Jogo dos Erros: JOGO DOS ERROS DAS SALAS & SISTEMAS – III

Editorial: “COM ORGANIZAÇÃO E TEMPO, ACHA-SE O SEGREDO DE FAZER TUDO BEM FEITO”. PITÁGORAS
maio 8, 2024
Espaço Aberto: TÉCNICAS EFICAZES PARA AMPLIAR NOSSA MEMÓRIA
junho 5, 2024

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Por que ter um sistema de áudio superior e sofisticado – acima de algo ‘consumer’ – se não é para tirar o melhor que ele pode prover em matéria de qualidade de som?

Quanto mais salas e sistemas eu vejo na Internet, mais eu fico triste de ver algo que poderia estar tocando bem mas, só de olhar, já se sabe que não tem como. São sempre erros básicos:

Acústica – Vendo na foto acima paredes nuas de um lado, vidro do chão até o teto do outro, um fundo de madeira que reflete bem por ser bastante liso, e um piso igualmente liso que mal é coberto (como se esse fosse fazer alguma diferença, nessa conjuntura…rs…) – dá para dizer que essa sala tem o oposto de um ‘tratamento acústico’. E, também, não tem nem uma preocupação mínima com um certo amortecimento ‘normal’ encontrado em uma sala mobiliada de um apartamento ou casa – pois móveis, estantes de livros e discos, e enfeites, criam uma mistura de amortecimento e difusão, que são extremamente melhores para o som que paredes vivas e vidros. Claro que, na foto, há um tapete absorvendo reflexões – o que é muito pouco. E tem esse sofá, cuja função secundária (depois de servir para sentar) é a de atrapalhar muito a caixa acústica da esquerda. Paredes nuas e superfícies lisas refletem, ‘sujando’ e aumentando os médios-agudos e agudos. O vidro faz a mesma coisa, com a adição de ser um ‘ladrão’ de graves. Tudo errado.

Posição das Caixas na Sala – As caixas estão separadas demais uma da outra, o que compromete o equilíbrio tonal e a formação de palco. E também estão enfiadas nos cantos, o que cria embolamento dos graves e perda de definição dos mesmos – e a mesma coisa acontece quando se põe as caixas perto demais da parede atrás delas, o que ainda tem a característica de comprometer a formação da ilusão de palco.

Posição do Ouvinte na Sala – Está óbvio que aí foi gasto um dinheiro grande tanto no imóvel, quanto no acabamento e decoração, quanto na compra das caixas – assim como do equipamento (o qual não aparece na foto, mas deve ser de um nível compatível com o da caixa, nem que seja só em matéria de preço). E só pode estar sendo usado para som ambiente, porque está tudo errado: sala, acústica, posição de caixas e, claro, posição do ouvinte, a qual é ‘inexistente’.
O que se ouve nessa sala acima, da foto?

Nada de palco. Um grave que consegue embolar, perder muita definição e ainda assim ser um pouco ‘roubado’ pela janela. O equilíbrio tonal deve ser de um agudo e médio-agudo com timbre torto e irritante, e certamente desequilibrado em relação aos graves. O som também é diferente em intensidade e sonoridade entre uma caixa e outra – se alguém quiser se dar ao trabalho de parar de frente para as caixas, equidistante, para prestar atenção, já que o sofá à esquerda está impedindo a dispersão completa dos médios-agudos e agudos da caixa. Melhor era ter usado um microsystem com aquelas caixas cheias de luzinha na frente. Desperdício de dinheiro.

Solução?

Vire o sofá para o lado de cá, para ele ficar de frente para as caixas – de modo que um dos assentos do mesmo fique em triângulo com as caixas, ou seja, equidistante de ambas. Posicione o tapete no chão de maneira simétrica. Traga as caixas uns 40cm mais próximas uma da outra, afastando-as do canto – também de maneira simétrica em relação às dimensões da sala, dos dois lados. Afaste as caixas da parede atrás delas em pelo menos uns 30 ou 40cm, e procure posicioná-las, junto com o sofá, em um triângulo equilátero. Ponha uma cortina grossa na janela à direita, de modo que seu reflexo no caminho entre o ouvinte e as caixas esteja coberto durante audições – e faça a mesma coisa na parede à esquerda, ou pendure uma tapeçaria nela, para ter um efeito semelhante. E aí você estará ‘começando’ a ouvir música corretamente, com qualidade sonora, timbre e recorte mais corretos, com um melhor equilíbrio tonal e inteligibilidade – justificando o gasto com um sistema bastante caro e suprindo a sua paixão por música e qualidade sonora.

Obter um melhor resultado sonoro – e isso todos nós queremos – às vezes só demanda um pouco de trabalho, e quase nenhum custo significativo. Não fazer isso, é como comprar um carro cuja categoria e custo têm totalmente a ver com performance, usar rodas quadradas nele, e dirigir sempre só na segunda marcha – e ainda ter um ódio sem sentido por quem se esforça para apontar tais erros e ajudar a melhorar.

Tem dúvidas em relação à sua sala e à utilização de seu sistema? Entre em contato conosco pelo e-mail: christian@clubedoaudio.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *