Teste 2: AMPLIFICADOR INTEGRADO ARCAM SA30

Teste 3: CABO DE FORÇA SUNRISE LAB QUINTESSENCE 20TH ANNIVERSARY
maio 5, 2022
Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS ESTELON X DIAMOND MKII
maio 5, 2022

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Não testava um produto da Arcam desde o início do século XXI. Escrevendo dessa forma, até parece muito mais tempo do que realmente é. Assim como falar de algum fato importante ocorrido no ‘século passado’, toma um contorno de algo que ocorreu com nossos pais e não conosco, e que apenas ouvimos falar.

Para a minha filha, eu ter nascido em 1958 é algo que parece muito mais antigo do que na verdade é (palavras dela) – o que eu entendo perfeitamente, pois tinha esse mesmo ‘estranhamento’ ao ouvir minha bisavó narrar o pânico que foi a passagem do cometa Halley em 1910!

Puxando pela memória e anotações pessoais, lembro do quanto gostei dos produtos da série FMJ da Arcam (integrados, CD-Players e Receivers).

A Arcam foi fundada em 1976, com o nome de A&R Cambridge Ltd, e por três décadas foi reconhecida por desenvolver produtos
robustos e com uma relação custo/performance muito alta. Em 2017 ela foi comprada pela Harman International Industries e que, na sequência, foi adquirida pela Samsung.

Confesso que tinha algumas reservas quando o grupo Harman foi comprado pela Samsung, mas que foram totalmente dissipados ao testar todos os novos lançamentos como os Mark Levinson, caixas JBL e agora o integrado Arcam SA30. Mostrando que a Harman continua tendo total liberdade para manter sua posição de destaque no mercado hi-end sem nenhum tipo de interferência do novo acionista.

O novo integrado SA30 recebeu o prêmio EISA 2020-2021 como melhor amplificador integrado/DAC. E depois de conhecer e testar o produto, concordo plenamente com a escolha. Pois para mim o Arcam SA30 é a melhor surpresa deste início de 2022, tanto pela sua incrível qualidade de construção, como pela performance e versatilidade.

Voltando à minha experiência com os antigos Arcam por nós testados, sempre gostei de sua sonoridade quente, equilibrada e sem nenhum tipo de arroubos ou tendências de modismos sonoros.

E muito dessa ‘sonoridade’ não tenho dúvida que seja pela topologia Classe G proprietária, que emprega duas fontes de alimentação para abastecer os transistores de saída, com o primeiro conjunto de barramentos de alimentação funcionando em Classe A até uma determinada potência e, quando necessária uma energia adicional, o amplificador passa a funcionar em Classe AB. A topologia Classe G proprietária consiste em que essa passagem do Classe A para o AB seja feita em menos de um microssegundo, e apenas pelo tempo necessário, voltando a operar em Classe A imediatamente.

O SA30 possui 120 Watts em 8 ohms e 200 Watts em 4 ohms, com uma distorção harmônica total menor que 0,002% e uma relação sinal/ruído de 112 dB no modo Analogue Direct.

Mas o Arcam SA30 não impressiona apenas em ser um excelente integrado, repetindo a façanha ao apresentar um DAC de alto nível que utiliza o chip DAC ESS Technology Sabre ESS9038Q2M que suporta MQA, duas entradas digitais S/PDIF óticas, e duas coaxiais RCA, além de Wi-Fi e porta Ethernet para conexão de rede. Além disso, traz correção de sala Dirac Live, streaming com suporte para AirPlay2 e UPnP, compatibilidade com Roon Ready e (ufa!) um surpreendente estágio de phono Moving Magnet (MM) e Moving Coil (MC). E, para os amantes de fones de ouvido (sim!) ele também tem um bom amplificador de fone. E para os usuários de Home-Theater, o SA30 possui uma entrada HDMI para conexão de uma TV compatível.

Ou seja, o Arcam SA30 é uma central de entretenimento completa e, o mais importante: verdadeiramente hi-end! E todo esse pacote impressionante por menos de 30 mil reais!

A única entrada que o SA30 não disponibiliza é uma USB tipo B para conexão direta a um computador para reprodução digital. Mas em vez dessa opção, o SA30 oferece uma entrada USB Tipo A para reprodução de arquivos de música através de um dispositivo de armazenamento USB conectado.

O que gostaria de frisar é que neste pacote todo, o nível de qualidade é muito homogêneo e o consumidor terá uma performance consistente em todas as opções (DAC, amplificador de fone, e pré de phono).

As entradas digitais óticas podem aceitar dados PCM com resoluções de até 32-bit/96kHz, e as coaxiais suportam até 32-bit/192kHz.

O seu DAC interno possui sete filtros digitais à escolha do ‘freguês’. Se o usuário quiser fazer uso do recurso da correção de sala, o Arcam disponibiliza um microfone, mas aí os sinais analógicos serão convertidos em digitais com uma resolução de 32/192.

Felizmente o SA30 possui um modo Analogue Direct que mantém os sinais de entrada no domínio analógico, sendo travado o uso do Dirac Live (que bom! Eu explico mais adiante o que é o uso de correção de sala, quando não se necessita desse ‘recurso’).

No painel traseiro, o SA30 oferece três conjuntos de entrada RCA, e entradas phono MM e MC, conector HDMI eARC, conector RS232, dois conectores para antenas Wi-Fi (que estão incluídas no pacote), uma entrada IEC de 15 amperes com uma chave de seleção de 115v ou 230v, e um terceiro bloco com todas as entradas digitais já mencionadas.

No painel frontal temos um grande visor, um conjunto de nove botões: menu de tela, escolha de entradas, Dirac para ativar ou desativar as curvas de correção de sala, mute, info (para mudar as informações do visor), Direct (para ativar ou desativar o modo Analogue Direct), Display para ajuste do brilho do visor e Balance (para ajuste do canal direito e esquerdo). À direita temos o botão de ligar e desligar o SA30, e à esquerda o botão de volume.

Para o uso do streaming interno, a Arcam oferece seu aplicativo Music Life, que suporta Tidal, Qobuz, Deezer, Spotify, Napster, Internet Radio e podcasts.

Para o teste utilizamos todo o nosso arsenal de caixas disponíveis no período: JBL L82 e L100 Classic, Elac Reference Debut 52 e 62, Estelon YB e X Diamond MkII (leia Teste 1 nesta edição), Wharfedale Elysian 4, e Wharfedale Denton.

Não é todo amplificador que tem a possibilidade de conviver com 8 caixas no período de amaciamento e teste.

Como sempre, fizemos as anotações de primeiras impressões e o colocamos para 100 horas de queima inicial. Nas minhas anotações pessoais, escrevi: “Extremamente coeso e musical assim que foi ligado, ainda que frio”.

Com 100 horas, antes de iniciar a primeira rodada de pré avaliação, resolvi testar sua correção de sala. Fiz todos os procedimentos de ajuste (que não leva mais que alguns minutos) e esperei ver que curva de resposta ele me ofereceria. Na ocasião, estava com as caixas Elysian 4 em teste e a curva de resposta cortou em 3 dB os graves até 120 hz e acentuou os agudos acima de 2 khz.

Resultado: o som ficou indecente!

Morrerei batendo na tecla de que é muito mais inteligente corrigir a acústica da sala do que utilizar esses dispositivos de correção. Eles criam um padrão que simplesmente destrói o equilíbrio tonal! Quando fizerem algo realmente inteligente e que contorne os
problemas de alterar o equilíbrio tonal, me convidem para ouvir. Em salas tratadas e que não precisam de correção como a nossa, as escolhas são absurdamente incoerentes!

O próximo passo, então, foi se certificar que o sistema Analogue Direct estivesse sempre ligado.

Com 100 horas, ganhamos maior extensão nas duas pontas, e um calor e naturalidade na região média ainda mais cativantes.
Mas achei que seria interessante deixar por mais 100 horas o SA30 amaciando, antes de iniciar todos os testes para avaliação de sua assinatura sônica como integrado, DAC, Phono, Streaming e amplificador de fone.

O que descreverei daqui para a frente, foi feito com três caixas: JBL L100 Classic, Estelon YB MkII, e Wharfedale Elysian 4. Caixas de preços e performances distintas, mas todas de alto nível dentro de sua faixa de preço. E com as três o SA30 se comportou magistralmente.

Sua assinatura sônica, graças ao seu excelente equilíbrio tonal, é muito segura e cativante. O melômano, assim como o audiófilo, poderão desfrutar de horas e mais horas de audição sem nenhum resquício de fadiga ou desinteresse.

O que o coloca no patamar de elite dos integrados é conseguir aliar transparência, naturalidade e musicalidade em uma faixa de preço em que, no momento, não temos nada no mercado. Por isso ele foi de longe a grande surpresa do primeiro trimestre, pois conseguir aliar em um único pacote tantas qualidades, é um feito e tanto.

Seu soundstage é de alto nível, tanto em termos de foco, recorte e recriação de ambiência, como na apresentação dos planos. Com todas as 8 caixas utilizadas, ficou evidente que os apaixonados pela recriação de um palco sonoro consistente irão se deliciar com o SA30.

Com seu equilíbrio tonal tão correto, as texturas são muito favorecidas, tanto em termos de paleta de cores dos instrumentos, como na apresentação de intencionalidade e qualidade da gravação e dos instrumentos. E essas qualidades ficam ainda mais evidentes quando tocamos as faixas deste quesito da Metodologia nas caixas Elysian 4 e Estelon YB MkII (que também primam pela mesma qualidade).

Mas não pense, amigo leitor, que essa apresentação calorosa e refinada não se ‘transforme’ em impetuosidade e velocidade quando a música exige. Os transientes são excelentes, com marcação precisa de tempo e ritmo, permitindo sentirmos a música pulsar e nos envolver, levando-nos a marcar o tempo com os pés.

Na macrodinâmica, dê o par perfeito de caixas e não haverá dúvida que os crescendo e fortíssimos terão o dinamismo escrito na partitura.

Seus 120 Watts se mostraram mais que suficientes para a reprodução de obras bem complexas. E cada uma das três caixas utilizadas para o fechamento das notas, deram conta com total folga e precisão.

E na microdinâmica, qualquer um dos exemplos foi uma verdadeira ‘pêra doce’. Interessante que existem integrados mais transparentes na faixa de 94 a 98 pontos em nossa Metodologia, mas todos os que aqui foram testados com essa pontuação, não tiveram uma melhor apresentação neste quesito. O que ocorre é que alguns, devido a sua maior transparência que o SA30, ‘enfatizam’
determinados detalhes na microdinâmica de forma mais intensa. Enquanto que o Arcam SA30 encara essa mesma passagem de maneira mais concisa apenas.

O corpo harmônico é excelente, como de todos os excelentes integrados na faixa acima dos 94 pontos.

E a materialização física nas excelentes gravações é feita de forma harmoniosa e convincente para o nosso cérebro e nossos ouvidos.

COMO DAC

Seu DAC interno está muito mais próximo do DAC interno do integrado da Gold Note que testamos, do que dos DACs internos dos integrados da Hegel H590 e H390. Achei, como o da Gold Note, mais refinado e com melhor equilíbrio tonal, e isso é uma excelente notícia para quem deseja um integrado definitivo em que não precise investir em um DAC externo de melhor qualidade.

Muito musical, excelente corpo, transientes precisos, boa micro e macrodinâmica, e um equilíbrio tonal correto e com excelente extensão nas duas pontas.

Onde ele não é perfeito? Na recriação dos planos em termos de profundidade e largura. Mas, compensando isso com um foco, recorte e reconstrução das ambiências como em DACs de alto nível (e, claro, muito mais caros).

COMO PRÉ DE PHONO

Aqui foi uma grata surpresa. Infelizmente só consegui testar a entrada MC, mas ela se mostrou de alto nível. Com baixo ruído de fundo, excelente equilíbrio tonal (tão bom quanto do amplificador), dinâmica de alto nível, corpo e soundstage de prés de phono sérios e acima de 2000 dólares no mercado, e com ajustes de impedância restritos, mas muito bem planejados.

Usamos as cápsulas Hana Umami Red e ZYX Ultimate Omega G – duas cápsulas muito acima do valor do integrado e, ainda assim, a performance de ambas as cápsulas foi surpreendente!

COMO STREAMER

Utilizamos apenas Tidal para ouvirmos no Arcam, e comparamos com o Innuos ZENmini MK3 sem uso de sua fonte externa, para sermos mais justos com o SA30.

Vou continuar insistindo na mesma tecla: será que as limitações que deixam quase tudo bidimensional são da topologia ou das plataformas? Enquanto não tiver essa resposta, fica difícil jogar a culpa nos Streamers.

O Arcam nesse quesito está no mesmo patamar dos Cambridges por nós testados. É possível ouvir sua coleção de música, mas não espere um envolvimento profundo com o que está escutando, pois para existir essa ‘conexão’ necessitamos um pouco mais de naturalidade e realismo!

COMO AMPLIFICADOR DE FONE DE OUVIDO

Outra bela surpresa, assim como são o pré de phono e o DAC.

Gostei muito da qualidade do áudio e do silêncio de fundo. Os amantes de fones se sentirão satisfeitos em ter investido no SA30 e levar de ‘brinde’ um amplificador de fone de tão bom nível!

CONCLUSÃO

Sei que muitos nos criticam, por testarmos produtos tão caros e fora da nossa realidade. Mas esses mesmos críticos, deveriam reconhecer o quanto nos esforçamos em mostrar produtos que podem ser a solução final para a sua busca de anos.

O Arcam SA30, a menos de 30 mil reais, ainda está naquela faixa de preço que para muitos é ainda muito caro. Mas, raciocine comigo: quantos amplificadores integrados oferecem um pacote tão amplo, e de qualidade, como o SA30? Quantos poderão abrir mão de seus módulos de phono, DAC externo, streamer externo e amplificador de fone externo, por um único e definitivo upgrade?

Aqui começa a ficar interessante o custo desse SA30.

E coloque na ponta do lápis o quanto sairia ter esses mesmos benefícios em módulos com esse grau de performance, e fica muito coerente e sensato se pensar no Arcam SA30 como seu futuro upgrade.

Adorei o SA30, se isso for de alguma ajuda aos leitores que estão pensando em ir para essa solução.

E amei sua compatibilidade com as oito caixas que pudemos ouvir com ele.

Se você está naquele grupo de leitores da revista que está querendo definitivamente simplificar seu sistema de áudio, tornando-o mais minimalista sem perder a performance de um Estado da Arte, não ouvir o Arcam SA30 é um erro e tanto!


PONTOS POSITIVOS

Um pacote com uma qualidade e performance muito rara.

PONTOS NEGATIVOS

O design não reflete seu alto grau de qualidade.


ESPECIFICAÇÕES
TipoAmplificador integrado inteligente classe G
Resposta de frequência20 Hz a 20 kHz (± 1 dB)
Sensibilidade nominal1 V
Impedância de entrada10 kΩ
Potência120 W em 8 Ω, 220 W em 4 Ω
Entrada máxima6 Vrms
Relação sinal/ruído120 dB
Voltagem110-120 V ou 220-240 V (50-60Hz)
Consumo máximo800 W
Dimensões (L x A x P)433 x 100 x 323 mm
Peso12 kg
Peso embalado14 kg
AMPLIFICADOR INTEGRADO ARCAM SA30 (COMO STREAMER)
Equilíbrio Tonal 10,0
Soundstage 8,0
Textura 9,0
Transientes 9,0
Dinâmica 8,0
Corpo Harmônico 9,0
Organicidade 8,0
Musicalidade 9,0
Total 70,0
DIAMANTERECOMENDADO
AMPLIFICADOR INTEGRADO ARCAM SA30 (COMO PRÉ DE PHONO MC)
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 11,0
Textura 11,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 11,0
Total 88,0
AMPLIFICADOR INTEGRADO ARCAM SA30 (COMO DAC)
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 11,5
Textura 11,5
Transientes 12,5
Dinâmica 10,5
Corpo Harmônico 11,5
Organicidade 11,5
Musicalidade 13,0
Total 94,0
AMPLIFICADOR INTEGRADO ARCAM SA30 (COMO AMPLIFICADOR INTEGRADO)
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 11,0
Textura 13,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 97,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
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