Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS STENHEIM ALUMINE FIVE SX

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

O ano começou bastante movimentado para nós com a chegada de inúmeros produtos lançados no nosso Segundo Workshop, que ocorreu no final de abril em São Paulo, e um dos destaques (que quem esteve no evento teve a oportunidade de escutar), foi a Stenheim Alumine Five SX.

O fabricante explica em seu site que, em 2024, lançou para a Alumine Five, uma elegante base de alumínio usinado sólido com o objetivo de ter o mesmo resultado da plataforma desenvolvida para a série Reference: maior estabilidade e facilidade no ajuste fino da caixa na sala do ouvinte.

E em termos de performance, o fabricante ressalta que graças à plataforma SX, o nível de amortecimento do gabinete é ainda mais acentuado.

Mas se engana quem acha que a Alumine Five SX seja diferente do modelo Five SE apenas pela introdução dessa sólida plataforma, pois houve modificações no crossover, nos bornes, fiação interna e na colocação de um painel de controle de ambiente – recurso antes só disponível na caixa Reference Ultimate Two – que permite o ajuste de diferentes perfis de graves e agudos para adequação à acústica da sala.

Outro aprimoramento foi a colocação de um conector de aterramento virtual.

Fabricada integralmente na Suíça, a Alumine Five SX é um design de três vias, com drivers desenvolvidos sob supervisão direta do fabricante. Seu gabinete de alumínio impressiona pelo grau de qualidade, acabamento e peso.

O modelo enviado para teste em tom cinza escuro realmente se destacou em meio a tantos equipamentos que estavam na sala nesse primeiro trimestre hiper movimentado.

Suas especificações técnicas, segundo o fabricante, são: impedância de 8 ohms (mínimo de 3 ohms), resposta de 28 Hz a 35 kHz, sensibilidade de 94db SPL, e potência mínima recomendada de 20 Watts. Seu peso com a plataforma é de 139 kg, e ela utiliza dois woofers de 10 polegadas, um falante de médio de 6.5 polegadas e um tweeter domo de tecido de 1 polegada.

Ela possui 4 câmaras frontais independentes, o que ‘teoricamente’ permite que não precisem ficar muito afastadas da parede às costas das caixas.

Com a plataforma, a SX ficou quase da mesma altura que a nossa caixa de referência, a Estelon X Diamond Mk2 – porém essa foi a única semelhança, pois de resto as estradas que ambas trafegam são bem distintas.

Em um universo em que as caixas ultra hi-end atuais utilizam falantes exóticos como plasma, berílio, cerâmica e diamante, a Stenheim optou em todos os seus modelos por falantes de cone de polpa de papel e o tweeter de domo de tecido.

O que pessoalmente me agrada, pois quando bem projetado o timbre é muito natural e correto.

O fabricante fala em, no mínimo, 200 horas de amaciamento – e eu estenderia para pelo menos 300 horas, até os woofers finalmente encaixarem com o falante de médios.

No entanto, o feliz proprietário poderá desde o primeiro momento sentar e ir acompanhando o ‘florescimento’ musical que vai gradativamente sendo apresentado.

O que pode ser frustrante nas primeiras 100 horas de queima, e que nos ansiosos podem ser motivo de insônia, é a pouca profundidade.

Mas isso vai gradativamente se ajeitando à medida que o encaixe entre os dois woofers de 10 polegadas vai se soltando, ganhando extensão, peso, velocidade, e o médio também começa a ganhar corpo e maior transparência.

Concordo que 200 horas serão quase que suficientes para esse encaixe até a região média-alta, só que o tweeter necessita de um pouco mais de queima, para arejar, ampliar sua extensão e redefinir seu decaimento.

E como o usuário menos experiente terá a certeza de que os agudos chegaram lá? Quando os detalhes de ambiência em gravações de música clássica começarem a aparecer e nos mostrar o respiro da sala, tamanho e a qualidade acústica dela.

E se não escuto de maneira alguma música clássica, Andrette, como posso saber se o tweeter chegou lá?

Pratos de bateria, meu amigo, será uma prova segura de que o amaciamento terminou ou não. Se os decaimentos forem corretos, nos permitirá ouvi-los ainda que tenha inúmeras outras informações em frequências próximas, é um exemplo seguro que todo o processo de amaciamento foi concluído.

Aqui com 300 horas a caixa estabilizou integralmente.

Para o teste, utilizamos nosso Sistema de Referência todo da Nagra, e o toca-discos Zavfino ZV11 (leia Teste 2 nesta edição) com braço de 12 polegadas TZ -1 Granite Series, cápsula Dynavector DRT XV-1T (leia Teste 3 nesta edição), e pré de phono Soulnote E-2.

No final do teste nos chegou os monoblocos single-ended ATM-2211 da Air Tight, que também foram utilizados no fechamento do teste depois de devidamente amaciados (leia teste na edição de junho).

Depois das 300 horas de amaciamento, a Alumine Five XS ficou com 4 metros de abertura, 1.98 m da parede às costas delas e 1.20 m das paredes laterais, com nenhum toe-in. Totalmente paralelas às paredes laterais.

Descrever seu equilíbrio tonal não é uma tarefa das mais fáceis, pois ela se confunde integralmente com sua imponente assinatura sônica.

Mas tentarei destrinchar de maneira palatável essas minhas observações.

Caixas com enorme controle e precisão do acontecimento musical, diferem de outros projetos pelo fato de sua assinatura sônica ser quase que uma concepção autoral de seu projetista.

E a Alumine Five SX é um conceito que deixa nítido o que o fabricante entende e persegue como fidelidade.

Seus graves são incisivos, ricos em detalhamento harmônico, orgânicos e com um grau de energia desconcertante. Qualquer gravação que você coloque, a fundação na resposta dos graves irá, de cara, se destacar.

Pois tudo parece ter mais informação com menor distorção, conduzindo o ouvinte a prestar muita atenção em características que provavelmente ele nem sabia existir naquela gravação.

E até o processo de amaciamento terminar, e todo o equilíbrio tonal estar inteiramente ajustado, você irá conviver com esses deliciosos detalhes a cada dia.

Então, meu amigo, se você é um tarado por graves, adora rock (principalmente rock progressivo, em que muitos reclamam que falta peso/energia nos graves, se prepare para belas surpresas). Ouvi gravações que não revisitava há quase uma década, e fiquei impressionado e satisfeito com a leitura da Alumine Five SX.

A região média é de uma riqueza harmônica ímpar, pois consegue ser ao mesmo tempo bastante transparente, porém jamais passando para o lado analítico ou cansativo.

Parece estar no limiar entre o eufônico e o neutro.

Ouvi, para constatar essa impressão, várias gravações do selo GRP, que pecavam por ter um corpo harmônico pobre, o que dependendo da assinatura sônica do sistema, deixa essas gravações um pouco cansativas – e na Alumine Five SX, isso foi muito minimizado.

Ouvi todos os LPs do Dave Grusin e Chick Corea Elektric Band, e posso dizer que os redescobri depois dessas audições na Stenheim.

Os agudos, como levam mais tempo de amaciamento, podem parecer que irão se perder nos médios e graves quentes e realistas. Porém, quando finalmente desabrocham, o resultado é um equilíbrio tonal além de correto, muito convincente e prazeroso.

O soundstage, tirando a profundidade que só será plena após as 300 horas, em todos os outros quesitos é espetacular. Principalmente foco e recorte. Em gravações técnicas de bom nível, chegamos a balançar a cabeça, com o grau de precisão, como ver se o cantor está em pé ou sentado.

Aliás, esse é um detalhe que muitos leitores não levam em consideração – a altura do acontecimento musical – mesmo sabendo que nosso cérebro está atento a tudo.

E esse detalhe é sublime nessa caixa!

Quando totalmente amaciada, a profundidade como um passe de mágica irá se apresentar e aí, meu amigo, o quesito soundstage estará finalizado.

Texturas é outro quesito que para os audiófilos iniciantes não passa de um detalhe – e para quem possui referência de música ao vivo não amplificada é um quesito essencial para nosso cérebro parar e dar total atenção ao que está ouvindo. E aqui, meu amigo, temos uma caixa exemplar para nos mostrar o quanto esse quesito engrandece e dignifica uma audição.

Pois não falo apenas da riqueza na apresentação da paleta de cores, ou das intencionalidades mais evidentes como qualidade do músico do seu instrumento, e da escolha e captação do engenheiro de gravação. Falo da parte mais sutil deste quesito: a intencionalidade do compositor ao escrever a obra.

O grau de tensão ou relaxamento em uma passagem em pianíssimo e a explosão de tons em um fortíssimo, permitindo entendermos exatamente o que o compositor queria nos passar.

Poucas caixas, independente do seu preço, conseguem esse grau de refinamento. Muito poucas, meu amigo.
Mas vamos definir o que vem a ser este refinamento?

É a capacidade que um produto hi-end tem de conseguir, em todos os quesitos de nossa Metodologia, estar perfeitamente equilibrado, não deixando arestas ou buracos entre elas. Deixando de ser apenas uma apresentação correta e coerente, para ganhar requinte e refinamento.

Seus transientes são referenciais em todos os aspectos: ritmo, tempo e andamento. Precisão digna dos relógios suíços, onde você jamais sentirá a música soar letárgica ou sem pegada.

E sua apresentação de macro-dinâmica só ouvi igual na Estelon Forza. Impressionante sua capacidade de recriar o fortíssimo com total autoridade e folga.

Não tenho dúvida que sua sensibilidade de 94dB está por trás desse desempenho tão impactante. Enquanto outras grandes caixas sentem o baque, ela simplesmente executa o que precisa sem endurecer o sinal ou deixar a imagem compactada e bidimensional.

E a micro-dinâmica é perfeita, sem perda de nenhum detalhe captado e presente na gravação.

Agora, junto com textura, outro quesito que me deixou sem palavras foi sua recriação do corpo harmônico dos instrumentos. Novamente, só escutei reprodução desse quesito neste nível com a Forza da Estelon, que custa o dobro!

Os melhores pianos, contrabaixos, tímpanos, órgão de tubo, corais, trombone, trompa, que ouvi depois da Forza!
E, meu amigo, seu cérebro se delicia com essa possibilidade, pois ele percebe que é verossímil aquele instrumento a sua frente.

Falarei rapidamente sobre a organicidade, já que fica evidente que, com todos esses atributos em tão alto nível, ela só pode nos dar a satisfação de ter os músicos diariamente em nossa sala – e, de vez em quando, também irmos nós até a sala de gravação.

Todos que tiveram o prazer de ouvi-la, se encantaram com a sua capacidade de recriar a nossa frente o acontecimento musical, com tão alto grau de convencimento.

CONCLUSÃO

Escuto de muitos leitores que me dizem que têm enorme dificuldade de definir sua assinatura sônica preferida.

Pois uns preferem uma sonoridade mais eufônica, mas não querem que esta assinatura imprima a todas as gravações essas características. Na outra ponta, existem os que dizem buscar alto grau de transparência para não se perder nenhum detalhe da gravação, mas também não querem deixar seus sistemas cansativos.

Os poucos que desejam o Neutro, receiam o custo desses equipamentos e não se sentem aptos a montar um setup que tenha essa assinatura em toda a cadeia do seu sistema.

Acho que para esses que estão em dúvida, sugiro ouvirem as caixas deste fabricante Suíço. Pois ainda que não me pareçam completamente neutras, este modelo que ficou conosco dois meses e meio, se mostrou suficientemente eclético para mostrar impecavelmente a assinatura sônica do power Air Tight ATM-2211 e dos Nagras HD.

Por isso que no gráfico de assinatura sônica essa caixa ficou na fronteira do Eufônico com o Neutro.

Se deseja o calor e a musicalidade na medida certa, que o deixem ouvir tanto suas gravações tecnicamente limitadas, quanto às boas, você precisa escutar as caixas deste fabricante.

E, na minha opinião, existe um outro diferencial em relação à concorrência, muito forte: sua alta sensibilidade, o que permite uma compatibilidade com uma gama enorme de amplificadores de qualquer topologia, com o mínimo de 20 Watts.

O Air Tight 2211 com seus 33 Watts foi uma verdadeira ‘pêra doce’ para a Stenheim. E ela se casou lindamente tanto com o single ended, quanto com o Nagra HD – algo que é impossível para a minha Estelon.

A Stenheim faz parte daquele seleto grupo de produtos Estado da Arte Superlativo que se destaca tanto pela sua performance como pela sua capacidade de possibilitar ao audiófilo ouvir diferentes topologias até definir qual é a que casa com seu gosto pessoal e com suas expectativas.

Não tenho dúvida que existem leitores que estão à procura exatamente de uma caixa com essas qualidades.


PONTOS POSITIVOS

Sua performance de nível superlativo e seu alto grau de compatibilidade com inúmeros powers.

PONTOS NEGATIVOS

Extrair o sumo do sumo requer setup no mesmo padrão de performance.


ESPECIFICAÇÕES

TipoCaixas acústicas passivas torre de 3 vias
Drivers2 woofers de 10”
1 driver médio de 6,5”
1 tweeter de cúpula macia de 1”
PrincípioDesign bass reflex com duto frontal
GabineteConstrução totalmente em alumínio, com 4 câmaras independentes
CrossoverFase coerente empregando componentes audiófilos de alta qualidade
Resposta de frequência28Hz a 35kHz
Sensibilidade94dB
Potência máxima200 W RMS (400 W de pico)
Potência mínima recomendada20W
Impedância nominal8 Ohms (mínimo 3 Ohms)
Dimensões L x A x P (com plataforma)48 x 130 x 38 cm
Peso (com plataforma)139 kg (cada)

CAIXAS ACÚSTICAS STENHEIM ALUMINE FIVE SX
Equilíbrio Tonal 14,0
Soundstage 13,0
Textura 14,0
Transientes 14,0
Dinâmica 14,0
Corpo Harmônico 14,0
Organicidade 14,0
Musicalidade 14,0
Total 111,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
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