Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Testar cabos não é nenhuma novidade nos nossos 27 anos de vida. Publicamos centenas de avaliações nesse período, desde cabos de algumas dezenas de dólares até cabos de muitos milhares de dólares.
E esse é um segmento com um número de ofertas e opções impossível de se cobrir como deveria. Por dois motivos: sermos uma nação periférica no áudio hi-end, e pela velocidade com que novos fabricantes chegam ao mercado.
Porém, de vez em quando algum fabricante nos contacta, como foi o caso da Dynamique Audio, e nos pede ajuda para conseguir um parceiro comercial e fazemos essa ponte, e outras vezes não conseguimos.
Acho também que existe um terceiro elemento novo nesse quadro, que é justamente a capacidade com que os fabricantes nacionais de cabos estão começando a se impor e brigar fortemente por uma maior fatia de mercado. Isso é muito bom, e particularmente torço para que essa ‘realidade’ ganhe cada vez mais notoriedade.
Apesar de termos testado inúmeros cabos hi-end de força, interconexão, digital, caixa, USB, HDMI, nossa experiência com cabos Ethernet é uma nova realidade. Ouvi alguns para montar nosso streamer, e alguns comprei diretamente fora – todos na faixa de até 200 dólares – e confesso que de tudo que ouvi, minhas conclusões sempre foram limitadas.
Por dois fatores: nosso streamer de referência ser um Innuos de entrada, e o número de produtos testados até o momento ser bastante limitados. Então, na busca de um cabo Ethernet que nos atendesse, o escolhido foi o da Transparent Audio Reference. Um cabo barato, bem construído e que se mostrou, nos quesitos da Metodologia, equilibrado e neutro o suficiente para podermos testar streamers, dos de entrada até os mais top, como o Statement da própria Innuos, e o dCS Bartok Apex.
Na verdade, meu foco, à medida que os streamers foram chegando para teste, foi buscar cabos USB de referência, para não correr o risco de estar limitado por um cabo em um teste com um produto mais top. Então ouvi uma dezena de opções existentes no mercado, e optei por dois modelos o Kubala Realization, e o da Virtual Reality, testado na edição 297, ambos me atendem a todas as demandas atuais e gosto imensamente de suas qualidades.
O que mais noto nos cabos USB que avaliei é que todos, com raras exceções, têm uma tendência a ter pouca profundidade e soarem ‘congestionados’ em gravações repletas de informações simultâneas. E ambos os escolhidos, fogem dessa regra de maneira exemplar!
Nunca havia pensado que talvez a culpa não fosse apenas do cabo USB, que talvez o cabo de rede Ethernet pudesse ter uma parcela de culpa nesse comportamento auditivo.
E essa ficha só caiu quando passei a usar o Reference Ethernet da Transparent, e consegui detectar que outros cabos USB bem construídos que haviam passado pela nossa sala, deveriam receber uma segunda chance de avaliação.
Pretendo fazer o mais breve possível essas reavaliações, e no futuro compartilhar com vocês essas observações.
O que posso adiantar é que a escolha de um cabo USB e de um Ethernet, terão maior consistência se forem casados e com uma assinatura sônica muito semelhante. E se você, leitor, usar dessa estratégia em sua busca por uma melhora em seu streamer, a recompensa auditiva desse esforço pode ser bem consistente e prazerosa.
Como sempre escrevo: “o inimigo do bom é sempre o ótimo”. E no caso do teste do cabo Ethernet Stravaganza da Sunrise Lab, ele veio para ‘balançar o coreto’ e colocar os ‘pingos nos is’ de maneira categórica!
O principal obstáculo de qualquer cabo de rede é o de manter a ‘integridade do sinal’, às vezes por metros e mais metros de cabos, com uma constância na velocidade de tráfego de dados, corrigindo pequenas perdas para que, ao passar do streamer para o cabo USB até o DAC, este não tenha que adivinhar que bit deve compor aquela informação crucial.
Tudo isso se traduz na prática em uma melhora na precisão do andamento musical, pulsação rítmica mais correta, uma dinâmica mais verossímil à captada na gravação, e timbres e melhor equilíbrio tonal. Ou seja, o problema começa no cabo Ethernet, entra no streamer, sai pelo cabo USB, e entra no DAC, e essas informações precisam estar íntegras de uma ponta a outra. Para o objetivista, é como descascar banana: basta um cabo de rede de boa construção, classificado no padrão CAT7A, e os bits 0 ou 1 se encarregam de fazer o resto.
Para os que escutam diferenças, não é bem assim, e ter cabos de rede pensados para tramitação do sinal digital de maneira adequada, podem ser a diferença da água para o vinho!
O novo cabo Stravaganza da Sunrise Lab, utiliza um encordoamento híbrido, com 4 pares trançados com geometria proprietária variável, de cobre puro. Os conectores de cobre são banhados a ouro, e seu diâmetro total é de 9mm. Para se chegar a esse resultado, foram três anos de pesquisa e desenvolvimento.
Para o desenvolvimento, a Sunrise Lab foi buscar estudos acadêmicos de fontes como ANSI/TIA e GHMT sobre interferência eletromagnéticas, perda de eficiência por isolamento mecânico em uso PEOE. Desse estudo acadêmico surgiram três caminhos distintos, e o resultado central desses caminhos foi a descoberta da ‘geometria variável’ capaz de atenuar e até eliminar algumas interferências, sem perder a integridade do sinal.
Outra qualidade da geometria variável (segundo o fabricante) é a constância na velocidade do tráfego de dados, minimizando o esforço do Streamer em corrigir perdas.
Eu fui um dos ‘Deltas’ escolhidos para ouvir as três versões finais, e fiquei com eles tempo suficiente para perceber o quanto eram diferentes entre si, sem perder a identidade sônica de um ótimo equilíbrio tonal, transientes e dinâmica, muito superiores ao nosso cabo de rede de referência! O que os diferenciava era justamente o silêncio de fundo, e a maneira de gerenciar e organizar a música à nossa frente. Sendo que o escolhido o fazia com tanta maestria e consistência, que elevou até mesmo o meu ZENmini Mk3 para um degrau acima!
Para o teste utilizamos os streamers do dCS Bartok Apex, Innuos ZENmini Mk3, e do Gold Note DS-10. Todos os três ligados ao nosso Sistema de Referência, para facilitar as conclusões e, no caso do Innuos, utilizamos os conversores Nagra TUBE DAC e o Merason DAC1 Mk2 (leia teste na edição de outubro) usando os cabos USB da Kubala-Sosna e da Virtual Reality.
A comparação cabo a cabo foi o tempo todo com o nosso cabo de ethernet, o Transparent Reference.
É notório como o Stravaganza organiza a música, dando a profundidade que tanto falta em inúmeros streamers, e como ele parece mais preciso em termos de andamento e nas variações dinâmicas.
Em relação ao equilíbrio tonal, ambos (ele o Reference) são muito corretos, mas como seu soundstage é em tudo superior ao Reference, as ambiências são muito mais ricas, não só em nos mostrar os tamanhos das salas, como as diferenças usadas em vozes e instrumentos em reverberações digitais. Tudo isso, meu amigo, se traduz em maior conforto auditivo e em uma leitura mais próxima do que ouço nas mídias físicas em nossa sala.
CONCLUSÃO
Se você já se decidiu por um streamer, e deseja extrair o máximo deste setup, indico uma audição com esse cabo de rede da Sunrise Lab. Ele pode ser um degrau acima no ajuste fino de seu sistema.
Seu grau de compatibilidade com os três streamers utilizados foi excelente, possibilitando a todos mostrarem o patamar que se encontram. O custo desse upgrade é irrisório pelos benefícios que ele proporciona auditivamente.
Altamente recomendado, e certamente Produto do Ano, com direito a Selo de Referência!
PONTOS POSITIVOS
Cumpre o que promete com maestria.
PONTOS NEGATIVOS
Absolutamente nada.
Sunrise Lab
contato@sunriselab.com.br
(11) 5594.8172
1,2 m - R$ 3.300
2 m - R$ 4.000
Até 3 m - R$ 5.000