Opinião: ‘VERDADES’ ERRÔNEAS SOBRE AUDIOFILIA

Opinião: OUVIR MÚSICA: HÁBITO OU STATUS
julho 7, 2022
HI-END PELO MUNDO
julho 7, 2022

Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Na área de áudio, cada especialista, cada profissional, fabricante, desenvolvedor, consultor, vendedor, guru auto-designado, ou guru ‘sorteado’ – todos eles procuram, de quando em quando, mostrar aos seus clientes e admiradores, suas ‘verdades’ pessoais sobre audiofilia e equipamentos.

Mas, é tão complexa assim essa área, para caber tantas ‘verdades’? Sim, é uma área bastante complexa e cheia de nuances, mas um melômano audiófilo não precisa saber tudo. Já o profissional da área precisa sim ter – e fazer uso de – um conhecimento e uma experiência bem definidos. Profissional ou guru, por exemplo, que é surdo de um ouvido, ou descobriu deficiência auditiva por doença ou idade, é o mesmo que querer ser um ‘orador fanho’ (e não me entendam mal: estou certo de que qualquer fanho pode ser um tremendo engenheiro, um médico brilhante ou um músico mundialmente conceituado, por exemplo).

Ou seja, a audiofilia demanda um aprendizado, demanda um conhecimento, uma série de detalhes e condições para se entender daquilo – seja profundamente para um profissional, ou mesmo apenas o suficiente para que cada um com um sistema em casa tire o melhor dele, e não gaste desenfreadamente em upgrades e, muito menos, em acessórios.

Muitas vezes é estranho ver ‘entendidos’ propalando ‘verdades’ bizarras, como dizer que cabos são placebo – ou seja, esse devido profissional ou guru não sabe o que está fazendo, não tem nem sua audição e nem sua percepção aguçados, ou mesmo sequer educados. E eu nem preciso entrar na discussão sobre a ‘engenharia e suas definições’ provarem que cabo é isso, ou cabo é aquilo –
principalmente porque não sou engenheiro – mas posso dar uma resposta prática que diz que há diferença na audição, no resultado sonoro com cabos diferentes. E, meu amigo, teóricos que se escondem atrás de suas disciplinas, detestam respostas práticas, e detestam ainda mais ‘resultados sonoros’ – e eu não sei se é porque não têm capacidade de perceber tais resultados, ou porque não querem ter…

Audiófilos – os que querem tirar o melhor resultado de seus sistemas – são chamados de esnobes pelos que acham que um aparelho vintage (ou um de pro-áudio, ou um barato linha ‘consumer’) soam muito semelhantes, e não vale os gastos. Porque obviamente esses não educaram seus ouvidos (como um gourmet tem que educar seu paladar, ou um enófilo tem que educar seu paladar). Eles chamam os audiófilos de preciosistas, e dizem que suas soluções, recursos e acessórios – principalmente cabos – são ‘óleo de cobra’, uma expressão que aparece bem em filmes do velho oeste americano, onde algum aproveitador vai de cidade em cidade vendendo vidros de algum elixir que ‘cura tudo’ (o tal do ‘óleo de cobra’), mas que na verdade é apenas água com açúcar, tirando dinheiro dos incautos.

Dá pra entender porque tem gente que acha que as coisas audiófilas são ‘óleo de cobra’. Quem não entende a diferença que faz o uso de um metal de melhor qualidade nos condutores e nos plugues, por exemplo, ou não tem experiência na avaliação da sonoridade de um sistema de áudio, vai dizer mesmo que aquilo é placebo. Sempre existe a opção de aprender.

Abaixo mais algumas ‘Verdades’ (quase falácias) sobre audiofilia, propaladas por ‘profissionais’ da área:

Cabos, Cabos & Mais Cabos?

O motivo maior da indignação dos que não compreendem a audiofilia. Não me preocupam os que desgostam dos preços praticados por algumas marcas de cabos, porque eu mesmo não sou fã de preços absurdamente altos, seja em que mercado for.

Mas o que eu acho engraçado são os profissionais que são engenheiros – ou que embasaram seus conceitos em engenharia – que são os primeiros a dizerem que ‘um cabo é um cabo’, que vai transmitir o sinal elétrico do mesmo jeito (seja de caixa, de força ou de interconexão). Cinco minutos depois, esses se tocam que cabos um pouco mais grossos e de material de melhor qualidade, são melhores – o que é uma resposta sensata – mas logo dizem que cabos de 100 dólares que tiverem as mesmas características elétricas medidas que cabos de 1000 dólares, vão dar ambos o mesmo resultado. Engraçado que eles não se dão ao trabalho de ouvir o resultado – seja porque não querem (muitos objetivistas não querem), ou porque não têm a capacidade desenvolvida para tal (muitos objetivistas não têm).

Quando eu mostrei, em um sistema médio, decente e bem configurado, a diferença entre cabos, para aqueles que não acreditavam, na maioria esmagadora das vezes abri seus olhos… Exceto para aqueles que tinham a ‘resposta pronta’ já tão enraizada, tão penetrada dentro de seu cérebro, que nenhuma prova ou demonstração faria diferença. E ainda acho que alguns deles perceberam as diferenças, mas não abriam mão daquilo no qual acreditavam ou que, ‘profissionalmente’, pregavam. Afinal, a maior parte das pessoas estão erradas, e elas certas. Acho triste quando uma pessoa perde a capacidade de aprender, seja por qual motivo for. Eu aprendo diariamente.

Mais uma rusga dos engenheiros-audiófilos quanto à cabos, é que eles afirmam que, segundo a engenharia, cabos não têm direcionalidade. Vamos por partes: se você amaciar um cabo de interconexão em um sistema de áudio, e inverter ele, o mesmo vai tocar de maneira estranha durante um tempo, e às vezes durante um bom tempo. Para a teoria do elétron ele não tem direcionalidade, não é? E para a prática da audiofilia, para o uso prático em um sistema? Alguma direcionalidade ele tem, obviamente! Nem que seja somente para ser amaciado de uma maneira, e portanto haver uma seta, uma marcação dizendo essa direção na qual ele foi amaciado – e assim poder-se substituí-lo, testar outros cabos, compará-lo, tirar ele de um lugar do sistema e por em outro, tirar do sistema da sala e por no quarto, emprestar para um amigo ouvir, vender o cabo, etc, ouvindo o melhor que ele pode prover, sem necessidade de amaciá-lo novamente.

Essa é a hora que muitos desses ‘profissionais’ dirão que amaciamento é ficção. Obviamente eles devem estar ‘certos’, e milhões de audiófilos errados. Não vou nem entrar nesse mérito – fica para outro texto.

Outros aspectos sobre direcionalidade de cabos: um cabo que tem sua topologia, sua estrutura idêntica em todo o comprimento, vai prover um resultado sonoro igual em seu sistema, não importa o lado no qual você amaciá-lo. Claro que, para testar isso, precisa-se ter dois cabos iguais, e amaciar um em cada sentido, e compará-los. Já fiz. Esse tipo de cabo não tem direcionalidade em seu sentido mais estrito – mas tem uma ‘direcionalidade’ prática depois de amaciado e sendo usado em sistemas de áudio.

Mas, ainda no sentido prático do resultado sonoro, existem cabos que não são simétricos em sua topologia. Existem vários que têm diferenças de uma ponta para outra, como de blindagem, de material utilizado, de grossura, etc e tal. Diferenças de topologia mesmo. E se você amaciar um cabo desses em um sentido, terá um resultado sonoro diferente do amaciamento no outro sentido. Ou seja, na prática, para uso em sistema de som, esse tipo de cabo também tem direcionalidade.

Lembrei de um ‘profissional’ que uma vez falou que, ao medir as características elétricas de um cabo que tinha uma blindagem ativa (com uma bateria acoplada à blindagem), obteve os mesmos resultados com essa bateria ligada e com ela desligada. Portanto, segundo ele, essa bateria “não faz nada”. Eu queria ter estado lá, quando ele fez o teste, para perguntar o que mudava no resultado sonoro no equipamento de áudio, ter a bateria da blindagem ligada ou não – já que é para isso que o cabo foi feito, e não para ser testado em laboratório. Esse é um objetivista que vai no restaurante com uma bancada de medição, para analisar um pedaço do bife parmegiana do local, para ‘definir’ se ele é bom ou não, se ele é saboroso ou não, ao passá-lo por uma bateria de testes de laboratório!

Claro que não são todos os engenheiros que têm esse tipo de pensamento quanto à cabos. Existem muitos e muitos que testam suas ideias, conceitos e teorias na prática, de maneira empírica, e assim desafiam essas ideias e as modificam. Aprendem. Evoluem. Inclusive foi um engenheiro que, notando as diferenças sonoras entre cabos, entre outras coisas, que me disse, anos atrás, que esses comportamentos de cabos e equipamentos não são totalmente explicados pela engenharia, são questões multidisciplinares que envolvem – ele acreditava – até física quântica. E eu acredito nele.

Audiofilia é Algo Esnobe que Atrapalha o Mercado de Áudio?

Para começar, a única semelhança entre o mercado mundial de áudio consumer e o mercado audiófilo, é que os equipamentos de ambos têm botão de liga/desliga e botão de volume! O que as pessoas de cada mercado procuram diverge completamente – apesar de parecer, de uma quase óbvia, que não.

A audiofilia afasta pessoas? Bom, depende… Como hobby, não é nem um pouco fácil. Afinal, você pode comprar um bom equipamento e pagar pelos serviços de bons profissionais, que irão tirar a melhor qualidade de som do mesmo equipamento, através de seu ajuste fino e até de alguns acessórios, e se contentar em apenas sentar e ouvir música. Como comprar uma Ferrari ou um Porsche, e apenas curtir, pegar a estrada e ouvir o barulho do motor e sentir o vento nos cabelos.

Mas se você quer, se você curte, fazer o ajuste fino do seu sistema, experimentar cabos e acessórios, experimentar o ajuste do posicionamento de caixas, testar mudanças pequenas, médias e grandes no setup como um todo, fazer upgrades de qualidade de som, ao mesmo tempo economizando em equipamentos – se você gosta de tudo isso, é necessária uma educação dos ouvidos, a leitura e a instrução, o aprendizado de conceitos e ideias, a lapidação e melhora da compreensão musical e auditiva. Muitos querem a Ferrari, e querem o melhor que ela pode dar – mas não querem aprender a entender a regulagem do motor, aprender a ouvir o ronco dele e seus ruídos, aprender as técnicas de pilotagem, etc.

Sim, o hobby da audiofilia é muito prazeroso – mas demanda dedicação e tempo de quem quer ‘entender da coisa’, de quem quer ir ao seu âmago. Isso espanta pessoas? Pode espantar. Isso é esnobe? Não necessariamente. Até porque coisas não são esnobes, pessoas são esnobes – e eu já vi bastante gente nessa área que adora prover o melhor serviço e o melhor produto. E com eles, e com todas as situações, se aprende.

Parte do alegado esnobismo vem de gente – e de situações – onde existe um desalinhamento de doutrinas. Por exemplo, não dá para haver interação séria, troca de informações sobre áudio, troca de experiências audiófilas, entre pessoas que seguem, com radicalismo, uma série de ideias – como é o caso dos que não ‘acreditam’ em cabos, dos que não ouvem portanto são incapazes de mudar de opinião ou de entender de coisas que não entendem. Mas isso existe em qualquer hobby. Tem muita gente que defende seus pontos de vista e ideias como se fossem a verdade pura – como, por exemplo, alguns que fazem a leitura da ciência da maneira que querem, ou que lhes convém.

Eu – e esta revista – defendemos que o leitor ouça, perceba, entenda e chegue às suas próprias conclusões.

Mas a audiofilia também pode ser uma coisa maravilhosa para quem quer simplesmente sentar e ouvir música com alta qualidade sonora – sem precisarem se tornar entendidos no assunto.

Métodos Complexos de Posicionamento de Caixas?

Admiro muito todos que tentam criar uma metodologia – científica ou simplesmente prática, mas complexa – para ajudar as pessoas a posicionarem suas caixas acústicas corretamente. E, vejam, esse é o principal fator completamente errado em quase todos os sistemas, e o que mais contribui para limitar severamente a qualidade sonora e a experiência sonora com aquele sistema.

Até microsystems de plástico da década de 90 se beneficiam absurdamente – qualitativamente – de um correto posicionamento de caixas! Quer ouvir música de uma maneira que seja inteligível e que espelhe melhor a qualidade dos sons que o instrumento real tenha, que apresentação musical tenha, que tire o melhor de qualidade que sua caixa e seu sistema podem dar? Você precisa posicionar suas caixas corretamente para o ambiente onde estão.

Esse é um dos segredos: posicionar as caixas para que sua interação com a sala seja correta – e depois sentar-se no melhor lugar em relação à elas. Nunca é simplesmente posicionar as caixas para a posição do ouvinte. As caixas, para soarem o seu melhor, ‘conversam’ com a sala, e não com você. Você senta e ouve o resultado da conversa entre elas.

E não há metodologia que eu tenha visto ou lido na vida, que substitua os ouvidos. Porque o que se vai usar para saber como está a posição das caixas em relação à sala, são os ouvidos – essa é a ferramenta!

Ensinar alguém como se posiciona caixas acústicas corretamente, é algo que eu acho que não dá para ser feito em um livro, quanto mais em uma edição. E o aprendizado teria que incluir longas audições críticas de música acústica ao vivo, e a compreensão dela – só pra começar. Vejo muitas fotos e vídeos de sistemas e salas de audição na Internet, e realmente acho que apenas uma dentre cada 30 ou 40, tem o potencial de estarem dando um bom som – porque a maioria esmagadora das outras simplesmente estão tão erradas que não têm como estarem soando bem…

Sistemas de Correção de Sala?

Sistemas automáticos de correção de sala, com microfone(s), presentes em inúmeros receivers e amplificadores, e também em equipamentos separados e dedicados, têm sido muito usados e difundidos. Considero isso a busca de uma ‘solução fácil’ para corrigir a interação acústica entre caixas acústicas e salas de audição. E, como solução fácil, ela cria problemas piores do que aqueles que ‘resolveu’.

Por exemplo, a primeira das interações mais importantes entre as caixas e o ambiente são os graves. Salas reforçam graves.

Posicionamento errado das caixas fazem com que esse reforço aconteça, e o resultado é o embolamento dos graves e a perda de definição e detalhamento nos mesmos. Diminuí-los em um equalizador ou controle tonal não é a solução, porque o problema está mais ‘qualidade’ do grave resultante da posição errada do que na ‘quantidade’, e essa diminuição criará mais um desequilíbrio tonal nas caixas do que outra coisa qualquer. As correções de sala tentam ‘secar’ esse grave, para que ele continue tendo a mesma intensidade – mas o resultado de se alterar o caráter sonoro do grave (e só tem isso que possa ser feito: diminuir ou alterar), resulta em alterações sérias no timbre, na textura e no corpo harmônico dos graves, alterando assim as características sonoras daquele instrumento que está sendo reproduzido. Em linguagem de leigo: estraga o som!

Pode ser bom para sistemas de home-theater, em vários casos. Mas não é bom para sistemas dedicados à audição de música com alta qualidade sonora. Eu, pelo menos, ainda não vi nenhum que dê um resultado bom para quem quer preservar as qualidades sonoras inerentes à música.

Preceitos Científicos Objetivos?

Uma piada, que tem mais de 30 anos de idade, dizia que um Especialista Financeiro é o cara que vai, depois de amanhã, te explicar porque o que ele disse hoje deu errado amanhã. Seria assim com a maioria dos ‘cientistas-audiófilos’ se eles passassem a ouvir os resultados, para ver se o que falam, procede.

Eu não odeio a ciência, pelo contrário! Sou adepto dela, de seus preceitos, e daquilo que resulta deles. Sem ciência não existiria nenhum equipamento de som ou acessório. Mas ciência é o começo, e não o fim das coisas. É a base e apenas parte do processo – e nunca é o resultado.

O meu problema com os que se escondem atrás da ciência, com aqueles que dizem que não é para ofender a ciência toda vez que alguém apresenta pensamento diferente, é que a maioria esmagadora desses ‘cientistas’ que ‘odeiam’ a audiofilia sequer ouve os resultados sonoros dos equipamentos e acessórios e cabos medidos e ‘condenados’ por eles. E, quando você ouve um cabo ou equipamento que apresenta qualidades melhores que outro, e muita gente percebeu a mesma coisa que você ouviu, mas esse ‘cientista’ diz o contrário, você tem certeza de que ele não ouviu – ou é surdo. Se você saiu naquele dia, e sentiu a chuva na sua cabeça e ombros, e o ‘cientista’ diz que ele mediu e seguiu os preceitos da ciência e afirma que não choveu, você tem certeza absoluta que ele não pôs a cara pra fora da janela – ou não faz ideia do que é uma chuva. Você começa a desconfiar dele e de sua metodologia…

Qualquer Música Serve Para Setup & Avaliação?

Quando alguém chega com uma ideia ruim, quem está prestando atenção nas implicações dessa ideia se sente como se estivesse dentro de um carro que cabe cinco pessoas, e o sujeito acabou de inventar que ‘agora é válido’ enfiar uma sexta pessoa.

Eu sempre disse nos meus textos, que eu posso sugerir música interessante e de boa qualidade, mas jamais vou ditar o que os outros tem que ouvir ou não. Isso não quer dizer que eu ignore ou não saiba dizer quando uma música é de menor qualidade ou não – mas isso não vem ao caso. A maioria das pessoas ouve música por motivos sentimentais, e não intelectuais – ou por uma mistura dos dois. Portanto, não importa o que cada um gosta de ouvir em seus sistemas no dia a dia. Não é da conta de ninguém.

Mas, importa muito a música que eles utilizarão para ajustar e para avaliar seus sistemas de áudio. Por quê? Porque, amigos, os momentos mais críticos da performance de um sistema são na sua formação e ajuste, e na sua avaliação. E ambos são como cozinhar: você não pode usar ingredientes de baixa qualidade quando se está fazendo comida de qualidade! Não se pode usar música e gravações de baixa ‘qualidade’ para avaliar ‘qualidade’! Isso é bastante óbvio, bastante auto explicativo.

Vira e mexe tem sites e revistas audiófilas promovendo e sugerindo discos de péssima qualidade sonora (para não entrar no mérito da qualidade musical) assinando embaixo dizendo ser uma gravação de alta qualidade sonora. Isso, por si só, é péssimo – mas também vai disseminando a ideia de que uma gravação pobre pode ser usada para ajustar e avaliar seu sistema. E aí você vai passar a ver miojo com salsicha em restaurantes gourmet.

Preços de Equipamentos & Acessórios?

Existem pontos de vista esquisitos, concebidos por especialistas, que servem diferentes motivações e ideias. ‘Só vai tocar bem se gastar muito’ e ‘Só vai tocar bem se gastar a partir de um certo patamar de preço’ são dois deles. Bom, nem tanto à terra, nem tanto ao mar… (Preços abaixo citados são os praticados no exterior – somente para fins ilustrativos).

Nem tudo que é caro é melhor do que algo de bom preço. Já vi muito amplificador de 50 mil dólares que não toca melhor do que um específico de 3 mil (e não vamos entrar nos motivos, agora, porque não é essa a questão, e não dá para explicar o mundo, todo de uma vez). Aliás, já vi várias caixas de mais de 70 mil dólares, que eu acho inferiores para reproduzir música do que algumas que eu conheço de menos de 20 mil. Em compensação, tem algumas caixas de 80, 100, 120 mil dólares, que não tem nada abaixo do preço delas que chegue perto em qualidade. Moral da história: nem tudo que é caro toca melhor, mas tem coisas caras que não são superadas por coisas mais baratas. Você quer o melhor que existe? Isso vai custar dinheiro.

Outro dia ouvi que um DAC que provê um bom palco custa pelo menos 3 mil dólares. Uau! Bom, eu conheço DACs que custam menos que isso e provêem um bom palco – isso se combinados em um sistema de boa qualidade e equilíbrio, com um ajuste e posicionamento de caixas bem feito. Já tive amplificador de 300 dólares que dava um palco honesto, e já tive caixas de 300 dólares que, se ligadas hoje, ainda darão um palco fenomenal! Moral da história: com escolha ‘à dedo’ e setup correto, hoje sistemas de menos de 2000 dólares (no exterior, sem contar importação para o Brasil), completos, contando cabos e acessórios, conseguem prover música de alta qualidade em uma apresentação muito correta e satisfatória de ouvir.

Em que ponto devemos parar? Essa é a grande pergunta, não é verdade? Eu diria que a melhor resposta é: você deve ir até onde se sentir confortável em gastar, onde estiver dentro do seu orçamento, dentro do que você se propôs. Afinal, é assim com tudo, não? Você só vai comprar uma casa que esteja dentro do seu orçamento, e você sabe que uma casa mais cara que a sua lhe proverá melhor conforto e mais satisfação. A mesma coisa acontece com carros… O ‘melhor’ é sempre melhor. Sempre é preciso atingir um compromisso, com tudo – se você não for milionário.

A questão é que, não importa o patamar de preço, a escolha tem que ser sempre bem feita, com calma, da maneira mais informada possível.

Bom, caro leitor, já escrevi demais por hoje – e logo me acusarão de fazer textos muito longos. E aqui já tem um bocado de material para pensar.

Bom começo de inverno – e com boa música sempre!

1 Comment

  1. Américo disse:

    Extremamente importante e verdadeiros estas dicas são realmente muito importantes vale a pena perder um pouco e ler e compreender este maravilhoso texto

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