Influência Vintage: CAIXAS ACÚSTICAS BOSE 901

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Equipamentos Vintage que fazem parte da história do Áudio.

O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’, safra, sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para designar algo antigo. Nesta série de artigos abordamos equipamentos vintage importantes, e que influenciam audiófilos até hoje!

AS CAIXAS BOSE 901

As Bose 901 foram um dos primeiros produtos desenvolvidos pela empresa, na década de 60, ficando em linha – em várias versões com pequenas modificações – por mais de 40 anos. São caixas acústicas passivas full-range sem divisor de frequências interno, que necessitam de um ‘equalizador’ proprietário (incluído com cada par vendido), a ser ligado junto com a amplificação, em um sistema de som modular. O equalizador é necessário para adequar as 901 à cada sala de audição, e para equilibrar os graves, médios e agudos. Cada canal da Bose 901 tem 1 falante full-range de cone de papel de 4.5 polegadas na frente, e mais 8 full-ranges iguais atrás, sendo 4 de cada lado de uma traseira em forma de cunha. Nas versões da 901 desde a Série III, cada woofer desses é de 1 ohm, sendo ligados internamente de forma a resultar em uma carga que se aproxima do valor mais regular de 8 ohms.

Série II de frente

Completam o produto um pedestal próprio em formato de cone – como uma banqueta de bar da década de 50. Havia uma opção de suporte para a parede ou teto, também. Além disso, elas vinham com uma tela difícil de ser removida, e que era mais ou menos necessária na parte traseira – para diminuir o brilho dos agudos refletidos.

Série II de trás

Uma das principais teorias que embasam os produtos Bose, desde o começo, chama-se Direct/Reflecting. A ideia de Amar Bose era que as caixas usadas em um sistema deveriam ter múltiplos falantes apontando para várias direções da sala, replicando as reflexões e, portanto, o som de uma sala de concertos. Um de seus produtos mais longevos e bem sucedidos, foi justamente as caixas acústicas Bose 901.

DR AMAR BOSE

Nascido no estado da Pensilvânia, em 1929, e filho de uma professora americana com um revolucionário indiano exilado, Amar Gopal Bose foi doutor em engenharia elétrica pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) – para o qual deixou a participação acionista majoritária da Bose Corporation, quando de seu falecimento em 2013, para o incentivo à pesquisa e desenvolvimento de tecnologia. E vale lembrar que o faturamento total da empresa em 2021 foi de 3.2 bilhões de dólares. E que o próprio Dr Bose entrou para a lista de bilionários da revista Forbes, em 2007.

Dr Amar Bose

Bose deu aula no MIT durante décadas, assim como dedicou grande parte de sua vida à pesquisa científica em tecnologia de caixas de som, acústica e psicoacústica, detendo numerosas patentes no meio. Bose também desenvolveu uma suspensão eletromagnética para carros – que chegou a ser testada pela Toyota em sua marca de luxo Lexus.

A obsessão, e a reconhecida seriedade e dedicação de Amar Bose para com a pesquisa científica, gerou um dos comentários mais mordazes já feitos sobre a reputação dos produtos da empresa que leva seu nome: “o problema não é a ciência dos projetos da Bose, e sim a implementação”. Pode bem ser mesmo um dos motivos…

Série III Direct-Reflecting

O fato é que a 901 abriu precedentes no mercado para o estudo e a implementação de caixas dipolo e outras tecnologias que usam dispersão diferenciada.

Série IV de frente

MODELOS SEMELHANTES

Com algumas modificações – ao longo dos anos – várias versões se sucederam no catálogo de produtos da empresa. As Séries I e II são as preferidas dos fãs das 901, porque usavam drivers de cone preto de 8 ohms com bordas de tecido – que duram uma eternidade – mas os gabinetes eram tipo suspensão acústica.

As versões posteriores trouxeram os drivers de cone azul, as bordas de espuma (que se desfaziam com o tempo), e eram de 1 ohm – o que significa que as primeiras gerações têm um esquema de ligação interno totalmente diferente das posteriores, e também uma sonoridade diferente. E seus gabinetes eram bass-reflex.

Série VI em preto

Os equalizadores também foram sendo modificados, em cada geração, com mudanças não só de circuito como de funcionalidade. Os mais recentes tinham um controle maior da intensidade dos médios e dos agudos.

Houve também uma versão chamada de Bose Lifestyle 901, que vinha com um receiver que trazia o controle, a amplificação, um CD-Player e o equalizador já embutido, perfazendo um sistema completo.

A última geração a ser fabricada, a Série VI, entrou em linha em 1987, e ficou até 2017 – quando foi extinta a 901 da linha da Bose Corporation.

Lifestyle 901

COMO TOCAM AS BOSE 901

Produtos da Bose são considerados como ruins por muitos audiófilos, mas – especialmente as Bose 901 – são amadas por vários fãs de rock e pop, e essas caixas fizeram bastante sucesso nas décadas de 70 e 80. Inclusive a existência de seu ‘equalizador’, para trazer graves e agudos ao mesmo nível dos médios, levou à criação de uma das mais famosas frases de desdenho da audiófilia contra a empresa: “No highs, no lows? Must be Bose!” (“Sem agudos, sem graves? Deve ser Bose!”).

Por Dentro – Progadanda

Como caixa para um sistema onde se ouve rock, pop e afins, as Bose 901 se dão bem – e provêm um som de grande dimensão e impacto (graças à quantidade de falantes apontados para os lados/atrás de cada caixa). Tanto que revistas como a americana Stereophile, consideraram elas – em reviews da década de 70 – como boas para certos tipos de música, com grande energia, mas não foram feitas para ter detalhamento e refinamento. O ‘veredito’ foi que se o ouvinte procura essas duas últimas características, ao ouvir gêneros como jazz e música clássica, ele precisará deixar a Bose 901 para trás, obrigatoriamente – e isso estamos falando em comparação com o que existia de caixas audiófilas na década de 70. Hoje, então…

Equalizador da Série I

Diz a lenda, inclusive, que Harry Pearson comprou um par de Bose 901 Série I ou II – então sendo elogiada na imprensa especializada – e ficou tão decepcionado com a falta de detalhamento e refinamento, que esse foi um dos motivos para ele fundar a revista The Absolute Sound, para falar o que essa imprensa não estava falando, para ser uma voz alternativa no mercado.

E claro que o setup, o posicionamento delas é dos mais críticos, nas distâncias da parede ao fundo e paredes laterais, por causas óbvias. Assim como o correto uso do equalizador incluso – e a necessidade de que o resto do sistema também tenha boa qualidade (pois o efeito do elo mais fraco se aplica até a microsystems).

Tudo isso com uma etiqueta de preço que nunca foi das mais baratas…

SOBRE A BOSE CORPORATION

Descontente com a falta de realismo das caixas acústicas do começo da década de 60, Amar Bose levantou investimento e fundou a Bose Corporation em 1964, no estado de Massachusetts, nos EUA, que já incluía em seus quadros professores do MIT, como Yuk-wing Lee – que foi professor e orientador de Bose.

Equalizador da Série VI

A linha de produtos da empresa, ao longo dos anos, é bastante extensa. Dezenas de modelos de caixas para áudio de casa, sistemas ‘lifestyle’ completos, iPod dockings, sistemas de dois canais, 2.1, de home-theater, os infames sistemas Acoustimass com um sub e as caixinhas ‘cubos’, caixas para sonorização profissional, para som ambiente em áreas externas, e uma extensa linha de fones de ouvido.

E a Bose Corporation, e as várias patentes e pesquisas feitas pelo Dr Amar Bose, continuam por aí, firmes, mesmo depois de 58 anos de estrada!

1 Comments

  1. Sidney soares disse:

    Sou fã da Marca,mas infelizmente a empresa no que tange o respeito com o consumidor Brasileiro é muito relapsa,pois não dispomos de assistência técnica no RJ e nem no Brasil,tenho aparelhos da marca com defeito e não consigo assistência ,Uma Pena

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