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FONE DE OUVIDO EDIFIER X3S

Fernando Andrette

Continuamos na nossa busca pelo fone bom abaixo de 300 reais, independente da tecnologia que use.

E nesse mês escolhemos o novo fone Bluetooth da Edifier, o modelo X3s, a versão do popular X3, que foi desde o seu lançamento um fone bastante recomendado.

Se entendi bem, a nova versão X3s sonicamente é o mesmo fone, o que mudou nessa nova versão é o chipset da Qualcomm com Bluetooth 5.2, que possui uma transmissão sem fio mais estável e com maior autonomia de bateria.
Como não testamos a versão original, para nós foi tudo uma novidade.

O fone em si, para concorrer na sua faixa de preço, é bem modesto, tanto no material utilizado na sua construção (com um corpo todo de plástico apenas na cor preto) como em seu visual, bastante simples.

No entanto, no que é importante como ser leve, confortável e responder aos comandos, ele entrega o que promete.
Segundo o fabricante, o X3s é ideal para os praticantes de exercícios ao ar livre, pois ele possui certificação IP55, o que o torna resistente à poluição das grandes cidades e à chuva.

A maior preocupação do usuário na prática de esportes é se o fone cairá ou não. Para torná-lo seguro, a Edifier oferece ponteiras de silicone para o encaixe perfeito na orelha, assim como para melhorar o isolamento acústico externo.
O estojo de carregamento é eficaz e seguro, ainda que de plástico, como o fone.

Para acionar o fone, o usuário só precisa memorizar a quantidade de toques para cada função. Com um toque, você reproduz a música, pausa e também atende as suas chamadas. Com dois toques, você avança a música (direito) e retrocede (esquerdo). Nos três toques, você aciona o assistente de voz (direito) ou modo de jogo (esquerdo). E quando você toca e segura, você aumenta o volume (no direito) ou diminui (no esquerdo). E, finalmente, tocar e segurar por mais de 3 segundos, você rejeita ou desliga a chamada.

Li que alguns usuários tiveram problema com a transmissão enquanto tocavam música. Eu felizmente não tive esse problema, mesmo com o celular distante (até 2 metros) dos fones.

O X3s vem com uma autonomia de 8 horas, o que para mim foi mais do que suficiente, e em volumes seguros como ouço, ele passou, nos primeiros dias, de 8 horas. Agora, se você ouvir no talo, certamente nem 8 horas de autonomia você terá.

Para sua faixa de preço, o X3s é surpreendente (como Bluetooth), pois ainda que em volumes seguros, o equilíbrio tonal tende mais para soar um pouco escuro, melhor assim do que termos agudos estridentes e brilhantes, e graves de uma nota só.

Em boas gravações é possível um bom grau de inteligibilidade, sem no entanto termos detalhes sutis de microdinâmica e texturas.

Os graves se comportam equilibrados, e o médio-grave, se tivesse um pouco mais de corpo, ajudaria muito nos volumes corretos.

Acho que a opção dos engenheiros da Edifier foi por não ‘turbinar’ os graves, com o risco de comprometer a região média.

Como nunca ouvi ou testei um fone Bluetooth hi-end, não sei dizer se essa questão do equilíbrio tonal é ainda um obstáculo dessa tecnologia, ou opção de equalização dos fabricantes. Realmente não sei dizer.

O fone é confortável, não incomoda no ouvido, e a ponteira certa no ouvido realmente isola o ambiente externo de maneira eficaz.

CONCLUSÃO

Eu quero que você, assíduo leitor da Audiofone, acredite que estamos nos esforçando para achar fones bons e baratos, para compartilhar com vocês.

No entanto, algumas premissas precisam existir. A primeira delas é a questão do equilíbrio tonal. Sem o melhor equilíbrio possível, nunca será possível ouvirmos em volumes seguros e ainda assim ser uma audição prazerosa.

Segunda premissa: os fones sem fio Bluetooth ainda tem muito que evoluir em termos de equilíbrio tonal e refinamento. Estão caminhando? Sim, mas ainda existem etapas básicas a serem alcançadas. A sensação que tenho quando escuto um fone via Bluetooth, é que a música tem um componente ‘artificial’, deixando os timbres, texturas, sensação de ambiência, sem naturalidade.

É algo semelhante ao que tínhamos no início da era digital. Lembro que meu primeiro contato com um CD-Player ocorreu com uma gravação de um flautista, e que o timbre de sua flauta tinha tão pouco invólucro harmônico, que soava dura e estridente.

Os fones Bluetooth atuais já passaram dessa etapa, mas ainda têm um componente que faz com que soem com um sutil grau de artificialidade.

No entanto, se para o seu gosto musical isso é irrelevante, e você deseja apenas um fone bom e barato que lhe dê liberdade de movimento, autonomia de 8 horas de música e que permita ouvir satisfatoriamente em volumes seguros, você deveria ouvir o Edifier X3s. Pois ele atende a essas prerrogativas sem levar sua carteira ou estourar sua conta bancária.

Nota: 66,0
AVMAG #295
Edifier
atendimento@lojaedifier.com.br
(11) 5033.5100
R$ 249

FONE DE OUVIDO EDIFIER W820NB PLUS

Fernando Andrette

Eu sempre fui movido por desafios. Quando criança, meu pai saia comigo e propunha o desafio de selecionar na multidão duas ou três vozes, a céu aberto. Eu sempre dava um jeito de buscar uma quarta ou quinta mais distante do ponto em que me estabelecia para executar o exercício de apurar a percepção auditiva.

Quando adolescente, nas sessões da meia-noite no Teatro Municipal de São Paulo, eu simplesmente fechava os olhos junto com as luzes do teatro se dissipando, e fazia a mais intensa imersão no que iria ser apresentado.

Era desafiador ouvir instrumentos ao vivo que só conhecia em discos, e escolher alguns para seguir suas linhas melódicas.

Então, quando hoje me proponho a buscar fones de ouvidos com a melhor relação preço/performance em uma determinada categoria, acredite leitor, eu levo muito a sério essa proposta.

Pois sei que muitos de vocês que estão nos lendo, estão ávidos por dicas de fones que sejam bons e baratos!

O que me incomoda muito nesse meu desafio, é que não consigo ouvir tudo que o mercado oferece, pois muitos fabricantes se negam a nos enviar seus produtos, pois nos julgam ‘elitistas’ ou criteriosos demais.

No entanto, eles enviam sem receio para canais de avaliação que simplesmente não possuem critério algum para avaliar fones e conseguem criar muito mais dúvidas do que dar respostas claras.

Um bom exemplo?

Esse fone da Edifier modelo W820NB Plus, que antes de solicitar ao fabricante seu envio, fui ler tudo que havia sido escrito no mercado, e as conclusões são tão antagônicas que se eu fosse um consumidor na busca de um fone até 500 reais Bluetooth com cancelamento de ruído, provavelmente não o escolheria.

Vou dar alguns exemplos bizarros que li. Um teste começa por comparar com um fone que não existe aqui no mercado, e que importando legalmente vai custar mais de 500 reais. Aí o sujeito, no final, diz que o Edifier não poderia custar mais de 400 reais, pois ele não tem bolsa para transporte e só sua concha dobra, e em termos de performance lhe falta grave!

E realmente não faço a menor ideia de onde o cara chegou à conclusão que falta grave nesse fone!

Mas, isso não é tudo. Outro o compara com um modelo da Sony, só que também é mais caro que esse Edifier, e novamente volta a citar que seu acabamento todo de plástico não pode ser comparado com um fone com haste de metal.

Façamos um exercício aqui. Esqueça que estamos falando de fones, troquemos para carros. Faz algum sentido falar para o consumidor que o carro básico que ele está comprando, por só ter dois airbag de fábrica não é bom? Ou que seu painel é muito restrito em termos de informações?

Isso, na minha opinião, é ‘procurar pêlo em ovo’, e tentar justificar a sua incapacidade de avaliar realmente a performance do produto dentro de sua categoria. Pois, para uma avaliação precisa de performance, é necessário critério e conhecimento – e não achismo ou gosto pessoal.

Vou começar pela minha conclusão: o Edifier WB820NB Plus é uma bela surpresa na faixa até 500 reais.

E se você deseja um fone confortável, com quase 50 horas de autonomia, leve, fácil de manusear, com um cancelamento de ruído eficiente e, o mais importante: uma performance surpreendente para seu preço e por ser um Bluetooth, então meu amigo, o senhor achou seu presente de Natal!

Vamos falar de ergonomia? Suas conchas são de plástico como todo o fone, e suas espumas são uma imitação de couro. Os comandos estão no fone direito, e são eles: volume, play/pause, emparelhamento e a conexão USB.

Nos fóruns, as reclamações dos usuários foram que os comandos ficam muito próximos, e a falta de um conector para cabo auxiliar P2 seria de bom grado. Alguns usuários também gostariam que no aplicativo Edifier Connect, que você pode baixar em seu celular, as funcionalidades, tivesse um equalizador para esse modelo (algo que admirei a coragem da Edifier em não oferecer, pois ele não precisa, acredite meu amigo).

O aplicativo para esse modelo oferece menus para ligar e desligar, cancelamento de ruído, modo som ambiente, além de checar o nível da bateria e ativar o modo Game.

Por ser bastante leve, eles se encaixam bem sem causar aquela sensação que pode cair da cabeça em algum movimento brusco. Mesmo usando óculos com ele na cabeça, não existe aquela sensação que não existe espaço físico para dois objetos no mesmo ponto da orelha, rs.

Seu equilíbrio tonal é a grande surpresa para um fone Bluetooth nessa faixa de preço, e vai deixar muito fone ‘descoladinho’ de até 2000 reais em sérios apuros para justificar seu preço (a não ser que o de 2000 reais, seja todo de metal e espumas de couro legítimo italiano).

O que sempre digo, quando testamos fones sem fio, é que a tecnologia está evoluindo a passos largos, mas ainda faltam duas coisas primordiais: maior extensão em ambas as pontas e um maior arejamento.

De resto, o Edifier tem graves corretíssimos (sem nenhum excesso ou coloração que deixam os graves soando como de uma nota só), com velocidade e o mais importante, definição.

Exemplar todos os solos de contrabaixo que ouvi para definir a qualidade das baixas frequências, tanto acústicos, como os elétricos em gravações do Jaco Pastorius.

A região média todos os bons fones sem fio já tiram de letra. O que nos agradou muito nesse Edifier, foi que sua região média está muito bem encaixada, deixando o equilíbrio tonal soar muito natural. Os timbres são ricos, detalhados e com enorme inteligibilidade.

Costumo afirmar que prefiro mil vezes um agudo com menos extensão na ponta, do que brilhante e metalizado. O W820NB Plus, felizmente, é dessa categoria em que os agudos estão lá de maneira correta, mas por questões de tecnologia e não de deficiência do projeto, carecem de maior extensão.

Talvez você tenha dificuldade de entender o que eu quero dizer com Extensão. Vamos lá!

Existem duas maneiras de você avaliar esse quesito, o primeiro é se temos extensão suficiente, se percebemos sem esforço o ambiente em que a gravação foi realizada – ou, traduzindo, o tamanho da reverberação da sala. E se essa reverberação é real da sala de gravação, ou manipulada digitalmente por um reverb.

Quando falta esse arejamento, temos a impressão que todas as gravações que escutamos foram realizadas sempre na mesma sala, ou em espaços físicos muito semelhantes.

Isso incomoda? Não, mas tira um pouco da beleza de observarmos os decaimentos e a capacidade de ouvirmos o respiro de naipes de instrumentos como os metais em fortíssimos, ou a magia das notas ainda ecoando de um órgão de tubos.

Aí você pode estar pensando: “mas eu não ouço nenhum desses exemplos”! O ceifamento das altas em rock mal captado e intensamente comprimido, leva a termos menor inteligibilidade de todos os pratos usados pelo baterista, e lembre-se: menor inteligibilidade, maior fadiga auditiva!

Como contornamos isso nos fones sem fio? Tem uma maneira sim, meu amigo, sabe qual é? Ouvir nos volumes seguros!

E se o fone sem fio permite isso, como esse Edifier, parte do problema foi resolvido.

As texturas, graças ao ótimo equilíbrio tonal, são muito bem apresentadas, sendo um deleite ouvir qualquer gravação com vozes e instrumentos acústicos. Você vai se surpreender com a qualidade na apresentação das texturas desse fone.

Os transientes são impressionantemente corretos – seja o gênero musical que você apreciar, tempo, andamento e ritmo estarão perfeitamente vincados e precisos.

A micro-dinâmica, mesmo em volumes reduzidos, na calada da noite será ouvida, e as escalas crescentes de dinâmica, idem. É muito bom quando não sentimos dificuldade de ouvir os crescendos dinâmicos, em volumes seguros, e observarmos como aquela passagem ficou bem resolvida sem nos incomodar ou termos que redobrar nossa atenção para não termos que correr para baixar o volume.

Quando a tecnologia de fone sem fio resolver a questão da extensão nas pontas, e o acontecimento musical ganhar maior arejamento, certamente a sensação dentro de nossa cabeça, da materialização física, ocorrerá mais frequentemente.

Tive que ouvir todos os nossos 10 exemplos para fechar a nota de organicidade, para ter a sensação em uma única gravação que o cantor José Cura estava no meio do meu crânio!

Talvez meu cérebro tenha, através dos anos, ficado muito exigente, vai saber!

Musicalidade: sim, meu amigo, será muito prazeroso passar algumas horas apreciando música em volumes seguros com esse fone. Você ficará surpreso o quanto ele é esforçado em te seduzir, por um preço tão justo.

CONCLUSÃO

Aos que ambicionam um fone sem fio com todas essas qualidades, e dispõem de 500 reais para realizar esse desejo, não precisa procurar mais.

O W820NB Plus possui qualidades consistentes para ser uma referência nessa modalidade, e com pedigree suficiente para ‘beliscar’ concorrentes que custam até o dobro do seu preço.

Altamente recomendado!

Nota: 75,0
AVMAG #301
Edifier
atendimento@lojaedifier.com.br
(11) 5033.5100
R$ 450

FONE DE OUVIDO EDIFIER WH950NB

Fernando Andrette

O público da Audiofone é tão distinto da AV Magazine, que se tivesse que descrever como eles se comportam eu diria que são totalmente antagônicos, tanto na maneira de interagir com e revista, como de produzir e enviar suas dúvidas.

Para responder ao público da Audiofone, muitas vezes tenho que recorrer aos meus filhos para entender as abreviações feitas em suas mensagens, já que eles fazem uso regular dessa linguagem em todas as suas comunicações.

Enquanto o público da AV é coloquial, detalhista e muitas vezes cheio de ‘pré-conceitos’, o leitor da Audiofone é despojado (rs) e desconfiado. Pois eles pesquisam muito, mas sem muito critério, e acabam ouvindo inúmeras informações bastante contraditórias e equivocadas.

O que percebo é que, à medida que esse consumidor entende o que defendemos e como funciona nossa linha editorial, se estabelece uma ponte de comunicação mais sólida e eficaz.

Tenho inúmeras pastas com sugestões, dúvidas e solicitações desses novos leitores, e estamos, à medida do possível, tentando atender a todas as reivindicações – que são inúmeras e múltiplas!

Para a escolha do fone deste mês, levei em consideração uma das solicitações mais recorrente que temos recebido: testar mais fones até 1000 reais que atendam a nossa linha editorial do mais equilibrado tonalmente para se escutar em níveis seguros de audição, mas que também tenham a opção de conectar via Bluetooth e cancelamento de ruído (um recurso indispensável pelo visto nas grandes metrópoles e em residências cada vez menores e feitas com paredes de gesso).

Confesso que atender a todas essas ‘frentes’ com eficiência, não foi tarefa das mais fáceis, mas acabamos achando um fone da Edifier que, para nossa surpresa, não só atende a todas essas necessidades como, ainda por cima, encontra-se no limite dos fones abaixo de 1000 reais!

O Edifier WH950NB vem em uma excelente embalagem, e pode ser tranquilamente e com segurança transportado dentro de uma mochila. E além de uma boa reprodução em Bluetooth, ele vem com um cabo decente para audições ainda mais criteriosas.

Com uma estrutura toda de plástico, é um fone leve e com excelente encaixe na cabeça e nas orelhas. Seu formato é perfeito para isolar o ouvinte do ambiente externo de maneira eficaz e com a vantagem da possibilidade do cancelamento de ruído para audições em longos voos, ou em ambientes excessivamente barulhentos. As espumas parecem ser resistentes, ainda que sejam confortáveis e macias.

Nossos leitores sabem o quanto me incomodo com fones pesados, e nesse aspecto o Edifier me permitiu ouvir música por mais de duas horas sem fadiga física.

A Edifier foi meticulosa nas soluções de design, permitindo que o fone possa ser dobrado, para deixá-lo ainda mais compacto e facilitar o seu transporte. E o fabricante criou uma bolsa para esse transporte de boa qualidade.

Os botões de comando ficam todos (no total quatro) posicionados no fone direito, permitindo uma memorização fácil de cada um dos comandos. Os comandos ligam e desligam o modo Bluetooth, controlam o volume e acionam controle de anti ruído (ANC).

Segundo a Edifier, esse é um dos modelos mais vendidos no mundo e, para conquistar um lugar de destaque nesse mercado tão competitivo, os engenheiros investiram em recursos de ponta para proporcionar uma performance de maior qualidade, mesmo na transmissão sem fio.

Uma informação importante é que esse fone só funciona via Bluetooth no sistema Android, sendo preciso configurar essa opção no aplicativo Edifier Connect, disponível na Google Play Store.

Um dos recursos que merece nosso aplauso é o Safe Volume, que fixa a altura máxima para que não ultrapasse os níveis sugeridos pela OMS. Esse recurso pode ser ativado ou desativado no app.

Testamos todos seus recursos, utilizando alguns celulares reproduzindo Tidal e, também, em nosso amplificador de fone do Classic Nagra, para ouvir tanto Streamer, como mídias físicas analógicas e digitais.

Ainda que ouvir no modo sem fio tenha nos surpreendido pelo seu bom equilíbrio tonal, se o consumidor desejar tirar o melhor proveito desse fone, use seu cabo – ele é leve, não incomoda, e o melhor: melhora consideravelmente a performance do fone em tudo.

Outro excelente recurso é o modo Ambiente, que permite você conversar com as pessoas, ouvir os ruídos da rua de carros e buzinas, sem precisar tirar o fone.

A Edifier se gaba de possibilitar, no sistema sem fio, o modo Hi-Res Wireless, que em outros concorrentes só é possível com o uso do cabo. E reconhecemos que seus esforços foram um degrau acima. Mas, como disse, ainda não é do mesmo nível de ouvir com o cabo.

São escolhas que o usuário deve fazer, e certamente extrair toda sua performance dependerá do estilo de música que cada um escuta.

Sei que, para a esmagadora maioria dos consumidores que optaram por fone sem fio, um enorme diferencial é a vida útil da bateria. Pois bem, o fabricante fala em autonomia de 55 horas com o ANC desligado, e 34 horas com o ANC ativado. Acredito que seja tempo suficiente (mesmo em longas viagens intercontinentais, para recarregar os fones sem ficar na ‘mão’ no meio da viagem).

Pedi para o meu filho fazer o teste de autonomia, e ele deixou o fone 24 horas reproduzindo música e o consumo da bateria foi de 48% (isso com o cancelamento de ruído desligado). Com ele ligado, o consumo da bateria chegou a 74%.
O importante aqui é dosar o volume para estender a autonomia da bateria, não passando de 40 a 50% do volume claro.

Para a avaliação e aplicação de nossa Metodologia, usamos ele conectado ao seu cabo. E gostamos do que ouvimos.
Em volumes corretos, seu equilíbrio tonal é bom e não haverá necessidade de aumentar o volume para se ouvir corretamente os graves e um bom corpo, peso e energia no médio-grave. Sua região média tem boa inteligibilidade, e os agudos têm boa extensão e arejamento suficiente para não deixar a audição fatigante.

As texturas de cada instrumento são bem apresentadas, e com enorme facilidade de se reconhecer técnica de execução do instrumento e intencionalidade. Ouvindo o quinteto de sopros Calefax Reed Quintet – An American Rhapsody, foi muito bem definida a entrada solo do clarinete em Rhapsody In Blue – faixa 1. Essa é uma gravação que identifica com precisão os fones com bom equilíbrio tonal, para uma melhor apresentação de texturas, dos fones deficientes nesses dois quesitos. E ouvir esse disco ainda lhe dá a oportunidade de memorizar a diferença entre o som de um clarinete, oboé, clarone, fagote e sax que muitos de nossos leitores têm enorme dificuldade em reconhecer.

E o Edifier passou no teste com folga!

A resposta de transientes, além de precisa, é impecável na apresentação de ritmo e tempo, permitindo acompanhar sem esforço variações complexas de tempo em discos como do baterista Vinnie Colaiuta – o de capa cinza – em que ele brinca o tempo todo com subdivisões de quebrar o quadril.

A variação dinâmica é boa, sem enormes arroubos entre o pianíssimo e o fortíssimo, o suficiente para você entender a intencionalidade da obra. Isso em volumes seguros, OK? Pois em volumes acima, além de você poder danificar sua audição, você irá ganhar alguns sustos (se você gostar mais de tomar susto do que preservar sua audição).

Quanto a materializar o acontecimento musical plenamente na sua cabeça, o custo para se ter um fone com essa qualidade é um pouco mais vultoso, mas o Edifier nas gravações excepcionais tecnicamente chega bem próximo a essa magia.

E quanto à Musicalidade: sim, ele em volumes corretos (sempre), permite longas audições sem fadiga auditiva. Um enorme feito para um fone com tantos recursos e abaixo de 1000 reais.

CONCLUSÃO

Se você busca um fone que ofereça reprodução sem fio, cancelamento de ruído, modo Ambiente, conforto ergonômico e uma reprodução bem correta com fio, por menos de 1000 reais, esse Edifier merece ser ouvido com muita atenção.

Acho que você irá se surpreender, como nós fomos.

Pois confesso que, ao escolher e solicitar esse fone para teste, achei que estaria atendendo mais aos leitores que desejam todo esse pacote, do que ouvir uma performance tão honesta e um projeto tão meticuloso.

Em um segmento tão competitivo, ter todos esses recursos de forma tão coerente e eficaz é um grande mérito sem dúvida!

Nota: 75,0
AVMAG #294
Edifier
atendimento@lojaedifier.com.br
(11) 5033.5100
R$ 999

FONE DE OUVIDO GRADO PRESTIGE SERIES SR125X

Fernando Andrette

Testamos na edição 265, o Grado SR125e Prestige, e ele recebeu 62,5 pontos. Para um fone que lá fora custa menos de 190 dólares, e tem uma legião de admiradores e bons reviews, não deve ser muito fácil definir o instante em que se deve avançar.

O que percebi nitidamente no modelo 325, e para a nova versão X, foi que as mudanças não foram apenas ‘cosméticas’ e sim audíveis. E, no entanto, eu não me senti 100% tentado a fazer esse upgrade, já que possuo há anos o 325e.

Já escrevi, a cada novo teste de um fone Grado, que esse é um produto que você ama ou detesta, não existindo meio termo. Por seguir um conceito de fone aberto (como diria um amigo músico: “escancaradamente aberto”), não é um fone para se ouvir na rua e, mesmo em casa, será preciso estar cercado de privacidade para que os outros a sua volta não se sintam incomodados.

E temos ainda o lado estético, já que seu design retrô anos 50 é bastante questionável! Ainda assim, a Grado está presente na cabeça dos consumidores desde 1953, o que poucas empresas concorrentes podem se orgulhar.

Então, aos leitores que nunca ouviram um fone Grado, a pergunta óbvia é: o que tem um fone Grado para agradar a tantos? Uma assinatura sônica cativante em que a região média é extremamente privilegiada, fazendo com que inúmeras nuances e intencionalidades se tornem mais evidentes.

Os amantes de vozes em qualquer gênero musical, se tornarão fãs incondicionais dessa assinatura.

O meu 325e, o tenho há mais de uma década, para ouvir justamente música cantada de inúmeros gêneros musicais. E sempre me impressiono o quanto ele ainda é uma excelente ferramenta para gravações que muitas vezes são inaudíveis em fones mais ‘contemporâneos’.

Quando eu estou naqueles finais de semana em que revisito minha coleção de MPB dos anos 60 a 80, ele continua sendo a opção que melhor coordena uma variedade tão distinta de gravações tecnicamente tão díspares. Pois já passei do tempo de ouvir discos tão maravilhosos artisticamente e ficar lamentando terem sido tão mal gravados!
O meu 325e é a saída para separar o artístico do técnico, e curtir apenas o essencial.

O Prestige SR125x foi lançado no auge da Pandemia, e por tanto seus reviews ainda hoje são poucos. E os poucos que li, foram feitos por usuários que comparam sua sonoridade com fones muito mais caros, como o Sennheiser HD 650, o que na minha opinião mais confunde do que esclarece.

Mas, enfim, isso é o que mais encontramos em fóruns em que os participantes comparam parafusos redondos com porcas quadradas!

Segundo o fabricante, as mudanças foram pontuais com a utilização de drives que eles chamam de ‘quarta geração’, com um novo conjunto magnético mais potente, uma bobina de voz com massa efetiva reduzida e um diafragma reconfigurado, agora de 44 mm com uma melhora substancial na eficiência, e menor distorção, preservando a integridade harmônica de maneira audivelmente superior em relação a série E.

Os cabos e a faixa da cabeça foram redesenhados. O cabo de 8 mm utiliza cobre super recozido, para maior pureza do sinal, e a nova faixa de apoio na cabeça finalmente possui um pouco mais de amortecimento para deixar o fone mais confortável.

No entanto, quando em movimento, ouvindo-o fiquei sempre com a sensação que ele poderia cair da cabeça. O que para mim continua sendo uma idiossincrasia é a insistência em usar cabos tão grossos, que ficam enrolando e esteticamente não combinam nada com o peso de seus fones. Não é possível que a Grado não consiga colocar cabos de menor diâmetro em seus produtos sem perder a qualidade.

Ao contrário das dúvidas que ficaram ao final do teste do 325x (em que gostei de certas melhorias e outras nem tanto, sonicamente), gostei de todas as alterações realizadas no 125x em relação a série E.

Em relação a série anterior, o novo 125x ganhou maior arejamento, permitindo que a música ‘flua’ de maneira mais relaxada.

Isso beneficia ainda mais os solistas permitindo que tenhamos uma concentração ainda mais focada e nos permita observar atentamente o acontecimento musical.

Os médios continuam sendo o ápice de sua assinatura sônica, no entanto as pontas ganharam melhor extensão e definição, deixando tonalmente o 125x mais correto e coerente. Os amantes de gravações de piano solo, irão se surpreender o quanto essa maior extensão nas pontas deixou o 125x muito mais atraente.

As texturas são impressionantes para um fone nessa faixa de preço, pois conseguimos acompanhar todas as vozes sem nenhum esforço, e observar como um espectador privilegiado todas as nuances de intencionalidade de execução e da escrita musical.

Os transientes são precisos o suficiente para acompanharmos toda e qualquer variação de tempo no andamento rítmico. Um deleite auditivo!

A dinâmica, dentro dos volumes de segurança, é bastante correta, nos mostrando a mudança de intensidade sem parecer abrupto ou engolindo degraus.

A sensação da música dentro de nossa cabeça é bem ‘organizada’, e nas gravações tecnicamente bem feitas, o resultado será convincente.

Musicalmente o 125x me conquistou por dois aspectos: a segurança plena de se ouvir tudo em volumes seguros, com enorme prazer e interesse, e pela sua maior extensão nas pontas em relação ao modelo anterior, ampliando ainda mais seu poder de sedução que, antes, se baseava na sua impressionante região média.

CONCLUSÃO

Afirmo que o novo Grado Prestige SR125x é seguramente um avanço consistente da empresa, e irá conquistar muitos novos consumidores com certeza.

Por ser um fone aberto, reitero que é indicado para uso restrito dentro de casa, em um espaço reservado. Suas evidentes qualidades possibilitarão audições profundamente imersivas e prazerosas, que muitas vezes gastamos o triplo para se alcançar tão desejado resultado.

Se ele cabe no seu orçamento, e seu desejo é possuir um fone que lhe dê a segurança de ouvir sua música em volumes seguros e desfrutar de todos os detalhes, ele é uma interessante opção!

Nota: 75,0
AVMAG #300
KW Hi-Fi
fernando@kwwifi.com.br
(11) 98369.3001 / 99471.1477
R$ 1.400

FONE DE OUVIDO SENNHEISER MOMENTUM 4 WIRELESS

Fernando Andrette

Sei que, como eu, existe uma legião de admiradores desta marca lendária. Ao longo de minha vida, possui inúmeros modelos e atualmente ainda faço uso do HD 800, como uma de minhas referências.

No entanto, terei que pedir desculpas a todos os nossos leitores que possuem o Momentum 3, pois eu nunca o escutei. Falo isso, pelo fato de ter visto que em todos os testes do novo modelo 4, os revisores citam e compararam com o Momentum 3, sendo que as críticas à nova versão, vão desde o acabamento (substituição do couro natural pelo sintético, troca da estrutura de metal por plástico, para deixá-lo mais leve, não dobrar para viagens) até sonoramente, já que alguns revisores, gostam mais da região média do 3.

Não podendo fazer esse comparativo, me restou apenas focar e aplicar nossa Metodologia na avaliação do atual fone, OK?

Gostei muito da embalagem, da apresentação do produto, e ao ter o primeiro contato com o Momentum 4 Wireless, apreciei seu acabamento, seu conforto e peso na cabeça, sua facilidade de ajuste, controles sensíveis à mão em um simples toque, e como sem o uso ativo do cancelamento de ruído ele já isola o ambiente externo.

Sua autonomia de 60 horas me pareceu excelente, assim como ele é rápido e preciso aos comandos, para alterar volume, controlar a reprodução da música, ligar e imediatamente reconhecer automaticamente o celular, e a pausa da reprodução ao retirarmos o fone da cabeça.

Nas ligações, a inteligibilidade é excelente e o alcance do sinal é bem grande, pois em alguns momentos cheguei a me afastar por quase 10 metros do celular sem perdas.

As críticas que mais li foram a região média ser mais recuada que no modelo anterior, e os graves terem mais peso que na versão Momentum 3. Alguns até chegaram a afirmar que o novo Momentum perdeu um pouco da assinatura sônica que tinham da série HD.

E eu realmente fico com os dois pés atrás, pois estamos falando de fone Bluetooth, que pode até ser ligado a um cabo que vem com o produto, mas que se mostrou não ser a melhor opção para ele.

Com o Momentum 4, se você deseja extrair o melhor, não utilize o cabo, nunca!

Então vamos à principal pergunta, que acredito que todos vocês fariam: vale um investimento de 2.500 reais? (preço médio que achamos no mercado).

Se você precisa de um fone com cancelamento de ruído, seja por inúmeras viagens, ou por viver em ambientes com alto índice de poluição sonora, e você abriu mão de fones com fio, diria que o Momentum 4 Wireless é uma ótima opção.

Pois tem virtudes suficientes para merecer estar em sua lista de um futuro upgrade.

Vamos a elas.

Independente das críticas à troca de materiais da edição anterior para a atual, sua construção é impecável, as almofadas são confortáveis, as possibilidades de ajustes fazem com que o fone se encaixe perfeitamente na cabeça, e não é preciso ligar o cancelamento de ruído para se ter um bom isolamento externo. Seus comandos são precisos, sua autonomia está entre as melhores do mercado e, o que mais interessa – performance – essa também é de alto nível.

Aliás, diria que de todos os fones Bluetooth por nós testados nos últimos 12 meses, o Momentum 4 é o melhor!

Com esse conjunto de qualidades, acredito que tenha respondido parte da pergunta inicial, se vale ou não esse investimento.

Agora vou me debruçar nos quesitos de nossa Metodologia.

Seu equilíbrio tonal é o melhor de qualquer modelo Bluetooth por nós já testado, tanto que ele atingiu a maior nota nesse quesito de todos os fones sem fio já avaliados aqui na revista.

Discordo quem achou que sua região média soe recuada, o que realmente fica nítido é que existe uma coerência e uma perfeita harmonia entre os graves, médios e agudos.

Ele não é absolutamente plano, e isso ficou claro ao fazermos a varredura de 20 Hz a 20kHz, mas sua resposta é bastante plana entre 30 Hz e os 12kHz, com variações de menos de 2 dB nessa faixa tão repleta de informações. Isso permite um conforto auditivo grande e o que mais nos importa e defendemos: ouvir nossa música em volumes seguros.

Nunca foi preciso, em nenhum gênero musical, ultrapassarmos os volumes seguros para termos que recuperar alguma informação musical, seja de micro-dinâmica ou de texturas.

E aí vem a resposta aos que acham que os médios são recuados. Pois se isso fosse verdade, nos volumes seguros, como por exemplo os primeiros 12 compassos do Bolero de Ravel, teríamos que aumentar o volume, para à medida que a dinâmica cresce, ir baixando o volume.

E não foi preciso fazer uso desse expediente para constatar, antes mesmo de avaliar a resposta de frequência, que o fone se mostrou amplamente plano desde o grave até o agudo.

As texturas são altamente dependentes do equilíbrio tonal, e pela qualidade tonal, a apresentação de cada linha melódica em grandes grupos orquestrais não exigiu nenhum esforço adicional para acompanhar.

Pegue como exemplo o Segundo Movimento da Sétima de Beethoven: as linhas melódicas dos contrabaixos, cellos, violas e violinos, que abrem esse movimento. É um exemplo magistral para se avaliar texturas de qualquer fone ou equipamento. E quando entram os tímpanos, madeiras e metais, se as texturas não estiverem perfeitamente sustentadas por um excelente equilíbrio tonal, é uma catástrofe acompanhar cada linha melódica dos diversos naipes orquestrais.

Veja, amigo leitor, como é preciso ter referências seguras do que ouvir para podermos falar com segurança sobre qualquer produto em teste. E saber como esses instrumentos soam ao vivo, para podermos dizer se na reprodução eletrônica existe semelhança e fidelidade deles com o real!

O que no fundo estou tentando lhes mostrar, é que o Momentum 4 não tem médios recuados, de maneira alguma! Pois se tivesse, nesse exemplo da Sétima Sinfonia de Beethoven seria um caos ouvir esse Segundo Movimento.

Os transientes do Momentum 4 são fabulosos! Para um fone sem fio! Para fechar a avaliação desse quesito, usei uma gravação espinhosa para fones, até mesmo mais caros: a Symphony No.4 – ‘The Jungle’, do trompetista Wynton Marsalis. O Primeiro Movimento, que nos primeiros 20 compassos tem uma alteração estonteante de andamento, com as percussões determinando o tempo e a dinâmica dos sopros e cordas. Em fones com problemas de resposta de tempo e andamento, essa variação dinâmica e de andamento pode parecer cansativa ou confusa.

Agora, quando tudo está no seu devido lugar, é um deleite acompanhar a genialidade da composição e a execução.
Wynton Marsalis é um gênio como instrumentista, arranjador e compositor, meu amigo! Se lhe resta alguma dúvida, ouça essa sua obra sinfônica. Ela está no nosso Playlist deste mês!

Essa mesma gravação também usei para fechar a nota tanto de micro e quanto de macro-dinâmica. Novamente o Momentum 4 nos surpreendeu, pois seu silêncio de fundo com seu ótimo equilíbrio tonal é a base para tão alto grau de transparência e apresentação de micro-dinâmica. E a macro, mesmo em volumes seguros, é precisa e impactante!

A materialização física dentro de nossa cabeça, com o Momentum 4, só ocorrerá nas gravações primorosas tecnicamente – mas isso não tira nenhum dos seus méritos, pois seu grau de conforto auditivo é realmente muito convincente.

E sua musicalidade, com isso, está absolutamente garantida!

CONCLUSÃO

Se você lê a revista toda e não só a Audiofone, sabe que mantenho um embate ‘explícito’ com o nível que o streaming de música se encontra em relação a mídia física, na AV Magazine, e aqui entre os fones com fio e os Bluetooth. E ao testar o Edifier mês passado, e agora esse Sennheiser, tenho que admitir que aqui a evolução dos fones sem fio está ficando algo sério e consistente!

Ambos, pelo fato de não concorrerem por estar em categorias distintas, mostram o quanto está evoluindo a passos rápidos os fones sem fio.

O que é uma ótima notícia aos que já abraçaram essa ideia!

O Sennheiser Momentum 4 merece fechar o ano como nossa nova Referência em fone sem fio, a ser batida pela concorrência em 2024, e estará certamente entre os Melhores do Ano, independente de sua topologia.

Com a confirmação da Sennheiser no Workshop Hi End Show , nossos leitores poderão ouvir essa joia.

Nota: 82,0
AVMAG #302
Sennheiser
www.sennheiser.com
R$ 2.780

FONE DE OUVIDO BOWERS & WILKINS PX8

Fernando Andrette

Na edição 264, nosso colaborador Juan Lourenço testou a versão Px7, e na apresentação do produto ele nos lembra do grande feito do fabricante Inglês, já que produzir fone de ouvido Bluetooth e com cancelamento de ruído ativo com pretensões hi-end, é uma tarefa que exige domínio tecnológico e uma implementação eficaz desses recursos.

O Px7 foi um sucesso de público e crítica, e colocou a linha PX da Bowers & Wilkins na linha de frente junto com a Focal e a T+A, duas marcas bastante em evidência no mercado hi-end.

O Px8 mantém o design elegante e bem acabado do Px7, com avanços centrados, acima de tudo, na performance no novo modelo. O couro Napa que é utilizado na faixa da cabeça e nos protetores do ouvido, além de extremamente agradável, é confortável e reduz com eficiência o ruído externo, ainda que o fone esteja desligado.

Você pode escolher a versão em preto (o que nos foi enviado), ou a versão McLaren comemorando a parceria em que os carros dessa montadora são equipados com sistemas de áudio Bowers & Wilkins desde 2015. Nesse caso, o acabamento em cinza galvânico possui detalhes em laranja papaia, inspirados nos primeiros carros de corrida do fundador Bruce McLaren, ou no modelo comemorativo ‘aniversário diamante’ em couro Midnight Blue, em homenagem ao smoking usado pelo personagem James Bond em sua primeira aparição em 1962. Nessa versão, além do couro exclusivo, a parte em metal possui detalhes e o clássico logotipo 007 na parte superior, e um controle deslizante vermelho exclusivo (veja foto dos três modelos e preços no final do teste).

Em termos de performance não há nenhuma diferença entre as três versões.

Seu peso final é de 320 gramas, deixando-o ainda mais confortável, e a faixa permite que o peso seja muito bem distribuído na cabeça. Esse, na minha opinião, é um dos pontos fortes desse fone.

Internamente, em relação ao Px7, foram feitas profundas modificações, começando no material do cone de 40mm e do uso de fibra de carbono no lugar da biocelulose do Px7. Segundo o fabricante, esse novo cone é mais leve e mais rígido, reduzindo significativamente a distorção e melhorando a transparência e a inteligibilidade.

O Px8 mantém o Bluetooth 5.2, com a compatibilidade aptX Adaptive, o uso de quatro microfones para o cancelamento de ruído e mais dois para a captação de voz em chamadas telefônicas.

A bateria não sofreu alteração, mantendo a duração de 30 horas sem precisar recarregar, o que dá ao usuário uma autonomia de mais de um dia, caso esteja em longas viagens intercontinentais. Outra escolha assertiva, foi manter os micros botões, em vez de seguir a nova tendência de toques rápidos em um único comando.

Fácil de decorar, e os controles pela sua precisão ajudam muito a não trocarmos os comandos.

Os comandos, no fone de ouvido esquerdo, alternam entre as opções de cancelamento de ruído – ligar ou desligar – e ativar o assistente de voz.

No aplicativo Bowers & Wilkins Music é possível ajustar os controles de grave e agudo com a possibilidade de utilizar plataformas como o Tidal, QoBuz e Deezer.

O Px8 vem em uma embalagem elegante, e uma bolsa resistente e de bom acabamento para proteger o fone na mochila. O fabricante disponibiliza um cabo USB-C para 3.5mm, caso você não queira usar o Bluetooth. Vi várias discussões em fóruns de usuários que gostariam de uma melhor opção desse cabo, pois ele se mostrou inferior ao Bluetooth, mas tenho a nítida impressão que isso foi pensado pelo fabricante, pois o objetivo é que o usuário desfrute das suas virtudes como um fone sem fio.

Seu cancelamento de ruído achei muito bom, nos deixando quase que completamente isolados do mundo externo.

Sua sonoridade com o cabo realmente é inferior, e com um problema: em volumes reduzidos se perde muita informação. Então esqueça essa opção, e tire o melhor proveito do Px8 em Bluetooth, aí sim você poderá ouvir em volumes seguros e com excelente detalhamento.
Seu equilíbrio tonal é bem correto, com graves sem excesso e muito precisos. A região média tem excelente inteligibilidade, independente da complexidade e do número de instrumentos soando simultaneamente. Vozes e instrumentos acústicos soam com enorme naturalidade e conforto auditivo. E os agudos possuem ótima extensão e decaimento.

Vi discussões acaloradas em alguns fóruns, em que os participantes gostariam de graves com maior ‘peso’, e outros que os agudos soaram ‘tímidos’. Eu sempre me pergunto o quanto esses usuários possuem de referência para chegarem às suas conclusões. E fico buscando por dicas de faixas ou discos que esses participantes
utilizaram para tirar suas conclusões, e quando consigo, tenho enorme interesse em conhecer para entender essas conclusões.

E na maioria esmagadora dos casos, as músicas utilizadas são simplesmente desprovidas de qualquer relação com instrumento real, e têm um grau de compressão estúpido. Chama muito a atenção o quanto o que chamam de ‘peso’, são graves distorcidos, turbinados e de uma nota só! E o agudo possui tanto brilho de equalização, somado com reverberação digital de ‘catedral’, que simplesmente alterou por completo o timbre dos instrumentos que estão soando nesta região.

Aí, me desculpe a todos aqueles que deram esse tipo de opinião, mas fones como o Px8 não são para reproduzir essas ‘referências’. Acredito que fones muito mais baratos, e com um equilíbrio tonal ‘sorriso’ na sua curva de equalização, lhes darão o que esperam de um fone com mais ‘peso’ nos graves e mais ‘brilho’ nos agudos.

As texturas, graças a sua região média refinada, são um grande deleite de serem apreciadas. Pois são reproduzidas com uma qualidade de cores e paletas tão intensas, que podemos fazer uma imersão profunda no acontecimento musical por horas.

E ir saboreando cada intenção, das mais sutis às mais explícitas.

Talvez seja esse quesito o ponto mais alto desse fone!

Os transientes são muito corretos, e com um grau de precisão que nos deixa sempre atentos ao andamento e variações de tempo e ritmo da música.

Sua macrodinâmica é surpreendente, e em volumes seguros e corretos da gravação, não haverá decepções.

E a microdinâmica é muito bem retratada, e nos permite acompanhar sem esforço todos os detalhes dos ruídos óbvios de chaves, tosses da plateia, aos sussurros de maestros em êxtase com o que estão conduzindo. Você pode ficar surpreso do quanto os maestros sussurram e expressam suas emoções no momento da gravação!

A sensação da materialização física dentro de nossa cabeça, é um evento que muitos adoram e outros, como eu, acham profundamente estranho!

Já disse centenas de vezes, que minha relação com fones é rigorosamente ‘profissional’, pois nunca consegui conviver por mais de duas a três horas por dia com eles, independentemente de seu grau de performance e conforto. Então, esse quesito de nossa Metodologia prefiro mil vezes ver se materializar à minha frente em nossa Sala de Referência, do que dentro de minha cabeça em tamanho ‘miniatura’.

Mas é interessante ver que existem fones em que essa ‘materialização física’ dentro da minha mente parece, às vezes, ser mais ‘etérea’ e outras vezes mais sólida. E no caso do Px8, ficou evidente que nas gravações excepcionais tecnicamente essa materialização foi bastante ‘sólida’.

Musicalmente, diria a todos os interessados que o Px8 está mais para a reprodução ‘quente’ do que para a analítica. E isso no meu ponto de vista é muito melhor, pois permite que você possa desfrutar por mais horas de sua companhia, sem fadiga auditiva!

O fato dele não ter graves exagerados e tão pouco agudos brilhantes, ajuda demasiadamente para seu conforto auditivo.

CONCLUSÃO

Acho que a Bowers & Wilkins deu mais um passo consistente em sua odisseia no universo de fones de ouvido hi-end.
Com enorme competência e méritos!

Ainda que seja um fone relativamente caro para muitos dos nossos leitores da Audiofone, suas qualidades justificam esse valor.

Pois, além de um fone muito bem concebido, construído e com um excelente acabamento, ele se coloca consistentemente na linha de frente dos fones sem fio com cancelamento de ruído.

Se você busca um fone sem fio nesse padrão de qualidade e performance, será um erro não o escutar!

Nota: 89,0
AVMAG #299
Som Maior
sommaior@sommaior.com.br
(47) 3472.2666
PX8 – R$ 5.990
PX8 – 007 Edition – R$ 7.990
PX8 – MacLaren Edition – R$ 7.990

FONE DE OUVIDO MEZE 109 PRO

Fernando Andrette

Já vivi o suficiente para não criar expectativas quanto a receber um produto para teste, no entanto dizer que não estava curioso em saber o quanto o Meze 109 Pro seria superior ao 99 Classics, eu estaria no mínimo mentindo para mim mesmo.

Os nossos leitores da Audiofone sabem que o 99 Classics da Meze é uma de minhas referências há mais de três anos, e os que apreciam e concordam com a nossa linha editorial, sabem que ele foi um dos escolhidos justamente por ter um excelente equilíbrio tonal em volumes seguros! Mas o 99 Classics não é apenas um fone correto tonalmente, sendo confortável, leve e muito robusto para o uso diário.

O Meze 109 Pro, ao contrário do Classics, é um fone aberto, maior que o Classics, e com um acabamento em nogueira ainda mais bonito e confortável, e como toca!

Atualmente esse fabricante romeno possui 9 modelos em linha, e o que é surpreendente é que independente de ser um fone de entrada ou o top de linha, os cuidados com o acabamento e a performance de todos os modelos exprimem exatamente a personalidade que a Meze deseja aos seus produtos.

O que me deixou ainda mais curioso, ao receber o 109 Pro, foi justamente o fato deste ser o primeiro fone dinâmico aberto da Meze. As especificações do 109 Pro são bastante interessantes: driver de 50 mm, resposta de frequência de 5Hz a 30 kHz, impedância de 40 ohms, sensibilidade de 112 dB e peso 375 gramas.

Como acessórios vem um cabo de 1,5 m com um plugue estéreo de 3,5 mm em uma extremidade e dois plugs TRS de 3,5 mm conectados ao fone, um segundo cabo de 3 m com os mesmos tipos de plug, um adaptador de 1/4 para 1/8, e uma bolsa rígida para o fone.

O exterior do 109 Pro é de madeira nogueira escura, com a parte externa coberta com uma malha preta para proteger o fone, permitindo a passagem de ar e do som. As almofadas são compostas de uma espuma coberta de veludo e são, além de macias, bastante respiráveis. As aletas de metal fundido em cobre, sustentam os fones e ligam o mesmo ao arco principal do fone. O chassi é feito de uma liga de zinco-manganês, ultra leve e rígida. Uma faixa de couro larga é presa de forma elástica a um par de travessas de armação de cor de cobre, para o ajuste perfeito à cabeça. Todo o controle de qualidade e montagem são feitos na Meze em Baia Mare, na Romênia.

O driver usa um diafragma produzido com dois compostos distintos. A cúpula principal tem uma seção transversal em forma de W e é composta de celulose reforçada com fibra de carbono. Com o objetivo de minimizar ressonâncias e possibilitar uma apresentação de detalhes da forma mais fiel possível. Essa cúpula é fixada em um material feito de polímero semicristalino revestido de berílio, para um baixo peso, maior rigidez e uma resposta de transientes precisa. Um anel estabilizador de liga de cobre e zinco é empregado ao redor do diafragma para absorver vibrações parasitas, possibilitando uma distorção baixa e controlada. Todo o diafragma está alojado em uma estrutura de alumínio usinado em CNC, e se utiliza um ímã de neodímio.

O fabricante oferece opções de cabos premium, caso o usuário deseje fazer futuros upgrades no fone.

O 99 Classics é o fone que utilizo no meu celular para a escolha das gravações que irei armazenar em minha coleção pessoal, para futuras Playlist. Então é atualmente o fone que mais escuto no dia a dia.

Então nada mais justo que trocar o 99 pelo 109, quando fui preparar em abril os discos que iria separar. E aí veio a primeira constatação: o DAC interno do meu celular está muito aquém do nível do 109 Pro. E pensar em ouvir nessas condições será subutilizar esse excelente fone.

Aí usei esse expediente apenas para o amaciamento de 50 horas, antes de realmente começar os testes.

Os dois amplificadores de fone utilizados foram: Classic Nagra Preamp de linha, e o amplificador de fone do Gold Note PH-1000. Ambos excelentes, e minhas Referências na atualidade.

O equilíbrio tonal do 109 Pro é mais correto e preciso que o do 99 Classics, com graves ainda mais extensos em termos de fundação, médios mais detalhados e ainda mais naturais. E a região alta com decaimento muito mais extenso e uma capacidade de recriação das ambiências sem cair na armadilha de acentuar o brilho para realizar essa proeza.

Os agudos são realmente muito confortáveis, mesmo em gravações que não primam por um agudo mais correto (não falo de uso de equalização para acentuar os agudos, e sim da escolha errada de microfones ou da qualidade duvidosa dos instrumentos), permitindo um conforto auditivo primoroso nos volumes seguros.

E ainda que o ouvinte se empolgue, e queira escutar nos volumes-limite das gravações, o conforto auditivo estará presente.

Ouvir esse padrão de qualidade em um fone que, lá fora, custa menos de 1000 euros, é um desafio e tanto meu amigo.

As texturas acompanham o mesmo nível de seu equilíbrio tonal, com uma riqueza de paletas que lhe permite observar até mesmo a qualidade técnica de cada músico e seus respectivos instrumentos, como no caso dos quartetos de cordas, instrumentos solo e vozes em capela! Você pode passar uma tarde descobrindo detalhes e riquezas de cores nos timbres e intencionalidades!

Quanto aos transientes, o ouvinte não familiarizado com esse nível de requinte a princípio pode ficar um pouco confuso, com tamanha precisão e folga. Pois ainda que as variações de velocidade sejam muito intensas, não há esforço para reproduzir essas passagens. Sendo uma bela referência em termos de tempo e ritmo.

A dinâmica é outro quesito exemplar para essa faixa de preço, pois tanto a macro em volumes seguros, quanto a micro, são reproduzidas com precisão tanto em escala como em detalhes.

Os crescendos até o ápice, nunca são tensionados ou precisam de um controle rigoroso sobre o volume, nunca endurecendo ou clipando o sinal (desde que nos volumes corretos e seguros, claro).

A materialização física na sua cabeça ou, nas melhores gravações, na frente do globo ocular, são magníficas. E o mais importante: zero fadiga!

CONCLUSÃO

Se o 99 Classics já era uma referência em sua categoria, o 109 Pro extrapola essa fronteira de ser um referencial em sua faixa de preço, penetrando em fileiras muito à frente do seu valor.

Isso certamente é excelente para todos que buscam um excepcional fone dentro de um valor racional e conquistável – e péssimo para a concorrência, sejam modelos dinâmicos fechados ou abertos. Pois o Meze 109 Pro consegue firmar ainda mais esse fabricante romeno como um dos pilares dos fones corretos existentes atualmente no mercado.

E consegue tamanho feito seguindo a fórmula correta de se fazer fones hi-end sem querer reinventar a ‘lâmpada’, tendo o melhor equilíbrio tonal como base sem nenhum artefato pirotécnico ou impactos que agradam no primeiro momento, e depois, como uma piada re-contada, perdem a graça.

Tudo no 109 Pro tem uma razão de ser, pois o único objetivo é fornecer ao ouvinte a ferramenta ideal para ouvir seus discos, sem recorrer a truques ou equalizações. Ele não irá turbinar absolutamente nenhuma gravação e, com isso, ouvi-las nos volumes corretos e seguros será absolutamente prazeroso.

Uns entendem essa maneira de reproduzir como musicalidade. Eu entendo como resultado de saber fazer bem feito!

Nota: 90,0
AVMAG #296
German Áudio
comercial@germanaudio.com.br
(+1) 619 2436615
R$ 7.470

FONE DE OUVIDO IKKO OBSIDIAN OH10

Fernando Andrette

Inúmeros leitores nos falam de sua preferência por fones intra- auriculares, pois sua referência desde muito jovens, quando ganharam seu primeiro celular, foi com esses fones e hoje têm dificuldade de se adaptar a fones externos, por questão de liberdade de movimento, peso e até mesmo medo de serem assaltados nas grandes cidades.

Visando esse público, os fabricantes têm investido cada vez mais nesses fones, pois sabem que essa geração dificilmente irá abrir mão dessa comodidade.

Então, para atender a esse público leitor, fiz uma pesquisa nos fóruns internacionais para descobrir o que tínhamos a disposição aqui oficialmente, e que atende aos nossos pré-requisitos para teste – o melhor equilíbrio tonal possível em volumes seguros e em uma faixa de preço razoável.

E o primeiro na lista a atender esses requisitos foi o Ikko Obsidian OH10, um fone que lá fora custa menos de 200 dólares e foi bem recebido pelo mercado.

Para quem não conhece, a Ikko é uma marca chinesa que entrou no mercado mundial com seu fone OH1. Atualmente ela também produz o dongle Zerda que é um DAC e amplificador de fones para celular, o OH10, o Arc ITB01 Bluetooth, e seu fone mais sofisticado o IEM Musikv OH7.

O OH10 é, na verdade, uma edição melhorada do OH1, com o mesmo design, porém fabricado com materiais mais nobres e pequenas melhorias pontuais. Os drivers são os mesmos, com novos materiais utilizados em sua estrutura interna.

No modelo OH10 temos o cobre puro para fabricar a cavidade, que ainda mantém o driver de armadura balanceada, e o driver dinâmico de diafragma que é composto de polímero de 10 mm banhado a titânio. Segundo o fabricante ele possui uma resposta de 20 Hz a 40 kHz, sensibilidade de 106 dB, e impedância de 4 ohms. Ele vem com um cabo de 1,2m com conector de 3,5 mm banhado a ouro – feito de 4 fios de cobre de alta pureza sem oxigênio, revestidos de prata.

O fone vem em uma embalagem bem feita, de tamanho reduzido, com um desenho de uma princesa sentada em uma pedra de Obsidiana, que deve chamar a atenção da Geração Z que curta uma levada esotérica em seu universo lúdico. E no verso temos especificações técnicas e uma foto do produto em vários idiomas.

Abrindo a embalagem nos deparamos com os cabos, um estojo de couro, o compartimento com as pontas de silicone na versão branca e preto – no total com 6 opções nos tamanhos: pequeno, médio e grande. E, por fim, o cabo.

O que chama a atenção do OH10 é seu peso, ainda que o acabamento tenha um excelente polimento e seja todo revestido por uma resina especial, como se fosse uma joia sofisticada. Os bicos do fone são feitos do mesmo material, e o diâmetro é de 6 mm.

Li que a ergonomia, devido ao peso do fone, é o ponto central das discussões nos fóruns. O que eu posso dizer é que essa questão pode ser amenizada se o usuário conseguir utilizar as pontas certas na hora do encaixe, caso contrário realmente o peso pode ser um problema.

No meu caso, a ponteira menor foi a mais adequada, conseguindo a pressão necessária para um encaixe perfeito e o melhor som possível.

Antes de iniciar a avaliação, preciso dizer que não sou nenhum fã de fones intra-auriculares por um único motivo: os ruídos que se acentuam com o fechamento do canal auditivo. Pois todo ruído de respiração, barulho de boca e o simples roçar do cabo na roupa se acentuam demais para mim, tirando a concentração da música.

Agora, se eu conseguir estabelecer uma postura de faquir por um período de uma a duas horas, sem respirar, me mover ou cometer o deslize de engolir a saliva, conseguirei até apreciar os fones intra-auriculares.

Esclarecido esse pequeno ‘detalhe’, vamos ao teste.

Utilizei, além de dois celulares Samsung, o nosso amplificador de fone de referência do Nagra PREAMP Classic.

E tenho que admitir que seu equilíbrio tonal é excelente, e nos permite ouvir música de qualquer gênero em volumes realmente seguros!

Li todos os testes publicados lá fora e percebi o tempo gasto pelos revisores discutindo se esse fone tem uma curva de equalização em ‘V’ ou ‘W’, e que para a maioria ele segue a equalização “W-sound”. Interessante como os revisores de fones tem a necessidade de avaliar equilíbrio tonal por curvas de equalização, como se isso fosse ajudar o consumidor na escolha de seu fone. Seria tão mais prático e objetivo eles aplicarem o óbvio, e informar apenas o leitor se o fone tem uma resposta de curva linear, ou não.

E para se ter essa resposta, basta ouvir o fone em teste com as gravações corretas, feitas sem compressão e equalização, e ouvi-las no fone em vários volumes distintos.

Um fone com o equilíbrio tonal correto, em volume baixo, terá que mostrar tudo que ocorreu na música com a melhor inteligibilidade possível.

Soou ok? Não se perdeu nenhum detalhe da música, não precisou de esforço algum para entender determinadas passagens?

Esse é o primeiro sinal de um bom equilíbrio tonal. Então, vamos para a segunda etapa: aumente um pouco o volume e veja se alguma frequência começa a se destacar e se separar das demais.

O que eu garanto para você é: se em volume realmente baixo não apareceu vales e picos, ao aumentar um pouco o volume, isso também não irá ocorrer.

Continuemos: se em um volume mais próximo do ideal da gravação, tudo se mantém confortavelmente audível, esse fone possui um bom equilíbrio tonal.

Mas volto a lembrar: é preciso escolher uma gravação e sem equalização e compressão. Então não escolha seus fones com gravações tecnicamente limitadas e artisticamente pobres! Essa é a questão relevante e que muitos pseudo revisores ‘moderninhos’ sequer levam em consideração, e por isso que ocorre tanta desinformação e avaliações tortas e mal feitas!

E se o fone passou pelas duas fases do teste do volume, e quiser tirar a ‘prova dos nove’, ok! Coloque no volume correto da gravação ainda (esse volume é aquele que não nos incomoda e nos fortíssimos não distorce ou comprime o sinal), e escute novamente. Se nada ficar para frente ou tiver uma tendência a ficar te chamando a atenção, o equilíbrio tonal além de correto possui refinamento suficiente para não causar fadiga auditiva.

Quer um bom exemplo para essa avaliação de equilíbrio tonal? Ouça essa gravação, de Ravel: In Search of Lost Dance, com o Linos Piano Trio. Sei que muitos de vocês podem ter ‘urticária’ ao ouvir música clássica, mas se querem ter um exemplo seguro na escolha de seus fones, no quesito mais essencial para não danificar sua audição e ter qualidade mais correta, façam esse esforço e escutem a faixa 5 desse disco: Pavane pour une Infante Défunte.

Primeiro no volume mais baixo possível, quase sussurrante, o famoso: ‘na calada da noite’. O violino à esquerda, o piano ao meio e o cello à direita.

Essa gravação trabalha de forma magistral as baixas frequências tanto do cello como do piano, e as médias altas e o agudo com as duas últimas oitavas da mão direita do piano e do violino. Se você não conhece a música, ouça por favor umas duas vezes, para se familiarizar com a melodia.

Em baixo volume, observe se escuta integralmente, o tempo todo, os três instrumentos. Se tiver dificuldade, comece a duvidar da qualidade do equilíbrio tonal do fone. Se precisar aumentar o volume para tentar acompanhar os três instrumentos, e algum deles começar a se destacar dos outros, esqueça o fone que estiver usando, OK?

Voltando ao OH10, como já escrevi, seu equilíbrio tonal é excelente! Seja em que volume você escolher ouvir seus discos. E esquece essa besteira de ‘curva W’, pois ele é suficientemente linear para reproduzir todas as frequências sem picos e vales!

Com isso, a apresentação das texturas dos instrumentos é também de alto nível, permitindo o acompanhamento de cada linha de todos os instrumentos, em toda diversidade de paletas de cores, nuances e intencionalidade. Levando-o a uma imersão completa!

Os transientes são outro ponto alto do OH10. Você irá se surpreender o quanto ele apresenta com extrema precisão o tempo e o andamento da música. Ouvir obras com grande variação de ritmo é simplesmente um deleite com esse fone!

A dinâmica nessa faixa de preço é uma surpresa e tanto. Pois conseguimos ouvir obras complexas, de muita variação, em volumes seguros, sem querermos aumentar o volume.

Essa é uma grande dica também, pois muitos ao quererem sentir aquela passagem dinâmica com maior impacto, gostam de aumentar o volume, e com o OH10 isso não será preciso (mais uma vez, só é possível curtir a macrodinâmica em volumes seguros, quando o equilíbrio tonal é impecável).

Um problema ainda não solucionado nos fones intra-auriculares (pelo menos de todos que ouvi e testei) é em relação a todos os instrumentos terem sempre um tamanho reduzido, dificultando levar nosso cérebro a esquecer que é só reprodução eletrônica.

Já escrevi até em editorial que não levaríamos em consideração para avaliação de fones soundstage e corpo harmônico, pois ambos – seguindo de nossa Metodologia – estão muito abaixo do padrão mínimo aceitável.
No entanto, nos fones intra-auriculares o corpo é ainda mais diminuto e homogêneo que nos fones abertos.
Pode ser que isso não lhe incomode em nada, porém a mim incomoda e muito.

Não sei se existe algum fone intra-auricular que já tenha vencido essa barreira e encostado nos fones externos, mas esse é um objetivo ainda a ser atingido em minha opinião.

Se falta mostrar a relação distinta de tamanho entre os instrumentos, o OH10 sobra em colocar no centro de nosso crânio os músicos materializados (ainda que em tamanho reduzido). Diria que muitos de vocês irão adorar a experiência de ouvir com tantos detalhes os instrumentos e vozes.

Outra questão que vejo ser dada pouca ênfase nos testes internacionais, é quanto à questão de ponto de equilíbrio entre inteligibilidade e ausência de fadiga auditiva dos fones avaliados. Para nossa Metodologia, na avaliação de fones, sem termos claro o grau desse ponto de equilíbrio alcançado pelo produto em teste, fica impossível determinar a nota do quesito musicalidade.

O OH-10 é muito bom nesse quesito, pois consegue com incrível maestria mostrar a transparência sem nenhum excesso, oferecendo alto grau de inteligibilidade com baixa fadiga auditiva!

CONCLUSÃO

A Ikko certamente está aprendendo a entender esse mercado, e buscando lançar produtos cada vez mais competitivos e de excelente nível de construção, acabamento e performance.

E estão aprendendo rápido!

O Obsidian OH10 é um excelente fone intra-auricular que certamente irá agradar a todos que desejam um fone com essas características.

Tem coisas que podem ser melhoradas? Certamente que sim, como o cabo muito fino, e seu peso. A questão é o quanto esses dois detalhes podem impactar no preço final do produto.

Em sua faixa de preço são muito competitivos, e certamente estão dando uma grande dor de cabeça para os fabricantes concorrentes.

Se você deseja um intra-auricular nessa faixa de preço, o OH10 merece ser colocado em sua lista de opções!

Nota: 90,0
AVMAG #298
KW Hi-Fi
fernando@kwhifi.com.br
(11) 95442.0855 / (48) 3236.3385
R$ 1.708

FONE DE OUVIDO AUDEZE LCD-5

Fernando Andrette

Quando o audiófilo pensa em fones magnético planar, certamente a marca Audeze será imediatamente acionada em sua mente e se ele é um fã de carteirinha dessa topologia, ele certamente conheceu a Audeze ou pelo modelo LCD-2 lançado em 2009 ou o LCD-3 lançado em 2011.

O LCD-4 veio em seguida em 2015 e depois todo esse hiato de tempo até o lançamento do novo LCD-5, que segundo o próprio fabricante tudo foi aprimorado nesse novo fone de ouvido, desde os drives, até a moldura e design, tudo na busca de um novo padrão de performance e conforto. Uma das maiores críticas de muitos usuários e admiradores da linha de fone Audeze era justamente o peso, que para muitos (eu me incluo), era cansativo após uma hora de audição.

Pois bem, o novo LCD-5 agora pesa 1/3 a menos que o seu antecessor o modelo 4. Seu novo drive deixou sua resposta ainda mais estendida nas frequências altas, assim como seu novo design melhora segundo o fabricante as respostas dos médios superiores. O novo modelo utiliza uma estrutura composta de magnésio, acetato e fibra de carbono.

O fabricante ao apresentar o LCD-5 deixa claro que o novo modelo é ainda mais transparente, com maior resolução e velocidade na resposta de transientes. Isso, graças aos imãs Fluxor e guias de ondas Fazor atualizados junto com as novas bobinas de voz Paralllel Uniforce, tudo com patentes pendentes, que empregam em seu projeto, uma impedância baixa, redução drástica de distorção e um controle muito mais uniforme e controlado sobre o movimento do diafragma resultando (segundo o fabricante) em uma resolução da micro e macro muito mais aprimorada.

Para um foco ainda mais preciso a Audeze investiu em uma câmara acústica, com novas almofadas esculpidas para minimizar reflexos e ressonância, enquanto sua bobina de voz Parallel Uniforce, permite maior espaço entre os imãs para ampliar a resposta de frequência e possibilitar um palco mais aberto. Pesando 420 gramas o LCD-5 permite ao usuário maior tempo de uso para suas ‘imersões’ auditivas.

A nova arquitetura do arco envolve o crânio e ajuda a colocar o fone na posição ideal e as espumas maiores propiciam uma vedação superior em orelhas de tamanhos distintos. Os novos cabos são de cobre OCC de alta pureza que fornece um caminho de baixa capacitância e baixa resistência para o sinal. Ele vem de fábrica com um cabo XLR terminado em um sistema balanceado ou pode ser usado também com o adaptador de extremidade única.

Na compra do LCD -5 o cliente recebe o fone, um cabo trançado premium de 2,5 m, cabo balanceado XLR de 4 pinos, adaptador XLR de 4 pinos para 1/4. Tudo embalado em um lindo estojo de alumínio.

Tentei com os amigos músicos conseguir uma versão LCD-4 para um comparativo, mas ambos estavam em uso, assim sendo só consegui rever minhas anotações quando testei e tive por quase quatro meses o antigo LCD-3. Comparar o LCD-5 com o 3 é covardia, pois a cada nova série muitas melhorias foram feitas e muitas soluções encontradas.

A Audeze é uma referência absoluta nos estúdios americanos e entre os músicos de estúdio ou não. O que contribuiu para espalhar sua fama mundial de fones que reúnem uma capacidade de transparência e detalhamento das gravações como nenhum outro fone consegue.

Mas assim como caixas monitores de estúdio, talvez não sejam a ideal para salas domésticas, o mesmo se passa com os fones que são referências em salas de gravação, quando migram para a cabeça de melômanos ou audiófilos. Essa questão remonta desde o final dos anos 80, com os famosos fones de ouvido da AKG, utilizados nos melhores estúdios de gravações, que quando caiam no universo doméstico, mais decepcionavam do que agradavam.

Claro que essa fronteira hoje é muito mais tênue e ambos os universos não só trocam ‘figurinhas’ como conseguem ter produtos que atendam tanto aos músicos de estúdio, quanto a audiófilos. E para tanto, basta que o fone em questão, atenda a esses distintos públicos de maneira consistente.

E o Audeze LCD-5 o faz com propriedade, sobriedade e competência. O ‘sobriedade’ não tem nenhuma relação com a performance e sim com a estratégia do fabricante em desenvolver um produto que possa atender a ambos os mercados. E nesse aspecto acho que nenhum outro LCD, foi tão feliz na sua proposta de fincar o pé em ambos os mercados. Pois não teve que fazer concessões para um ou outro segmento, e sim fazer seu projeto evoluir a tal ponto que todos que necessitam como ferramenta de trabalho (músicos), ou desejam um fone com um realismo ‘superior’ para ouvir seus discos (mercado hi-end), agora o tem.

Quando um fabricante atinge esse ponto de equilíbrio, entre segmentos tão distintos e por muitas vezes tão antagônicos, esse fabricante merece o reconhecimento da mídia especializada e sobretudo do próprio mercado.
Para o teste utilizamos nosso sistema de referência e o pré de fone do pré de linha do Nagra Classic, através do adaptador fornecido pela própria Audeze.

Tentei conseguir um pré de fone balanceado de alto nível, mas não consegui devido ao pouco tempo de disponibilidade para o teste (estava voltando de férias merecidas, após sete anos sem férias). Mas creio que consegui responsavelmente cumprir à altura meu papel de revisor, com o Audeze ligado ao Nagra Classic, que é nosso pré de fone de referência também.

O LCD-5 veio pré amaciado, ainda assim deixei mais 100 horas de queima, antes de realizar o teste e ouvir nossos discos da metodologia. O Audeze com suas almofadas de couro cumpre com o que prometem de diminuir o contato com o mundo externo.

Ergonomicamente ele se encaixa perfeitamente, não nos deixando com a sensação de que algum movimento brusco ele cairá de nossa cabeça. Sou bastante encanado com esse risco, ainda mais com fones caros como o Audeze.

Se a proposta central de um fone Audeze é recriar todos os detalhes e nuances de uma gravação, eles realmente chegaram lá. Nada passa incólume do que ocorreu na sala de gravação, ou depois na mixagem e na masterização. E quando eu digo nada, é nada mesmo, então se prepare para ser testemunha auditiva dos acertos e dos erros, claro!

Se isso lhe diverte e você sonhou em um dia ter esse grau de cumplicidade com a música que você ama, meu amigo esse é seu fone sem dúvida alguma.

A proposta de foco e de distribuição do acontecimento musical dentro de sua cabeça ou à frente do seu nariz, também é cumprida com esmero. Seu equilíbrio tonal é de uma extensão nas duas pontas absurda e com isso novamente tem o lado bom e o não tanto, quando você escolher aquelas gravações que você tanto gosta artisticamente e tanto lamenta tecnicamente. Pois o Audeze escancara as virtudes e expõe os defeitos.

Os transientes são a melhor referência que ouvi em fones nesse patamar, são assustadoramente (estou afirmando no sentido literal), precisos. Ouvi solos de bateria, percussão, guitarra e piano de ter sobressaltos na cadeira. E a dinâmica, tanto a micro como a macro também impressionam, mas lhe peço, não se empolgue e comece a querer abusar do volume, pois com o índice de distorção ultra baixo, a vontade é realmente essa em excelentes gravações. A sensação final é de estar literalmente junto com os músicos no momento da gravação. Por algum motivo que não consigo explicar, o LCD-5 para mim criou esse efeito de ‘tele transporte’ muito mais com gravações de estúdio que salas de concerto, ou melhor com pequenos grupos acústicos como trios e quartetos.

Nessas gravações o efeito ‘estar junto’ foi incrível!

CONCLUSÃO

Um fone Hi-End é sempre uma solução definitiva e muitas vezes irá até mesmo substituir um sistema que por mudança de local ou dificuldade de realização de upgrades para atualização, se torna a solução mais prática e viável. Então na minha opinião ele precisa seguir os mesmos critérios de escolha de um setup completo.

Segunda questão para um investimento em um fone deste nível é: o nível de qualidade das fontes e o próprio pré de fone em que esse fone será utilizado. Pois não adianta investir em um fone dessa categoria para escutar música em um DAC de 500 dólares!

Agora se você vai utilizar o Audeze LCD-5 em um streamer e DAC de qualidade também hi-end e sua paixão sempre foi ouvir as gravações pela ‘perspectiva’ do engenheiro de gravação ou ali, ao lado dos músicos. O Audeze LCD-5 precisa estar na sua comissão de frente de possibilidades!

Nota: 98,0
AVMAG #293
Visom Digital
paulo@visomdigital.com.br
(21) 99432.0144
US$ 4.500

FONE DE OUVIDO MEZE LIRIC

Fernando Andrette

É muito bom poder, na sequência, testar dois excelentes produtos do mesmo fabricante, pois além de facilitar a realização de comparações diretas, nos permite saber o patamar que cada um dos produtos se encontra, e conhecer a que público cada um se destina.

Da Meze já testamos o 99 Classics, o 109 Pro, o Elite, e o seu top de linha Empyrean. Portanto me sinto bastante familiarizado tanto com a proposta do fabricante para o mercado, como consigo reconhecer as semelhanças e diferenças sônicas de cada um dos modelos testados.

Ao contrário dos ‘revisores’ que desdenham da memória de longo prazo, a minha continua ótima, e apoiado pelas minhas longas anotações minuciosas de cada produto por nós avaliados, consigo saber com extrema precisão o que difere, em determinados exemplos e passagens de nossa Metodologia, e o que desejo saber a respeito de cada produto.

E quando temos a chance de estar com três produtos simultaneamente de um fabricante em mãos – como no caso do teste do Liric, em que temos o 99 Classics (uma de minhas referências), o 109 Pro que testamos mês passado (e também passou a ser uma referência em sua faixa de preço) – temos a chamada colher de ‘sopa no mel’!

Antes de descrever o produto, gostaria apenas de mencionar que o Liric, ainda que se coloque exatamente no meio entre o 99 Classics e o Empyrean top de linha, ele se encontra muito mais próximo do Elite que do 109 Pro. Digo isso para que você, leitor, entenda que utilizar o Liric ligado a DAPs como o Astell & Kern SP 2000T, ou o novo Cayn C9, será o mínimo necessário para se extrair o melhor desse fone.

Pois, assim como o excepcional Elite (que para mim é o melhor custo/performance da Meze), o Liric merece ser ligado ao melhor amplificador de fone que você puder ter em sua casa. Pois não vejo as pessoas usando o Liric para sair na rua, e correr o risco de atrair ‘abutres’ e perder um fone de 3.300 dólares!

Feito esse adendo preliminar, vamos às informações técnicas.

O Liric é um fone fechado (como o 99 Classics), para atender o público audiófilo que divide seu espaço físico com a família, e precisa incomodar o mínimo possível os outros quando estiver ouvindo sua música.

Para atingir seus objetivos em termos de performance, mais uma vez a Meze confiou à empresa Rinaro o desenvolvimento dos novos drivers para o novo Liric. A ideia foi aplicar a mesma tecnologia do driver MZ4 Isodynamic Hybrid Array do top de linha, Empyrean, no novo fone.

Para se conseguir avançar no projeto inicial, foi preciso reduzir e ajustar esses drivers MZ4 para oferecer um alto padrão de performance a um preço mais condizente com a realidade de mercado. O desafio era conseguir esse grau de performance agora em um fone fechado!

A maior diferença em relação ao MZ4 original, foi a inovação do sistema batizado de Phase-X, para aprimorar a ambiência e a imagem espacial, mais difícil de se conseguir em fones fechados que nos abertos de alto nível e desempenho.

Cada driver é montado manualmente, e testado exaustivamente, na fábrica da Rinaro.

Para se conseguir tamanho feito de mais ‘arejamento’ em um fone fechado, a Meze fez uso de um sistema de ‘Equalização de Pressão’ que, segundo o fabricante, tem um grande impacto em como o cérebro percebe o som ao seu redor.

Esse processo é uma saída de ar controlada, que minimiza a pressão interna do fone e aumenta o arejamento. Parece uma solução óbvia, mas pouco usada ainda pelos fabricantes de fones fechados.

Como todo produto Meze, sua apresentação é impecável, e ainda que o Liric não faça uso de um estojo de alumínio, o fabricante oferece uma bonita bolsa rígida semelhante à do 109 Pro, porém com forro de veludo para não riscar o fone.
No kit do fone temos dois cabos TPE macios, um de 1.5 m e outro de 3.5m. Além de um adaptador de 6.3mm, bem como um adaptador para uso em avião.

No primeiro instante, ao olhar o Liric fora da embalagem, senti falta do acabamento de madeira, já que esse modelo faz uso de um preto fosco para a proteção dos drivers.

Mas basta focar nos garfos de metal, a faixa de couro genuíno para apoio da cabeça, para ver que o padrão e requinte Meze estão presentes mais uma vez!

A estrutura de metal é toda muito semelhante aos dois fones top, assim como as almofadas posicionadas simetricamente para permitir um melhor fluxo de ar para, nos dias de calor, diminuir a desagradável sensação de suor e umidade.

Li que alguns revisores gostaram da pressão do fone, para melhor ajuste, e outros acharam excessivamente apertado. Acho que isso tem a ver com o diâmetro da cabeça de cada um.

O Liric, para mim, encaixou perfeitamente, melhor que o 109 Pro e que o 99 Classics.

O importante é que ele tem uma ampla estrutura para se adaptar a sua cabeça de forma firme e segura, até mesmo para movimentos mais bruscos – coisa com a qual, no 109 Pro, preciso ser mais cuidadoso.

As hastes são de cobre, e os fones são de magnésio com acabamento em tecido de couro do lado de fora.

A escolha do formato oval angulado para mim foi perfeita para isolar-me totalmente do mundo externo, e seu conforto e ergonomia estão no mesmo padrão do Elite e do Empyrean.

O peso de 391 gramas pode parecer muito, mas é totalmente compensado pela distribuição de peso, e o conforto do fone quando corretamente ajustado.

Para o teste utilizamos apenas o amplificador de fone de ouvido do Classic Preamp da Nagra. Minha melhor referência para avaliar produtos Estado da Arte!

Como todo produto enviado para teste, não abrimos mão de fazer uma primeira audição assim que o produto chega, para registrarmos nossas primeiras impressões e depois o colocamos em tortura absoluta pelo tempo indicado pelo fabricante, ou até percebermos que não há mais variação no equilíbrio tonal do mesmo.

O Liric ouvimos, anotamos nossas observações iniciais, e o deixei em repeat com streamer por 30 horas. A diferença não foi substancial, mas significativa para estabilizar as duas pontas, e observarmos o quanto os agudos do Liric são impressionantes em relação aos nossos fones de referência, e ao 109 Pro também da Meze.

Ele nos remeteu, instantaneamente, a buscar as mesmas faixas que usamos para fechar a nota do Elite, nos agudos.
Como o Elite, a extensão e velocidade nos agudos é muito mais que apenas impactante, elas são de uma naturalidade que nos convida a buscar o volume correto de cada gravação, pois não sofrem de brilho excessivo ou irão nos causar sustos, fazendo abaixar o volume no meio da audição.

A região média possui o que chamamos de ponto de equilíbrio entre a transparência e musicalidade, e se o Liric não atinge o grau de neutralidade do Elite, ele sem a ‘sombra’ desse modelo por perto, pode ser comparado sem nenhum problema com fones até muito mais caros que ele. É uma região média com uma folga impressionante. Se você quer um bom exemplo para entender o que estou tentando descrever, ouça as faixas 3 e 4 do disco WomanChild da cantora Cécile McLorin Salvant.

Sua poderosa extensão do médio-grave ao agudo, é um desafio e tanto a qualquer fone e caixa acústica. E para deixar o ‘desafio’ ainda mais interessante, temos um piano que também passeia por todas as oitavas para complicar mais um pouco, na faixa 3. E na faixa 4 temos, além do piano, um contrabaixo e uma bateria.

Quando ouvimos essa primorosa gravação em um fone em que o equilíbrio tonal, além de excelente, possui folga, arejamento e realismo, parece se tratar de ‘mamão com açúcar’. No entanto, basta um erro no equilíbrio tonal e o piano soa duro, assim com os crescendos na voz de Cécile.

E, por último, os graves. Li que para alguns revisores o grave do Liric é impecável, já para outros falta mais ‘peso’. Como sempre tenho muito cuidado em levar em consideração o que outros articulistas concluíram, pois raramente eles colocam os discos e muitos até omitem os equipamentos usados. E sem essas informações fica difícil saber o motivo de tais conclusões. O que posso dizer a você que nos lê: o grave do Liric é excelente!

Quer você mesmo tirar suas conclusões, caso venha a ter a oportunidade de escutar o Liric? Ouça o disco Descent Into Madness do baterista Vinnie Colaiuta, as faixas 4 e 7.

Meu amigo, tanto o contrabaixo como o bumbo, e os tom-tons, são absolutamente fidedignos ao que foram gravados. É uma gravação em que os graves, quando não são corretos, tornam o som cansativo, pois não conseguimos acompanhar as intencionalidades e a complexidade de tempo e andamento. Gravação difícil para qualquer fone e caixa acústica – e o Liric tira de letra essas duas faixas.

Ainda que as texturas não sejam do mesmo refinamento que do Elite, são impecavelmente sedutoras, e nos permitem compreender o quanto fones desse ‘naipe’ nos conduzem ao mais íntimo grau de imersão no tecido musical.

Ouvindo a faixa 2 do disco do baterista Vinnie Colaiuta, em que temos um naipe de metais, no Liric é possível ouvir cada um dos sopros montando o acorde, e não perder – nem por uma fração de tempo – o todo! Esse grau de envolvimento com a música, e de ser conduzido pelas texturas individuais de cada voz para compreender a genialidade do arranjo, da execução e virtuosidade, é primoroso e só entendendo esse padrão de fidelidade é que podemos justificar a nós mesmos o investimento em um fone de 3.300 dólares!

Os transientes podem perfeitamente ainda serem avaliados com precisão pela faixa 3, ainda do disco do Colaiuta, pois o andamento da bateria se contrapõe às cordas que estão em um andamento totalmente distinto dos metais. E se os transientes não forem corretíssimos, a música vira uma massaroca totalmente inaudível!

Quer um outro exemplo para avaliação de transientes? Ouça nesse mesmo disco, na sequência, a faixa 4.

A macrodinâmica do Liric é muito similar à do Elite, mas pelas minhas anotações com os exemplos usados para a nota desse quesito, a diferença é que no Liric o usuário terá que estar atento rigorosamente ao volume da gravação, sem nenhuma folga – o que no Elite ainda foi possível negociar.

Mas nada que não nos faça adorar sua apresentação de fortíssimos, nos volumes seguros.

A micro dinâmica é magnífica, e vou dar dois exemplos, de um mesmo disco, What It Is: Montreal 7/7/83, do Miles Davis. Vamos à faixa 5 e à faixa 8: repare em volumes corretos e seguros, o trabalho do percussionista todo o tempo principalmente no agudo.

Inúmeros fones, simplesmente, dependendo da quantidade de informação existente, mostram e somem com todo o trabalho feito pelo percussionista. Como se o som submergisse e depois voltasse à tona. O Liric, meu amigo, esteja ocorrendo o que for em primeiro plano, você não perderá nem o mais ínfimo detalhe do que o percussionista está a realizar.

Na faixa 8, para piorar a situação, o primeiro solo do saxofonista está muito alto, dificultando bastante toda microdinâmica, não só do percussionista como também do próprio Miles tocando teclado na cama harmônica que ele cria para os solistas brincarem. E depois, temos o primeiro solo do guitarrista dobrado com o saxofonista.

O Liric resolve isso com tamanha folga e graciosidade que, finalmente, entendemos onde está a ‘fronteira’ entre os ótimos fones e os excelentes! O Liric nos coloca no meio do acontecimento musical, seja uma gravação de estúdio ou uma sala de espetáculo, em que a ambiência foi perfeitamente captada!

Aqui não percebi nenhuma diferença da ‘mágica’ que o Elite faz tão bem. E com uma vantagem: o Liric custa muito mais barato que o Elite!

Definir sua musicalidade é semelhante ao ouvirmos a mesma música com dois intérpretes distintos, um está ainda iniciando sua jornada, e o outro se encontra no estágio de domínio total dessa arte. O Liric sempre irá lhe dar a versão mais completa, primorosa e fidedigna do que está a ouvir, mantendo como o Elite o grau de neutralidade necessário para não adicionar nada a mais do que foi planejado pelos músicos e pelo engenheiro de gravação.

CONCLUSÃO

O Liric se coloca tão mais próximo dos dois melhores fones da Meze, que arrisco dizer que eles criaram uma lacuna considerável a ser solucionada entre o 109 Pro e o Liric, e que espero que o departamento de marketing deles resolva em breve essa questão.

Com seu grau de refinamento e consistência de sua proposta em levar um passo adiante o padrão e assinatura sônica da Meze, o Liric é um fone que irá dar muito trabalho não só à concorrência, como ao próprio Elite.

Se todo fabricante de ponta tivesse esse problema, o mercado de fones hi-end estaria um patamar acima do atual, pois o que a Meze conseguiu com o Liric e o Elite, em termos de performance, é algo digno de ser comemorado por todos que desejam fones seguros, corretos tonalmente, e lindamente projetados!

Com esse grau de conforto auditivo e neutralidade, a concorrência que abra os olhos e entenda que fones corretos tonalmente, jamais precisam ser ‘equalizados’ para mostrar todo seu potencial!

Se você tem bala na agulha para um fone dessa magnitude, ouça-o!

Nota: 96,0
AVMAG #297
German Áudio
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(+1) 619 2436615
US$ 3.290

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