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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Quando escrevi o Opinião sobre cápsulas, no final do texto eu disse aos nossos leitores que estaríamos recebendo para teste cápsulas da Grado, Audio Technica e Hana, em breve. E alguns leitores me fizeram várias perguntas a respeito da Hana, já que por aqui este fabricante é pouco conhecido.

Meu primeiro contato com a cápsula Hana ocorreu, se não me engano, em 2018, quando ouvi na casa de um leitor um modelo intermediário da série S, com uma performance muito impressionante para uma cápsula de menos de mil dólares. Lembro de ter comentado com o dono do setup que a cápsula era muito correta e equilibrada, sendo até difícil apontar arestas ou limitações.

Pois o tempo passou e, eis que no meio da pandemia o Fábio Storelli me liga, contando que havia fechado para o Brasil a distribuição da Hana e dos fones Meze (leia Teste na Audiofone), e que trabalharia de forma diferenciada com essas duas marcas, com vendas apenas online em seu site. E que os preços seriam muito competitivos!

Recebemos para teste o modelo Hana ML, cápsula que custa, nos EUA, 1.200 dólares, e que é uma das cápsulas deste fabricante com maior número de prêmios e uma quantidade de posts nos fóruns muito comentados, justamente pela sua alta relação custo /performance.
Já solicitamos também, para teste, as cápsulas da série E de entrada, e da série S, para futuras avaliações.

Todas as séries são Moving Coil (MC) e possuem duas versões: H com saída alta de 2 mV, ou L de baixa saída de 0,5 mV. Isso facilita a vida do consumidor que, por acaso, tenha apenas uma entrada MM em seu sistema analógico e ainda assim deseja uma cápsula mais refinada.

A série M foi lançada mais recentemente e apresenta, segundo o fabricante, uma série de avanços tecnológicos, materiais mais nobres e uma interface mecânica superior. Seu corpo é preto, mas o formato da cápsula é distinto da série E ou da S. A nova série M usa fio de cobre de altíssima pureza e tratamento criogênico. O corpo é feito de Delrin, e a interface mecânica foi aprimorada com uma tampa de latão usinado.

Segundo o fabricante, esses cuidados fornecem melhor resposta de graves e dinâmica com maior escala entre o pianíssimo e o fortíssimo.

Outra diferença entre a série intermediária S, e a série M, é que a bobina cruzada da cápsula ML é enrolada com um cobre de maior pureza (maior que 4N), com um diâmetro diferente (30 mícrons) do que a série SL. Esta nova bobina tem impedância de 8 Ohms, enquanto a bobina da SL é de 30 Ohms.

A bobina da ML permite o uso de estágios de impedância de entrada fixa de 100 ohms em prés de phono, e compatibilidade mais ampla.

A Hana ML pesa 9.5 gramas, com uma massa bastante compatível com a maioria dos braços, um cantilever de alumínio e um imã de alnico. Dois leitores me perguntaram o significado do nome Hana em japonês e, segundo meu amigo Yukio, significa: “Lindo”!

Para o teste utilizamos dois toca-discos: o nosso Acoustic Signature Storm de referência com braço SME Series V e cabos Quintessence da Sunrise Labs, e o toca-discos da Timeless (leia teste na próxima edição) com braço Origin Live Encounter MK3C. E como pré de phono usamos o Boulder 508.

Pudemos comparar a Hana ML com nossa cápsula de referência, a Soundsmith Hyperion 2, em ambos os braços e toca-discos, o que nos ajudou muito a fechar a nota da Hana ML.
Interessante que, já nas primeiras horas de audição, sua assinatura sônica me remeteu imediatamente à Hana que havia escutado dois anos atrás. As mesmas características da SL, porém mais refinada e com um silêncio de fundo ainda maior!

De todas as cápsulas mais recentes que tive ou testei, diria que a ML está muito mais para a Transfiguration Proteus do que para a Air Tight PC-1 Supreme ou a Soundsmith Hyperion 2. Mas ela custa um terço da Protheus! Com isso em mente, deixamos a cápsula amaciar por 25 horas e iniciamos os testes.

Primeiro no Storm com braço SME V e, posteriormente, com o braço Origin Live. Essa possibilidade de ouvir em dois setups tão distintos nos permitiu ver o quanto a ML é compatível com braços tão diferentes e como ela consegue manter-se equilibrada.

Seu som, ainda que muito “quente e musical” como a Protheus, possui uma transparência (será devido ao seu impressionante silêncio de fundo?) que nos dá um conforto e uma recuperação da microdinâmica que só ouvimos em cápsulas muito mais caras (três a quatro vezes seu preço!).

É difícil detectar “arestas” ou limitações em algum dos quesitos da Metodologia. Seu comportamento é muito homogêneo, nos fazendo esquecer de imediato o setup e mergulhar na música.

No braço SME V seu comportamento foi ligeiramente mais analítico e com um foco e recorte rigoroso. Já no braço da Origin Live, este comportamento “analítico” deu lugar a uma maior suavidade, que foi crucial nas gravações tecnicamente mais limitadas. Para quem tem uma coleção repleta de prensagens nacionais, diria que o melhor conjunto será Hana ML com o braço Origin Live!

Para gravações tecnicamente melhores, prensagens importadas japonesas ou europeias, o detalhamento e a precisão do casamento Hana ML com SME V foi excelente! Morrerei dizendo: antes de definir um setup (principalmente analógico), faça um pente fino na sua discoteca e estude as possibilidades que serão mais coerentes com a qualidade dos LPs e com o estilo musical!

Seu equilíbrio tonal para esta faixa de preço (menos de 1500 dólares) é exuberante. Agudos que não agridem, região média de uma naturalidade exemplar e graves com uma energia e corpo, contagiantes! Independente do estilo, a performance em termos de equilíbrio sempre será muito correta.

O palco, ainda que não tenha a holografia 3D da nossa cápsula de referência, é excelente em termos de foco, recorte e planos. Os instrumentos solo, são apresentados com aquele silêncio em volta e com uma apresentação de ambiência muito verossímil.

Junto com o equilíbrio tonal, as texturas são um show à parte. Quem é fã das gravações de Duke Ellington dos anos 50 e 60 já sabe que muitas vezes os pianos possuem uma certa dureza, principalmente nas três oitavas superiores da mão direita. E somente em cápsulas com excelente equilíbrio tonal essa limitação se torna um pouco mais “palatável”. São nessas gravações que separo as cápsulas “corretas” das cápsulas “exemplares”! A Hana ML consegue o mérito de estar neste patamar de cápsulas exemplares. E são justamente essas gravações do Duke que também percebemos a qualidade na reprodução das texturas nessas três oitavas.

Pois quando o equilíbrio tonal é corretíssimo, conseguimos observar se as notas mais agudas possuem ou não feltro, para amenizar aquele desagradável som de vidro (principalmente nas duas últimas oitavas). Aqui nesses exemplos de textura, novamente a ML foi uma agradável surpresa.

Os transientes são corretíssimos e de uma precisão que, novamente, coloca essa Hana no pavilhão de cima. O silêncio de fundo e o seu rastreamento preciso, facilitam demais a inteligibilidade de microdinâmica, mas as escalas do pianíssimo para o fortíssimo são muito corretas, e a macrodinâmica possui aquele tão buscado conforto de autoridade e folga!

Falar de corpo harmônico em cápsulas de excelente nível é chover no molhado. A ML neste quesito, não deve nada nem mesmo às cápsulas Estado da Arte muito mais caras que ela. O mesmo posso falar do quesito organicidade: o acontecimento musical está ali à nossa frente, materializado e ao alcance de nossas mãos.

CONCLUSÃO

Todas as cápsulas por nós testadas, com pontuação entre 96 e 98 pontos, custam acima de 10 mil reais (por volta de 2 mil dólares… como o nosso dinheiro não vale mais nada!). A Hana ML é a primeira a estar neste contingente custando menos de 9 mil reais e com um pacote de benefícios que a colocam em destaque neste grupo.

O seu grau de coerência e homogeneidade em todos os quesitos de nossa Metodologia, dão a ela uma relação custo/performance difícil de suplantar. E com um grau de compatibilidade com braços distintos também de alto nível.

Seu grau de musicalidade com um equilíbrio quase perfeito entre transparência e naturalidade, na sua faixa de preço, é algo inédito entre as cápsulas testadas nos últimos 5 anos!

Se você deseja uma cápsula de alto nível, refinada, musical e abaixo de 2 mil dólares, você deve conhecer a Hana ML. Acho muito difícil você não se deixar encantar com tantos atributos e por um preço ainda possível de se investir em um setup Estado da Arte!
Um produto melhor compra com um M maiúsculo!


PONTOS POSITIVOS

Um grau de coerência assombroso.

PONTOS NEGATIVOS

Nesta faixa de preço, nada de negativo.


ESPECIFICAÇÕES
AgulhaNude Microline
CantileverAlumínio
ÍmãAlnico
Circuito magnéticoTratamento por criogenia
Fio da bobinaCobre de alta pureza
CorpoPOM (Delrin) / latão
Nível de saída0,4 mv / 1 KHz
A NOTA É A MÉDIA DOS DOIS BRAÇOS UTILIZADOS.

CÁPSULA HANA ML
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,0
Total 98,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



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