante final do projeto foi definir o método ideal de torção. Pois na Oyaide adotamos muitos tipos de trançado dependendo do tipo de produto. As possibilidades são de fios trançados agrupados, torção concêntrica, torção uni-lay, torção de corda, estrutura cilíndrica de núcleo sólido. E foi essencial a ajuda dos artesãos da Sansha para refletir qual seria a melhor opção para os novos fios de cobre. E o escolhido foi o encordoamento 3E (de três elementos) desenvolvido e patenteado para Sansha, que combina três fios de três diâmetros diferentes para aumentar a densidade do fio, diminuindo os espaços entre os fios. O resultado é um condutor com um diâmetro externo menor que um mesmo fio de bitola feito com fios individuais idênticos, além de uma seção transversal mais precisa, estável e perfeitamente circular”.

Não é todo dia que conseguimos informações tão detalhadas do próprio CEO de uma empresa de cabos hi-end. Por isso quase que apresentei na íntegra seu depoimento. E lá se vão sete anos desde a apresentação desta mensagem, e uma nova linha de cabos Oyaide nasceu.

Em uma visualização superficial, não notei grandes mudanças entre a versão antiga do GPX-R e a nova versão GPX-R V2. E sinto nunca ter escutado em nenhum dos nossos sistemas detalhadamente a versão anterior. Mas, pelas observações em inúmeros fóruns, as diferenças são mais de refinamento do que de mudança radical na assinatura sônica (e afirmar que um cabo de força tenha uma assinatura sônica, deve dar gastrite em muitos objetivistas, rs! – por favor leiam o Opinião deste mês, do Christian Pruks, sobre ‘Medições’, e não deixem de fazer a comparação dos divisores de frequência, citada no artigo – essa eu acredito que fará muitos objetivistas mudarem de ideia!).

Pois muito falam que a nova versão manteve as principais características de detalhes, mas perdeu aquela característica de deixar tudo no mesmo plano (o que consequentemente pode causar fadiga auditiva em sistemas desequilibrados e gravações tecnicamente limitadas). A versão V2 (permita-me abreviar), não sofre desta limitação de maneira alguma.

A lista utilizada de equipamentos foi enorme: integrados Cambridge Audio CXA81, Gold Note IS-1000, Sunrise Lab V8 Aniversário, Boulder 866 (leia teste na edição de dezembro) e Nagra Classic. Prés de Phono: PS Audio Statement, Nagra Classic Phono, Gold Note PH-1000 e Luxman EQ-500. Prés de linha: Shindo Auriges L, Nagra Classic e Leben CS-300F. Transportes: dCS Scarlatti e Nagra. Streamers: Innuos Zenith e Mini Zen, e Roon. Amplificador de fone de ouvido: Stax SRM-700T. Além de uso regular em nossa régua da Sunrise Lab.

O que mais gostei neste cabo V2 da Oyaide?

Compatibilidade. Confesso que não esperava este grau de compatibilidade, pois mesmo produtos muito acima de sua pontuação final, ele nunca diminuiu a performance do sistema a ponto de indicarmos ele como o elo fraco que estaria represando o desempenho geral do sistema.

E como isso pode ser possível de ocorrer?

Só existe uma maneira disso ser possível: coerência em todos os quesitos da Metodologia e principalmente um equilíbrio tonal muito correto. E isso o V2 tem de sobra. Pois suas pontas não contêm brilho nas altas e muito menos inchaço nos graves, como inúmeros cabos de força possuem, e que podem agradar em um sistema carente de extensão, mas que se tornam um problema em sistemas com melhor equilíbrio tonal.

Sua naturalidade é excelente, permitindo uma apresentação da região média muito correta e detalhada. A apresentação do soundstage para sua faixa de preço é excelente, com enorme largura, boa profundidade e altura correta. Mas o que mais nos agradou foi sua apresentação de foco e recorte: cirúrgica, limpa e precisa.

Os que estão buscando essas qualidades em seus sistemas, deveriam realizar uma audição cuidadosa com o V2.

As texturas, graças a sua naturalidade nos timbres, são muito corretas, possibilitando ouvir sem esforço a intencionalidade e a paleta de cores dos naipes de uma orquestra e de instrumentos solo em qualquer gravação bem realizada.

Gostei muito da apresentação dos transientes, incisivos e com excelente precisão no tempo e andamento. Ele não se perde nem mesmo em passagens com enorme variação de andamento. Neste quesito, ele sobe muito de patamar, ombreando com cabos muito mais caros.

A dinâmica tem o mesmo resultado surpreendente que os transientes, tanto na macro, com boa folga e deslocamento de ar, como na microdinâmica, já que se mostrou um cabo muito silencioso.

Nenhum problema com a apresentação de corpo harmônico, mostrando com precisão as diferenças de tamanho de corpo em streamer, CD e analógico.

E a materialização física (Organicidade) claramente é muito mais responsabilidade da qualidade técnica da mídia e do sistema do que dele.

CONCLUSÃO

Eis um cabo de força de menos de 3000 reais, que possui um grau de compatibilidade excelente com equipamentos de pontuação maior que a sua. E, o mais importante, alta compatibilidade também com outros cabos de força. Isso graças a uma assinatura muito mais próxima da neutralidade. O que é ótimo quando o que buscamos em um sistema é o maior grau de neutralidade possível, para que a música soe como foi concebida realmente.

Se é este seu caso, e não desejas fazer grandes investimentos em cabos de força (como eu, que já estou com os meus Transparent Powerlink MM2 e os Sunrise Lab Quintessence por muito tempo), eu indico uma audição do V2 da Oyaide, pois ele pode ser a solução definitiva para inúmeros sistemas Estado da Arte.


PONTOS POSITIVOS

Construção primorosa, alta compatibilidade e ótima performance.

PONTOS NEGATIVOS

Ainda que flexível, possui uma bitola que pode ser um problema em espaços apertados.


ESPECIALIZAÇÕES
• Estrutura básica herdada da primeira geração de Tunami
• Nova geração de cabo de força adotando novo condutor de precisão 102SSC
• Provê resposta agressiva – devido à margem da seção do condutor, pode transmitir alta voltagem de até 600 V com um máximo de 30 amperes
• Supressão de degradação de qualidade sonora devido à distorção de linha – a torção do fio elimina espaços entre os condutores
• Uso de isolação de poliolefina polimérica – mostra uma constante dielétrica extremamente baixa, de ¼ quando comparada com PVC
• Isolação de ruído – 3 camadas de blindagem com: absorvedor de eletromagnetismo / camada de carbono / folha de cobre
• Plugues AC e IEC: P/C-004 SPECIAL EDITION
• Material do eletrodo e blindagem: cobre berílio + blindagem de platina / paládio
• Certificado para 125 V / 15 A
CABO DE FORÇA OYAIDE TUNAMI GPX-R V2
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 11,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 97,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



KW Hi-Fi
(11) 95422.0855
(48) 3236.3385
R$ 2.700

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