Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Não tenho certeza absoluta, mas acredito que esse seja o cabo digital mais longevo ainda em produção da história do áudio hi-end!
De cabeça, não lembro de nenhum outro cabo que tenha atravessado o século e ainda hoje desperte a curiosidade e faça a alegria de tantos audiófilos.
Eu tive esse cabo em meu sistema de 1996 até 1999, e não imaginaria que em 2023 estaria testando-o novamente.
Como se trata de uma Edição Especial de Aniversário, achei que valeria fazer um teste de algum produto ainda em linha, revisitá-lo, e compartilhar nossas impressões com todos vocês.
E o que começou como curiosidade, se tornou muito instrutivo e revelador!
Lembro que ao receber o Illuminations para teste, abri a embalagem de veludo azul e me deparei com um cabo coberto com uma capa leitosa rígida e plugs simples e leves, e pensei: o que será que esse cabo tem de tão especial para ser o cabo digital de tantos revisores críticos de áudio como: Robert Harley, Jonathan Scull, Wes Phillips, Robert Reina e tantos outros. E a resposta veio assim que o liguei entre o meu transporte da Pink Triangle e o seu DAC o DaCapo – sua sonoridade humanizada!
Ele tinha a capacidade de ‘domar’ parte da dureza inicial existente no digital, que aos ouvidos referenciados pelo analógico eram quase que insuportáveis!
Deve ser estranho para o nosso leitor com menos de 30 anos de idade, ler essa frase e imaginar que um dia o digital soou muito mais duro, brilhante e pouco natural! E, no entanto, foi assim mesmo.
E o D-60 veio amenizar esses defeitos como nenhum outro cabo digital havia feito.
Lembro que os comentários a respeito do D-60 eram sempre muito similares, com conclusões consistentes na melhoria das bordas do invólucro harmônico, maior arejamento com planos mais bem definidos e palcos muito mais generosos!
Lembro de não só constatar todas essas qualidades, como também observar que no meu setup digital os agudos ganharam maior extensão sem, no entanto, introduzir um brilho ainda maior (o que era muito comum em diversos cabos digitais da época). Esse detalhe foi suficiente para eu o usar por três anos como nosso cabo coaxial de referência.
Então, quando soube pela Mediagear que o cabo não só ainda estava em produção, como poderiam nos enviar um para esta Edição de Aniversário, não pensei duas vezes e solicitei um exemplar.
O que mantém esse cabo em fabricação tem uma única explicação: qualidade de produção e de matéria-prima! Trata-se de um condutor central de núcleo sólido de prata para uma melhor condutividade. Também com uma blindagem de prata pura de camada dupla, ligada circunferencialmente ao invólucro do conector para imunidade absoluta de ruído. Uma capa protetora de PTFE semicondutivo evita que todo ruído externo interfira no caminho do sinal, ruídos gerados por vibrações mecânicas que podem contaminar o sinal digital.
Sua impedância é de 75 ohms, rigidamente controlada. Os terminais podem ser BNC ou RCA Kimber, ou versão WBT 0102.
Até a caixa de veludo é similar, porém agora é preta e não azul!
Para o teste utilizamos todo o nosso arsenal disponível no momento como: Transporte Roksan Atessa, CD-Player Arcam como transporte (leia Teste 2 nesta edição), CD-Player Line Magnetic como transporte, Transporte Nagra, streamer Innuos ZENmini Mk3, e TUBE DAC Nagra.
A única pergunta em minha mente era: é um cabo ainda em alto nível de competição?
E a resposta foi um grande SIM, meu amigo.
O que me levou a única conclusão possível, e que certamente é a mesma da Kimber para o manter por tanto tempo em produção: o problema não era com ele, e sim com os ‘protagonistas’ da época!
E antes que você comece a elucubrar perguntas como: mas se ele arrumava os defeitos, sem esses defeitos como ele soa?
Simplesmente correto, desde que a eletrônica e as mídias atuais possuam o mínimo de acerto. Sem arestas para corrigir, ele está livre para mostrar o quanto ainda é de alto nível.
Quando reli minhas anotações da época do primeiro teste, me lembro que ao ouvir esse mesmo cabo em diferentes digitais, foi audível o quanto cada equipamento se beneficiava de sua participação. Ainda que em vários as melhoras fossem muito pontuais.
Também fiz uma longa observação das suas mudanças no período de queima, que só estabilizou com 250 horas! E agora um pouco menos de 180 horas!
Será que é o mesmo cabo, ou a Kimber fez ao longo dos anos sutis alterações no processo de montagem, solda, matéria prima? Eles não falam, então essa será uma pergunta sem resposta.
No entanto, o que importa é que o D-60 continua a ser uma excelente opção para quem necessita de um cabo digital de alto nível, principalmente para ’domar’ as imperfeições ainda existentes no streamer.
Coincidência? Claro que não.
Com ele, o streamer ganhou maior profundidade (o mesmo que ocorria lá atrás), maior arejamento sem colocar brilho (idem) e timbres mais naturais (graças ao seu silêncio de fundo e riqueza na reprodução do invólucro harmônico). O mesmo foi possível observar usando os dois CD-Players como transporte (Line Magnetic e Arcam), além do próprio Transporte Roksan Atessa.
E quando ligado no nosso setup de referência – Transporte Nagra e TUBE DAC – soou lindamente em todos os quesitos de nossa Metodologia.
CONCLUSÃO
Não irei descrever quesito por quesito, pois se trata de uma reavaliação de um produto já testado por nós há mais de 25 anos!
E que, incrivelmente, com ‘protagonistas’ melhores continua contracenando em altíssimo nível!
Se você necessita de um cabo digital coaxial, seja para ligar seu streamer a um DAC externo, ou usar um transporte conectado a um DAC, o Kimber Illuminations D-60 continua sendo uma excelente opção.
Mérito de um fabricante de ponta que tem expertise suficiente para saber a hora em que uma geração deve ser substituída.
Esse não é o caso, evidentemente do D-60. Longa vida a esse ‘lapidador’ de equipamentos digitais!
Para sistemas até 95 pontos, o D-60 pode ser a opção com a melhor relação custo/performance, ainda hoje!
PONTOS POSITIVOS
Construção e performance atemporal.
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum digno de nota.
ESPECIFICAÇÕES
Tipo | Cabo digital coaxial RCA |
Condutores | Prata hiper-pura |
Isolação | Dielétrico de fluorocarbon |
Blindagem | Dupla torção helicoidal |
Conectores | RCA da Kimber RCA / BNC ou WBT |
Mediagear
contato@mediagear.com.br
(16) 3621.7699
R$ 2.980 (1m com terminal RCA Kimber)