Influência Vintage: CAIXAS ACÚSTICAS SONY APM-77

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Equipamentos Vintage que fazem parte da história do Áudio

O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’ (safra), sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para simplesmente designar algo antigo.

MADE IN JAPAN

Nas décadas de 70 e 80, ninguém dominou o mundo do áudio mundial como os japoneses, pelo tecnológico, com miniaturização, construção e fabricação com precisão e, também, com durabilidade –
equipamentos japoneses de muitas marcas, com 50 anos de idade, continuam funcionando e sendo negociados no mercado.

Muitos audiófilos puristas das antigas acabaram tendo, ao longo dos anos, algum componente japonês em seus sistemas, desde cápsulas até fones de ouvido. E, hoje, várias marcas nipônicas bem conhecidas já estão de novo inserindo seus equipamentos no mercado audiófilo mundial.

AS CAIXAS ACÚSTICAS SONY APM-77

Para o final da década de 70, os grandes fabricantes japoneses de equipamentos de áudio – como a Sony – estavam tão ‘no auge’, dominando o mercado mundial, que investia-se em novas ideias, em criação e exploração de novas tecnologias, constantemente. Isso levou, claro, a um crescimento e melhora tecnológica, que algumas vezes resultou em melhorias sonoras. Mas, na maioria das vezes, procurou mesmo a possibilidade de miniaturização e de diminuição de custos de produção.

O woofer APM

Nessa época, muitos fabricantes fizeram caixas chamadas de ‘esotéricas’, como as NS-1000 da Yamaha, que tinham diafragmas de berílio nos drivers. As caixas ‘esotéricas’ mais conhecidas da Sony foram a linha APM – ‘Accurate Pistonic Motion’ (Movimento Pistônico Preciso) – pelo menos as primeiras e maiores, as consideradas high-end.

A ideia da empresa era parte centrada no diafragma ser plano e quadrado, e parte no sistemas de quatro ‘excitadores’ traseiros desse diafragma – em vez da tradicional bobina e conjunto magnético únicos. Os quatro excitadores fariam uma distribuição mais uniforme da vibração por todo o diafragma. E o dito diafragma plano – feito, aliás, em forma de um sanduíche de colméia de alumínio para uma dispersão melhor e menor distorção (devido ao formato e à rigidez e leveza do material) – eliminava a coloração criada pelo som refletido dentro de um cone comum (como acontece em uma corneta).

Diafragma em colmeia

Muitas caixas hoje usam diafragmas planos, e a ideia de rigidez e leveza de cone como condição sine qua non para melhor qualidade sonora, é algo que é adotado faz algum tempo por quase todos os fabricantes de caixas acústicas hi-end.

O modelo APM-77 (1981) ilustra principalmente esta matéria, por ser uma das primeiras caixas APM comercializadas para um mercado consumidor por um preço mais acessível – e com inconveniências como gabinetes menos sólidos e acabamentos duvidosos (inicialmente trazia uma frente revestida de vinil preto que, depois, foi substituído por folha de madeira).

MODELOS SEMELHANTES

O primeiro modelo feito pela empresa foi a APM-9, que era um monitor de estúdio tamanho grande, e portanto não vendido aos consumidores caseiros. Dizem, inclusive, que alguns estúdios ainda têm um par de APM-9 em algum canto.

APM-9, a primeira

A própria Sony lançou numerosas caixas com falantes planos e quadrados – mas nem todas eram APM, sendo que a maioria (principalmente as mais baratas) tinham o diafragma quadrado mas por trás eram iguais a qualquer outro falante de cone redondo, com uma bobina e um conjunto magnético. E, há muitos anos já, que a marca não utiliza mais esse tipo de falantes: nem o falso APM, nem o real APM.

Das reais APM, a normal de linha mais cobiçada é a APM-8 (1981) – mas fizeram bastante sucesso as ‘acessíveis’ APM-55 (1983) e APM-66ES (1985), sendo esta a última das consideradas APM ‘high-end’, mas também celebrada por muitos como a melhor.

APM-8, a mais famosa
APM-55
APM-66ES, a última das APM high-end

Também fruto do meio da década de 80, estão as luxuosas monitores de duas vias APM-6, cujo gabinete arredondado deu origem às APM-4 ESPRIT, de três vias – que usam os mesmos falantes das APM-77, mas com componentes de divisor de frequência e fiação interna OFC que causariam inveja a muitos fabricantes de caixas hi-end de hoje em dia. E fizeram isso em 1985!

Vale dizer também, que os belíssimos gabinetes arredondados da APM-6 e APM-4, por dentro e por fora, são de madeira maciça de verdade, esculpida, e não MDF. Estima-se que não mais do que 800 pares de APM-4 foram produzidos e comercializados, contando o mundo todo.

APM-4
APM-6

Apesar de somente a Sony utilizar quatro bobinas e ímãs em seus falantes planos, outras marcas, como a Technics e a Pioneer, também se aventuraram nos woofers e mid-woofers quadrados e planos – e até redondos e planos! Um exemplo, digno de nota por causa de seu nível de especialização, é a Pioneer S-F1, que traz diafragmas em grafite em formato de colméia, sendo que os tweeters são também revestidos com uma fina camada de berílio!

Pioneer S-F1

COMO TOCAM AS SONY APM

Para a época, o som das APM-77 – cuja fabricação foi de aproximadamente 4000 peças – foi considerado bastante equilibrado, limpo e detalhado, e com baixa distorção e coloração mesmo em volumes um pouco mais altos. Muito elogiada também foi a alta dispersão desse tipo de caixa acústica.

O preço de um par de APM-77, no Japão, em 1981, era de 150.000 ienes – o que equivale a aproximadamente US$1.400, em valores atuais.

SOBRE A SONY

A Sony Corporation é, acho, tão conhecida quanto a Coca-Cola – e todos já tivemos em nossas casas (e mãos) algum produto da gigante de eletrônicos japonesa.

Um bom e sonoro novembro a todos!

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