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Opinião: O CERTO E O ERRADO NA MONTAGEM DOS SISTEMAS
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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Brahms for Ukraine com Yo-Yo Ma e Emanuel Ax

Continuo recebendo feedback dos nossos leitores referente a essa seção e, no grupo de manifestantes, tenho sido incentivado a continuar a apresentar gravações que os tire de sua zona de conforto.

Então vou arriscar um pouco mais, e desagradar os ‘puristas’ que acham que obras clássicas não podem sofrer releituras ou transcrições para menos instrumentos, ou colagens adicionais ao que estava escrito na partitura original.

Então, para essa edição, escolhi dois discos que fizeram exatamente isso, transcreveram a Segunda e Quinta Sinfonias de
Beethoven para um trio (piano, cello e violino), e uma revisão de West Side Story, pela visão de um músico portoriquenho.

E, na minha humilde opinião, ficaram excelentes e são dignas de serem apreciadas tanto quanto as obras originais.

Espero não ser massacrado, rs!

OUÇA BEETHOVEN FOR THREE – YO-YO MA, LEONIDAS KAVAKOS & EMANUEL AX, NO TIDAL.
1- BEETHOVEN FOR THREE – YO-YO MA, LEONIDAS KAVAKOS & EMANUEL AX (SONY, 2022)

Meu amigo, se eu mostrar esse disco para uma criança que não tenha escutado a obra original, garanto que ela irá apreciar como se Beethoven a tivesse escrito mesmo para um trio de piano, cello e violino.

Só que não é um trio comum – trata-se de três virtuoses que aceitaram o desafio de apresentar duas das sinfonias mais admiradas do repertório clássico de maneira minimalista, e com impressionante requinte e bom gosto.

Para os curiosos de como ficou o resultado, e se realmente é admirável uma obra sinfônica transcrita para um grupo tão reduzido de câmara, minha sugestão é que comecem a audição pelo primeiro movimento da Quinta Sinfonia (faixa 5), e percebam a beleza e a qualidade dos instrumentos usados, e o primor na captação.

O engenheiro de gravação foi muito feliz, pois tanto o corpo harmônico dos instrumentos, quanto o grau de inteligibilidade do trio –
mesmo quando soando em uníssono – são primorosos!

Para aqueles que possuem ‘resistência’ em ouvir música clássica (principalmente obras sinfônicas), eis um excelente disco para iniciar essa jornada.

E ainda entender, de forma singela, a genialidade de Beethoven.

Meu primeiro disco de cabeceira de 2022!

OUÇA WEST SIDE STORY REIMAGINED – BOBBY SANABRIA & MULTIVERSE BIG BAND, NO TIDAL.
2- WEST SIDE STORY REIMAGINED – BOBBY SANABRIA & MULTIVERSE BIG BAND (JAZZHEADS, 2018)

Poderia fazer minhas as palavras do crítico de música Jamie Bernstein: “É a releitura mais ambiciosa de música que eu já ouvi”. Concordo plenamente, e digo mais: fica difícil ouvir essa releitura e não achar que a original poderia ter um pouco mais desse ‘tempero’ caribenho.

Gravado ao vivo no Dizzy’s Club Coca-Cola em Nova York, pela Bobby Sanabria Multiverse Big Band, é uma releitura que procurou misturar diversos ritmos dos países da América Latina criando um caleidoscópio musical muito rico diversificado, que só deixou a obra original ainda mais sedutora e admirável!

Sanabria nasceu em Nova York em 2 de junho de 1957, e se formou na Berklee College of Music. Com várias indicações ao Grammy de melhor álbum de Jazz Latino (Afro-Cuban Dream, Live and in Clave, Big Band Urban Folktales, Multiverse e West Side Story Reimagined), West Side Story Reimagined também ganhou o Prêmio dos Jornalistas de Jazz de melhor álbum de jazz de 2019.

O crítico de jazz Will Friedwald, do Wall Street Journal, ao outorgar o Prêmio escreveu: “Há todos os motivos para esperar que o remake de West Side Story de Steven Spielberg melhore o filme de 1961, mas duvido que algum dia ouviremos uma interpretação mais emocionante dessa trilha imortal, do que essa de Bobby Sanabria & Multiverse Big Band”.

Mas antes de realizar sua obra prima, Sanabria trabalhou e gravou com todos os principais músicos latinos como: Tito Puente, Mario
Bauzá, Mongo Santamaría, Chico O’Farril, Ray Barreto, Rubens Blades e Célia Cruz.

Meu amigo, se você deseja realmente saber o nível de acerto de seu sistema, esse disco é obrigatório. Com ele é possível avaliar os 8 quesitos de qualquer sistema e garanto, ele não faz reféns! Ou seu sistema passa com mérito, ou sucumbe!

E musicalmente é de ouvir do começo ao fim, sem levantar da cadeira ou pensar!

Espero que tenhamos mais vencedores do que derrotados nesse desafio.

É o meu segundo disco de cabeceira de 2022!

OUÇA JIHYE LEE ORCHESTRA – DARING MIND, NO TIDAL.
3- JIHYE LEE ORCHESTRA – DARING MIND (MOTÉMA MUSIC, 2021)

Faz tempo que converso com amigos músicos, e aqui na redação, que a nova geração de músicos asiáticos é uma das grandes surpresas deste século 21. São muitos e com uma bagagem e formação musical surpreendentes.

Natural da Coréia do Sul, Lee não teve uma formação de jazz, vindo a se apaixonar pelo estilo já adulta, e depois de se firmar no cenário musical de seu país como cantora indie-pop.

Sua licenciatura em performance de voz, a levou à Berklee College of Music de Boston em 2011, e lá se especializou em Composição de Jazz, mudou-se para Nova York, e obteve mestrado na Manhattan School of Music sob a orientação de Jim McNeely.

Sua transição de cantora pop para compositora de jazz, possibilitou à Lee uma visão mais ampla em compor temas mais melódicos e substituir letras por personagens para suas composições.

O mais interessante é que Lee não é uma instrumentista, então suas composições não nascem de acordes e melodias, mas sim pela imaginação ou por uma mensagem que ela queira musicar, e expressar essas ideias através de elementos musicais.

O resultado, meu amigo, é surpreendente, pois ela escreve com tamanha autoridade os arranjos que o leigo imagina que, pela tamanha complexidade, eles tenham sido obrigatoriamente compostos em um piano ou um violão.

Com sua forma pitoresca de compor, ela acabou atraindo uma legião de grandes instrumentistas interessados em dar vida a seus arranjos, e foi acolhida pela comunidade do jazz de maneira eufórica.

Esse é o terceiro trabalho dela, e escolhi justamente esse por ela conseguir reunir um grupo excepcional de músicos à sua volta.
O resultado é simplesmente primoroso, meu amigo.

Se você deseja ter uma ideia de sua genialidade, sugiro sentar confortavelmente em sua poltrona, desligar o telefone, deixar as preocupações do lado de fora da sala, colocar a faixa 2 (para ter um vislumbre do que você irá ouvir), e apertar o play.

Garanto que, ao final, você irá se perguntar como essa garota consegue compor tão bem?

OUÇA MANU KATCHÉ – UNSTATIC, NO TIDAL.
4- MANU KATCHÉ – UNSTATIC (ANTEPRIMA, 2016)

Admiro muito músicos que transitam por diversos estilos com a mesma criatividade e desenvoltura. O baterista francês Manu Katché é um deles.

Pois começou a fazer sua carreira internacional nos anos 80, tocando nos discos de Peter Gabriel (So, Us, entre outros) e Sting (…Nothing Like The Sun, entre outros), e depois foi convidado por diversos músicos para gravar e realizar turnês, como: Jeff Beck, Al Di Meola, Tears for Fears, Dire Straits, Joni Mitchell, Jan Garbarek, Tori Amos, Manu Chao, Ryuichi Sakamoto, e uma dezena de outros artistas do cenário pop, rock, folk e jazz.

E no meio de tantos compromissos, Katché conseguiu lançar, em 1991, seu primeiro álbum solo, It’s About Time, com um time de convidados: Peter Gabriel, Sting, Branford Marsalis, David Rhodes e Daniel Lanois.

A partir do seu segundo álbum, lançado em 2005, ele colocou em prática seu desejo de se solidificar no cenário jazzístico e lançou mais um álbum em 2007 (os dois pelo selo ECM).

Escolhi esse disco, lançado em 2016 quando, depois de lançar quatro trabalhos pelo selo ECM, Katché resolveu produzir seus próprios trabalhos e apresentá-los e trabalhar com selos alternativos por disco.

Unstatic é um disco mais melódico e, ainda que a bateria esteja presente com arranjos muito complexos, fica nítido que a partir desse trabalho ele busca unir sua paixão pelo jazz com o universo pop e folk. O disco viaja por composições que vão do intimista à temas que podem muito bem cativar o amante do pop/rock.

Vale uma audição cuidadosa se você deseja se arriscar em temas mais complexos, que ainda assim não assustam os que precisam de uma melodia presente para não perder o interesse.

Espero que gostem de mais uma Playlist, que dá um trabalho enorme para produzir todo mês, mas que é uma de minhas seções preferidas.

Por favor, continuem compartilhando suas ideias e sugestões. Pois eu tenho uma tendência inata de querer sempre esticar um pouco mais a corda.

Até a Edição de Aniversário!

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