Teste 2: PRÉ DE PHONO SILVER CUBE DA LEHMANN AUDIO

Teste 3: CD-TRANSPORTE PRIMARE DD35
maio 8, 2024
Teste 1: AMPLIFICADOR INTEGRADO NORMA AUDIO REVO IPA-140
maio 8, 2024

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Eu conheço a Lehmann desde o início do século 21. Não consigo precisar exatamente o ano que ouvi pela primeira vez o Black Cube, mas ele me fez perguntar, depois de uma audição ligado a um toca-discos Rega Planar 25 com cápsula Sumiko, a razão de nenhum distribuidor ter olhado para essa marca.

Os anos se passaram, e assim como a Brinkmann Audio – outro fabricante alemão com uma séria reputação no universo analógico – nenhum distribuidor se deu ao trabalho de ouvir essas duas importantes marcas.

Pelo menos parte desse erro foi corrigido, com a chegada da Lehmann ao Brasil pelas mãos da Alpha Áudio & Vídeo, que com seu longo histórico de produtos analógicos, como a Rega e as cápsulas Ortofon, coloca em seu portfólio mais uma excelente marca.

Os amantes do analógico certamente irão agradecer a chegada da Lehmann, principalmente depois de ouvirem em seus sistemas como seus prés de phono podem ser um upgrade seguro e definitivo!

Mas toda trajetória de sucesso tem um início. E certamente esse início se deu com o lançamento do Black Cube, um pré de phono minimalista, mas com uma performance grandiosa (foi assim que eu o defini após meu primeiro contato com ele).

O preço absolutamente realista do Back Cube, colocou a Lehmann na linha de frente dos phonos de excelente performance e preços justos, quase que instantaneamente.

Com sua solidificação no mercado intermediário, era de se esperar que em algum momento a Lehmann quisesse dar voos mais altos, e nasceu o projeto do Silver Cube. E foram vários anos de maturação, até se chegar ao produto final. O importante é que nesse projeto, a Lehmann não abriu mão de sua identidade, focando acima de tudo na performance e não em design ou algum tipo de glamour superficial.

O objetivo foi: criar um phono de ‘topo de mercado’ com uma estética limpa e que não elevasse o preço final a valores exorbitantes. A meta foi competir com os melhores em termos de performance!

O Silver Cube habita uma caixa slim de alumínio usinado, em um grande pedaço de liga fresado e depois anodizado em um tom prata não brilhante que lhe dá um tom sofisticado, porém sóbrio! Sua frente ostenta apenas do lado esquerdo, um pequeno LED azul, e nas costas apenas uma entrada RCA para um braço, uma chave para definir a entrada como MM ou MC, uma outra chave de ganho, e as conexões dip para ajuste de capacitância e impedância. E um terminal com um plug para ligar o ‘umbilical’ à fonte externa.

A Lehmann Audio sabe e defende com autoridade que um bom phono começa por uma excelente fonte. E aqui não se mediu esforços, com um circuito de áudio totalmente redesenhado, completamente dual mono, e uma fonte de alimentação com um transformador toroidal, diodos de recuperação ultra rápidos, separados para cada bobina secundária.

Mas é no coração da seção de áudio que a Lehmann criou um phono excepcional. A parte de amplificação operacional é a mesma dos equipamentos utilizados em áudio profissional (principalmente nos prés de linha para microfones).

Capacitores de folha de estanho Mundorf em todo o caminho do sinal. Estágio de saída FET de zero feedback, Classe A discreto. Os estágios de ganho são protegidos por reguladores de tensão em paralelo, rápidos e apoiados por três capacitores diferentes para cada tensão.

Resistores e capacitores ajustáveis com terminal de ajuste DIP. E os capacitores eletrolíticos na seção de áudio são do tipo Low ESR e alta temperatura. Filtragem das tensões de alimentação na placa de áudio.

Conectores de áudio WBT e conectores de fonte de alimentação Neutrik, com contatos banhados a ouro e pés com aneis de silicone.

O ganho é de 66dB para cápsulas MC, com configuração: 36dB, 46dB, 55dB e 66dB. A impedância pode ser 47kohms, 1kohms ou 100ohms. Capacitância de 47p, 100p, 220p e 470p.

Para o teste, como estávamos também na preparação dos sistemas da nossa Sala para o Workshop, tivemos a possibilidade de ligar o Lehmann a nosso TD de Referência, o Origin Live, com seu braço de doze polegadas e a cápsula ZYX Ultimate Gold.

Os cabos de interconexão RCA foram: Sunrise Lab Aniversário, Transparent Audio Reference XL, e Virtual Reality. Os cabos de força foram: Sunrise Lab Aniversário, Dynamique Audio Apex, e Transparent Audio Reference XL G6.

O site do fabricante descreve o Lehmann Silver Cube da seguinte maneira: “O nosso pré de phono fornece o máximo de ar e espaço, com excelente profundidade e largura do palco sonoro, mas também resposta de ataque, ritmo, tempo, equilíbrio e dinâmica incrivelmente rápidos… você não ficará intocado”.

Gosto quando o fabricante descreve de forma objetiva as principais qualidades de seus produtos mais ‘nobres’. Isso nos ajuda a ficar atentos às características citadas, e buscar detalhes que talvez tenham passado batido pelo próprio fabricante, ou mesmo que ele não ache tão relevante assim para o que ele almejou no desenvolvimento do produto.

Antes de entrar na sonoridade do Lehmann, deixe eu dar uma boa notícia: ele pode ser escutado desde o momento em que for ligado ao seu setup. E fazer essa primeira audição com um misto de surpresa e encanto!

Quer um contato inicial mais prazeroso que esse, amigo leitor?

Para um revisor que já escreveu e publicou dois mil e sete testes, ter em mãos um produto que as primeiras horas não serão sofríveis, é tudo que meus ouvidos com 65 anos rodados (quase 66), desejam!

O Lehmann é encantador desde o primeiro momento, meu amigo.

É o tipo de pré de phono que se bem casado com o restante do sistema, irá lhe dar anos e anos de enorme alegria, e a possibilidade, provavelmente, de resgatar muitos discos esquecidos e se surpreender com gravações que você imaginava conhecer minuciosamente.

Sim, todas as qualidades descritas pelo fabricante podem ser provadas auditivamente.

Seu palco é excepcional em largura, profundidade e altura. Com ele você não ficará na dúvida se o cantor ou o solista estava em pé ou sentado. Em gravações com muitos planos, como da música clássica em que os naipes vão se perfilando, será possível ouvir com precisão: foco, recorte e ambiência, sem esforço algum.

Sua resposta de transientes é referência das referências. Melhor que muitos até mesmo exorbitantemente mais caros que ele, com uma apresentação de ritmo, tempo, andamento espetacular!

E sua capacidade de conduzir variações dinâmicas intensas, deixará inúmeros phonos em sérios apuros (principalmente os muito mais caros que ele).

Mas suas virtudes, na minha opinião, não são apenas essas citadas pelo fabricante em sua descrição ao mercado. O Silver Cube, vai mais adiante, e mais, ao apresentar um equilíbrio tonal notável, permitindo ouvir com excelente inteligibilidade notas mais graves de um órgão de tubo, ou um tímpano, ou um naipe de contrabaixos tocados em arco, com uma precisão em termos de velocidade e deslocamento de ar impressionante.

Sua região média é impecável, com um grau de inteligibilidade absurdo, e sem atravessar a tênue linha do natural para o analítico.

E seu agudo deveria ser avaliado por muitos de seus concorrentes, pois ele consegue ter ao mesmo tempo uma excelente extensão, com um decaimento absurdamente longo e algo que falta a muitos phonos ditos Estado da arte: Corpo Harmônico. Esse detalhe ficou notório ao ouvirmos diversas gravações de pratos de condução, em que o corpo se mostrou muito mais correto em tamanho, e nos decaimentos até o silêncio.

E não ache que isso é um mero ‘preciosismo’ de minha parte, pois esses detalhes que para muitos é irrelevante, é justamente o que separa os grandes phonos dos bons.

Pois tudo seu cérebro levará em conta na hora de apreciar e comparar com a referência real!

Isso, meu amigo, não é ‘preciosismo’ e sim saber que equipamento está realmente mais próximo de reproduzir ‘fielmente’ ou não o material gravado.

E aqui não existe espaço para o gosto pessoal, pois se você ouvir um prato de condução na mesma distância em que o microfone estava no momento de gravação, você ouvirá precisamente o tamanho daquele prato soando e como se comporta o decaimento depois que o baterista para de tocá-lo.

Com esse refinamento, consequentemente a apresentação de texturas também é superlativa! Você reconhece a paleta de cores e a qualidade dos instrumentos em todas as gravações tecnicamente decentes.

Aos amantes de música clássica, será um deleite observar a riqueza de detalhes de intencionalidade e o grau de virtuosidade e técnica dos solistas.

O corpo harmônico não é só espetacular nos agudos, e sim em todo o espectro audível. É de uma fidelidade capaz de nos pregar alguns sustos, e muitos sorrisos também, pois o analógico sempre foi superior nesse quesito ao digital, e com o Lehmann Silver Cube, essa distância se acentuou um pouco mais.

Muitos leitores sempre comentam que preferem a organicidade do CD, pois como ele é mais ‘silencioso de fundo’ eles podem se concentrar melhor e conseguir uma imersão mais plena. Para muitos, os clicks & plocs do vinil são inadmissíveis!

Respeito, mas não concordo!

Pois se você ouvir um disco em bom estado, com um excelente braço e cápsula, ligado a um pré de phono do nível do Silver Cube, você irá se surpreender com o silêncio de fundo e passará certamente a ver com outros olhos uma apresentação analógica de alto nível!

E, para mim, clicks & plocs não são piores que uma apresentação ao vivo, em que se escuta tosses, pessoas nos celulares, barulho de celofane de balas e bombons, e conversas paralelas.

Mas tudo é uma questão de avaliar que ruídos são mais suportáveis, e os que são menos.

No Silver Cube, recebi em minha sala: Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Milton Nascimento, Nat King Cole, Louis Armstrong, e fui teletransportado para o Village Vanguard umas seis vezes!

Ter uma ‘máquina do tempo’ à nossa disposição diariamente é um privilégio e tanto, você não acha?

CONCLUSÃO

A faixa de preço do Silver Cube o coloca no patamar de phonos definitivos para aqueles que já possuem um setup Estado da Arte de mais de 100 pontos. E que não desejam realizar um upgrade nesse componente que o faça ter um atrito com a esposa, ou precise limitar outros gastos para realizar esse sonho.

O que o coloca em uma posição privilegiada em relação a concorrência, e que você precisa saber, é que o Lehmann compete com phonos até o dobro de seu preço, com total tranquilidade, e pulveriza qualquer phono que custe perto do seu valor.

Agora, como escrevi na introdução deste teste: se trata de um phono em que o fabricante focou em seu alto nível de performance e não no glamour. Isso representa ter que fazer ajustes em chaves DIP, ter apenas uma entrada para um único braço, e ter poucas opções de ajuste de impedância.

Se essas limitações não são um problema para você, pois seu único propósito é uma performance final que represente um enorme upgrade para o seu setup, ouça-o!

Eu o levei ao nosso Workshop e o apresentei em nossas Jam noturnas, e todos que assistiram, certamente poderão dar seu parecer de como sua apresentação é de alto nível. E que seus pares no evento não estavam a sua altura. Mas acredito que a apresentação permitiu um vislumbre do quanto esse Silver Cube soa divino!


PONTOS POSITIVOS

Um pré de phono Estado da Arte Superlativo.

PONTOS NEGATIVOS

Uma única entrada, e limitações de regulagem de carga.


ESPECIFICAÇÕES

Sensibilidade para nível de saída 775mV (com chave de alto ganho ativada)MM: 3.8 mV / MC: 0.38 mV
Ganho 1 kHzMM: 46 dB / MC: 66 dB
Nível máximo de entradaMM: 50 mV / MC: 5 mV
Relação Sinal/RuídoMM: 78 dB / MC: 69 dB
Ganho36 dB / 46 dB / 56 dB / 66 dB
Separação de canais80 dB (em 10 kHz)
Impedância de entrada47 kohms / 1 kohm / 100 ohms / 1x carga personalizável
Impedância de saída5 ohms
Capacitância de entrada47 pF a 1.370 pF
Filtro de graves50 Hz (6 dB / oitava)
Consumo15 VA
Dimensões – Módulo de Áudio (L x A x P)300 x 48 x 195 mm
Dimensões – Módulo de Fonte (L x A x P)112 x 80 x 312 mm
Peso – Mòdulo de Áudio2.25 kg
Peso – Módulo de Fonte2.8 kg

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