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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Ganhei a aposta com o meu amigo músico, feita na edição passada! Pois pelo visto nem uma viva alma gostou da minha Playlist de novembro, pois não houve nenhuma manifestação.

Agradeço a meus leitores por não terem se manifestado, pois ganhei um almoço grátis!

Esse mês o desafio é outro. Quero fazer você, leitor, aproveitar as festas de fim de ano para ouvir gravações espetaculares que, no entanto, exigirão tanto do seu sistema quanto de você plena dedicação.

Espero que muitos topem o desafio, e escutem essas preciosidades que irão desafiar seu sistema e seu grau de concentração, e abertura em apreciar obras musicais mais complexas.

Vamos ao desafio!

1- WYNTON MARSALIS – SYMPHONY NO.4 – ‘THE JUNGLE’ (BLUE ENGINE RECORDS)

OUÇA WYNTON MARSALIS – SYMPHONY NO.4 – ‘THE JUNGLE’, NO TIDAL.

O crítico do New York Times definiu a Quarta Sinfonia – ‘A Selva’ – de Wynton Marsalis, como sua obra-prima, que faz uma meditação sobre o que significa ser humano neste novo século e compreender o turbilhão da vida moderna, e lembrar a todos o que nos une.

Marsalis, no lançamento da obra em 2019 (meses antes da pandemia), definiu sua inspiração na cidade de Nova Iorque como a metrópole mais fluida, pressurizada e cosmopolita que o mundo moderno alguma vez viu.

The Jungle é sua quarta sinfonia, e foi regida por Nicolas Buc à frente da Orquestra Sinfônica de Melbourne, no Hamer Hall de Melbourne, e com Wynton Marsalis ao lado da Orquestra Jazz at Lincoln Center.

A Selva destaca os paradoxos que definem a cidade de Nova Iorque, onde a riqueza e pobreza extrema coexistem. Coragem, resiliência, estagnação, violência ocorrem simultaneamente.

Tudo retratado de maneira tão impactante musicalmente, que conseguimos visualizar as mensagens sem a necessidade ou apoio de letras.

Dividida em seis movimentos, temos: The Big Scream (Black Elk Speaks), que mostra uma cidade nervosa, refletindo os embates da alma primordial das raízes nativas americanas, e os conflitos para cada um defender seu pequeno espaço com os outros e solitariamente.

O segundo movimento – The Big Show – evoca o ousado, atrevido e deslumbrado da cidade. A sensação de um eterno ragtime, da Broadway e da chegada dos imigrantes europeus, através do espírito sincopado da dança do início do século XX.

O terceiro movimento – Lost in Sight (Post Pastoral) – mostra que, para onde quer que olhemos, vemos os sem-teto, os despossuídos, os sem sorte e os que perderam o amor. Tudo no meio de uma riqueza impressionante, existe esse contraste de quem não consegue sobreviver com a mínima dignidade, levando-nos novamente ao século XIX e ao legado da escravatura que predominava na cidade.

O quarto movimento – La Esquina – apresenta sons e ritmos hispânicos que deixaram sua marca indelével no caráter da cidade. A cultura afro-latina é a base da vida de Nova York, e essa mescla inspirou grandes obras musicais na cidade.

O quinto movimento – Us – apresenta o lado corajoso e brusco para sobreviver nessa cidade, e com os momentos de pausa em que os habitantes se apaixonam e se tornam românticos, elegantes, amorosos e sofisticados nas noites na cidade.

E o último movimento – Struggle in the Digital Market – é a cidade impulsionada cada vez mais pelo lucro e pelo mito do crescimento ilimitado.

E cria-se a grande pergunta: “iremos encontrar soluções mais equitativas a longo prazo…. ou pereceremos?”

Acredite, meu amigo, Wynton conseguiu expressar em cada movimento, exatamente o que o inspirou a escrever sua Quarta Sinfonia. Se alguém ainda resistia a concordar com sua tríplice genialidade, como instrumentista, arranjador e compositor, agora não há como questionar!

2- BEETHOVEN – SYMPHONY NO.7 – TEODOR CURRENTZIS & MUSICAETERNA (SONY CLASSICAL)

OUÇA BEETHOVEN – SYMPHONY NO.7 – TEODOR CURRENTZIS & MUSICAETERNA, NO TIDAL.

Você quer levantar uma polêmica no meio musicista, e ver as pessoas se exaltarem até perderem a compostura? Cite o nome do regente grego Teodor Currentzis e verá, como dizem, o ‘circo pegar fogo’.

Nascido em Atenas em 1972, além de maestro ele também é músico e ator. Seu talento musical despontou desde seus 4 anos, e seus pais admirados com sua precocidade artística o colocaram para ter aulas de piano particular. Aos sete, também se interessou pelo violino e aos oito anos ingressou no Conservatório Nacional de Atenas.

Aos 15 anos iniciou seus estudos de composição com o professor George Hadjnikos, e posteriormente com o renomado B. Shreck. Aos 22 anos, Currentzis foi estudar regência com Ilya Musin, quando então ganhou uma bolsa da Fundação Onassis para completar seus estudos no Conservatório de São Petersburgo.

Em 2004, foi convidado para ser o principal maestro do Teatro de Ópera & Ballet de Novosibirsk, onde no mesmo ano fundou a Orquestra MusicAeterna, e um ano depois o coro MusicAeterna. Suas apresentações e gravações dessa época ganharam destaque, com vários prêmios Diapason e Classic Music. E em 2009 foi convidado para atuar no filme Dau de Ilya, baseado na biografia do físico Lev Landau.

Voltando a se dedicar a sua carreira principal, em 2011 foi convidado para ser o diretor musical do Opera and Ballet Theatre, de Perm, e acabou trazendo junto ambos os grupos MusicAeterna. Nesse mesmo ano, ele se tornou o principal maestro convidado da Orquestra Sinfônica da Rádio do Sudoeste Alemão e em setembro se tornou o regente titular da SWR, e seu contrato termina agora em 2024.

O casamento de Currentzis com a MusicAeterna, trata-se daqueles encontros mágicos e difíceis de entender até ouvir na prática o resultado! Podemos dizer que se trata de um dos conjuntos russos mais requisitados e consagrados, e suas gravações conseguem arrancar dos críticos elogios exacerbados, até. Sua capacidade de apresentar um repertório que abrange da música antiga, música acadêmica do período clássico a composições contemporâneas, é realmente impressionante.

A MusicAeterna tornou-se a primeira orquestra a ter a honra de abrir a programação do festival de música mais prestigiado mundialmente, o Festival de Salzburgo.

Com a regência de Teodor Currentzis, a MusicAeterna já gravou com a Sony Classical obras de Mozart, Mahler, Beethoven, Stravinsky e Tchaikovsky. E recebeu prêmios musicais de enorme prestígio, como: Echo Klassik, Japanese Record Academy Award e BBC Music Magazine.

Aí você deve estar se perguntando no que a MusicAeterna se diferencia das inúmeras excelentes orquestras atuais? A resposta é a qualidade de seus músicos, escolhidos a dedo.

Vou citar apenas alguns, para o leitor ter uma ideia do grau de virtuosidade de seus membros efetivos.

Primeiro violino – Olga Volkova, já aos dez anos se apresentou com a orquestra sinfônica de sua cidade e em 2016 tornou-se a mais jovem concertina da Orquestra Mariinsky, e desde 2022 tornou-se concertino da MusicAeterna.
O time de virtuoses se estende ao violista Prego Bakiev, cellista Alexei Zhilin, contrabaixista Artyom Chirkov, flautista Laura Pou, oboista Maxim Khodyrev, clarinetista Nikita Vaganov, fagote Talgat Sarsembayev, trompa Pavel Kurdakov, trombista Gerald Costes, tuba Ivan Svatkovsky, percussista Dmitri Klemenok, harpista Maria Zorkina, e pianista Alexandra Listova.

Todos escolhidos entre dezenas de excelentes músicos na Rússia e na Europa.

E o resultado é o que você poderá ouvir na apresentação da Sétima de Beethoven, executada de maneira monumental. Vigorosa, espontânea, fluida e de um grau de intencionalidade e virtuosidade de toda orquestra, que a coloca em um patamar à parte de todas as excelentes Sétimas que já foram gravadas nos últimos quarenta anos.
Ouça, e depois a compare com qualquer uma de suas gravações preferidas da Sétima, e tire suas conclusões.

Se gostar da Sétima, não deixe de também ouvir a quinta, que foi gravada um ano antes, em 2020.

Desejo a todos vocês um excelente 2024, e que possamos nos ver pessoalmente em abril no Workshop Hi-End Show, e desfrutar de excelente música em diversos sistemas.

Estou me empenhando ao máximo para ser um anfitrião à altura do evento!

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