Melhores do Ano 2022: TOCA-DISCOS
janeiro 4, 2023
Melhores do Ano 2022: SISTEMA COMPLETO
janeiro 4, 2023

FONE DE OUVIDO BLUETOOTH EDIFIER X5

Juan Lourenço

A Edifier lançou X5 no início de 2021, após o sucesso obtido com o X3, que entregava ótimo custo/benefício, entre boa qualidade sonora e tecnologia. No X5 a Edifier voltou-se ainda mais para a qualidade sonora, e mesmo mantendo o Bluetooth 5.0, houve melhora na sonoridade, e tratou de fechar algumas lacunas do projeto anterior, como comandos sensíveis ao toque e microfone interno com cancelamento de ruído externo em cada fone (com este recurso, pode-se atender chamadas com um ou com os dois fones), certificação IP55 que atesta a resistência à poeira e chuva leve, bateria para até seis horas de audição, e o estojo com entrada USB-C e bateria de 500mAh para até 21 horas de reprodução, além do tão bem-vindo manual em português.

Com o X5, a Edifier dá aos amantes de atividades físicas mais uma boa opção. Com seu design mais alongado na extremidade inferior, o fone se mantém estável no ouvido mesmo em movimentos bruscos.

Para aproveitar este espaço extra, o microfone foi alocado nesta extremidade final, ficando mais próximo da boca, acrescente os três tamanhos de abafadores em silicone, e o X5 está pronto para te acompanhar na academia, corridas ou pedaladas por aí.

O Edifier X5 vem embalado em uma caixa minimalista, e dentro dela encontramos o estojo e os fones acomodados em um molde plástico, e na parte de baixo do molde temos o manual, cabo USB-C e os abafadores em silicone. Por falar neles, os abafadores oferecem boa isolação do mundo exterior, trazendo conforto em audições prolongadas.

COMO TOCA

Para o teste, utilizamos o Astell & Kern modelo KANN, e os smartphones Samsung S10 Plus e iPhone 8 Plus.

O emparelhamento é muito fácil e intuitivo, é só manter o dedo sob o logo Edifier no fone por três segundos para Bluetooth, ou toque duas vezes para TWS (stereo). Atente-se para o dispositivo emparelhado, se ele mostra os dois fones R e L. Para limpar os registros de emparelhamento, segure por oito segundos.

O amaciamento não trouxe grandes mudanças – o fone ganha um pouco mais de extensão nos extremos, mas fora isso quase não há alterações. Com o X5, as músicas soam rápidas, com bom nível de suavidade, e médios claros com boa inteligibilidade. Os dois extremos são menos pronunciados que a região média, porém estão dentro do esperado, e os graves não embolam e nem tentam te enganar produzindo graves falsos, tentando descer mais do que o fone pode suportar – e isso é uma coisa boa, pois não inventa subgraves que não existem e, com isto, o fone não fica restrito à música pop e ritmos jovens. Não tem coisa pior que estar ouvindo estilos musicais com ótimos arranjos e aquele grave borrando a música inteira. Juntamente com os agudos na mesma medida, o fone entrega bom equilíbrio tonal e texturas que surpreendem para seu preço.

CONCLUSÃO

Ouvindo Hotel California (Eagles), Amy Winehouse, Pantera, ou um ótimo Reggae do Gregory Isaacs, percebe-se que o fone não te faz refém de poucos estilos musicais, tudo isso graças ao seu equilíbrio tonal que não favorece graves e agudos. Acrescente a tecnologia embarcada e seu ótimo preço, e temos no Edifier X5 um excelente companheiro para todos os dias.

Nota: 56,0
AVMAG #280
Edifier

contato@edifier.com.br
(11) 5033.5100
R$ 249

FONE DE OUVIDO GRADO LABS PRESTIGE SERIES SR60x

Fernando Andrette

A leitora Patrícia Cruz mandou um ‘cuidadoso’ e-mail nos perguntando como conseguir ter um fone ‘correto’, com todas as qualidades, que custasse até 1000 reais, que ela gostaria de dar de presente para o seu noivo, que ama ouvir jazz e vozes em diversos estilos musicais.

Antes de responder à sua pergunta, pedi que ela me desse algumas informações adicionais, de como o noivo escuta suas músicas, se em casa sentado confortavelmente ou se a música o acompanha em suas atividades diárias?

E se ele escuta em volumes corretos ou se empolga e gosta de ouvir em volumes não seguros?

E, por último, a pergunta mais importante: suas audições são feitas no celular ou em um sistema de áudio?

Ela prontamente respondeu a todas as perguntas e, depois de pesquisar uma vasta lista de fones que se encaixavam no orçamento, eu achei que para o gosto musical do noivo, um fone que deveria ser escutado seria o Grado SR60x, que estava em teste – e expliquei o motivo de estar lhe indicando esse fone.

Mas pedi que se ela decidisse por esse modelo, que entregasse o presente imediatamente, pois caso o noivo não apreciasse a escolha, eles teriam sete dias para fazer a devolução. E solicitei que ela, depois desse um feedback se acertei na indicação, ou se errei feio.

Na conclusão do teste eu compartilharei as impressões, tanto da Patrícia como do seu noivo (Eduardo).

O SR60x é o fone mais barato em produção da Grado nesse momento. Sua primeira versão foi lançada em 1994, e ainda que com tamanha longevidade seja um dos fones mais vendidos da empresa, ele perde para o modelo SR80, o campeão em vendas nesses últimos 28 anos.

Nessa nova versão, a Grado desenvolveu um novo driver de quarta geração, que utiliza uma bobina de voz de menor massa, circuito magnético mais potente e um diafragma redesenhado. O que promete ter uma maior eficiência, com distorção reduzida e uma ‘integridade’ aprimorada no som.

As outras alterações são totalmente ‘cosméticas’ – sem alterar o seu design original.

Um novo cabo com 4 condutores, de menor bitola e mais maleável, uma faixa de cabeça com melhor acolchoado, e uma estrutura de metal mais confortável, para se adaptar a diversos diâmetros de cabeça.

Claro que, para custar (lá fora) 99 dólares, o fone teria que ser de plástico rígido. E para esse plástico não machucar, a solução é o uso de uma esponja para proteger as orelhas (algo que no inverno parece aconchegante, mas que no verão será um problema – ao menos para mim).

A embalagem é o mais simples possível (uma caixa de papelão simples), e as informações técnicas estão no verso da mesma.

Não existem muitos testes com esse modelo – não como os inúmeros do SR80x, que parece que continua a ser o carro chefe da empresa, e o queridinho de milhares de consumidores.

Mas, dos dois testes que li, com avaliações objetivas, achei interessante a do site que cito esse mês no Opinião, que não indica para os seus leitores o fone se não fizer o ajuste de equalização – que ele indica para ‘corrigir’ suas deficiências de fábrica. Se o amigo leitor quiser mais informações sobre este bizarro site, leia o Opinião, pois lá eu descrevo em detalhes todas as idiossincrasias do fundador dele. E, de cara, discordo de sua avaliação, pelo fato dele dizer (através de suas medições), que o fone não tem graves, e falta agudo.

E o primeiro disco que ouvi, assim que o fone passou 24 horas amaciando, foi o novo trabalho da Beyoncé: Renaissance, em que posso garantir que em nenhuma das 16 faixas achei falta de grave (talvez para ele, só exista grave quando sua retina tremer e sua mandíbula for deslocada).

E em relação ao agudo, o SR60x não tem uma baita extensão nas altas, mas ele não soa nem brilhante e nem artificial.
O segundo disco que ouvi (antes de passar as faixas da Metodologia), foi o Chucho Valdés & Paquito D’Rivera: I Missed You Too. Aqui, em um estilo completamente distinto da Beyoncé, também não sentimos nenhuma falta de graves ou ausência de agudos.

Depois desses dois exemplos aleatórios, e por mera curiosidade de conhecer esses dois trabalhos lançados recentemente, fomos ouvir as 20 faixas para análise de equilíbrio tonal, textura, transientes, dinâmica, etc.

O que mais nos agradou neste fone de entrada é que seu equilíbrio tonal é honesto e permite o que mais defendemos: ouvir em volumes seguros! E quanto melhor for o equilíbrio tonal de um fone, mais seguras e confortáveis serão nossas audições.

Não dá para abrir mão dessa questão, então ao contrário do ‘lunático’ que afirma pelas suas medições que falta grave, se ele ouvir corretamente, irá perceber que se ele acentuar de 3 a 6 dB as baixas frequências, para ficar no seu gosto torto, todo o resto irá ficar desequilibrado, obviamente!

Então, se conseguimos ouvir em volumes corretos todas as frequências, acentuar ou atenuar qualquer faixa de frequência neste fone será catastrófico em termos de resposta, segurança e conforto auditivo!

A região média, como em todo fone Grado, possui em sua assinatura sônica um grau de naturalidade e musicalidade, imediatamente identificável (podem os que não apreciam os fones da Grado, falarem do design, de que gostariam de mais extensão nas pontas, mas discordar da beleza dos médios, será tarefa bem mais difícil).

Com esse equilíbrio tonal correto, claro que as texturas serão beneficiadas. Permitindo em todos os exemplos usados neste quesito, perceber a qualidade da paleta de cores de cada instrumento e as tão faladas intencionalidades da gravação, do músico e da qualidade dos instrumentos.

Os transientes são corretos, não vendo possibilidade de alguém achar que a música irá soar displicente ou letárgica em termos de ritmo e andamento.

A microdinâmica poderia ser mais detalhada? Certamente que sim, mas não em um fone de menos de 100 dólares (esse milagre eu ainda não escutei). Porém, as passagens de micro captadas com facilidade, serão audíveis sem nenhum esforço. E a macro, nos volumes de segurança, não irão distorcer e nem tão pouco soarem duras.

CONCLUSÃO

O Grado SR60x pode perfeitamente ser o primeiro fone para quem deseja ‘corrigir’ sua forma de ouvir música em fones de ouvido.

Correção que não é apenas proporcionar maior prazer com menor fadiga auditiva, e sim ‘proteger’ sua audição!
E, de tabela, ainda ganhar um maior refinamento nas gravações com melhor qualidade técnica, com apresentação de melhores texturas, naturalidade e maior musicalidade!

Para quem aprecia Jazz, vocais, música clássica, nossa MPB, e Folk Music, não vejo muitas opções a este preço.
E fico feliz de ter ajudado a Patricia e seu noivo Eduardo, a conhecerem um fabricante de fones que tem uma legião de admiradores cada vez mais crescente.

Então, quando me falam que fones da Grado não são para todos, cada vez mais aceito essa afirmação, com ressalvas, pois para determinados estilos musicais essa assinatura sônica tão ‘peculiar’ parece ser cada vez mais assertiva!

O casal me mandou a seguinte resposta: “Caro Sr Andrette, agradecemos imensamente o prazer que sua indicação nos proporcionou. Ainda que ele tenha um design ‘retrô’ que nos lembrou anos 40, sua apresentação das músicas que amamos ficou muito mais rica e musical. E a todos os amigos que mostramos, nenhum reagiu com indiferença ou desagrado. Temos a impressão que muitos, quando desejarem adquirir um novo fone, este modelo da Grado será uma forte opção”.

Pelo visto, minha percepção em relação aos novos fones de entrada da Grado, não está errada!

Nota: 60,0
AVMAG #287
KW HI-FI

fernando@kwhifi.com.br
R$ 847

FONE DE OUVIDO YAMAHA TW-E7B

Fernando Andrette

Nos fóruns internacionais, os dois novos modelos da Yamaha sem fio – o TW-E7B e o TW-E5SA – foram muito bem recebidos, com elogios a ambos. A diferença, segundo o fabricante, é que apenas o TW-E7B vem com cancelamento de ruído (ANC).

E foi justamente o modelo que a Yamaha nos enviou.

A construção é realmente impecável, com cuidados nos detalhes típicos deste fabricante! O modelo E7B (permita-me abreviar) possui uma membrana interna 50% maior que o modelo mais simples, e toda a estrutura em volta do driver foi revisada para minimizar ecos e realmente isolar o ambiente externo de maneira mais eficaz.

Além do cancelamento de ruídos por meio de microfones, e de um algoritmo próprio, a Yamaha disponibiliza nesse modelo o Ambient Sound, que possibilita a passagem de sons externos, caso o usuário deseje ouvir sua música mas precise ficar atento a informações do ambiente externo em aeroportos, consultas médicas, etc. Outro recurso disponível é o Listening Optimizer, para identificar características do canal auricular a cada 20 segundos, para corrigir e oferecer um áudio mais adequado.

A Yamaha garante que este modelo é capaz de entregar uma resposta equilibrada tonalmente, mesmo em volumes mais baixos e seguros. E foi esse o motivo central que aceitamos ouvi-lo e testá-lo!

Sua bateria tem carga para seis horas de uso contínuo com o uso do ANC, e até 22 horas com o auxílio do estojo de carregamento. Os fones têm resistência IPX5 contra água, e a conectividade é feita por meio do Bluetooth 5.2, com ajustes pessoais com o aplicativo Headphone Control, e com suporte para Google Assistente e Siri.

As cores possíveis são: preto, bege, azul ou branco (esta a cor do modelo enviado para teste).

Eu não tive dificuldade de achar o adaptador correto para os meus ouvidos (são 4 opções), e nem tampouco fazer o ajuste de empurrar para o canal e girar, para ele se adaptar corretamente, não ficando aquela sensação de frouxo e que pode cair a qualquer movimento brusco da cabeça. Depois de encaixado corretamente, você se acostuma imediatamente.

Penei mais para, com meus dedos grossos, acionar os comandos que ficam na câmara traseira separada da carcaça do drive. São três botões com um ponto de pressão mais saliente ao toque do dedo – o que, segundo os fóruns que consultei, são uma vantagem sobre modelos concorrentes.

O botão da esquerda é para se atender às chamadas telefônicas, bem como para reproduzir música. O botão da direita regula o volume (esse eu penei para ajustar, pois ao tentar regular o volume, cliquei muitas vezes no botão pequeno que muda a faixa, ao clicar duas vezes). Para regular o volume, você aperta e espera o nível de reprodução ser sincronizado com o dispositivo via Bluetooth.

Depois de simultâneos erros, finalmente memorizei os comandos (claro que meus filhos quiseram escutar, e óbvio que ambos não tiveram dificuldade alguma de executar os comandos de bate-e-pronto).

Ouvi basicamente o Yamaha no meu celular, tanto como Tidal, como com QoBuz. Os fones intra-auriculares costumam ter uma sonoridade diferente dos fones que cobrem a orelha. Eu particularmente os acho com um corpo harmônico ainda mais ‘esquelético’, e me incomodam os instrumentos estarem soando no meio do meu crânio.

Mas, à medida que fui ouvindo o Yamaha, e vendo suas virtudes, confesso que esse desconforto foi diminuindo (não ao ponto de eu desejar um fone intra-auricular), e posso confirmar o que o fabricante destaca: que este fone mantém o equilíbrio tonal correto mesmo em volumes seguros. O que é um enorme alento aos que buscam fones de qualidade para sua audição.

Em nenhuma gravação senti a necessidade de aumentar o volume, e o grau de inteligibilidade de todas as frequências foi mais que satisfatório, em todos os gêneros musicais.

A vantagem maior em relação aos fones com fio, é que estarmos livres do peso que todo fone externo carrega, sendo um alento para recuperarmos a liberdade de ouvir música fazendo inúmeras atividades diárias. E sabendo que esse fone tem a ‘vantagem’ de nos permitir audições seguras, ele realmente se torna uma opção intra-auricular recomendável.

Faltava descobrir o quanto seu cancelamento de ruído externo atrapalharia audições em volumes seguros – ou teríamos que, com ruídos externos, acima de 80dB, aumentar o volume da música para níveis perigosos?

E lá fui eu para a feira livre de domingo, testar o cancelamento de ruído do Yamaha, no pico do movimento, às 11h da manhã! Achei uma experiência interessante, ver o movimento da boca dos feirantes, seus gestos com os braços, que me fez lembrar uma coreografia de uma ópera de Puccini, enquanto para mim só a voz de Ella Fitzgerald acariciava meus ouvidos.

E detalhe: sem ter que sair da margem de segurança no volume!

CONCLUSÃO

O fone Yamaha TW-E7B cumpre integralmente o que promete.

E ainda permitem aos grave-dependentes (que ainda não entenderam os riscos que correm em danificar seu sistema auditivo), equalizar as baixas e médias frequências ao seu gosto pessoal. Eu não usei isso em momento algum do teste, apenas coloquei para observar o grau de reforço que esse tipo de equalização oferece às baixas frequências. E fica óbvio que o equilíbrio tonal vai para o espaço!

Extremamente bem acabado, e com recursos eficazes, pode perfeitamente ser o fone para quem pratica esporte, faz longas viagens frequentemente, ou vive em grandes centros urbanos em locais com intensa poluição sonora.

Seu cancelamento de ruído externo, além de eficiente, permite que a música seja escutada em volumes seguros, sem atrapalhar a inteligibilidade e o conforto auditivo.

É um investimento caro, mas pelo seu grau de construção, é o tipo de investimento para durar muitos anos.
Quem possui qualquer eletrônico dessa marca, sabe que são feitos para durar por uma vida, se bem cuidados!

Nota: 61,0
AVMAG #288
YAMAHA

www.yamaha.com
€ 847 (preço na Europa)

FONE DE OUVIDO SENNHEISER HD 560S

Fernando Andrette

Se tem um mercado altamente competitivo, e que ninguém está dormindo no ponto, esse mercado é o de fones de alta qualidade.

E a Sennheiser, uma das referências desse mercado, vem surpreendendo a cada novo lançamento e, gradativamente, ‘ouvindo’ as tendências e buscando atendê-las sem perder sua identidade sonora. Admiro muito essa postura, pois mostra a ‘personalidade’ e o foco da empresa, que entende o que o mercado deseja, mas não abre mão dos seus princípios essenciais que fizeram dela uma referência em fones.

Por outro lado, para se manter vivo e atuante, concessões precisam ser feitas, como enxugamento de custos, para que o produto se torne competitivo e atraente ao consumidor.

E aí não existe fórmula mágica, o acabamento premium existente nos fones mais top, precisam ser repensados nos fones mais baratos. E aí essas escolhas geralmente são vistas como pontos negativos por muitos revisores.

E fico aqui pensando com os meus botões: o que é mais importante, a performance ou o acabamento?

Então, amigo leitor, em nosso ponto de vista em relação às limitações que qualquer produto analisado aqui, sempre terá maior peso a performance do que o acabamento e ergonomia.

Como todo fone deste fabricante, seu formato busca deixar as orelhas do ouvinte completamente cobertas (ao contrário dos Grado, por exemplo), o que para mim representa um conforto maior e permite mais tempo de uso.

Ele pesa apenas 240 gramas, e para chegar a esse peso soluções tiveram que ser encontradas, como uma estrutura de plástico, e ser pouco moldável para cabeças maiores e mais largas (o que me parece ser um problema de ergonomia). Mas depois de devidamente ajustado, essa sensação de fragilidade desaparece, e olhe que minha cabeça é larga.

Para compensar essa questão de ergonomia, o fabricante colocou almofadas de feltro bem macias, e a haste também possui esse revestimento para não machucar o apoio na cabeça.

A única coisa que me incomodou foi o tamanho do cabo, exageradamente longo, e o adaptador, que é pesado e aumenta ainda mais o cabo. Tirando essa questão, todo o resto até aqui citado achei de menor relevância.

Para o teste, utilizamos os amplificadores de fone do Nagra Classic, do integrado Mark Levinson No.5802 (leia Teste 2 nessa edição), e do Gold Note PH-1000 – além dos celulares da família.

Em relação ao último fone que testamos da Sennheiser, o HD 660S (leia Teste na edição 273), achei que algumas características na sonoridade são muito semelhantes – o que é um baita elogio a este fone, e o coloca como um verdadeiro ‘best buy’.

Ouço de muitos leitores (mais jovens) que reconhecem as qualidades dos fones dessa marca em termos de transparência, detalhamento, conforto auditivo – mas que sempre levantam que falta mais peso nos graves.

E essa observação não vem de hoje, pois tanto que o mundo ao avaliar o HD 800 (meu fone de referência ainda hoje), todos elogiaram os graves do fone, alguns sugerindo que finalmente a Sennheiser havia dado o braço a torcer ao rever essa questão. E acho que para a Sennheiser também foi um ‘divisor de águas’ a enorme aceitação do HD 800, que fica evidente que todas as linhas abaixo estão sendo favorecidas por esses avanços do top de linha.

Agora, não espere que ao ler as inúmeras revisões deste produto, assim como do HD 660S, você vá encontrar coerência, pois as mesmas críticas que li dos graves e agudos do 660S, se repetiram com o HD 560S – como falta mais peso no grave e os agudos não são brilhantes!

Como escrevi no teste do HD 660S, felizmente os agudos não são brilhantes e que bom que o fone não tem ‘sub grave’! Pois se tivessem essas duas características, não seriam Sennheiser, e sim uma falsificação barata de qualquer camelô da 25 de Março.

Ninguém com a história da Sennheiser irá jogar sua reputação no lixo para atender a modismos passageiros. Eu não me incomodo que as pessoas apreciem musicalmente o que desejarem, o que me tira do sério é que existam ‘revisores críticos de áudio’ que não tenham o mínimo de referência musical para escrever e opinar. Pois eles desinformam e, pior, incentivam os jovens a perderem sua audição antes dos 30 anos!

Se isso não é grave, para eu estar mais uma vez criticando essa postura, me desculpe, mas não sei mais o que é importante e correto!

O HD 560S é muito similar ao 660S, tanto em termos de assinatura sônica, quanto em sua construção e ergonomia. Porém, o 660S está mais próximo da linha 800 que obviamente o 560S.

O equilíbrio tonal é semelhante, porém o modelo acima tem mais extensão nas duas pontas, permitindo uma apresentação das ambiências mais fidedigna. Mas o consumidor só notará essa maior extensão em um teste aXb – do contrário, garanto que 90% dos consumidores se darão por satisfeito com o HD 560S!

A região média é muito natural e timbricamente correta. É possível acompanhar cada detalhe de modulação, microdinâmica, sem esforço adicional algum. E os graves, se faltam aquela ‘fundação’ final, são exemplares em termos de inteligibilidade e velocidade.

Pessoalmente, o grave mais comedido, desde que correto, não me incomoda em nada.

O foco e recorte são excelentes, como em todos os fones deste fabricante, sendo possível notar o silêncio em volta dos solistas e aquela apresentação que nos prende a atenção do começo ao fim. Pois muitas pessoas não entendem (principalmente os mais jovens), que quando o silêncio de fundo é excelente, nossa atenção não é forçada.

Possibilitando um relaxamento e uma imersão maior na música. E só bons fones tem a capacidade de nos entreter dessa maneira.
Os amantes da ‘espacialidade’ em volta da nossa cabeça, irão se deliciar com o HD 560S!

Os transientes são excelentes, permitindo o acompanhamento de tempo e ritmo com enorme precisão.

A micro dinâmica, graças à transparência dos médios, é ótima e a macrodinâmica também é muito boa.

A materialização física do acontecimento musical em nossa cabeça (organicidade), neste fone é bem interessante. Em gravações muito bem feitas tecnicamente, o efeito psicoacústico nos faz redobrar nossa atenção!

É muito interessante quando mostramos a qualidade da Organicidade em bons fones, para os leitores mais jovens – eles exprimem a sensação de vivenciar isso a primeira vez com frases muitas vezes humoradas, tipo: “parece minha consciência me falando algo!”, rs…

Sua musicalidade tende mais para o neutro, o que para muitos consumidores é traduzido subjetivamente como ‘frio’.

Quando é justamente o oposto. O neutro nos dá a possibilidade de avaliarmos cada gravação pelos seus próprios méritos, não acrescentando algo artificialmente.

Essa questão me lembrou um ‘revisor’ que, quando não gosta da neutralidade de um fone (e pelo jeito ele não gosta de nada neutro), ele acaba seus testes mostrando a curva de equalização que ele colocou para deixar o fone mais palatável ao seu ‘gosto’. E fico me perguntando: como alguém que usa como ‘muleta’ equalizar o que testa, pode avaliar produtos de áudio?! Qual é sua referência auditiva, para julgar o que está certo ou errado? Quando esse sujeito vai a uma Sala São Paulo (da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) sem amplificação, e sem seu setup de equalização, como ele escuta a sala e os instrumentos? Que impressões ele guarda de instrumentos reais não amplificados?

Enfim, são perguntas para as quais provavelmente nunca terei as respostas.

Então, voltando à neutralidade, se você busca conhecer nas entranhas as qualidades e defeitos de suas gravações preferidas, a única maneira de conhecer será em um fone ou sistema neutro, do contrário você está interferindo no acontecimento musical – o que pode ser ótimo para o seu gosto pessoal e péssimo para quem pretende ouvir suas músicas da maneira mais fiel possível.

Se você tem o desejo de investir em um fone com uma assinatura sônica ‘neutra’, o HD 560S merece ser avaliado. Acho que se essa é sua proposta, você vai se surpreender!

Nota: 69,0
AVMAG #282
Sennheiser

https://pt-br.sennheiser.com
R$ 1.775

FONE DE OUVIDO STAX SPIRIT S3 GTM DA EDIFIER

Fernando Andrette

Acho muito inteligente da Edifier ampliar o universo de pessoas que possam conhecer os lendários fones eletrostáticos da Stax, e o melhor: comprar esses novos fones!

E, mais interessante ainda, é usar também de sua parceria (com sua participação societária) com os fones planares Audeze, e com isso buscar integrar as tecnologias desenvolvidas pelos três fabricantes (Edifier, Stax e Audeze). E com isso a Edifier ganha participação nesse mercado tão competitivo, e oferece ao consumidor soluções tecnologicamente muito sofisticadas.

O primeiro produto dessa nova fase da Edifier será lançado em maio, e se chama Stax Spirit S3 GTM, e tivemos a exclusividade de testar em primeira mão esse belo fone.

Trata-se de um fone de ouvido sem fio Bluetooth (que funciona também com cabeamento normal), com um sistema de transdutores magneto-planar. Extremamente confortável, bem acabado, e que na faixa de fones ‘premium’ irá chacoalhar o mercado, tanto em termos de preço, como de performance.

O sistema de driver planar já é bastante conhecido, e busca obter o máximo de qualidade de resposta dentro do espectro audível com a menor distorção possível, sendo de maior eficiência e permitindo volumes maiores que a topologia eletrostática.

Para se atingir tão alto objetivo, as ondas sonoras em um sistema planar soam de forma uniforme, reduzindo a interferência por difração ou menor inteligibilidade em passagens com muita informação, ou com grande variação dinâmica.

A Edifier garante que a vida útil da bateria é de 80 horas para reprodução de música, com duas horas de recarga. E existe a opção de recarga rápida de 10 minutos, para mais 11h de reprodução.

Os seus drivers magneto-planares possuem uma faixa ampla de resposta de frequência, de 10 Hz a 40 kHz.

Para chamadas, o novo fone Stax Spirit G3 utiliza o microprocessamento Qualcomm QCC5141, com um novo chip Snapdragon Sound que, segundo a Edifier, apresenta latência ultrabaixa e qualidade de voz mais clara e audível.

O comprador do novo Stax Spirit poderá habilitar o fone para as configurações de Equalização Personalizada para vários estilos musicais, com funcionalidade avançada, configuração de controle e memorização.

O fone foi desenvolvido com composto de fibra de carbono ultraleve e muito resistente, com sistema de dobradiças de dobra completa, almofadas auriculares e headband de couro legítimo, e um conjunto adicional de almofada de malha para um melhor resfriamento em contato com a pele.

Seu peso é de apenas 329 gramas, impedância de 24 ohms, nível de pressão sonora de 94 (+/- 3 dB SPL), resposta de frequência 10 Hz a 40 kHz e sensibilidade do microfone de -37 dBFS (+ /- 1 dBFS).

É notório que a Edifier, com o lançamento do Stax Spirit S3 GTM deseja atender ao audiófilo, mas também o consumidor que deseje um fone para uso em diversos ambientes, inclusive em trânsito.

Para o teste, utilizamos o Stax Spirit no celular reproduzindo Tidal (tanto via cabo como via Bluetooth), e no Sistema de Referência (via cabo) ouvindo Servidor de Música, e mídias físicas (LP e CD).

Ele tem como principal característica uma assinatura sônica equilibrada, sem excesso de graves, ou de brilho nas altas, deixando claro que se trata de um fone que reverencia o DNA sonoro Stax. A região média é muito transparente, e concordo com o fabricante que a distorção é realmente muito baixa, principalmente para música mais complexa como clássica e jazz. Minha dúvida é se, com esse correto equilíbrio ele atenderá as expectativas dos jovens que escutam música eletrônica, rap, funk, etc. Acho muito pouco provável que isso ocorra.

Mas para um perfil de público que goste de estilos mais refinados, acredito que terá forte aceitação.

Ele tem algumas semelhanças com o Sennheiser HD 560S, que acabei de testar, e como ambos estiveram conosco ao mesmo tempo, pude fazer várias comparações AxB. E o que o Stax Spirit é nitidamente superior é no grau de inteligibilidade e silêncio de fundo. O Sennheiser busca apresentar a música de forma mais ‘global’, sem mergulhar nos detalhes.

Agora, em termos de corpo harmônico e extensão e decaimento nas duas pontas, são muito parecidos.

Outra diferença está no grau de distorção. O limite do volume possível com o Stax Spirit é mais alto (o que pode ser um problema, para os que não sabem respeitar os limites de segurança).

O que me agrada e muito nessa nova geração de fones de qualidade, é que em termos de equilíbrio tonal os fabricantes estão buscando soluções muito interessantes para que o ouvinte escute sua música em volumes seguros. Nesse ponto o Stax Spirit é mais um que entra na minha lista de preferidos neste quesito.

Pude escutar dezenas de gravações de piano solo, quartetos e trios, com os volumes reduzidos, e nunca senti falta de peso no grave ou na região médio-grave (que quando falta, faz com que o ouvinte aumente imediatamente o volume).

Dois leitores me perguntaram, ao ler o teste do Sennheiser HD 560S, se ele seria um fone ideal para se ouvir Thrash Metal? Respondi que vai depender muito mais da qualidade de captação e da compressão da gravação, do que do próprio fone. Eles (eu acho), não se deram por satisfeitos com a minha resposta, e entendo perfeitamente a decepção.

Mas é verdade: ouça a maioria das gravações de Thrash Metal e visualize no decibelímetro ou no VU (se tiver um em seu power) e vai ver que esse gênero musical a música, do primeiro ao último acorde, está no limite. Os VUs ou o decibelímetro nem se alteram.

E fones que conseguem reproduzir decentemente essas gravações são bem raras. Existem, claro que sim, mas é preciso fazer um bom pente fino para achar o ideal.

Então, o Stax Spirit também não será a melhor opção para Thrash Metal, mas para gêneros com menor compressão (ou sem nenhuma como na música clássica, jazz, blues, folk, MPB, etc.), será excelente.

Outra qualidade muito presente neste fone é a materialização física da música dentro de sua cabeça. É possível se levar alguns sustos com tanto detalhamento, como virada de página de partitura, roçar de unha no traste do violão, pedal de sustentação de piano sem graxa ou desregulado, e aquela mola grunhindo no pedal do baterista do Led Zeppelin em várias faixas de vários discos – que parece que nenhum engenheiro de gravação desses trabalhos detectou ou se incomodou. E que nesse Stax Spirit, passa a fazer parte constante, cada vez que o bumbo é acionado.

Então, aos apaixonados por transparência absoluta em fones, a boa notícia é que o Stax Spirit tem essa qualidade, e não custa uma exorbitância.

Como se trata de um lançamento, e a Edifier tinha apenas essa unidade (devido aos problemas com a insana guerra na Europa), tive apenas uma semana para avaliar em primeira mão esse fone. Gostaria de ter tido mais tempo para avaliar as equalizações e até o microfone.

Mas em termos gerais, e do que mais importa, acredito que tenhamos feito um apanhado fidedigno de suas qualidades e limitações.

CONCLUSÃO

Acho que o Stax Spirit S3 GTM é um fone interessante, e que pode atender a ‘tribos’ distintas de amantes de fones.

É um produto de enorme poder de alcance de inúmeras tendências e gêneros musicais? Não, pois seu conceito é manter o padrão de performance Stax vivo para as novas gerações.

Mas termos um produto Stax custando menos de 3.000 reais é um mérito a ser comemorado, por todos que desejam um fone de ouvido correto, equilibrado e com ótima performance!

Nota: 75,0
AVMAG #283
Edifier

contato@edifier.com.br
(11) 5033.5100
R$ 2.500

FONE DE OUVIDO GRADO RS2X

Fernando Andrette

Acredito que muitas vezes, para o nosso leitor que começa a se interessar por áudio com um padrão de qualidade hi-end, os valores dos produtos testados assustem, e muitos se sintam desestimulados a tentar seguir por esse caminho.

Afinal, gastar quase 5 mil reais em um fone de ouvido está fora da realidade de grande parte dos amantes de fones.

Lá atrás, no início da Áudio & Vídeo Magazine (quando ela ainda se chamava Clube do Áudio), a mesma indignação tomou conta dos nossos primeiros leitores, fazendo que a publicação ganhasse o pejorativo conceito de ‘elitista’. Se passaram 26 anos, e aqui estamos, tentando mostrar que para os que amam a música, e buscam em suas audições extrair o maior proveito possível, não existe outro caminho.

E o ouvinte só precisa ter um contato com essa ‘realidade sonora’, para entender o que estamos falando.

E quando falamos de fones de ouvido, existe uma questão ainda mais crucial: preservar sua audição.

Para atenuar a desconfiança que muitos carregam, por puro desconhecimento, sempre lembramos que um fone de ouvido de excelente padrão de construção e performance, será um investimento para muitos anos, e não um fone de plástico descartável depois de um ano de uso.

E que, com as facilidades de pagamento em 10 ou 12 vezes sem juros, é um investimento que pode sim ser feito, com enormes benefícios em termos de prazer auditivo e de preservação de nossa audição.

Já testamos diversos fones deste conceituado fabricante, com sede no Brooklyn desde sua fundação, e que tem uma legião de fãs audiófilos e melômanos espalhados pelo planeta.

A série Reference é a linha intermediária entre os fones de entrada da linha Prestige, e a linha top Statement.

E o novo RS2x é a atualização do consagrado RS2. Segundo o fabricante, a geração X inclui novos drives, com uma carcaça híbrida de bordo com a infusão de cânhamo, com o objetivo de propiciar uma assinatura sônica ainda mais equilibrada e natural, e maior conforto auditivo, por ser uma madeira mais leve.

Como todo fone deste fabricante, trata-se de um design aberto, com suas vantagens e desvantagens. A grande vantagem é que os fones abertos fornecem uma sensação psicoacústica de maior ambiência, e o som não fica no meio de sua cabeça, tendo um pouco mais de arejamento. E, em boas gravações, permitindo que tenhamos a sensação que elas soam à nossa frente, e não dentro de nossa cabeça.

A desvantagem é que as pessoas à sua volta também participarão da sua audição, o que pode ser bastante irritante para elas.

Comparado à linha Prestige, que conheço tão bem, já que sou um usuário há anos de um SR325e, o conforto auditivo do Reference RS2x é um bálsamo à cabeça e aos ouvidos, pois são extremamente mais leves, e se encaixam muito melhor, permitindo (no meu caso), mais horas de audição sem fadiga auditiva!

O RS2x vem com almofadas de espuma que se adaptam bem em volta da orelha, e o sistema de suspensão do aro do fone faz com que a pressão seja melhor distribuída na cabeça, para que nossos movimentos não sejam prejudicados quando estivermos em movimento.

O aro possui um acabamento de couro com costura reforçada, que mostra na prática o padrão de qualidade de construção dessa série, e que o produto foi feito para durar décadas!

Pessoalmente, minha única restrição a todos os fones Grados continua sendo a escolha dos cabos, que são grossos e difíceis de manusear – tenho esperança que com a chegada da terceira geração a empresa, seja em breve solucionada essa questão. Afinal, cabos evoluíram tanto, que não vejo sentido um fone tão leve como o RS2x usar um cabo com uma bitola tão larga e pouco maleável. Ainda que tenha que admitir que este novo cabo é anos luz superior, e melhor que o do meu Prestige SR325e (esse sim um cabo mais para uso de caixa acústica do que para fone de ouvido).

Para o teste, usamos o RS2 para uma importante missão: ouvir todos os vídeos publicados no Youtube da feira de Munique, que ocorreu entre os dias 19 e 22 de maio. Trata-se da maior feira de áudio hi-end na atualidade, que este ano reuniu quase 500 expositores de mais de 40 países! Foi uma maratona de mais de 4 horas de vídeos, e o RS2x foi essencial para podermos ouvir nuances sutis de diferenças de salas e setups.

Feito esse trabalho, passamos ao teste com as nossas 80 faixas utilizadas para avaliação dos quesitos da Metodologia, e dezenas de discos de diversos gêneros para descobrirmos todas suas virtudes. Nessa parte do teste, utilizamos o amplificador de fone de ouvido do nosso pré de linha Classic da Nagra.

O RS2x é muito superior ao Prestige SR325e, um fone que gosto muito justamente por ser um fone equilibrado e que não impõe nenhum tipo de luz onde não existe.

Li alguns reviews que o revisor sentiu uma ‘leve’ ênfase no agudo, em determinados momentos. Eu confesso que, para mim, os agudos se apresentaram de maneira correta, com uma excelente extensão, arejamento e um decaimento muito uniforme e correto.

Para tirar essa dúvida, recorri a nossa gravação do disco Lacrimae, do André Mehmari, em que temos uma captação primorosa de pratos, e o RS2x nos surpreendeu, exatamente por retratar a ambiência e o decaimento dos pratos com enorme fidelidade e equilíbrio tonal.

A região média é muito rica em detalhes, recuperação de microdinâmica, apresentação de texturas, e o detalhe mais interessante: nos dá a sensação, em diversas gravações bem feitas, que o som não está dentro de nossa cabeça, e sim um pouco à nossa frente. O que é essencial para nos dar mais conforto auditivo!

Os graves tem excelente peso, velocidade e precisão, e nos permitem manter o volume em condições seguras de audição, algo tão imprescindível para os que estão começando sua jornada na busca de fones corretos e seguros!
Os transientes são de uma beleza impressionante, nos permitindo entender as variações de tempo e andamento sem dar um nó no nosso cérebro, como no disco solo de capa cinza do baterista Vinnie Colaiuta, em que suas variações muitas vezes nos fazem deixar de entender que tempo ele está usando em um compasso, com suas subdivisões virtuosísticas.

A macrodinâmica é excelente, deixando o meu Prestige SR325e no banco de reservas! Gostei de como é possível ouvir a macro em volumes seguros, e ainda assim sentir o impacto e a intencionalidade desejada.

CONCLUSÃO

É um fone que atenderá a todos os interessados em um excelente fone de ouvido?

Certamente que não, pois esse tipo de fone ainda não foi inventado – e não acredito que um dia venha a existir. No entanto, para os que já conhecem a marca e já possuem ou possuíram fones da série Prestige, eis uma oportunidade de saber o patamar em que se encontra a nova série Reference.

Só posso dizer que é um salto consistente, e que se encontra muito mais perto da linha Statement como nunca ocorreu antes.

E, para você que tem curiosidade em conhecer o ‘DNA’ da Grado, também é uma ótima oportunidade de fazê-lo.

Talvez até haja um estranhamento inicial, ao ouvir um fone que não se destaca por algum ‘artifício’, como colorir ou acentuar determinadas frequências (se você só teve e se referenciou por fones com baixo equilíbrio tonal), mas à medida que você perceber o quanto ele é rico em fazer a música se tornar mais detalhada, precisa, natural e fidedigna, será difícil abrir mão dessa assinatura, eu te garanto!

Nota: 79,5
AVMAG #285
KW Hi-Fi

fernando@kwhifi.com.br
(48) 98418.2801
R$ 4.300

FONE DE OUVIDO FOCAL CELESTEE

Juan Lourenço

A Focal, grande fabricante francesa de equipamentos de áudio hi-end, já não é mais uma novata no mundo dos fones de ouvido. Sua estreia impactou o mercado profundamente, formando uma verdadeira legião de admiradores que podem desfrutar de sua assinatura sônica na sala de estar, no carro, e com fones andando por aí.

Com o modelo Elegia, a Focal ganhou o mundo, não só pela beleza e construção. É claro que ter uma peça de design que acompanha o estilo das mais badaladas grifes de moda do mundo, ajuda – mas seu som era realmente surpreendente e tomou uma grande fatia do mercado em sua categoria.

Para continuar convertendo compradores em entusiastas seguidores da marca, a Focal foi além, lançando recentemente o Celestee, que substitui o Elegia com extrema competência.

O Elegia era um ótimo fone, mas a Focal conseguiu melhorar alguns pontos que, a meu ver, não eram ruins, mas sim uma questão de escolha de mercado. O som era mais vibrante e casava muito bem com músicas vibrantes, e quando precisava desacelerar e ser intimista, mais relaxado, ele nem sempre conseguia – faltava folga a ele, tudo estava certo, equilibrado, mas faltava folga sonora para lidar passagens complexas de alguns estilos musicais.

A Focal fez as melhorias necessárias sem precisar virar o fone do avesso. As mudanças nos drivers e outros pequenos acertos, fizeram o Celestee subir de nível, tornando-o mais amigável com estilos musicais maduros, tecnicamente falando, como a música erudita, ao mesmo tempo que mantém o entusiasmo quando se ouve hip-hop, por exemplo.

Os drivers dinâmicos de 40 mm de cúpula em forma de M, feitos de alumínio e magnésio, são uma evolução palpável, mas as conchas continuam fechadas, a espuma de excelente memória e compressão, continuam as mesmas do fone anterior – são cobertas por couro de excelente qualidade, com costuras dignas de carros luxuosos. Isto faz uma diferença enorme em fones fechados, pois não ficamos com aquela sensação de estarmos com as orelhas em uma sauna: a pele respira e aquela sensação de entupimento, comum em fones fechados, praticamente não existe. O mesmo couro está presente no arco da cabeça, trazendo ainda mais conforto para curtir horas de audição.

O design é irretocável, tanto é que para essa nova versão não mexeram tanto na parte estética (eu chamo de parte artística) do fone, apenas nas cores e, como é de praxe na Focal, eles arrebentaram novamente utilizando cores ousadas, mas que harmonizam entre si e combinam muito com o nome do fone – o azul com toques em cobre ficou maravilhoso! É ‘tcham’, mas não é ‘tcharam!!’: é impactante sem ser cansativo aos olhos.

O cabo de interligação segue o mesmo bom gosto do fone, utilizando terminais banhados a ouro com acabamento também em cobre, puxando para um cobre rosê, tudo muito chique. O estojo de viagem não poderia ser algo simples: o case rígido tem zíper que imita banhado a prata com puxadores cobertos por silicone. Soberbo!

Sem mais delongas, vamos para o que interessa, que é como o Focal Celestee toca!

Utilizamos o amplificador de fones de ouvido dual-monaural Teac HA-501 com mod by Sunrise Lab, e o estágio de fone de ouvido do DAC Gold Note DS-10 com fonte externa, além do Astell & Kern modelo KANN. Cabo de interligação: original e Sunrise Lab modelo Premium MS.

Começamos as audições do Focal Celestee com o Teac HA-501, pois é o mais potente deles, e o casamento foi muito bom. Com o DS-10, as possibilidades aumentaram um pouco mais e mantivemos com ele até o final do amaciamento, mudando os equipamentos apenas para fechar o teste. O fone é fácil de empurrar, e até por celular ele responde bem. Com o KANN então, tocou solto sem pedir potência – ou seja, dá para curtir o Celestee com a maioria dos portáteis do mercado sem problema algum!

Como em todo equipamento novo, é perceptível a necessidade de amaciamento, só que as audições não viram uma tortura: o equilíbrio do fone é muito bom desde os primeiros acordes musicais. O incômodo inicial fica por conta de uma certa dureza nos agudos, e falta de articulação nos graves. A região média não é tão frontal como se esperava de um fone novo, e isso ajuda nas primeiras horas de audição. Por se tratar de um fone refinado, essas questões de amaciamento sempre ficam mais expostas que em fones mais simples, que não possuem extensão suficiente para mostrar tais características de amaciamento mecânico dos drivers, de sinal e cabeamento. Já em fones pensados para a alta fidelidade, como é o caso deste Focal, é justamente o contrário: eles mostram absolutamente tudo, então é importante ter um pouco de paciência e aguardar o período de amaciamento.

Após 100 horas de uso, o fone está totalmente amaciado e toda a dureza e falta de extensão vão embora, dando lugar a agudos com decaimentos mais suaves, extensão de graves mais correta, e uma holografia maravilhosa. A localização dos músicos no palco melhora muito após o amaciamento.

Os timbres de cordas e vozes são um show à parte neste fone: a precisão tonal é muito boa, e a velocidade dos transientes está em perfeito equilíbrio com seu som pulsante.

Ele gosta de música, e não faz cara feia para o que recebe. Seu equilíbrio tonal não pende para os graves nem exagera nos médios, trazendo-os para frente para evidenciar vozes (artifício já muito manjado em fones). Sua compatibilidade com estilos musicais diversos é um ponto forte a seu favor, indo do jazz ao heavy metal sem grandes mudanças em seu corpo harmônico. O palco, por exemplo, se mantém firme mesmo com músicas comprimidas, com exceção de discos realmente mal captados ou assassinados na mixagem, que aí nenhum santo faz milagre. Seu conforto auditivo vem de um silêncio de fundo muito bom, os sons brotam de sua concha com muita facilidade, e a velocidade faz parecer que ele não se esforça muito para manter um bom equilíbrio, desembolando as passagens musicais complexas sem endurecer o som.

Diana Krall Live in Paris, Boz Scaggs Greatest Hits Live 2004, José James Lean On Me, Touch Yello faixa 3, Dianne Reeves Bridges, Buika Volver Volver, e The London Double Bass Sound faixa 1 – são alguns exemplos de como este fone consegue tornar a música ainda mais intimista e vibrante!

CONCLUSÃO

Para a Focal, não basta agradar os ouvidos, é preciso agradar aos olhos também, e o tato não fica atrás – este pensamento é um dos pontos fortes da marca, que sempre excedeu as expectativas quanto aos materiais que utiliza no acabamento dos seus produtos. Do tecido que recobre o estojo rígido, ao zíper que aparenta banho de prata protegido por silicone, e o couro azul e apliques na cor cobre, tudo neste fone exala requinte e uma enorme satisfação em possuí-lo, o som vem como um presente celestial.

Nota: 81,5
AVMAG #284
Audiogene

audiogene@audiogene.com.br
(11) 3726.8200
US$ 899

FONE DE OUVIDO MARK LEVINSON Nº 5909

Fernando Andrette

A primeira pergunta que me fiz ao receber o fone da Mark Levinson para teste foi: ele está à altura dos ‘pergaminhos’ dessa lendária marca hi-end? Pois entrar em um mercado tão competitivo de fones de ponta, apenas para cumprir ‘tabela’, não imagino que seja o objetivo deste fabricante.

E, por outro lado, já que a Mark Levinson pertence ao grupo Harman, que também tem debaixo de seu guarda-chuva os conceituadíssimos fones AKG, e os fones JBL, que razão estratégica levou o grupo a desenvolver um fone para a Mark Levinson?

E quase que todas as dúvidas foram respondidas, assim que recebi o fone em sua bela embalagem e pude ter o primeiro contato visual com o produto. Trata-se de um produto premium voltado claro para o audiófilo que busca um fone moderno com cancelamento de ruído, Bluetooth e opção de uso com cabos, que seja altamente confortável, versátil e eficiente.

Os leitores que lêem a Audiofone, conhecem minha opinião a respeito do grau de performance hoje dos melhores fones Bluetooth, que assim como o streamer em relação a mídia física ainda não chegou lá, o mesmo ocorre com a essa tecnologia em relação aos fones com fio.

A Mark Levinson não deixa claro se o primeiro fone com a marca Mark Levinson foi desenvolvido pela divisão AKG, mas fica evidente que ele passa a ser um membro de destaque da família Harman Luxury Audio, como todo produto com a marca Mark Levinson.

O Nº 5909 é um Bluetooth 5.1 com codecs AAC, aptX Adaptive e LDCA. Segundo o fabricante, a inclusão do LDCA é importante para a qualidade final do 5909, pois oferece capacidade de envio de sinal em 24-bits/96 kHz.

O 5909 utiliza drivers dinâmicos de 40 mm, revestidos com berílio. Segundo o fabricante, a escolha do berílio é pelo fato de oferecer um aumento considerável de rigidez, sem o aumento de massa efetiva, pelo fato deste metal ter um peso atômico menor.

Foi dado um enorme cuidado ao cancelamento de ruído, com o uso de quatro microfones, em vez de apenas dois como na maioria dos concorrentes. Esses quatro microfones comparam os níveis de ruído interno e externo, e respondem nas configurações adaptativa padrão com: modo alto, médio ou baixo, mantendo a passagem de voz para que o contato externo não se perca.

O fone 5909 é um design fechado, com sua cúpula de alumínio com pintura automotiva, couro sintético e com a opção na cor vermelha. O produto tem uma excelente ergonomia, e caso você deseje extrair todo o potencial deste fone, o fabricante dispõe de dois excelentes cabos de 1 e de 3 metros.

O 5909 tem uma autonomia estimada de até 34 horas de funcionamento com ANC desligado, e 30 horas com. Em viagens, o fone pode ser recarregado em 15 minutos para autonomia de mais 6 horas.

Para o teste, liguei em Bluetooth para ouvir streaming Tidal e QoBuz, direto do Innuos ZENmini Mk3, e testei o cancelamento de ruído enquanto fazia essas audições.

Confesso que seria minha última opção na vida usar um fone desse nível em Bluetooth, pois é tão inferior a plugar o fone com seu excelente cabo direto no pré de fone do CLASSIC PREAMP da Nagra, que fazer uma comparação de alto nível fica praticamente impossível.

Então, mais uma vez tenho que afirmar que Bluetooth não pode ser considerado hi-end. No máximo, eu o classificaria como um correto hi-fi de entrada. Pois a música perde o encanto, a magia, se tornando uma reprodução meramente burocrática e nada mais.

Já o cancelamento de ruído é bastante funcional nos três modos existentes.

Agora, ligado a um bom amplificador de fone, o Nº 5909 se transforma literalmente! Excelente equilíbrio tonal, com excelente extensão em ambas as pontas, graves precisos sem o risco de desaparecerem em volumes bem reduzidos, e agudos sem nenhum resquício de coloração, brilho ou falta de arejamento. A região média é bem definida, com excelente recuperação de microdinâmica, e um correto equilíbrio entre transparência e conforto auditivo.

Seu design permite um bom isolamento do ruído externo sem precisar fazer uso de seu cancelamento de ruído, em ambientes com ruídos externos de até 66 dB!

O que o torna um fone excelente para quem tem que dividir seu espaço de audição com o restante dos familiares. E também, em volumes corretos, as pessoas em volta não serão incomodadas pela música.

Ainda que o 5909 possa ser usado ligado ao seu celular, eu não indico essa opção, pois ele será totalmente subutilizado. Seu investimento obviamente é para ser o fone de referência de quem deseja um produto de alto nível.

Com o grau de equilíbrio tonal do 5909, as texturas ganham muito em riqueza e intencionalidade. Permitindo ao ouvinte se embrenhar nas entranhas das gravações sem no entanto as mesmas se tornarem frias ou desinteressantes. Pelo contrário, com o 5909 essa possibilidade quando estiver em um amplificador de fone à sua altura, a música sempre estará em primeiro plano como um todo.

Bato muito nessa tecla de se ouvir o ‘todo’, pois percebo que inúmeros fones hi-end, que apostam em uma ultra transparência, tendem a ser empolgantes nas primeiras audições, quando vamos ‘descobrindo’ detalhes desconhecidos, e que, no entanto, se tornam rapidamente fatigantes.

Essa não é a assinatura sônica do 5909. Com ele a música será fornecida ‘equilibradamente’, sem extrapolar o conceito de ter, no mesmo peso, transparência e musicalidade.

A reprodução de transientes é primorosa, com um grau de precisão e domínio de tempo, ritmo e andamento que empolga e, ao mesmo tempo, nos mantém presos ao acontecimento musical. Para esse quesito, eu utilizo bastante o CD do baterista Vinnie Colaiuta – o de capa cinza – em que, como dizem os músicos, simplesmente “destrói” os andamentos, que dão um nó na cabeça de tão bem executados.

Para o leitor que não conhece esse virtuose, vou contar um fato que correu o mundo no meio musical. Frank Zappa, quando ia contratar um novo músico para sua banda, adorava pregar peças para ver o grau de conhecimento do candidato. E para os bateristas escrevia passagens ultra complexas, que exigiam que eles fossem lendo, executando, parando para ler mais um pedaço, e aí executar mais um trecho. Vinnie Colauita, segundo o próprio Zappa, foi o único baterista que ele conheceu que leu e executou sem erro a ‘pegadinha’. Levando o Frank Zappa a gravar com ele naquele dia mesmo!

É um baterista de uma precisão que beira o perfeccionismo absoluto, porém com alma e um swing espantoso. Não conheço exemplo mais matador para avaliação de transientes de fones que este disco.

A macrodinâmica, como em todo excelente fone de ouvido, nos volumes seguros, é excelente, permitindo ouvirmos os degraus dos crescendos sem aquela incômoda sensação de saturação e endurecimento tão comuns quando extrapolamos o volume.

O corpo é muito coerente, e nos permite compilar e perceber as nuances e escolhas do engenheiro de gravação na escolha dos microfones e posicionamento dos mesmos, em relação aos instrumentos. Gostei da apresentação de grupos de jazz, folk, música de câmara e vozes à capela, nos dando uma nítida imagem do tamanho dos instrumentos nas gravações em que este quesito foi cuidadosamente gravado.

A materialização física em nossa cabeça com esse fone será bem mais fácil que em alguns fones similares em preço e proposta. As vozes, por este ter uma região média tão bem resolvida, nos permitem degustar de cada sílaba e realmente a ausência de fadiga e o grau de naturalidade, colaboram para o prazer auditivo.

CONCLUSÃO

Muitos dos leitores que tomam coragem e nos questionam, perguntam frequentemente se é preciso investir 2 mil dólares para se ter um grau de refinamento hi-end? Minha resposta é sempre a mesma: depende do grau de expectativa de cada um.

Parece que estou querendo, com essa resposta, sair pela tangente, mas não é isso. A pergunta correta que todos devemos fazer é: que nível se encontra a fonte em que eu escuto minha música?

Se você escuta streamer em seu celular, ou em um DAC de 200 dólares, evidente que você não precisa de um fone de 2000 dólares. Um fone de 200 dólares bem equilibrado tonalmente irá ser mais do que suficiente.

Agora, se você possui ou pensa em investir em um amplificador de fone de 1000 a 2000 dólares, e possui um bom DAC e escuta streaming com um padrão de qualidade mais refinado, evidente que todo bom fone entre 1000 a 2500 dólares deveria estar em sua ‘órbita’ de consulta.

Pois é para esses setups de mais alto nível que fones como o Nº 5909 podem fazer toda a diferença, e compensar integralmente seu investimento em tempo e dinheiro.

A segunda pergunta que recebemos é: mas eu ouvirei as diferenças entre o fone de 200 que uso e o de 2000 dólares? Não em seu celular, mas em um setup a altura, certamente que sim.

E mesmo que o leitor se sinta inseguro em descobrir essas diferenças, tenho uma dica infalível. Pegue umas duas ou três faixas que você ama, que soem com dificuldade em seu setup de referência, e escute em um setup de maior qualidade, refinamento e folga, com um fone como o 5909, e o conforto auditivo e o grau de inteligibilidade irão ser audíveis no primeiro acorde. Não se prenda a observar os graves, médios e agudos. Se atenha ao conforto auditivo e à facilidade com que a música floresce em nossa cabeça. Para fazer esse exercício, não precisamos ter ouvidos treinados, ou anos de audições em sistemas sofisticados, apenas precisamos fazer uso de gravações que conhecemos bem.

O Mark Levinson Nº 5909 é um excelente fone (com fio, rs) e um bom fone Bluetooth. Para quem faz longas viagens aéreas, pode ser um companheiro inestimável, para suportar o alto ruído interno de toda aeronave e ainda ouvir música com um bom nível de inteligibilidade e conforto.

Para a primeira entrada neste mercado de luxo, a Mark Levinson acertou em cheio!

Nota: 90,0
AVMAG #290
Mediagear

contato@mediagear.com.br
(16) 3621.7699
R$ 13.100

FONE DE OUVIDO FOCAL STELLIA

Juan Lourenço

Dando continuidade aos testes de headphones da francesa Focal, após avaliar o fone Celestee – um fone que realmente reúne os valores pregados pelo áudio hi-end como os audiófilos gostam – tivemos o prazer em ouvir o Stellia, fone de ouvido topo de linha da marca francesa.

Este é a versão fechada do aclamado Utopia, com melhorias óbvias devido aos avanços obtidos ao longo dos anos, entre um modelo e outro. Na hierarquia, o Celestee testado na edição 285 fica dois degraus abaixo deste aqui avaliado.

No quesito beleza, o Stellia consegue arrancar ainda mais suspiros – eu realmente adoro este desenho e toda a complexidade envolvida para torná-lo impactante sem parecer espalhafatoso.

Os materiais falam por si: são de primeiríssima e as formas dadas a cada um deles são como peças de relojoaria. A delicada transição do alumínio da concha e arco da cabeça para o couro que reveste as almofadas e tiara, são de ótima densidade e memória. As cores quentes com a luminosidade certa entre o fosco e o acetinado, ficaram tão harmonicamente encaixadas que faz sentir conforto e acolhimento, uma sensação muito gostosa, quase como comprar o primeiro carro. Se bem que seu preço chega próximo de um primeiro carro!

A Focal manteve o famoso driver com domo de berílio de 40 mm de diâmetro, impedância de 35 ohms, sensibilidade de 106dB, e que responde de 5Hz a 40kHz. O fone pesa um total de 435 gramas.

O berílio é um material que já mostrou suas qualidades em diversas aplicações para o áudio, de tomadas especiais à tweeters. É bastante versátil, de baixíssima massa, e altamente resistente à deformação – o que para um driver de fones de ouvido é quase perfeito! Para completar o time, o fone vem com dois cabos de interligação, um com terminação XLR (não balanceado) e outro cabo com terminação 3.5 mm com um adaptador 6.3mm padrão – que complementam a sonoridade do fone.

A embalagem segue a mesma qualidade de construção do fone, com materiais não tão nobres, claro, mas o bom gosto sim. O mesmo zíper com tonalidades que lembram a prata, silicone nos puxadores do zíper e o encaixe interno preciso, trazem segurança para levar o fone a qualquer lugar. Além da caixa de transporte, ele vem em uma embalagem externa em papel cartão de boa densidade.

COMO TOCA

Para as audições, utilizamos o amplificador de fones de ouvido dual monaural Teac HA-501 com mod by Sunrise Lab, e o estágio de fone de ouvido do DAC Gold Note DS-10 com fonte externa, e o player portátil Astell & Kern modelo KANN. O cabo de interligação foi o original Focal.

Uma coisa bacana da Focal, é que seus produtos seguem uma identidade sonora única e essa assinatura não se perde em nenhum produto da marca. Mesmo o driver sendo apenas berílio, eles conseguem dar ao fone uma qualidade de textura muito parecida com os falantes de graves das caixas acústicas. O que muda de um modelo para outro é o refinamento, mas a sonoridade geral está lá! Se você gosta da sonoridade Focal, pode ir de olhos fechados em qualquer modelo, pois não há a possibilidade de se enganar com o som.

Em comparação com o fone Celestee, testado anteriormente, o Stellia soa mais aberto, mas não tanto. O equilíbrio tonal não pende para as altas e, com isso, os timbres e as texturas se beneficiam muito dessa sonoridade mais relaxada, mostrando detalhes sem deixar tudo superexposto.

A sensação de amplitude de palco também é bastante superior, e os transientes são coisa séria – são muito bons mesmo! Como frisei acima, não soam agressivos ou demasiadamente pronunciados. Refinamento é a palavra chave para este fone. De música erudita à reggae, com gravações limitadas ele soa sempre com bastante folga, majestoso com uma musicalidade que não ouvia no meu antigo Sennheiser HD800, nem trocando cabos, por exemplo.

Como é de se esperar de um fone de altíssimo nível, o Stellia não dá colher de chá, ele não vai bem com celulares, precisa de uma boa amplificação, de preferência com ajuste de amortecimento, ele se beneficia muito da escolha certa do amortecimento. Ele não escolhe gêneros musicais, ele toca de tudo e toca muito bem, mas com esse recurso conseguimos tirar um sumo a mais dele.

O KANN teve dificuldades para empurrá-lo à contento: as altas tendem a saturar e achatar o palco. Talvez esteja aí uma certa reclamação de donos de Focal, principalmente com o Utopia: à amplificação precisa ser parruda.
Novamente, o DAC DS-10 com fonte externa deu um show. Não empurrou como o TEAC, mas no geral tocou melhor. Já vi que preciso trocar a minha amplificação (risos)…

CONCLUSÃO

O Focal Stellia mantém o legado do Utopia intacto, elevando o nível dos fones fechados ao ponto de brigar diretamente com os abertos. Um feito e tanto!

Nota: 91,0
AVMAG #286
Audiogene

audiogene@audiogene.com.br
(11) 3726.8200
US$ 3.000

FONE DE OUVIDO AUDIO-TECHNICA ATH-M50xBT2

Fernando Andrette

O fundador da Audio-Technica, Hideo Matsushita, antes de realizar seu sonho, era curador no Museu Bridgestone das Artes, em Tóquio e realizava semanalmente audições de música, em que a população podia apreciar os lançamentos em vinil em bom sistemas de áudio da época.

O interesse era enorme, porém Matsushita estava frustrado com a incapacidade de grande parte do público presente nessas audições, de não ter poder aquisitivo para levar essa experiência para os seus lares. Foi aí que lhe veio a ideia de montar a Audio-Technica, com o objetivo de produzir áudio de alta qualidade para todos. E em 1962, ele lançou a cápsula fonográfica a AT-1, com preço verdadeiramente acessível à população.

A repercussão foi imediata, e a Audio-Technica expandiu seu portfólio rapidamente para a produção de fones de ouvido, toca-discos e microfones, mas sem desviar do conceito que seus produtos deveriam sempre atender ao maior leque de pessoas possível.

Hideo Matsushita tinha em mente que, para a evolução do áudio, seria preciso fincar raízes nas duas pontas simultaneamente (o pro-áudio, oferecendo microfones e fones de ouvidos para os engenheiros de gravação cada vez mais sofisticados, e o áudio doméstico, com a produção de cápsulas, toca-discos e fones de ouvido para consumidores).
Meu pai, nos anos 70, antes da famigerada Reserva de Mercado, era além de militar um consultor de áudio e admirador das cápsulas desse fabricante, por dois motivos: confiabilidade e custo-benefício.

Então me sinto ‘em casa’ para escrever a respeito dessa tão prestigiada marca, e expressar minha admiração que o conceito inicial que inspirou seu fundador, ainda esteja presente nos dias de hoje em cada produto lançado por este fabricante.

Espero que em breve, além dos fones consumer, tenhamos a possibilidade de também mostrar para os nossos leitores suas excelentes cápsulas de toca-discos!

O ATH-M50xBT2 é o modelo topo, da segunda geração, dos aclamados fones sem fio da série M. Como em toda a série, este também utiliza os drivers de 45 mm de grande abertura, com um design sem fio com uma assinatura sonora semelhante do ATH-M50x, um dos fones mais utilizados nos estúdios de gravação do mundo todo.

Esse novo modelo, segundo o fabricante, introduziu um aprimoramento em relação a série anterior na melhoria da captação de voz nas chamadas de teleconferência, uma nova conexão USB-C, e ainda um tempo de uso do fone sem fio para até 50 horas, e recarregamento em apenas 10 minutos.

Os microfones agora são duplos, baseados na tecnologia Beamforming com uma captação de voz do usuário plena, para ligações telefônicas confiáveis e assistente de voz integrado do Amazon Alexa.

O cabo é de excelente qualidade, caso você, assim como eu, prefira a conexão física ao Bluetooth e, para os mais jovens que adoram ‘fuçar’ e fazer suas equalizações pessoais, o aplicativo A-T Connect lhe dará acesso a um vasto mundo de ajustes, como: modo de baixa latência, equalizador, alteração do volume e posicionamento direito e esquerdo, acionamento de voz desejado, localizar o fone perdido, e alteração de codecs.

Como escrevi acima, a filosofia desse fabricante japonês sempre foi oferecer confiabilidade, e custo/benefício, e o ATH-M50xBT2 não foge à regra. Pelo contrário. Sua construção segue à risca esses preceitos, mas garante ao usuário conforto com seu design e ergonomia de encaixe perfeito na cabeça, sem ser pesado.

Alguns usuários em fóruns lá de fora, se queixam que o M50xBT2 não isola totalmente o ruído externo, porém eu particularmente prefiro que assim seja, pois os fones que testei recentemente que possuem esse grau de isolação sem o uso do recurso de cancelamento de ruído, além de necessitar de manter maior pressão nos ouvidos para conseguir esse isolamento, tornam-se cansativos em muito pouco tempo.

O M50xBT2, além de ser confortável nos ouvidos, não possui essa característica de maior pressão. Suas almofadas são confortáveis e seu tamanho cobre corretamente orelhas de tamanho padrão.

Para o teste utilizamos o amplificador de fone de ouvido do pré de linha Classic Nagra, e também no nosso celular ouvindo Tidal. Ouvimos streamer, vinil e CD através de nosso Sistema de Referência. Não fiz uso, para a avaliação do fone, de nenhum tipo de equalização, preferindo ouvi-lo o tempo todo em flat.

Como Bluetooth, foi o fone que melhor se apresentou de todos os fones com esse recurso por nós testados. Minha ‘resistência’ a ouvir dessa maneira é que a sensação que tenho é a mesma de quando ouvia gravações em MP3. Tudo parece ceifado tanto na extensão nas duas pontas, como na reprodução do invólucro harmônico, deixando a música muito mais pobre. Pois o ATH-M50xBT2 se mostrou muito mais correto e com um invólucro harmônico mais rico.

Foi uma surpresa bastante positiva, fazendo dele nossa nova referência para pontuar os fones com esse recurso, daqui para frente.

Mas se você deseja extrair todo o seu potencial, ligue-o ao seu cabo e o plugue em um excelente amplificador de fone, com uma excelente fonte, e descobrirá a principal razão desse fabricante de áudio japonês ser tão admirado e renomado!

Trata-se de um fone com um excelente equilíbrio tonal, digno de fones monitores de estúdio de alto nível. Seus graves não têm sobra ou nenhum tipo de borramento ou indefinição. São graves com o peso certo, impecavelmente recortados, possibilitando ouvir sem esforço toda a linha de baixo, sem essa se perder em um emaranhado de informações em outras frequências.

Sua região média é transparente na medida certa, nos dando o prazer de ter total inteligibilidade, sem, porém, tornar a audição cansativa ou proeminente nesta região.

E os agudos possuem excelente extensão, clareza e decaimento precisos, para observarmos detalhes de ambiência, escolhas de reverberações digitais nas vozes e instrumentos, sem nunca desbancar para o agudo brilhante ou duro.
Ou seja, um equilíbrio tonal sem risco de fadiga ou perda de interesse em se escutar o todo, e não apenas parte do acontecimento musical.

Essa é a proposta de um excelente fone de monitoramento. Dar ao engenheiro de gravação e aos músicos a capacidade de perceberem se o que estão gravando condiz com sua intencionalidade e expectativa de resultado.

Com esse grau de equilíbrio tonal, as texturas serão sempre muito beneficiadas, sendo justamente esse quesito outro ponto forte desse fone. Você ficará espantado o quanto de informação, cores das paletas dos instrumentos e a intencionalidade lhe serão apresentadas. Vozes à capela, quartetos de cordas, têm uma riqueza inebriante, levando o ouvinte a audições muito mais intensas e imersivas.

Pois as texturas, quando bem reproduzidas, redobram nossa atenção e interesse em penetrar no âmago musical.
Os transientes no M50xBT2 são precisos, e os amantes de estilos como rock, música eletrônica, blues e reggae se sentirão convidados a interagir dançando, batendo os pés ou, aos mais tímidos: um balançar de cabeça ainda que sutil ao término de cada música.

A dinâmica, dentro dos volumes seguros, é excelente, nos dando uma ideia clara dos degraus entre o pianíssimo e o fortíssimo, sem engasgar ou pular degraus. Digo isso, pois quando a macrodinâmica em um fone não é boa, a sensação que temos é que no final, próximo do fortíssimo, além do sinal endurecer, fica a nítida sensação de que o som distorceu ou ficou desagradável. Nos volumes seguros, em que o fortíssimo não esteja acima de 84 dB (por alguns segundos e não por intermináveis minutos), no ATH-M50xBT2 o fortíssimo não soará duro ou desagradável. E a microdinâmica, com seu equilíbrio tonal, é reproduzida com enorme naturalidade e detalhamento.

A materialização física do acontecimento musical é excelente, mas fique atento, pois podem ocorrer alguns bons sustos devido ao grau de realismo, em ótimas gravações como do cantor José Cura no disco Anhelo, em que Cura estará literalmente a um palmo à frente de sua testa!

CONCLUSÃO

Foi, junto com o fone da Meze testado também recentemente, a segunda grande surpresa do ano.

Se você procura um fone com esse grau de refinamento, inteligibilidade e conforto auditivo, com uma assinatura sônica de fone de ouvido monitor, ele precisa estar no seu radar de futuros upgrades.

E custando menos de 2000 reais, é sem dúvida uma relação custo/benefício quase impossível de bater.

Musicalmente é uma das melhores opções hoje no mercado. Faça um favor a si mesmo e se dê esse presente de natal.

O meu está garantido!

Nota: 93,0
AVMAG #291
Karimex

info@audio-technica.com.br
(11) 5189.1980
R$ 1.767

FONE DE OUVIDO STAX SR-009S & AMPLIFICADOR SRM-700T

Fernando Andrette

Para o nosso leitor da Áudio & Vídeo Magazine, a Stax é uma marca que soa como boa música aos ouvidos, mas para os novos leitores da Audiofone, provavelmente a Stax seja um fabricante de fones que jamais ouviram falar!

Então tentarei escrever esse teste para ambos os perfis, contando um pouco da história deste incrível fabricante aos que não conhecem, e relatando a performance deste segundo mais importante fone em sua linha (já que no ano passado a Stax lançou o novo modelo top o SR-X9000).

A Stax foi fundada um ano antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial, em 1938, no Japão, e seu primeiro fone de ouvido eletrostático foi apresentado ao mundo em 1960, sendo batizado como SR-1. E daí em diante, a Stax ganhou o mundo, diversificando sua linha com a produção de cápsulas e braços para toca-discos de vinil, e até eletrônicos (amplificadores e CD-Players).

Mas jamais abandonou o aprimoramento e diversificação de fones eletrostáticos.

Infelizmente, depois de muitos erros estratégicos, em 1995, a Stax se tornou inviável – e depois de inúmeras tentativas de salvar a empresa, ela fechou. O que só valorizou ainda mais seus fones eletrostáticos feitos até o período de insolvência! E tornou a marca um ícone de referência em eletrostático em nível mundial.

Felizmente, em 2011, a empresa chinesa Edifier adquiriu a marca, e teve a feliz ideia de manter a empresa com seu desenvolvimento no Japão, e recontratou a maioria do staff da empresa dos anos 90.

Atualmente a Stax mantém em linha oito fones eletrostáticos, mais sete amplificadores de fones, e alguns acessórios como cabos de extensão e suportes para fones de ouvido.

Existe uma enorme legião de ‘Staxistas’ espalhados pelo planeta, fãs incondicionais da marca que possuem diversos fones Stax de diversos períodos (eu conheço alguns, sendo os mais próximos o colaborador André Maltese e o querido amigo Roberto Diniz).

O que pode parecer estranho para os nossos novos leitores é como alguém pode ter tanta admiração por uma marca, a ponto de ter vários fones deste fabricante. E só posso explicar isso quando esses leitores ouvirem um fone eletrostático Stax, e compreenderem o que sua assinatura sônica tem de tão ‘singular’ em relação às outras topologias muito mais comuns e baratas.

Eu tive por uma década o Stax Lambda Pro, e inclusive o usei na monitoração da gravação dos discos Genuinamente Brasileiro volumes 1 e 2. E por um simples motivo: sua praticidade e fidelidade em ajudar na escolha dos microfones corretos para cada um dos instrumentos usados na gravação. Pois como foram inúmeros instrumentistas, e cada um com instrumentos de diferentes níveis de qualidade, o Stax Lambda Pro foi fundamental para a agilização de escolha e posicionamento do microfone em relação a cada instrumento gravado.

Esse sempre foi o grande diferencial dos fones Stax em relação aos outros grandes fones do mercado: fidelidade na reprodução dos timbres.

Agora, como todo fone tem suas vantagens e desvantagens, pois é um fone que não pode ser usado na sala de gravação pois seu som vaza para todos os lados, e não é um fone que suporta altos volumes sem distorcer, e os cuidados tem que ser extremos para que ele tenha uma vida longa.

Costumo sempre dizer que não é o consumidor que escolhe um Stax, e sim o contrário: o Stax escolhe quem está pronto para apreciá-lo e tirar todo o proveito e prazer sonoro que ele tem a oferecer.

Então, quando a Edifier Brasil nos procurou e nos ofereceu para teste o SR-009S e o amplificador de fone SRM-700T, não tínhamos como recusar a oferta.

O acabamento do SR-009S é de alto nível, feito em alumínio usinado e peças de couro nos lugares certos, para proporcionar conforto e excelente ergonomia na cabeça. Diria que estão entre os fones mais macios e confortáveis que tive o prazer de testar nos últimos três anos.

Ele vem embalado em uma bela caixa de madeira, que deve ser guardada com cuidado, pois depois de cada audição será o local mais seguro para guardar o Stax.

Os terminais são banhados a ouro, e o cabo além de flexível é de excelente qualidade tanto de acabamento, quanto de construção.

Para o teste, a Edifier nos enviou o amplificador de fone modelo SRM-700T. Os fones eletrostáticos necessitam de uma alimentação de alta voltagem para a polarização da membrana, portanto eles possuem um cabo e um plugue especial, que é conectado em um amplificador desenhado especificamente para a tarefa de prover não só o sinal contendo a música, mas também essa alimentação de alta voltagem. Além dos amplificadores da própria Stax, existem no mercado mundial outras marcas que fazem amplificadores específicos para fones eletrostáticos.

O SRM-700T é um dos três melhores amplificadores de fone eletrostático da linha da Stax, abaixo do SRM-T8000 – que na minha opinião seria o mais indicado para o SR-009S, mas que não estava à disposição no momento do teste.

O SRM-700T utiliza as válvulas 6SN7 na saída que, segundo o fabricante, se mostraram muito mais eficientes, tanto em termos de performance como de durabilidade. Os resistores de enrolamento não indutivo são da VISHAY, os transistores FET são de pares

combinados com tolerância de 1% , e os capacitores de filme de alta definição são feitos pela WIMA por encomenda.
O controle de nível pode ser passado, e o usuário usar um pré de linha externo – foi o que fiz no final do teste, passando pelo pré de linha da Nagra Classic, para ver se extraia mais algum ‘sumo’ em termos de performance, usando a entrada RCA. E, como no amplificador de fone mais sofisticado, o SRM-T8000, o potenciômetro de volume é fixado em uma caixa blindada, para evitar interferência de rádio frequência.

Segundo o fabricante, as especificações técnicas são as seguintes. Resposta de frequência DC-100kHz (com o Stax SR-009S), ganho 60 dB, distorção harmônica 0,01% (saída de 1 kHz/100 Vrms), impedância de entrada 50 kOhms (RCA) 50 kOhms x 2 (XLR), tensão máxima de saída 340 Vrms (1 Khz), tensão de polarização PRO 580V, consumo de energia de 54W, peso de 5,7 Kg.

Adoraria ter tido mais opções de amplificadores de fones eletrostáticos, ou pelo menos por uns dias o top de linha T8000, mas às vezes não é possível, então temos que nos virar com o que temos. Deixo registrado essa vontade, pois temo que o potencial do SR-009S seja ainda maior com um amplificador de fone mais sofisticado, então a primeira dica para os interessados em ter essa maravilha: o investimento também terá que ser no mínimo em um amplificador de fone eletrostático do nível do aqui utilizado no teste.

Mas que, se puder investir no T8000, não pense um segundo a mais! Pois irá valer cada centavo!

Para o teste utilizamos nosso Sistema de Referências, tanto fonte analógica como digital. Pelas entradas RCA, RCA paralela, para usar o volume do pré de linha Nagra Classic como volume (foi aí que percebemos o quanto o Stax oferece ainda mais em termos de silêncio de fundo e extensão nas duas pontas), e o setup analógico utilizando o pré de phono V10 da Hegel e nossa referência, o PH-1000 da Gold Note.

Quem nunca ouviu música em um fone eletrostático irá estranhar os primeiros minutos, pois a quantidade de informação recebida realmente assusta. É como ser jogado dentro da jaula dos leões, pois pode-se ficar tonto com tanta informação adicional, tanto em matéria de microdinâmica, como de textura e intencionalidade. Ruídos, gemidos, falhas na captação, vacilos do solista e sons estranhos de vazamento da sala de gravação, ou erros grotescos na escolha das reverberações digitais – tudo se torna explícito.

O segundo susto é reajustar o volume para bem mais baixo do que se está acostumado a ouvir, pois tudo está perfeitamente equilibrado tonalmente. Então, minha sugestão para os ’virgens’ com o uso de fones eletrostáticos, peguem leve no começo, com as primeiras audições de pequenos grupos e, se gostarem, muita voz feminina e masculina. Assim, irão entender muito rapidamente onde estão os encantos que seduzem tantos melômanos e audiófilos quando falam de Stax!

Se me pedirem para fazer um paralelo com alguma eletrônica que tenha esse poder de sedução, o que me vem imediatamente à mente é Shindo, fabricante também japonês, que possui uma assinatura muito semelhante aos fones Stax. Pois ambos se preocupam com a qualidade do acontecimento musical e não quantidade.

E assim como Shindo é para um nicho muito específico de audiófilos, o mesmo eu digo para os fones Stax. Pois já li inúmeros depoimentos em fóruns de pessoas que não acharam Stax ou Shindo tudo isso, pois não se pode dar muito ‘gás’ (palavra muito utilizada) ou que não parecem ter pegada (também termo muito utilizado). Já do outro lado, o dos que apreciaram, o que mais leio são: musicalidade, neutralidade, ausência de pirotecnia ou desequilíbrio tonal, etc.

Como escrevi no começo desse teste, Stax são fones para quem, acima de tudo, deseja fidelidade na reprodução, independente dos acertos e erros do engenheiro de gravação. São ouvintes que querem a imersão total, sem desvios no que foi captado, mixado e masterizado.

E, acima de tudo, sabem dos riscos de fazer audições com volumes altos, e escolhem um fone eletrostático justamente para lembrá-los de que os limites estão ali para serem seguidos.

Mas os que nunca ouviram um Stax, não tirem conclusões precipitadas de que a música então deve ficar ’sem graça’, pois é justamente o oposto! A capacidade do Stax nos colocar literalmente entre os músicos, como se fossemos um dos integrantes da gravação, é seu maior diferencial de qualquer outro fone que o amigo já tenha ouvido e apreciado. Ele nos faz co-participantes de todas as gravações que amamos, de forma privilegiada e emocionante.

Como vocês sabem, tenho profunda paixão por quartetos de cordas e instrumentos solo, e ouvir inúmeras gravações desse gênero pelo SR-009S foi um grande presente nas três semanas que tivemos o Stax em nossa Sala de Referência.

O interessante é que, devido ao grau de fidelidade do Stax, nossa perspectiva é a soma da captação dos microfones, ambiência da sala de gravação e mixagem, o que nos permite sermos ouvintes privilegiados em cada disco que ouvimos – tão privilegiados quanto um engenheiro atento, e que não se esconde na técnica e confia apenas nos monitores para fazer suas gravações.

Essa é a magia que faz de cada consumidor apaixonado por um fone Stax, continuar a propagar suas virtudes a quem deseja conhecer essa marca que mudou de patamar os fones hi-end, e continua a fazer história no presente.

Ouvir o SR-009S é acreditar que existem excelentes fones, e existe Stax. Agora, entender isso depende de você amigo leitor, pois eu só posso te trazer até aqui e te dizer o quanto o SR-009S é excelente, correto, refinado, fidedigno e exigente para se extrair todos os seus benefícios.

Toda a legião no mundo dos que possuem vários modelos Stax, estão aí para comprovar tudo que aqui escrevi.

Se o seu desejo é fazer de suas audições uma viagem no tempo, cada vez que você aperta o play, em termos de fones de ouvido, não conheço opção mais segura e prazerosa!

Nota: 95,0
AVMAG #281
Edifier

www.edifier.com.br

Earspeakers SR-009S
R$ 35.999

Amplificador
Stax SRM-700T
R$28.999
Kit Amplificador
Stax SRM-700T &
Earspeakers SR-009S
R$ 59.999

FONE DE OUVIDO MEZE AUDIO ELITE

Fernando Andrette

Não pense que as dúvidas que todo audiófilo têm em relação a um bom sistema de um estado da arte, não se repetem quando falamos de fone de ouvido.

Inúmeros leitores dos dois segmentos formulam até a mesma pergunta: “Terei capacidade de ouvir as diferenças?”. ”Elas são tão significativas, para justificar um custo adicional tão exorbitante?”.

Costumo ser bastante cauteloso nas respostas, pois para muitos dos que perguntam, o que eles desejam ouvir como resposta não será a que darei. Pois a resposta depende muito mais do que o ouvinte busca em um sistema ou fone, do que as diferenças entre produtos de boa qualidade e de excelente qualidade.

E vou adiante, ao lembrar que dependendo do gênero musical, investir mais do que o ‘básico’ será pura perda de tempo e dinheiro.

Isso remete a uma outra questão fundamental: o quanto ter um fone de alta qualidade é importante em termos de preservação da audição e conforto auditivo? Pois não faz sentido gastar 2 mil reais em um bom fone para utilizá-lo no seu celular. E fones acima de 2 mil dólares, só justificará o investimento se o consumidor tiver um bom amplificador de fone e seu gosto musical for mais eclético.

Agora, voltando à primeira pergunta: se todos ouvirão as diferenças entre esse fone Elite da Meze Audio e fones bons? A resposta é certamente que sim. Mas não de maneira tão explícita que o fará descartar qualquer fone que não tenha essa performance.

E se o consumidor se atém a características pontuais na hora de escolher o seu fone, o Elite será uma enorme decepção, eu garanto. Pois fones desse nível não pontuam absolutamente nada. Eles apenas nos colocam no centro do acontecimento musical de forma tão realista, que em segundos estamos absolutamente imersos naquele universo, pelo tempo que desejarmos estar!
Sei que isso pode parecer uma descrição muito simplória do que um fone desse nível realmente nos entrega, mas tenho que ‘facilitar’ a vida de quem nunca teve uma experiência com um fone desse nível.

Tentar descrever como é o grave, os médios ou agudos, é a maior perda de tempo, pois assim como não falta nada, também não sobra pontas para serem corrigidas.

O que você pode e deveria fazer para ativar sua memória de longo prazo, é observar o quanto de folga aquela gravação forrada de compressão agora soa, ou como os planos são retratados em nossa cabeça de maneira organizada, sem dificuldade alguma de observar os mais sutis detalhes da gravação, ou ainda perceber que mesmo depois de duas a quatro horas ouvindo música em um fone que pesa 430 gramas, a fadiga auditiva inexiste – e a vontade de esticar a audição é intensa.

Se você for um viciado em graves, no primeiro instante certamente achará que falta peso. Mas se seguir ouvindo, irá perceber rapidamente que acompanhar toda a linha de grave, dá mais simples a mais complexa, não exigirá esforço algum. E o mais incrível: os graves não se sobrepõem aos médios e agudos.

E, consequentemente, ouvir a música de maneira integral a torna muito mais interessante e envolvente. E quando isso ocorre, nosso cérebro curioso como é, irá querer explorar todas as gravações, para ver o que tem de novidade jamais ouvida.

Acho que dei uma boa pincelada no que realmente ocorre entre um produto excepcional, quando escutado com atenção, e as características mais relevantes dessa audição. E aí entra a parte mais espinhosa da questão: explicar o motivo desses produtos custarem mais do que os bons produtos.

Sei que para muitos de vocês essa é a parte ‘azeda’ da questão. Mas, acredite, ela existe.

Agora, se você irá aceitar os argumentos ou não, já corre por sua conta.

Da minha parte, o meu trabalho é descrever as qualidades e fazer uma radiografia do produto, para entender como o fabricante conseguiu chegar a esse nível de performance.

Então vamos lá: O Meze Audio Elite foi lançado no auge da pandemia, em 2021, e por tanto diria que seu lançamento foi quase que tímido em termos de divulgação e testes. Ele está acima do Empyrean (leia teste na Edição 269), sendo no momento o top de linha deste fabricante. Assim como o Empyrean, ele também é um fone de ouvido de matriz híbrida isodinâmica, com abertura traseira, que utiliza um novo driver batizado de MZ3SE.

Lá fora ele custa mil dólares a mais que o Empyrean.

O QUE É O CONCEITO HÍBRIDO?

Esse conceito é determinado pela maneira com que os ímãs são organizados e dispostos dentro da concha do fone. Sua colocação é estudada de forma a ser o mais simétrica possível a posição dos ímãs de neodímio e, assim, maximizando a eficiência do campo magnético isodinâmico para uma resposta sempre uniforme e consistente.

O novo diafragma, chamado de Parus, utiliza um polímero de baixa massa e ultrafino. Ainda que este tipo de polímero não seja uma novidade, o que a Meze e seu parceiro a Rinaro fizeram foi dar características inovadoras de resistência à trincas por tensão e fadiga. Resultando em muito maior durabilidade e uma microestrutura de baixa massa rígida, vertical.

Esses cuidados adicionais em relação a matriz de bobina usada no Empyrean, levaram a resultados surpreendentes em termos de resposta de transientes, e uma assinatura sônica muito mais correta e real.

Eu infelizmente não tinha a mão um Empyrean para um AxB no momento do teste do Elite, o que me fez recorrer às minhas ‘salvadoras’ anotações pessoais. E na Conclusão, voltarei ao tema.

As novidades externamente são: novas almofadas de alcântara de 30 mm mais profundas, e uma nova versão de couro híbrido e perfurada, mais fina de 25 mm, desenvolvida pela Rinaro.

A nova estrutura de alumínio CNC, com acabamento em prata, e o pivô agora em preto para casar melhor com o alumínio CNC (no Empyrean era um cobre envelhecido, o pivô).

De resto, o Elite segue o mesmo design do Empyrean, com a concha em forma oval, e a estrutura da faixa de couro na cabeça com a estrutura de fibra de carbono ultra leve.

O que mais gostei no Elite foi que a larga faixa de couro de apoio para a cabeça dissipa a pressão vertical das conchas na orelha, fazendo com que a pressão do fone na orelha seja muito suave, e ambas as almofadas que vem com o produto são muito confortáveis e práticas.

O cabo padrão é um cobre OFC revestido de nylon e com comprimento de 2,5m. Os conectores para se acoplar no fone são mini-XLR um com acabamento vermelho (right) e azul (left). O fabricante oferece dois cabos de atualizações, ambos da Furukawa PCUHD, sendo um com fio de cobre e a outra opção com fio de prata. A versão de cobre custa, lá fora, 349 dólares e a de prata 499 dólares.

A embalagem é a mesma do Empyrean: uma pasta de alumínio personalizada em acabamento prateado de alumínio, com chave. Dentro, temos uma espuma protetora para os fones e espaço para o par de pads adicionais mais profundos, espaço para o cabo e o manual técnico.

O fone nos foi entregue com quase 80 horas de amaciamento. Pelas minhas anotações, a única coisa que mudou nas 20 horas a mais de amaciamento, foi em relação aos agudos que ganharam uma sutil extensão a mais, nos dando a possibilidades de ouvir com extrema precisão cada ambiência de cada gravação, fosse ela feita em salas de espetáculo, gravações ao vivo ou em estúdio.

Para o teste, utilizamos o amplificador de fone de ouvido do pré de linha Classic da Nagra. Tocamos tanto streamer, quanto LP e CD.

O Elite é bastante diferente do Empyrean, tanto na apresentação como em sua assinatura sônica. Ele é mais bem organizado e lapidado na apresentação. Isso pode ser ouvido em qualquer estilo musical, pois tudo se apresenta com maior relaxamento e muito mais detalhes. Não falo de ruídos ou microdinâmica e sim de intencionalidades.

As texturas no Elite são as mais impressionantes que já ouvimos em qualquer fone testado. Superiores até mesmo ao Sennheiser HE 1, nossa referência nesse quesito por muitos anos!

O Elite é mestre em trazer à tona intenções muitas vezes ‘manipuladas’ pelo engenheiro de gravação, para esconder uma vacilada ou algo que não havia mais tempo de consertar. Ouvi dezenas dessas ‘vaciladas’ – algumas bem feitas e outras grosseiras que jamais havia notado. Mostrando essas intenções de esconder defeitos a um amigo músico, ele ficou surpreso como elas se tornaram tão explícitas no Elite. Se eu fosse engenheiro de gravação, eu não abriria mão de ter esse fone como meu monitor final de mixagem e masterização, jamais.

E quanto às intencionalidades dos músicos, é um deleite poder entender como o músico reage e constrói sua arquitetura melódica, em solos, em arranjos complexos, etc. Foi uma aula de como este quesito da Metodologia pode e deveria ser explorado e exposto, por todos fabricantes de fones de ouvido Estado da Arte que se gabam da transparência de seus fones. Pois não se trata de melhor silêncio de fundo apenas – o buraco é muito mais embaixo, pois é necessária uma melhor organização de planos, com um foco e recorte mais corretos, assim como equilíbrio tonal, maneira de distribuir as frequências no sistema auditivo e, principalmente, conhecimento técnico, teórico e prático de como fazer resultar esse grau de performance tão alto.

Assim como o palco sonoro – que na minha opinião é tão limitado em qualquer fone de ouvido, que preferimos não ter esse quesito na Metodologia- outro quesito que trato com enorme restrição é a macrodinâmica. Pois nem é saudável ouvir em volumes não seguros passagens com enorme macrodinâmica.

Mas no Elite foi muito interessante como a macrodinâmica se comporta em volumes seguros. Jamais ouvi com tanto prazer o crescendo do Bolero de Ravel sem ter que ficar pilotando o volume do pré para não clipar ou estragar minha audição.

E isso só foi possível graças a poder manter o tempo todo o Elite em volumes seguros e corretos.

CONCLUSÃO

O Elite é o melhor fone de ouvido por nós já testado. E ainda que custe muito, ele é apenas 10% do valor do Sennheiser HE 1, e também muito mais barato que os Stax. Então, por essa ‘perspectiva’, o Elite é nesse momento o fone de ouvido a ser batido.

Se o amigo deseja um fone definitivo, possui um excelente amplificador de fone, e um gosto musical eclético e refinado, ouça-o.

Garanto que você ficará encantado com seu design, acabamento e, principalmente, sua performance.
Um ponto totalmente fora da curva em termos de fone de ouvido hi-end.

Nota: 99,0
AVMAG #289
German Audio

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US$ 5.990

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