Teste 1: AMPLIFICADOR INTEGRADO WILLSENTON R8 KT88/EL34 X4

Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS WHARFEDALE EVO 4.4
outubro 7, 2022
TOP 5 – AVMAG
outubro 7, 2022

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Enquanto os mais ‘tradicionalistas’ dão de ombros para equipamentos fora do mapa do áudio estabelecido nos anos 70, eu, ao contrário, vivo fuçando e torcendo para que mais e mais marcas surjam dos mais diferentes pontos do planeta, e conquistem seu lugar ao sol.

E parece que tenho dado sorte, pois nunca houve na história do áudio hi-fi o surgimento de tantas marcas vindas da Ásia, do Leste Europeu, da Oceania e, agora, novamente do nosso Brasil.

Isso não só enriquece o mercado, como o deixa muito mais diversificado e interessante. Afinal, por trás de cada produto hi end bem feito, existe uma ideia, um conceito, uma filosofia e uma assinatura sônica que determina o grau de conhecimento e ousadia do projetista.

E eu tenho o maior interesse em conhecer um projetista pelo seu produto, pois quando bem executado, é possível perceber
características pessoais e culturais do engenheiro e compreender como ele ‘enxerga’ e define o que seja hi-end para ele.

E tem produtos que imprimem uma assinatura tão incisiva, que fica difícil, avaliá-los apenas pela razão, pois ao escutá-los o que irá prevalecer será sempre a emoção.

Tive por diversas vezes frente a frente com produtos dessa vertente mais emotiva do que racional, e nunca criei nenhuma resistência em avaliar o produto dessa maneira (principalmente se fica evidente desde o primeiro instante que foi essa a intenção central do projetista).

Toda essa introdução foi para apresentar o Willsenton R8 (vou abreviar para ficar mais fácil), um amplificador integrado valvulado feito na China e que tem causado enorme furor em feiras, fóruns e testes pelos continentes.

Tudo nele chama nossa atenção: construção ponto a ponto manualmente, acabamento de excelente nível, design, versatilidade e, claro: performance!

Trata-se de um amplificador que pode ser usado com válvulas EL34, KT88 ou 6550, para que o consumidor tenha a assinatura das válvulas que mais lhe agradem (nosso modelo veio com KT88). Também pode ser usado como um amplificador de potência, além de ter um ótimo amplificador de fone de ouvido.

O consumidor ainda pode escolher se deseja que ele trabalhe em ultralinear ou tríodo (no LED vermelho ele funciona em modo ultralinear, e em verde em tríodo). E você pode alterar os modos sentado em seu ponto de audição, através do seu controle remoto.

Em modo tríodo ele possui 25 Watts e, em modo ultralinear 45 Watts (com válvulas KT88 e 6550) e 40 Watts com válvula EL34. O fabricante recomenda no mínimo 100 horas de queima, com estabilização total em 300 horas.

O ajuste de bias é o comum a todo amplificador valvulado, e depois de ajustado com 100 horas de amaciamento, durante todo o período de teste nunca mais precisamos reajustar o mesmo. Eu quase que usei as EL34 que estou vendendo, da Air Tight, mas como são casadas e sei que o futuro comprador irá desejar que sejam absolutamente zeradas, não fiz essa avaliação.

E também não fiz pelo fato de que, com as KT88, o Willsenton R8 soou lindamente!

Para o teste, utilizamos as seguintes caixas: Elipson Heritage XLS 15, JBL L100 Classic, Monitor Audio Gold 300 série 7 (teste na edição de novembro), Wharfedale Evo 4.4 (leia Teste 2 nesta edição). Fontes analógicas: prés de phono Rega Aura (leia teste na edição de dezembro) e Gold Note PH-1000. Toca-discos Origin Live Sovereign, com braço Enterprise de 12 polegadas e cápsula ZXY Ultimate Astro G. Fontes digitais: Streamer Innuos ZENmini Mk3, dCS Bartok 2.0, e Transporte Nagra com TUBE DAC Nagra. Cabos de interconexão: Sunrise Labs Quintessence RCA, e Kimber Kable Carbon RCA. Cabos digitais: USB Kubala-Sosna Realization, e Sunrise Lab Quintessence Edição de Aniversário. AES/EBU: Crystal Cable Absolute Dream, e Dynamique Audio Apex (leia teste edição de novembro). Cabos de caixa: Virtual Reality Trançado e Dynamique Audio Apex.

Com 4 entradas RCA, eu deixei os dois prés de phono ligados e usei a terceira entrada para alternar entre o Bartok e o Nagra. Em nenhum momento do teste eu ouvi o R8 como power, pois foram apenas 4 semanas, já que o integrado foi gentilmente cedido pelo seu felizardo comprador.

E decidi então explorar os dois modos de funcionamento (tríodo e ultralinear) não só com as oitenta faixas da Metodologia, mas também com muitos discos de ‘cabeceira’ que são minhas gravações preferidas, dos poucos e raros momentos de lazer.

Eu não me lembro exatamente quanto o importador me disse que ele já tinha sido amaciado, então fiz as anotações do primeiro contato com nossas gravações, e o deixei amaciando por 100 horas. E assim que ele voltou para a sala de testes, a primeira caixa que liguei foi a Elipson, pois além dela já estar totalmente amaciada, estava no término do teste, já pronta para a passagem de notas de cada quesito. E também pelo fato de estarem na mesma faixa de preço (20 mil reais).

Foi sinergia à primeira música!

Estava ouvindo Água de Beber do nosso disco Genuinamente Brasileiro Vol2, e me encantei como o R8 (vou abreviar ainda mais, rs) postou as seis vozes. Usei o verbo ‘postar’, pois não foi apenas reproduzir a faixa à minha frente, mas sim convidar-me a reviver aquele momento mágico com os cantores e os dois instrumentistas.

Lembro bem que fizemos três takes dessa gravação, e depois de muitas dúvidas eu, o Duda e o maestro optamos pelo primeiro take, com as vozes quentes e relaxadas. Eu fui voto vencido, pois a minha preferida era o segundo take, que na minha opinião foi mais relaxado, sem perder a concentração.

Mas realmente, a primeira tinha um grau de intencionalidade nas entradas e crescendos mais precisa tecnicamente, e quando escuto essa faixa em aparelhos ou setups que me ‘revivem’ esse momento, sei perfeitamente o que virá na sequência (traduzindo para os leigos: será difícil prestar atenção no que preciso para fechar as notas, me fazendo ‘recobrar’ o objetivo algumas vezes, rs). Trabalho em dobro, mas satisfação também em dobro faz parte da vida de todo revisor.

Voltando às observações de Água de Beber, ficou evidente que o caminho que o R8 iria me impor seria o do puramente ouvir e não avaliar. Nesses casos, eu mudo a forma de avaliar os quesitos, fazendo intervalos entre as faixas que usamos para cada quesito, com discos ou faixas apenas para curtir a assinatura sônica do produto. É uma estratégia interessante, no entanto leva-se o dobro do tempo no fechamento de nota.

Seu equilíbrio tonal segue a regra dos valvulados modernos (felizmente), com agudos com ótima extensão, decaimento correto, possibilidade de se observar as ambiências de cada gravação, e o melhor: nunca os agudos se tornam brilhantes ou excessivos.

Para ouvir um piano com a última oitava da mão direita com som de vidro, a gravação tem que ser muito torta para isso ocorrer. Eu não passei por esse azar – pelo contrário, independente dos pianos, dos pianistas, da qualidade de gravação, o que ouvi foi sempre um piano com feltro, e não vitrificado.

A região média possui aquela naturalidade inebriante que nos faz esquecer do mundo instantaneamente, nos colocando em sintonia direta com cada nota e acorde. E os graves, ao contrário de tantos valvulados vintage, possuem extensão, peso, deslocamento de ar e principalmente velocidade.

Tem a impetuosidade de um grave de um power de estado sólido? Evidente que não, mas é tão correto e preciso que você dificilmente depois de escutá-lo por algum tempo, irá sentir falta dessa maior ‘impetuosidade’ que os graves nos powers de estado sólido tem.

O seu soundstage possui muito bom foco, recorte e planos. Seja ouvindo um quarteto de cordas em sua formação habitual em arco, ou uma orquestra sinfônica com seus diversos naipes em planos.

Em uma sala como a nossa, que podemos deixar as caixas distantes o suficiente das paredes, a apresentação do palco sonoro do R8 foi muito convincente, com destaque para a EVO 4.4 e a L100 Classic, que possuem uma facilidade muito grande de reproduzir o ar em volta dos instrumentos solistas e os naipes da orquestra.

E aí chegamos ao ápice da beleza do R8: sua apresentação de texturas. Aqui meu amigo, o buraco é muito mais embaixo do que se imagina. Para superar essa apresentação, prepare-se, pois você terá que pôr a mão no bolso e de maneira pesada para conseguir.

Enquanto os audiófilos discutem as diferenças e vantagens de cada uma das topologias, eu se sou chamado a opinar, sempre pergunto: qual topologia traduz melhor e com maior sedução as texturas? Se alguém ousar levantar a mão e dizer que são os classe D, eu me retiro do recinto, rs!

Meu amigo, ouça um quarteto de cordas em um excelente valvulado em um setup todo acertado e não tem volta – acredite. É de ouvir prendendo a respiração e, se bobear, com lágrimas nos olhos.

Ou, se tem dificuldade para acompanhar cada voz de um quarteto de cordas, ouça as obras do Paganini para violino e piano. Não tem segundo round!

O R8 tem esse DNA dos Shindos, dos Air Tight, aparelhos que ouvi ou tive, e que guardo as melhores memórias de longo prazo deste quesito.

Ele soa com o refinamento necessário para nos mostrar detalhadamente a paleta de cores e as intencionalidades no equilíbrio certo, em que nossa mente não fica pulando de um lado para o outro, hora observando as intencionalidades, hora as paletas. É tudo uníssono, presente, congelando aquele momento e silenciando o que não faz parte do acontecimento musical.

É soberbo, é precioso e tão difícil de ser admirado por aqueles que nunca estiveram a 4 metros de distância de um excelente quarteto de cordas com músicos virtuoses, e em salas de espetáculo acusticamente decentes. Ou então frente a um violinista em uma apresentação solo. Para isso existem sistemas hi -end, para nos permitir repetir essas audições quando bem desejarmos.

O R8 para reprodução de texturas faz parte desse seleto grupo de valvulados capazes de nos apresentar as texturas como ela deveriam ser tratadas por todos integrados ditos hi-end.

Na dinâmica, a apresentação de micro é excelente, e na macro tudo dependerá muito mais das caixas do que dele. Pois em modo ultralinear, tanto com a L100 como com a EVO 4.4, o R8 se comportou com autoridade. Não espere sustos ou pirotecnias na macrodinâmica, pois falamos de 45 Watts – mas não haverá frustração eu garanto!

O corpo harmônico é muito bom, até mais do que eu poderia esperar. Ouvindo as três faixas do contrabaixo do disco Timbres que gravamos, o tamanho do instrumento está muito correto, mostrando inclusive as diferenças de tamanho dos três microfones utilizados (sim meu amigo objetivista, microfones diferentes tem corpo harmônico, equilíbrio tonal, texturas, transientes, tudo diferente).

Eu deixei por último a observação dos transientes, pois passei mais tempo curtindo inúmeras gravações do que avaliando faixa por faixa das oitenta, para escrever o teste. E muitas vezes ouço de audiófilos experientes, que o problema maior da válvula está na apresentação precisa de tempo e ritmo. Eu prefiro nesses casos balançar a cabeça a responder, pois quem foi no último Hi-End Show de 2015 (quanto tempo, não?), e foi em nossa sala, viu que mostrei inúmeros exemplos de transientes justamente para responder a essa questão, que é recorrente desde os anos 80.

No evento usei as caixas Kharma com os monoblocos ATM-3 da Air Tight, de apenas 100 Watts, em uma sala de 220 metros quadrados! E o que mais ouvi após as apresentações, foi: “Nossa, nunca tinha escutado valvulados com essa pegada, precisão e autoridade!”.

Talvez os valvulados dos anos 60, 70 e 80 tivessem essa limitação na apresentação de transientes. Isso há muito foi superado, acredite.

E no modo ultralinear, o R8 não teve dificuldade em nenhum dos exemplos utilizados para fechar a nota deste quesito.

CONCLUSÃO

Raramente deixo para a conclusão final os quesitos organicidade e musicalidade, mas aqui seria injusto separar esses dois quesitos, pois eles estiveram nas quatro semanas sempre andando juntos, pois quando eu ouvia determinada música em que os músicos estavam materializados na minha frente, meu cérebro, não conseguia pensar na qualidade da materialização e sim o quanto aquele exemplo era musicalmente agradável e real!

Esse é o efeito que eu chamo de colocar nosso cérebro no modo stop da racionalização e dar o play no modo emocional de ouvirmos.

Tudo será sempre uma escolha. Um sistema que seja perfeito e cubra integralmente todas as nossas expectativas, não existe e nem sei se um dia existirá. Então, meu amigo, antes de sair gastando seu suado dinheiro, escolha metas e estabeleça dentro de seu orçamento o que você realmente deseja de um sistema hi-end.

Se o que você mais deseja é um sistema que o emocione, levando-o a deixar o mundo em suspense enquanto você restabelece sua saúde mental e emocional, ouça o Willsenton R8.

Ele é tão versátil e com tantas possibilidades camaleônicas em termos de upgrades de válvulas, que podem tranquilamente elevar seu grau de performance (leia meu artigo Opinião deste mês) e em modo tríodo e ultralinear, que você pode escolher qual modo soa melhor com determinadas músicas.

Pode existir algo mais legal para fazer em nosso sistema?

Um produto altamente recomendado e que estará certamente entre os Melhores de 2022, com Recomendação do Editor!


PONTOS POSITIVOS

Excelente custo/performance e uma versatilidade impressionante.

PONTOS NEGATIVOS

Absolutamente nada.


ESPECIFICAÇÕES

Resposta de frequência10 Hz a 40 kHz (+/-0.5 db)
Distorção Harmônica Total1% (1 kHz)
Relação Sinal/Ruído91 dB
Sensibilidade de entrada380 mv (como integrado),
820 mv (como power)
Impedância de entrada100 KΩ
Impedância de saída4Ω, 8Ω
Potência de saída• 25W+25W (RMS tríodo) (KT88, 6550EH ou EL34)
• 45W+45W (RMS ultralinear) (KT88, 6550EH)
• 40W+40W (RMS ultralinear) (EL34)
Válvula de estágio de pré-amplificação6SN7
Válvula de voltagem6SL7
Válvula de driver6SN7
Válvulas de estágio de saídaKT88 (x4) ou 6550EH (x4) ou EL34 (x4)
Voltagem AC100 V a 240 V (60 Hz/50 Hz) configurada de fábrica
Consumo280W
Dimensões (L x A x P)400 x 203 x 390 mm
Peso26kg
Peso embalado
AMPLIFICADOR INTEGRADO WILLSENTON R8 KT88/EL34 X4
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 13,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 93,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



Elite Sound
contato@elitesound.com.br
(19) 99713.5005
R$ 20.000
(Valor promocional)

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