MUSICIAN – Bibliografia II: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I)

MUSICIAN – Discografia: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) – VOL. 12
agosto 16, 2019
MUSICIAN – Bibliografia: O ALVORECER DE UMA NOVA ERA
agosto 16, 2019


Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

PRINCIPAIS COMPOSITORES

Maurice Ravel: nascido na cidade de Ciboure, no País Basco Francês, perto de Biarritz e da fronteira com a Espanha, em 1875, filho de um inventor e industrial suíço que tinha grande interesse pela música e cultura e que, com sua mãe, que era de origem basca espanhola, influenciaram bastante o gosto musical de Ravel. Logo sua família mudou-se para Paris e, aos seis anos de idade, Ravel começou a ter aulas de piano, harmonia, contraponto e composição, sendo que seu primeiro recital de piano foi aos 14 anos, em 1889. Preferindo ser compositor do que intérprete, Ravel e vários compositores contemporâneos foram influenciados pela escola russa, principalmente por Rimsky-Korsakov, e pela obra de Richard Wagner. Em suas primeiras composições já demonstrou caráter, espírito e personalidade independentes, o que caracterizaria toda sua produção musical. Admirador de Mozart e Debussy, teve aulas com Gabriel Fauré, que o considerou muito bom aluno. Logo se juntou a um grupo de artistas ‘renegados’ que se intitulavam Les Apaches, o qual chegou a incluir nomes como Igor Stravinsky e Manuel De Falla. Após um ferimento na cabeça, em um acidente com um táxi na década de 1930, Ravel começou a sofrer de afasia, o que o levou alguns anos depois a tentar uma cirurgia, pois acreditavam que tinha um tumor cerebral. Mal acordou da cirurgia e entrou em coma profundo, vindo a falecer em dezembro de 1937, em Paris, aos 62 anos.

Ottorino Respighi: nascido em Bolonha, na Itália, em 1879. Aprendeu violino e piano com seu pai, que era professor de piano, e depois violino e viola com Federico Sarti e composição com Giuseppe Martucci no Liceo Musicale. Formado em violino, em 1899 foi para a Rússia para ser o primeiro violista na Orquestra do Teatro Imperial Russo, em São Petersburgo, onde chegou a estudar composição com Rimsky-Korsakov durante cinco meses. Retornou à Bolonha, onde foi o primeiro violino do Quinteto Mugellini até 1908, depois passou um tempo dedicando-se também à composição e a ensinar composição no Conservatorio di Santa Cecilia, em Roma. Em 1919, casou-se com a mezzo-soprano Elsa Olivieri-Sangiacomo que, depois, além de promover a obra do marido, também tornou-se compositora. O célebre maestro Arturo Toscanini foi um grande defensor da obra de Respighi, chegando a estrear suas obras nos EUA e a gravá-las para o selo RCA Victor. A maior parte de suas obras é considerada neoclássica, misturando melodias pré-clássicas com formas, harmonias e texturas do Romantismo do fim do século XIX. Respighi continuou a compor e a apresentar-se até o começo de 1936, quando uma infecção cardíaca levou-o a falecer em abril aos 56 anos de idade. Um ano depois, seus restos mortais foram transportados para sua cidade natal, Bolonha.

Claude Debussy: nascido em Saint-Germain-en-Laye, na França, em 1862, filho de uma costureira e do proprietário de uma loja de louças. Aos cinco anos mudou-se com a família para Paris, mas, devido à Guerra Franco-Prussiana, refugiaram-se em Cannes três anos depois. Aos sete anos começou a ter aulas de violino com um violinista italiano e, aos dez anos, entrou para o Conservatório de Paris, onde ficou durante 11 anos tendo aulas com o compositor Cesar Franck, entre outros. Frequentemente rompendo com a estética e a técnica rigidamente ensinadas pelo Conservatório, Debussy foi influenciado por Madame Vasnier, uma cantora, e seu marido, que lhes deram apoio emocional e profissional. Vencendo o Prix de Rome em 1884, foi estudar na Académie des Beaux Arts e na Villa Medici, em Roma. Porém, Debussy procurava seu próprio caminho, as ideias e a liberdade de formas. Debussy teve vários casos amorosos em sua vida, comportamento o qual chegou a causar o fim de sua amizade com o compositor Ernest Chausson. Após 1905, estabeleceu-se em Paris, onde moraria até sua morte por câncer, em 1918, com sua esposa Emma e sua única filha, Claude-Emma, a qual faleceu no ano seguinte durante uma epidemia de difteria.

Erik Satie: nascido na região da Normandia, no noroeste da França, em 1866. Sua mãe, uma escocesa, morreu quando ele tinha sete anos, e seu pai mudou-se para Paris, deixando Erik para ser criado por seu tio Adrien. Começou a aprender piano com o organista Gustave Vinot, mas logo se mudou para Paris, em 1878, onde ingressou no Conservatório de Paris aos 14 anos. Doze anos depois foi morar em Montmartre, onde trabalhou como pianista no Chat Noir e no Auberge du Clou, conhecendo Claude Debussy e o humorista Alphonse Allais – que o apelidou de ‘Esotérik Satie’. Em 1891 ingressou na Ordem Rosacruz, uma instituição voltada ao esoterismo e, mais tarde, descontente, fundou sua própria igreja chamada de ‘Igreja Metropolitana de Arte e Jesus como Guia’, da qual era o único membro e costumava excomungar quem não concordava com suas ideias. Com seu único amor, a modelo Suzanne Valadon, que posava para Degas e Renoir, teve apenas um breve romance. Um dos precursores do minimalismo, voltou, após os 40 anos, a estudar contraponto e orquestração com Vincent D’Indy e Albert Roussel, mas logo retornou à boemia parisiense. Sua obra logo atraiu a atenção de Maurice Ravel, Jean Cocteau e Pablo Picasso, que o considerou uma das mais importantes influências. Após anos de consumo de álcool, faleceu em julho de 1925, de cirrose.

LINHA DO TEMPO


1827 – Morre Beethoven.
1859 – Abre a primeira casa de ópera de Nova Orleans, em Louisiana, nos EUA.
1863 – Nasce o compositor francês Claude Debussy, em Saint-Germain-en-Laye.
1866 – Nasce o compositor Erik Satie, em Honfleur, na França.
1875 – Nasce o compositor Maurice Ravel, em Ciboure, na França.
1876 – O francês Stéphane Mallarmé escreve o poema O Entardecer de um Fauno.
1879 – Nasce o compositor Ottorino Respighi, em Bolonha, na Itália.
1883 – Morre Richard Wagner, em Veneza, na Itália.
1888 – César Franck compõe sua Sinfonia em Ré Menor. Nikolai Rimsky-Korsakov compõe a suíte orquestral Scheherazade.
1890 – Gabriel Fauré finaliza a composição de seu Requiem.
1891 – Abre o Carnegie Hall, em Nova York.
1896 – O maestro Arturo Toscanini rege seu primeiro concerto sinfônico, em Turim, com obras de Schubert, Brahms, Tchaikovsky e Wagner.
1918 – Morre Debussy, em Paris.
1925 – Morre Satie, em Paris.
1929 – Jean Cocteau escreve sua obra mais famosa, Les Enfants Terribles.
1936 – Morre Respighi.
1937 – Morre Ravel, em Paris. Pablo Picasso pinta seu famoso quadro Guernica.

CURIOSIDADES
  • Debussy teve uma grande amizade com outro estudante de música, o pianista Isidor Philipp. Depois de sua morte, muitos pianistas procuraram Philipp pedindo conselhos sobre a interpretação das obras de Debussy.
  • Durante os verões de 1880, 1881 e 1882, Debussy acompanhou Nadezhda von Meck – conhecida por ser a mecenas que financiava o compositor russo Piotr Tchaikovsky – em suas viagens pela Europa e Rússia, tocando piano com ela ou mesmo dando aulas do instrumento aos seus filhos. Apesar dessa conexão, aparentemente Tchaikovsky teve pouca ou nenhuma influência artística sobre Debussy.
  • Ao visitar Bayreuth em 1888, Debussy foi grandemente influenciado pelo domínio da forma e pelas harmonias da obra de Richard Wagner – que havia falecido cinco anos antes – mas não por seu emocionalismo.
  • Quando Debussy conheceu Satie, surgindo daí uma profunda amizade, ambos os músicos eram boêmios e estavam lutando para se manterem financeiramente.
  • Em 1889, Debussy teve contato com a música da Ilha de Java –
    e a partir disso, o uso da escala pentatônica começou a aparecer em sua obra.
  • Em 1904, Debussy, que estava casado com Lilly Texier, conhece Emma Bardac, a esposa de um banqueiro parisiense que tinha uma sofisticação que conquistou o compositor. Em julho daquele ano, Debussy escreveu para a mulher dizendo que o casamento deles havia acabado, o que levou Texier a tentar o suicídio, ao mesmo tempo que Bardac era deserdada pela família. No ano seguinte, fugindo das hostilidades, Debussy e Bardac fogem para a Inglaterra, onde, aguardando a oficialização do divórcio de Bardac, Debussy finaliza a composição de uma de suas obra-primas: La Mer.
  • Maurice Ravel nasceu quatro dias após a estreia da ópera Carmen, de Georges Bizet, em 7 de março de 1875.
  • Apesar de seu enorme talento natural para a música, Ravel também dizia ter dentre seus talentos ‘a mais extrema preguiça’, tanto que seu pai tinha que suborná-lo para que ele seguisse praticando o piano.
  • Quando estava no Conservatório de Paris, Ravel criou uma grande amizade com o pianista Ricardo Viñes, que acabou sendo o intérprete para a maior parte de suas obras e, com Ravel, membro do grupo de artistas chamados de ‘Les Apaches’.
  • Após tentar ganhar várias vezes o prestigioso Prix de Rome, Ravel acabou sendo desclassificado em um mesmo ano onde os seis finalistas eram todos alunos de Charles Lenepveu, que era membro da comissão julgadora. O escândalo, chamado pela
    imprensa de ‘O Caso Ravel’, acabou por derrubar Lenepveu e colocar em seu lugar Gabriel Fauré, amigo e professor de Ravel.
  • Diz a lenda que o poeta Stéphane Mallarmé estava descontente pelo seu poema ser usado como base para o Prelúdio ao Entardecer de um Fauno, de Debussy que, mesmo tendo as melhores intenções do mundo, a justaposição da poesia com a música era um crime.
  • Satie gostava de criar termos e títulos, tanto que por vezes, quando perguntado qual era sua profissão, respondia que era um Gimnopedista, termo apropriado de um festival grego dedicado ao deus Apolo, onde jovens nus dançavam ao som da música da flauta e da lira.
  • Em outras ocasiões, Satie dizia ser um ‘fonometrista’, cujo significado era ‘alguém que media sons’, em vez de se definir como ‘músico’.
  • Satie era conhecido por ser bem irreverente, sendo famoso por possuir doze ternos cinzas de veludo, idênticos, e por colecionar guarda-chuvas e cachecóis, além de ter a mania de comer sempre que possível apenas comidas brancas, como arroz, ovos, coco, peixe, nabo e queijo.
  • Respighi visitou o Brasil em 1928, o que resultou na obra Impressões Brasileiras, cuja primeira apresentação foi no mesmo ano, no Rio de Janeiro. Entre as três peças que compunham a obra, estava um retrato sinistro de uma visita de Respighi ao Instituto
    Butantan, em São Paulo, onde se fazia pesquisas com cobras e seus venenos.
  • Na viagem de volta do Brasil, Respighi conheceu o físico italiano Enrico Fermi – depois conhecido como um dos pais da Bomba Atômica – que tentou várias vezes fazer o compositor explicar a música com termos da física, sem sucesso. Tornaram-se grandes amigos, até o fim da vida de Respighi, em 1936.
  • Após a chegada de Benito Mussolini ao poder, Respighi – que era apolítico por natureza – tentou se manter neutro, chegando a deixar que sua música fosse usada para propósitos políticos, mas apoiando críticos como o maestro Arturo Toscanini, o que permitiu que eles continuassem trabalhando sob o regime político.

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