Influência Vintage: TOCA-DISCOS THORENS TD 125

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Equipamentos Vintage que fazem parte da história do Áudio

O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’, safra, sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para designar algo antigo.

Nesta série de artigos abordamos equipamentos vintage importantes, e que influenciam audiófilos até hoje!

O TOCA-DISCOS THORENS TD 125

Dizia a ficção científica distópica da segunda metade do século 20, que após a guerra nuclear sobreviveriam apenas as baratas. Eu já acho que lá, junto com as baratas, estarão um monte de indestrutíveis Thorens TD 125! É muito difícil destruir ou mesmo incapacitar um 125. Foram feitos para durar, por suíços, na Alemanha Ocidental.

Versão MkII original como veio ao mundo

A Thorens havia acabado de se mudar da Suíça para a Alemanha, e o famoso modelo topo-de-linha TD 124 estava chegando ao fim de sua vida útil como produto viável – já com mais de 10 anos e 100.000 unidades produzidas. Era necessário um sistema de tração mais confiável e mecanicamente silencioso.

Com braço SME 3009

Chegando ao mercado em 1968, o TD 125 tem uma mecânica com tração por correia (belt drive), acionando o sub-prato de alumínio e, portanto, o prato também – tudo montado em um subchassi de alumínio com suspensão de três pontos, por molas cônicas, separada do motor (que é AC síncrono com estrobo e ajuste fino de velocidade com um potenciômetro linear) e da base de aço, sobre um gabinete de madeira. Ele foi um grande sucesso, e lembro de, quando era ‘jovem’, ver ele ser muito cultuado no meio. Era quase um clichê em sistemas que incluíam JBL, McIntosh e Nakamichi em seus racks.

Vista do sub-prato e correia

As diferenças do 125 para o 125 MkII – que foi lançado logo depois, em 1972 – são um novo braço, melhor (o TP16), e modificações no rolamento do prato e melhorias no circuito de controle de velocidade. Ele ficou no mercado até ser substituído, em 1977, pelo TD 126 – que tem várias partes mecânicas muito semelhantes.

O preço de um Thorens TD 125 em 1970, era de aproximadamente 1200 libras esterlinas, em valores atualizados para 2022. Esse preço era quase 40% mais caro que um TD 124, que tinha acabado de sair de linha.

Imagem de catálogo

O braço TP16 (que pode ser visto na foto do MkII original aqui na matéria) foi considerado por muitos como inferior à várias opções do mercado audiófilo. Sim, naquela época a mania de troca e upgrade de braços, já estava acontecendo a todo vapor. Como o 125 permitia a remoção e a troca muito fácil do ‘armboard’, e até podia vir de fábrica sem braço, muitos compradores preferiram usar o braço inglês SME 3009 – um dos fetiche do mundo audiófilo por décadas, devido à sua construção, robustez, durabilidade e alta performance.

MODELOS SEMELHANTES

A Thorens baseou seu 125 no mais simples 150, lançado 3 anos antes – bastando melhorá-lo onde precisava: melhor peso, base, circuito de controle de rotação, suspensão, motor, etc. O 150 é considerado um dos precursores de um tipo de toca-discos, belt-drive suspenso, que havia começado com o famoso AR-XA da Acoustic Research, e foi refinado nos modelos Thorens 150, 160 (de 1972), 125 e 126, e no célebre Linn Sondek LP12 (existente em linha até hoje).

Restaurado e muito empetecado

Em 1957, a Thorens lançou o emblemático toca-discos TD 124, primeiro modelo audiófilo da empresa. E, em 1965, saiu o TD 150 e depois seus semelhantes. E muitos deles estão ainda hoje entre os usados bem cotados, e nos sistemas de audiófilos e melômanos, funcionando perfeitamente! O 160, por exemplo, não permitia facilmente a troca do braço por outro que agradasse o proprietário ou representasse upgrade significativo – era um modelo mais utilitário. Já o 150, o 125 e o 126, seguiam o legado do original 124, que permitia facilmente a remoção e troca do ‘armboard’ e, consequentemente, do braço.

O 125 teve, como variações, o 125 MkII, o 125LB (base larga), e o 928 da marca alemã EMT – parceira da Thorens – desenvolvido para uso profissional, com painel de controle, strobo e botões maiores.

COMO TOCA O THORENS TD 125

Eu falei que o TD 125 é mais resistente que as baratas do pós-apocalipse nuclear – mas isso não quer dizer que ele não precise de manutenção para funcionar e tocar direito. O estado físico do aparelho tem que estar bom, com seu rolamento de prato em bom estado – e que tem que ser limpo e corretamente lubrificado. É preciso revisar os capacitores e contatos do circuito de controle de velocidade e sua fonte de alimentação, assim como desoxidar o potenciômetro de ajuste do estrobo. E, claro, as molas da suspensão têm que estar boas, com a tensão correta – e o nivelamento é essencial!

TD 124 – o antecessor

Junte tudo isso com um bom braço e cápsula, e obterá um toca-discos confiável, decentemente silencioso, e que impressionará muita gente. O tipo de som dele é com grave cheio, médios redondos e agudos macios – mas com menos clareza e definição que outros tipos de (bons) toca-discos.

TD 150

Aliás, falei que as soluções de projeto dele são precursoras do Linn LP12: alguns anos atrás pude comparar, por uma série de coincidências, um Thorens TD 125 MkII equipado com um braço Linn Ittok (topo de linha da marca) e uma boa cápsula Moving Coil, e um LP12 com o mesmo braço e, onde pus também a mesma cápsula. Oportunidade imperdível de comparação. O resultado? Não, o LP12 não está ‘anos-luz’ à frente, nessas mesmas condições especiais. Diria que o 125 MkII chega extremamente perto do nível de qualidade do LP12!

SOBRE A THORENS

A empresa foi fundada na Suíça por Herman Thorens, em 1883, para a fabricação de caixas de música e, depois, em 1903, começou a fabricar o fonógrafo de Thomas Edison. Nos anos subsequentes, a Thorens fabricou desde gramofones e discos de shellac (discos de 78RPM), até harmônicas e isqueiros (estes até 1964), de cápsulas magnéticas a máquina de corte de acetato para a prensagem de discos.

EMT 928

Depois de se firmar no mercado de toca-discos de alta qualidade com o TD 124 de 1957, a Thorens passou até parte da década de 90 fazendo toca-discos. E chegou a fazer outros eletrônicos também, como amplificadores.

Em 1999, insolvente, a Thorens estava para encerrar suas atividades, quando uma nova empresa foi constituída na Suíça, dando continuidade ao nome, sob a batuta de Heinz Rohrer. Em 2018, Gunther Kürten, que havia sido executivo na Denon e na Elac, assumiu a direção da empresa e realocou-a de novo para a Alemanha.

E a Thorens tem produzido toca-discos de vinil desde então. De vento em popa!

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